Quem visita pela primeira vez a EAA AirVenture, popularmente conhecido como Oshkosh, em alusão ao nome da pequena cidade que abriga o evento, localizada no estado de Wisconsin, nos Estados Unidos, surpreende-se com a grandiosidade do encontro. O caminho até aeroporto municipal Wittman já fornece algumas pistas do que está por vir. Centenas de aviões estacionados em toda a área do aeroporto e um sem-fim de trailers e carros na área de camping. Para se ter uma ideia, ao longo da semana entre os dias 24 e 30 de julho último, voaram até Oshkosh mais de 10 mil aeronaves, que realizaram exatamente 21.883 pousos e decolagens, com uma média de 148 operações por hora, ou duas operações e meia por minuto.
Entre as aeronaves visitantes, 3.365 estiveram em exibição estática, sendo 1.497 vintages, outros 380 warbirds, 52 aviões acrobáticos, 1.067 homebuilt, 194 ultraleves, 134 aviões anfíbios e 41 rotorcraft (incluindo helicópteros). Além disso, entre fóruns, workshops e apresentações, foram mais de 1.400 em apenas uma semana. Números grandiosos que mostram a importância do AirVenture no calendário aeronáutico. Em 2023, o evento foi ainda mais importante, pois, além de quebrar o recorde de público, com 677 mil visitantes e outros 848 expositores, marcou os 70 anos de sua organizadora, a Experimental Aircraft Associa tion. Se hoje os números surpreendem, a própria história da EAA é inacreditável ainda atualmente.
AS ORIGENS
Um pequeno grupo de entusiastas, liderados por Paul Poberezny, reuniu-se em 26 de janeiro de 1953 com intenção de formar uma associação para auxiliar os construtores amadores da então crescente aviação geral norte-americana. Os encontros ocorriam havia algum tempo, de forma irregular, e pretendiam não apenas definir uma agenda comum, mas criar as bases para promover todas a aviação recreativa e auxiliar na criação de uma comunidade forte que pudesse promover a aviação desportiva dentro de novas regras para ampliar a segurança, entre outros desafios. Como é comum nos Estados Unidos, a associação não se apegou a egos ou individualismos e, sim, ao objetivo comum de promover uma paixão compartilhada por seus fundadores. Apenas um mês depois saiu o The Experimenter, o primeiro boletim informativo da EAA, editado por Paul e sua esposa Audrey. Logo, o nome foi alterado para Sport Aviation, que segue sendo o nome da revista oficial até hoje. Se a organização da EAA como estrutura bem-formada e com fins exclusivos na promoção da aviação desportiva não fosse um grande desafio, em setembro daquele ano, ocorreu a primeira convenção do Fly-in, ou seja, um encontro de pilotos-proprietários e entusiastas.
A primeira edição aconteceu no então aeroporto Curtiss-Wright, em Milwaukee, também no estado do Wisconsin, reunindo 21 aviões e aproximadamente 150 pessoas. Se o número hoje é modesto, foi um grande marco nos encontros aéreos nos Estados Unidos. Ainda representou parte do esforço de Poberezny em socializar quem compartilhava da mesma paixão pela aviação e reunir potenciais negócios comuns aos presentes, como venda de peças, fóruns para compartilhar experiências e assim