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O detetive católico: Perguntar, responder e entender a fé
O detetive católico: Perguntar, responder e entender a fé
O detetive católico: Perguntar, responder e entender a fé
E-book334 páginas4 horas

O detetive católico: Perguntar, responder e entender a fé

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Sobre este e-book

O livro "O detetive católico" aborda uma variedade de temas relacionados à história da Igreja, à espiritualidade e a alguns costumes. Temas como cremação, transubstanciação, inquisição, aparições de Nossa Senhora, origem da devoção do escapulário etc. são mencionados e em seguida explicados, buscando esclarecer dúvidas presentes no dia a dia dos fiéis católicos e outros interessados.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento21 de jan. de 2015
ISBN9788527615532
O detetive católico: Perguntar, responder e entender a fé

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    O detetive católico - Valdeci Toledo

    sabedoria!

    1

    A quem pertence Jesus?

    Em janeiro, celebramos a solenidade da Epifania do Senhor. É uma festa muito significativa, que nos faz refletir sobre a manifestação de Deus, por intermédio de Jesus Cristo, a todos os povos.

    No Oriente, a Epifania é denominada também Teofania, que é a manifestação da divindade do Senhor. Pela inspiração divina, os magos viram naquele menino, apresentado a eles por Maria, o esperado de todos os povos, o Filho de Deus. Com o tempo, essa festa assumiu também uma conotação missionária: a manifestação de Cristo aos gentios.

    O evangelista Mateus nos relata que: Tendo, pois, Jesus nascido em Belém de Judá, no tempo do rei Herodes, eis que magos vieram do Oriente a Jerusalém. Perguntaram eles: ‘Onde está o rei dos judeus que acaba de nascer? Vimos a sua estrela no Oriente e viemos adorá-lo’ (Mateus 2,1-2).

    Percebemos que o texto bíblico não menciona quantos eram, se seriam reis, nem mesmo de onde vieram esses magos, pois indica, de modo muito genérico, que vieram do Oriente. Esses homens, que não pertenciam ao povo escolhido, chegam até Jesus, guiados pelas estrelas. Eles eram estudiosos e conseguiram vir até Jesus por meio do estudo dos fenômenos da natureza. Isso é uma demonstração de que Deus sempre se manifesta aos homens, e os homens sempre o buscam, pois em seu íntimo procuram conhecer seu Criador.

    O número tradicional (os três reis magos) baseia-se provavelmente na quantidade do que estava presente: ouro, incenso e mirra. Os nomes Melchior, Baltasar e Gaspar só são mencionados a partir do século VIII. O monge inglês São Beda, o Venerável (672-735), considera-os representantes da Europa, da Ásia e da África (sendo Gaspar o negro). Certas relíquias, como os supostos ossos dos magos, foram transladadas no século XII de Milão (Itália) para Colônia (Alemanha), onde são veneradas até hoje. Os magos são considerados pela tradição cristã as primícias dos gentios, os primeiros entre os pagãos a reconhecer e adorar o Senhor.

    Notamos então que os magos não pertenciam ao Povo de Deus e mesmo assim ansiavam por conhecer a face de Deus. E Deus deixou-se encontrar. Isso nos leva a verificar que a sua manifestação não se limitou ao Povo de Israel, considerado Povo de Deus, mas se expandiu a todos os povos. Basta olharmos para a Igreja e veremos a diversidade de povos abraçados por ela, em nome de Cristo.

    Ao ler as Sagradas Escrituras, percebemos a manifestação de Deus em diversas circunstâncias e a diversas pessoas: Criação – Adão e Eva; Dilúvio – Noé; origem do povo de Israel – Abraão, Isaac e Jacó; Dez Mandamentos (origem da religião judaica) – Moisés; os profetas etc. Percebemos a manifestação de Deus na criação e na história da humanidade.

