AERO Magazine

O AVIÃO POR PARTES

Ao observar o táxi de um avião através dos vidros de um terminal, a maioria das pessoas tende a ter uma impressão do todo, deixando de notar detalhes construtivos imperceptíveis à maioria dos passageiros. Isso vale tanto para um pequeno monomotor experimental como para um grande jato comercial responsável por voos regulares internacionais. Para muitos, aspectos como o formato dos para-brisas ou o material usado na construção da fuselagem passam despercebidos. Neste especial de aniversário de 29 anos de existência de AERO Magazine, mantendo uma recente tradição de produzir conteúdos quase enciclopédicos sobre o transporte aéreo, revelamos os principais componentes que, juntos, formam uma aeronave de asa fixa. Trata-se de um artigo que complementa outros especiais da revista, mas, desta vez, mostrando nuances das máquinas. O texto não tem pretensão de explicar aspectos técnicos nem aprofundar o conhecimento, o que exigiria muito mais espaço e se tornaria restrito a poucos especialistas no assunto. Mas é diversão garantida para quem tem combustível de aviação correndo nas veias.

NARIZ OU BICO

Ao longo de toda a história da aviação, o nariz de um avião teve diversas funções. Atualmente, os aviões resumiram o nariz em duas principais funções: acomodação do radar (meteorológico ou militar), de eventuais sistemas eletrônicos ou, em caso de aviões monomotores, sejam turbo-hélices ou movidos a pistão, do motor. No passado, o nariz ainda acomodava armamentos e, não raro, em bombardeiros, recebia o oficial de bombardeio, o navegador ou, ainda, artilheiros. Alguns aviões, como o Ilyushin Il-76, ainda acomodam o navegador no nariz, que tem uma ampla área envidraçada. Os Antonov An-30 e An-22 também são famosos por abrigar no nariz o navegador. Modelos como Concorde, Tupolev Tu-144 e Sukhoi T-4 ainda tinham um nariz basculante, o que lhes dava um grande ganho aerodinâmico quando este estava na posição horizontal. Com o nariz inclinado nas fases de decolagem e pouso, a tripulação tinha melhor visibilidade.

RADAR

Embora hoje seja um substantivo para designar um equipamento de detecção e análise do pulso refletido por determinado objeto, o nome, na verdade, surgiu como um acrônimo de radio detection and ranging (detecção e distanciometria por rádio).

O radar é um dos principais sistemas de aviões civis e militares, embora cada um tenha uma função diferente. No caso de aeronaves civis, o radar de emprego meteorológico pode ser instalado no nariz do avião ou nas asas, sendo esse último caso comum em monomotores a pistão ou turbo-hélices. Em aeronaves militares, existem diversos tipos de radares, como os acontece com os novos caças, cujos narizes recebem um radar de varredura eletrônica ativa, também conhecido pelo acrônimo inglês AESA (Active Electronically Scanned Array). O sistema é composto por uma antena faseada onde o transmissor e receptor são compostos de diversos módulos independentes controlados por computador. Assim é possível irradiar vários feixes de ondas de rádio em várias frequências simultaneamente, ampliando a capacidade do radar em detectar e travar alvos inimigos, seja no ar, terra ou mar. Ao mesmo tempo é mais difícil para o inimigo localizar a posição do radar através da varredura sobre o ruído de fundo. Existe ainda os radares de varredura eletrônica passiva (PESA, na sigla em inglês), que todos os elementos da antena são conectados a um único transmissor/receptor.

Alguns aviões, como os Sistema Aéreo de Alerta e Controle (AEW&C), utilizam grandes e poderosas antenas montadas sobre a fuselagem para rastrear alvos, coordenar ações e, ainda, fazer transferências de informação por meio do chamado enlace de dados (data-link) entre aeronaves e forças terrestres e navais. Outros aviões militares contam com radares capacidade de rastrear alvos em solo, monitorar frequências inimigas e assim por diante.

ANTENAS

Mais um sistema imprescindível nos aviões atuais, que surgiu logo nos primeiros anos da indústria aeronáutica, foram as antenas. Inicialmente, o objetivo era apenas permitir a comunicação entre os tripulantes e pessoal de solo, ainda distante do conceito de controle de tráfego aéreo. Assim como os radares, existem diversos tipos de antenas, com destaque para aquelas de comunicação em frequências, das baixas às mais altas (VHF, por satélite, seja para uso de internet ou comunicação. Aviões militares contam com antenas destinadas a dezenas de atividades, como rastreamento de frequências inimigas, transmissão de frequências eletromagnéticas para guerra eletrônica, entre tantas outras. Atualmente, a maioria das antenas tem formatos aerodinâmicos que oferecem mínimo arrasto, embora, no passado, alguns aviões contassem com grandes cabos que serviam de antenas VHF e/ou HF e eram conhecidas como “varal”, comum principalmente em modelos entre os anos 1930 e 1960. Já o Boeing 707 usava um da antena HF montada no topo do estabilizador vertical. Em um jato comercial moderno usualmente existem as seguintes antenas (note que alguns sistemas contam com duas ou mais antenas):

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