SD122 - Exposição às telas e a saúde ocular. Neste episódio, conversamos com o Dr. Leôncio Queiroz Neto. Ele é oftalmologista membro do CBO (Conselho Brasileiro de Oftalmologia) e presidente do Instituto Penido Burnier (IPB), hospital considerado referência internacional na Oftalmologia. Ele nos explicará sobre: a miopia acomodativa em crianças expostas às telas; a miopia real em crianças na Pandemia; a síndrome ocular do usuário do computar e hipermetropia latente em adultos expostos às telas; como reduzir o risco de doenças oculares nesses grupos. O que conversamos neste episódio sobre a exposição às telas?   Background do entrevistado Dr. Leôncio Queiroz Neto é oftalmologista membro do CBO (Conselho Brasileiro de Oftalmologia) e presidente do Instituto Penido Burnier (IPB), hospital considerado referência internacional na Oftalmologia. Formado pela Faculdade de Ciências Médicas da PUC-Campinas em 1985, é neto do oftalmologista, Leôncio de Souza Queiroz que, junto a João Penido Burnier, foi responsável pela fundação do hospital em 1920. Miopia acomodativa por exposição às telas em crianças Ele fez uma colocação extremamente pertinente e explicou os determinantes sociais dos distúrbios oculares pelo uso de tecnologias na Pandemia: O online entrou em nossas vidas. Hoje nós aprendemos que muitas coisas são resolvidas online, — o novo normal passa também pelo online. Não é só pelo online do notebook, do computador, do desktop, do laptop, também vimos muitas crianças assistindo aulas no celular. Muitas vezes, é a única tecnologia que aqui no Brasil para muitas famílias. Por isso, tivemos prefeituras que distribuíram chips de celulares, ou seja, as crianças assistiam aulas no celular,  que é uma tela bem de minuta em que nós temos um fator ocular acomodativo muito grande.  Além disso, temos também a criança que ficou privada da luz solar. Quanto a isso, veja o que o entrevistado me explicou: Participei muitos estudos, relativos a miopia acomodativa, eu peguei 369 crianças em férias mais longas, que  ficaram extremamente ocupadas com vídeo games e na tela. Isso já faz uns 10 anos. Depois, quando as crianças voltavam às aulas elas acabavam desfocando a imagem da lousa, mas isso era uma miopia acomodativa. Cessado o uso do videogame, do excesso de computador, isso regredia. Miopia real em crianças na Pandemia O que nós aprendemos de alguns anos pra cá é que a falta de luz solar, da radiação UV, também pode contribuir para o aumento do diâmetro anteroposterior do globo ocupar. Isso pode contribuir para essa miopia, não mais uma miopia temporária e sim uma miopia real. Nossos olhos desenvolvem principalmente até uns 7 a 8 anos de idade. Nós temos assistido muito a isso agora pós-Pandemia no consultório: as mães queixando que as crianças tem se aproximado muito da TV, tem caído o rendimento na escola, ficando com o olho mais vermelho e irritado, movendo a cabeça para tentar enxergar melhor. Então, o próprio Conselho de Oftalmologia fez uma pesquisa entre nós, oftalmologistas. Constatou-se que a busca por consultas oftalmológicas com essa queixa no pós pandemia tem sido muito grande.  Portanto, não é só o uso da tela, mas as crianças não estão recebendo muita luz solar. Irritação ocular, olho seco e uso de computadores No adulto, o que ocorre muitas vezes é o olho seco evaporativo. Quando estamos em frente a uma tela nos piscamos menos. A piscação é um mecanismo reflexo de produção lacrimal. Portanto, nós acabamos piscando menos, produzimos uma quantidade menor de lágrimas. Então, temos um olho seco evaporativo, — a astenopia e a síndrome do cansaço visual do usuário do computador (em inglês, computer user syndrome). Hipermetropia e exposição às telas em adultos O que se vê hoje nos consultórios é que alguns adultos com hipermetropia latente vêm antecipando sua busca pela correção refrativa. O uso dessas telas diminutas, de uma matriz ativa como o celular, onde a luz vem iluminando a tela do computador por trás, faz com com que