    Israel, desde a saída da escravidão do Egito e a recepção dos dez mandamentos, passou a ser o lugar preferencial de muitas manifestações de Deus. Até parecia que Deus era propriedade exclusiva desse lugar, mas, na verdade, o povo que lá vivia foi escolhido por causa da preparação da vinda do Senhor. Deus se revelava por intermédio dos profetas, sendo o último deles João Batista, que preparou o caminho imediato para a chegada do Messias. Ele nos apresentou Jesus como o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo.

    Desse modo, a manifestação que supera todas as outras é a vinda de Jesus, verdadeiro Deus e verdadeiro homem: Muitas vezes e de diversos modos outrora falou Deus aos nossos pais pelos profetas. Ultimamente nos falou por seu Filho, que constituiu herdeiro universal, pelo qual criou todas as coisas (Hebreus 1,1-2).

    Jesus, o Filho de Deus, nasce de Maria no seio do Povo de Israel. Ele não despreza suas raízes humanas, mas expande a compreensão do que é ser Povo de Deus. Esse novo povo não se limita às fronteiras de um país, às tradições de uma nação ou aos limites de uma instituição. Todos os homens são chamados a fazer parte dele. Esse novo Povo de Deus deve estender-se a todo o mundo, para se cumprir o desígnio da vontade de Deus, que, no princípio, criou uma só natureza humana e resolveu juntar em unidade todos os seus filhos que estavam dispersos. E, assim, o Povo de Deus encontra-se entre todos os povos da terra.

    Todavia, uma vez que o Reino de Cristo não é deste mundo, a Igreja, ou seja, o Povo de Deus, ao criar esse reino, não subtrai nada ao bem temporal de nenhum povo; pelo contrário, promove e assume as qualidades, os costumes e o modo de ser dos povos, na medida em que são bons; e, assumindo-os, purifica-os, fortalece-os e eleva-os.

    Todos os povos são destinatários da ação salvadora de Deus, que se consumou em Jesus Cristo, pela sua morte e Ressurreição. Mesmo aqueles que ainda não receberam o anúncio do Evangelho estão de uma forma ou de outra orientados para o Povo de Deus. Em primeiro lugar, o povo judeu que recebeu a aliança e as promessas, e do qual nasceu Cristo segundo a carne, segundo a eleição; esse povo é muito amado, por causa dos Patriarcas, já que os dons e o chamamento de Deus são irrevogáveis.

    O desígnio da salvação estende-se também àqueles que reconhecem o Criador, entre eles os muçulmanos, que professam seguir a fé de Abraão e conosco adoram o Deus único e misericordioso, o qual há de julgar os homens no último dia. E o mesmo Senhor nem sequer está longe daqueles que buscam, em meio à sombra e em imagens, o Deus que ainda desconhecem; é Ele quem a todos dá vida, respiração e tudo o mais e, como Salvador, quer que todos os homens se salvem.

    Assim, aqueles que, ignorando sem culpa o Evangelho de Cristo e a sua Igreja, procuram a Deus com coração sincero e se esforçam, sob a inspiração da graça, por cumprir sua vontade, manifestada pela consciência, também eles podem alcançar a salvação eterna. Nem a divina Providência nega os auxílios necessários à salvação àqueles que, sem culpa, não chegaram ainda ao conhecimento explícito de Deus e se esforçam, não sem o auxílio da graça, por levar uma vida reta. Tudo o que de bom e verdadeiro neles há é considerado pela Igreja uma preparação para receberem o Evangelho, ofertado por Jesus, que ilumina todos os homens, para que tenham finalmente a vida eterna.

    A Igreja Católica, reconhecendo sua missão de anunciar a salvação de Jesus Cristo a todos os povos, simultaneamente ora e trabalha para que toda a humanidade transforme-se em Povo de Deus, Corpo do Senhor e templo do Espírito Santo, e em Cristo, cabeça de todos, ofereça-se ao Pai e Criador de todas as coisas toda a honra e toda a glória para sempre (cf. Lumen Gentium, 13-17).

