Dispersão de temperatura em geradores fotovoltaicos: impacto nas perdas por mismatch e na caracterização de módulos fotovoltaicos a sol real

De Carlos Rossa

Dentre tantas características que fazem o ser humano ser o que é, talvez a menos lembrada seja sua capacidade de converter um determinado tipo de energia em outro para seu aproveitamento. O nível de complexidade em cada etapa evolutiva, a fim de otimizar esses processos, criava uma sociedade cada vez mais organizada – e excludente, à medida que o nível de densidade energética exigida em cada etapa fosse maior. Respeitando as regras epistemológicas e circunstanciais, a energia solar fotovoltaica passou pelos mesmos processos: décadas transcorreram desde sua descoberta por Becquerel ao desenvolvimento da primeira célula solar, outras mais até seu aperfeiçoamento e posterior utilização na corrida espacial, para então um momento de crise energética abrir uma brecha para sua utilização em larga escala como fonte de geração de energia. Em tempos em que a negação dos fatos parece ser a ordem do dia, lutar pela mitigação dos efeitos do câmbio climático parece transgressor.

Este livro pode ser entendido como um recorte científico nesse contexto energético e climático em que vivemos. Apoiado em ideias predecessoras, derivadas do próprio avanço técnico-epistemológico da tecnologia fotovoltaica, discorre em 5 capítulos sobre medidas experimentais em geradores fotovoltaicos acerca da distribuição de temperatura, tema que tende a ganhar relevância nos próximos anos. Uma leitura de um pequeno avanço dentro de um universo de revolução energética, urgente, necessária.

• Idioma: Português
• Editora: Editora Dialética
• Data de lançamento: 6 de out. de 2023
• ISBN: 9786527008651

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capaExpedienteRostoCréditos

À minha amada companheira de vida e melhor amiga,

Mariana Heinz, e à minha mãe e outra melhor amiga,

Angelita Meirelles de Lima da Silva.

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

PREFÁCIO

Aos 23 de maio de 1606, na então chamada calle de la Puebla, Madrid via nascer seu mais prolífico cientista do barroco espanhol, Juan de Caramuel. Havia pouco mais de um mês que a corte de Felipe III havia voltado à villa, recentemente com sua capitalidade reestabelecida, após um período de meia década em Valladolid. Algo como ano e meio antes, era lançada a primeira parte de El Ingenioso Hidalgo Don Qvixote de la Mancha. Cervantes poderia enfim disfrutar da fama que finalmente sobrepassava a de seu rival Lope de Vega pelos 10 anos que ainda lhe restariam pelas barrentas ruas madrilenhas. E escrever a segunda parte da história, e seu nome na História.

Do outro lado do mar, a exploração das colônias americanas estava basicamente sob a coroa espanhola, período este conhecido tardiamente por União Ibérica. Nesse contexto, os tratados de ocupação das terras dos povos originários eram constantemente desrespeitados. O avanço dos bandeirantes sob bandeira portuguesa ao sul do atual Brasil e regiões na outra margem do Rio Paraná motivou a viagem de sacerdotes jesuítas à Madrid, já sob o reinado de Felipe IV, no ano de 1638, a fim de obter apoio para a defesa e demarcação posterior das missões. Entre tantas coisas que costumeiramente levavam-se ao rei nessas viagens, uma delas chegaria às mãos de Caramuel. Era um relato sobre um sistema particular de contagem numérica feita pelos povos guaranis. Passaram-se décadas e esses escritos, diz-se, ecoariam em seu Mathesis Biceps, nas bases para o que Leibniz apresentaria 30 anos mais tarde como o sistema binário. Difícil é mensurar o tamanho do impacto desses pequenos movimentos em algo tão grandioso que, em certa medida, resultaram na própria materialização desse livro nas mãos do leitor, pensando um pouco além.)

Daqueles gélidos anos europeus e especialmente em Madrid, muito ainda permanece a olhos vistos: a escultura equestre de Felipe IV, por exemplo, que contou com auxílio de Galileu para calcular a distribuição necessária de metal a fim de mantê-la inclinada, segue à