O trânsito estava infernal na saída do aeroporto de Istambul. De dentro do táxi, eu observava a cidade pela primeira vez. Mesquitas surgiam pelo caminho. Nas ruas, adolescentes de vestido curto misturavam-se a mulheres com lenços cobrindo os cabelos ou vestindo o hijab, a roupa longo e negra que vai dos pés à cabeça usada pelas muçulmanas. Levou uma hora para avistar o Canal de Bósforo, o braço de mar que divide a cidade, o continente e dois mundos. Istambul está na fronteira entre Europa e Ásia, e justamente por isso, as coisas por ali são meio misturadas mesmo. No hotel, abro a janela do quarto imaginando ouvir o cântico de alguma mesquita, que, por cinco vezes ao dia, avisa que está na hora da oração. Ao invés disso, escuto a música eletrônica que ecoa da boate em frente. A janela do 13o andar me dava um bom panorama da cidade. Três mil anos de história estavam ali à minha frente.
Comecei a explorar Istambul pelo início de tudo: o bairro de Sul- tanahmet, onde a cidade nasceu. Os romanos fixaram ali, no século 4, a sede do império no oriente. O local, às margens do Canal de Bósforo, que interliga os mares de Mármara e o Negro, era estratégico por ser ponto de passagem da Rota da Seda, o grande corredor de comércio entre China e Europa daqueles tempos.
Só que muito pouco restou da era romana na cidade. Uma delas é a muralha que separava as duas partes do império e protegia a cidade dos invasores. Dos 7 km originais cerca de 60% permanecem de pé. A outra é o Hipodrome, a antiga arena de corrida de cavalos (você assistiu Ben-Hur?), que hoje funciona como praça pública.
Sua importância