    Desse modo, podemos concluir que Jesus pertence a todos os povos sem distinção, mas, ao mesmo tempo, não é exclusividade de ninguém. A própria Igreja está ciente disso e, dessa forma, intercede por todos, mesmo por aqueles que não conhecem Cristo e não creem em Deus, pois sabe bem que nosso Salvador, o Bom Pastor, tem outras ovelhas fora, além de seus limites: Eu sou o Bom Pastor. Conheço as minhas ovelhas e as minhas ovelhas conhecem a mim, como meu Pai me conhece e eu conheço o Pai. Dou a minha vida pelas minhas ovelhas. Tenho ainda outras ovelhas que não são deste aprisco. Preciso conduzi-las também, e ouvirão a minha voz, e haverá um só rebanho e um só pastor (João 10,14-16).

    2

    Maria teve outros filhos

    além de Jesus?

    Conforme a Palavra de Deus – que nos foi transmitida pelos apóstolos, propagada e preservada pela Igreja ao longo dos séculos –, acreditamos que Jesus não é o filho primogênito de Maria, mas o Filho unigênito, ou seja, Jesus é o único filho gerado no seio de Maria Santíssima. E essa geração foi possível graças à ação do Espírito Santo de Deus. Maria concebeu Jesus sem o concurso de nenhum homem.

    A Tradição da Igreja, que se perpetua pelos séculos, assegura-nos que Jesus foi o único filho nascido do seio virginal de Maria Santíssima; desse modo, Maria não teve outros filhos nascidos de seu ventre materno.

    Entretanto, no âmbito espiritual, podemos afirmar que Maria tem uma multidão de filhos, pois ela é nossa Mãe amável, Mãe de Deus e nossa Mãe. É Jesus Cristo mesmo, o Filho unigênito de Deus, nascido do seio da Virgem Maria, que do alto da Cruz nos dá a própria mãe como nossa. Junto à cruz de Jesus estavam em pé sua mãe, a irmã de sua mãe, Maria, mulher de Cléofas, e Maria Madalena. Quando Jesus viu sua mãe e perto dela o discípulo que amava, disse à sua mãe: ‘Mulher, eis aí teu filho’. Depois, disse ao discípulo: ‘Eis aí tua mãe’. E dessa hora em diante o discípulo a levou para a sua casa (João 19,25-27).

    Esses versículos, do Evangelho de São João, são plenos de significado. Logo no início, percebemos que Jesus vê sua mãe junto da cruz, na qual Ele estava crucificado. É a mãe que não abandona o Filho, sobretudo nesse momento de grande dor. Jesus viu também o discípulo que amava; Jesus ama todos os seus seguidores, e só poderia confiar a própria mãe a quem pudesse acolhê-la e respeitá-la. Hoje, o discípulo amado é cada um que se aproxima do Senhor e segue seus passos. A quem o segue, Jesus também confia o cuidado e a intercessão de sua mãe.

    Para cada filho de Deus que nasce, podemos imaginar Jesus dizendo à sua mãe: Mulher, eis aí teu filho; e a esse filho, à medida que vai crescendo em compreensão, o Senhor lhe diz: Eis aí tua mãe, respeite-a, confie a ela suas dificuldades, pois ela intercede por você.

    3

    Quando a Igreja foi fundada?

    AIgreja foi querida e fundada por Jesus Cristo quando anuncia a Pedro tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha igreja; aqui está o projeto de igreja iniciado por Cristo. Entretanto, a Igreja assume plenamente sua missão em Pentecostes, pois ali, conforme o Senhor havia ordenado, a Igreja se reunia para ser ungida pelo Espírito Santo, e a partir dali, intrepidamente, deveria levar à frente a missão que Cristo havia iniciado em seu meio.

    A vinda do Espírito Santo e a origem da Igreja

    Vinde, Espírito Santo, enchei os corações de vossos fiéis e acendei neles o fogo de vosso amor. Enviai o vosso Espírito e tudo será criado. E renovareis a face da terra.

