A menina que não escutava: E outras histórias

De Helena Britto Pereira e Marcelo Ribeiro

São seis contos para crianças que tocam pessoas de qualquer idade, quando abordam temas como a dificuldade de comunicação, a separação dos pais, a morte, a vaidade, o poder, o narcisismo. É escrito com simplicidade, como quem conta histórias aos filhos.

O conto que dá título ao livro traz uma menina delicada que fecha os ouvidos às maldades adultas e as infantis como o bullying. Ela passa a escutar só o que quer, ouvindo "errado", mudando o sentido do que lhe dizem para proteger as amigas e a si mesma. A família e a escola tratam a questão como um problema, quando é ,apenas, uma forma sensível de levar a vida.

"A continha" é uma abordagem interessante da vaidade e narcisismo de uma conta que vive isolada, guardada numa caixinha, onde ela brilha de forma única. A ameaça à sua vaidade ocorre quando sua dona, uma menina, vê mais contas num colar da mãe e se encanta, deixando a continha insegura sobre sua exclusividade. A história tem final feliz, com a menina demonstrando seu amor pela continha vaidosa mesmo quando ela perde o brilho.

No conto "João", a ideia é mostrar que as coisas tem valor pela emoção e alegria que trazem.

Todos os contos trazem sentidos críticos, são como parábolas modernas, fazendo refletir sem lições de moral, tornando o livro um agradável percurso por temas incômodos.

• Idioma: Português
• Editora: e-galáxia
• Data de lançamento: 6 de fev. de 2015
• ISBN: 9788584740154

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Sumário

A menina que não escutava

A continha

As cores

O menino que foi morar no céu

João

Flechinha

Sobre a autora

Dedicatória

Para Fernanda, filha

Para Mariana, afilhada

Minhas crianças queridas.

A menina que não escutava

Naquela casa todo mundo falava alto. O pai gritava, estava sempre reclamando de alguma coisa. A mãe também gritava, respondendo ao pai. Os irmãos brigavam muito, xingavam, era uma casa com muito barulho.

Já a menina não falava quase nada. Era muito tranquila, ficava quieta nos cantos. Não gostava de barulho. Não colocava algodão nos ouvidos, não, só preferia falar com os olhos, com os braços, com sorrisos, não falava com a voz.

Ela adorava o jardim, os pássaros, as flores e as borboletas. Com eles falava, e muito. Vocês são tão lindos! Adoro o silêncio, os cheiros, seus barulhinhos, esse canto lindo, adoro a sua voz...

No colégio, tinha algumas amigas, poucas. A melhor amiga era muito baixa, todo mundo achava ela feia, era uma menina que tinha medo de tudo. Tinha um nariz muito grande e todo mundo zoava com ela. Bruxa, turquinha, feiiiiiiiiiiiaaaaaaaa, bobonaaaaa. Ela ficava muito triste e corria para perto da amiga. Me chamaram de bruxa!