    Jesus Ressuscitado, durante quarenta dias, aparece aos discípulos alertando-os para a vinda do Espírito Santo. É uma preparação para o início da missão da Igreja, que deverá anunciar a Boa-Nova do Reino dos Céus, pelo poder do Espírito Santo em Jerusalém, em toda a Judeia e Samaria e até os confins do mundo (Atos dos Apóstolos 1,8).

    No dia da ascensão, Jesus, ao se despedir de seus discípulos, os adverte: Eu vos mandarei o Prometido de meu Pai; entretanto, permanecei na cidade, até que sejais revestidos da força do alto (Lucas 24,49). Eles permaneceram em Jerusalém e todos eles perseveravam unanimemente na oração, juntamente com as mulheres, entre elas Maria, mãe de Jesus (Atos dos Apóstolos 1,14).

    O dia esperado chegou. Sinais extraordinários acompanham aquele magnífico dia. Para nos relatar o acontecimento de Pentecostes, Lucas recorre às imagens clássicas do Antigo Testamento para descrever as manifestações de Deus: De repente, veio do céu um ruído, como se soprasse um vento impetuoso, e encheu toda a casa onde estavam sentados. Apareceu-lhes então uma espécie de línguas de fogo, que se repartiram e pousaram sobre cada um deles. Ficaram todos cheios do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem (Atos dos Apóstolos 2,1-4).

    Esse relato de Pentecostes é também o relato do nascimento da Igreja. Com a vinda do Espírito Santo, surge uma nova comunidade de homens e mulheres: Perseveravam eles na doutrina dos apóstolos, nas reuniões em comum, na fração do Pão e nas orações (Atos dos Apóstolos 2,42). É a inauguração de uma nova aliança de Deus com todos os homens e mulheres da terra. Os discípulos são fortificados para prosseguirem a missão que Jesus lhes havia confiado. E não há mais motivo para ter medo; nem mesmo a morte será temida.

    Logo após receberem o Espírito Santo, os discípulos saem do isolamento e vão anunciar à multidão as maravilhas que Deus havia operado na vida deles. Eles começam a anunciar publicamente aquilo que ouviram e viram Jesus fazer. Nesse primeiro anúncio, já podemos perceber a pluralidade da Igreja: Como então todos nós os ouvimos falar, cada um em nossa própria língua materna? Partos, medos, elamitas; os que habitam a Mesopotâmia, a Judeia, a Capadócia, o Ponto, a Ásia, a Frígia, a Panfília, o Egito e as províncias da Líbia próximas a Cirene; peregrinos romanos, judeus ou prosélitos, cretenses e árabes; ouvimo-los publicarem em nossas línguas as maravilhas de Deus! (Atos dos Apóstolos 2,7-11). Pedro faz o primeiro sermão, em uma apresentação fundamental do Evangelho, anunciando Jesus Ressuscitado como Messias e Filho de Deus.

    Pentecostes é a renovação da aliança de Deus com seu povo. Entretanto, dessa vez o alcance da pertença a Deus é muito mais amplo, pois até os gentios serão transformados em Povo de Deus. O Espírito Santo é Deus, portanto não é exclusividade de nenhuma pessoa, grupo ou comunidade. A Igreja, animada e conduzida pelo Espírito Santo, faz parte do plano da salvação de Deus para os homens como um sinal especial da vida nova oferecida. Ela é impelida pelo Espírito a cooperar para que o desígnio de Deus, que fez de Cristo o princípio de salvação para todo o mundo, seja totalmente realizado. Pregando o Evangelho, a Igreja leva os ouvintes a crer, confessar a fé, dispõe para o Batismo, liberta da escravidão do erro e incorpora-os a Cristo, a fim de que nele cresçam pela caridade, até a plenitude. A todo discípulo de Cristo compete o encargo de difundir a fé no meio em que vive. É assim que a Igreja, ao mesmo tempo, ora e trabalha para que toda a humanidade transforme-se em Povo de Deus, Corpo do Senhor e templo do Espírito Santo (cf. Lumen Gentium, 13.17).

    No prefácio da Missa de Pentecostes, rezamos: Desde o nascimento da Igreja, é o Espírito Santo quem dá a todos os povos o conhecimento do verdadeiro Deus; e une, em uma só fé, a diversidade das raças e línguas.

    As denominações e os símbolos do Espírito Santo

    Ao anunciar e prometer a vinda do Espírito Santo, Jesus o denomina Paráclito: advogado, aquele que é chamado para perto de. Paráclito também é traduzido por Consolador. O próprio Senhor ainda chama o Espírito Santo de Espírito de Verdade.

    O Catecismo da Igreja Católica, no capítulo III, artigo 8 apresenta-nos diversos símbolos relacionados ao Espírito Santo:

    A água – o simbolismo da água, após a invocação do Espírito Santo, torna-se o sinal sacramental eficaz do novo nascimento: assim como a gestação de nosso primeiro nascimento se operou na água, da mesma forma também a água batismal significa realmente que nosso nascimento para a vida divina nos é dado no Espírito Santo.

    A unção – o simbolismo da unção com óleo também é significativo do Espírito Santo, a ponto de tornar-se sinônimo dele. Na iniciação cristã, ela é o sinal sacramental da confirmação (crisma). Essa unção remete-nos diretamente a Jesus, o Ungido de Deus por excelência. A humanidade que Jesus assume é totalmente ungida do Espírito Santo.

    O fogo – enquanto a água significa o nascimento e a fecundidade da vida dada no Espírito Santo, o fogo simboliza a energia transformadora dos atos do Espírito Santo. É sob formas de línguas de fogo que o Espírito Santo pousa sobre os discípulos na manhã de Pentecostes e os enche de si. A tradição espiritual manterá esse simbolismo do fogo como um dos mais expressivos da ação do Espírito Santo.

    A nuvem – desde as manifestações de Deus do Antigo Testamento, a Nuvem revela o Deus vivo e salvador, escondendo a transcendência de sua Glória: com Moisés sobre a montanha do Sinai; com Salomão por ocasião da dedicação do Templo. Ora, é o Espírito Santo que paira sobre a Virgem Maria e a cobre com sua sombra, para que ela conceba e dê à luz Jesus.

    O selo – é um símbolo próximo ao da unção. Com efeito, é Cristo que Deus marcou com seu selo (cf. João 6,27) e é nele que também o Pai nos marca com seu selo. Indica o efeito indelével da unção do Espírito Santo nos sacramentos.

    A mão – é impondo as mãos que Jesus cura os doentes. Em nome dele, os apóstolos farão o mesmo. Melhor ainda: é pela imposição das mãos dos apóstolos que o Espírito Santo é dado. A Igreja conservou esse sinal da efusão onipotente do Espírito Santo nos sacramentos.

    O dedo – se a Lei de Deus foi escrita em tábuas de pedra pelo dedo de Deus (Êxodo 31,18), a letra de Cristo, entregue aos cuidados dos apóstolos, é escrita com o Espírito de Deus vivo, não em tábuas de pedra, mas em tábuas de carne, isto é, em vossos corações (2Coríntios 3,3).

    A pomba – no fim do Dilúvio (cujo simbolismo está ligado ao Batismo), a pomba solta por Noé volta com um ramo de oliveira no bico, sinal de que a terra é de novo habitável. Quando Cristo volta a subir da água de seu batismo, o Espírito Santo, em forma de pomba, desce sobre Ele. O Espírito desce e repousa no coração purificado dos batizados.

    Os dons e os frutos do Espírito Santo

    O amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado (Romanos 5,5). O primeiro efeito do amor de Deus em nossa vida é a remissão de nossos pecados. É a comunhão do Espírito que, na Igreja, restitui aos batizados a semelhança divina perdida pelo pecado. Esse amor é o princípio da vida nova em Cristo, que nos confere a variedade de dons do Espírito Santo de Deus: sabedoria, inteligência, conselho, fortaleza, ciência, piedade e temor de Deus.

    É por esse poder do Espírito que os filhos de Deus podem dar fruto. Aquele que nos enxertou na verdadeira vida irá nos fazer produzir o fruto do Espírito, que é caridade, alegria, paz, paciência, afabilidade, bondade, fidelidade, brandura, temperança. Se vivemos pelo Espírito, andemos também de acordo com o Espírito (Gálatas 5,22-25).

    O Espírito vem em auxílio à nossa fraqueza; porque não sabemos o que devemos pedir, nem orar como convém, mas o Espírito mesmo intercede por nós com gemidos inefáveis (Romanos 8,26).

    Veni, Creator Spiritus (Vem, Espírito Criador)!

    4

    Qual foi a relação da Igreja

    com o Império Romano?

    OCristianismo nasceu e desenvolveu-se dentro do quadro político-cultural do Império Romano. Durante três séculos, a Roma pagã perseguiu os cristãos; mas seria errôneo pensar que o Império constituiu apenas um fator negativo para a difusão do Evangelho.

    A maior perseguição foi, sem dúvida, a última, que teve lugar no começo do século IV, realizada pelo imperador Diocleciano. Entre fevereiro de 303 e março de 304, foram promulgados quatro éditos com o desígnio de acabar de uma vez para sempre com o Cristianismo e a Igreja. A perseguição foi muito violenta e fez muitos mártires, a maioria nas províncias do Império. As perseguições e os mártires feitos por elas não intimidaram os cristãos, mas serviram de sementes e motivação para expandir o Cristianismo.

    A liberdade chegou ao Cristianismo no ano 311, quando Galério, sucessor de Diocleciano, promulgou um édito que prenunciava novos rumos para a política romana em relação ao Cristianismo. Ele concedia aos cristãos um estatuto de tolerância: Existam de novo os cristãos e celebrem as suas assembleias e cultos, desde que não façam nada contra a ordem pública.

    Liberdade religiosa

    A transição de tolerância à liberdade religiosa produziu-se com extrema rapidez, e seu principal autor foi o imperador Constantino. Nos princípios do ano 313, os imperadores Constantino e Licínio outorgaram o chamado Édito de Milão, que, mais do que uma norma legal concreta, foi uma diretriz política fundada respeitando o pleno respeito pelas opções religiosas de todos os súditos do Império, inclusive os cristãos.

    De acordo com esse estatuto legal de liberdade religiosa, a atitude de Constantino foi-se decantando gradualmente a favor do Cristianismo. Ele sempre considerou sua vitória na batalha da ponte Mílvio como um sinal celestial, pois seu exército levava como emblema o lábaro com o monograma de Cristo.

    O imperador Constantino possibilitou a institucionalização da Igreja, construiu basílicas e devolveu inúmeras propriedades, que tinham sido confiscadas aos cristãos durante as perseguições. Foi também Constantino quem convocou, protegeu e possibilitou a realização do Concílio de Niceia. Podemos verificar que, depois de muitos anos de perseguição e de muitos mártires, o Império Romano permitiu a expansão da Igreja Católica. Os princípios morais do Evangelho foram inspirando de modo progressivo a legislação civil, dando assim origem ao direito romano-cristão.

    O avanço do Cristianismo não se interrompeu após a morte de Constantino. O imperador Teodósio, com a constituição do Cunctos Populos, de 28 de fevereiro de 380, ordenou a todos os povos que aderissem ao Cristianismo católico, a partir de então única religião do Império.

    Organização da Igreja

    Roma tinha criado um amplo espaço geográfico com a união do mundo greco-romano, dominado pela mesma autoridade suprema, onde reinava a paz e a ordem. Essa tranquilidade favoreceu a comunicação entre as diversas regiões do Império e proporcionou a circulação de ideias. As vias romanas e as rotas do mar latino foram caminhos para a expansão da Boa-Nova evangélica.

    Os cristãos adaptaram-se às estruturas e aos modos de vida da sociedade romana. A Roma clássica promoveu a difusão da vida urbana por toda parte: municípios e colônias surgiram em grande número por todas as províncias. As cidades tornaram-se

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