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Desconstruindo a Família Disfuncional
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E-book187 páginas3 horas

Desconstruindo a Família Disfuncional

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Sobre este e-book

Quais são as características de uma família que não contribuem para o bom funcionamento e desenvolvimento psicológico/emocional de seus membros? O que prejudica a harmonia dos relacionamentos familiares e limita o crescimento pessoal de todos os envolvidos? Após o grande número de visitas do seu blog filhasdemaesnarcisistas.com.br e sucesso de vendas dos livros Prisioneiras do Espelho, Um Guia de Liberdade Pessoal para Filhas de Mães Narcisistas e Filhas de Mães Narcisistas, Conhecimento Cura, Michele Engelke volta a sua atenção para a unidade relacional mais primordial e significativa na vida de qualquer indivíduo, independente de sexo, idade ou classe social: a família.
No Desconstruindo a Família Disfuncional, a escritora e terapeuta do trauma e de EMDR Focada no Apego expõe como a vida em família e a forma como os membros interagem afetam não somente o desenvolvimento da criança, mas contribuem imensamente para que crie um senso de si própria saudável e dos relacionamentos como fontes seguras e recompensadoras de conexão humana. Michele Engelke atinge este objetivo através de um estudo aprofundado das vulnerabilidades e estratégias de enfrentamento de problemas mal adaptativas usadas pelas figuras de autoridade que definem a dinâmica do sistema familiar, nomeadamente, os genitores ou adultos responsáveis pelos cuidados das crianças.
Devido ao seu conteúdo franco e esclarecedor, o Descontruindo a família disfuncional é, portanto, uma ferramenta de empoderamento tanto individual como coletivo. Esta obra não só promove a renovação dos valores de família através da substituição da tendência à ignorância, autopiedade e irresponsabilidade em informação, autoconsciência e maturidade, assim como da mentalidade de vitimização em resiliência, ao mesmo tempo em que destaca o valor dos relacionamentos humanos saudáveis como a base mais fundamental de uma existência realizadora.

IdiomaPortuguês
Data de lançamento7 de mar. de 2021
ISBN9789995906306
Desconstruindo a Família Disfuncional

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    Pré-visualização do livro

    Desconstruindo a Família Disfuncional - Michele Engelke

    Desde a publicação do meu primeiro livro Prisioneiras do Espelho, Um Guia de Liberdade Pessoal para Filhas de Mães Narcisistas, percebi uma grande revolução na maneira que muitos brasileiros abordam o que consideram como problemas de família e o efeito que tiveram em seu desenvolvimento. Sobretudo, a grande mudança na sua visão rígida de família como uma fonte inquestionável de identidade, amor e apoio. Foi através de websites como o filhasdemaesnarcisistas.com.br e demais grupos de apoio das redes sociais que se deu início à significativa discussão acerca das verdades universais promovidas pelo senso comum de uma visão idealizada de família e o convívio com familiares como uma influência sempre benéfica e indispensável para que o indivíduo sinta-se contente e realizado tanto consigo, como com a própria existência – algo que não corresponde, infelizmente, à realidade de muitos.

    Após a publicação e o sucesso de vendas, do Filhas de Mães Narcisistas, Conhecimento Cura, segundo livro de minha autoria e o aumento dramático nas visitas e interesse nos artigos publicados não somente no blog do Filhas de Mães Narcisistas, mas também do meu website europeu https://libertycounsellingluxembourg.com/, o meu comprometimento com a divulgação de informação a respeito do que se entende como uma família disfuncional, bem como os efeitos que exercem na saúde mental/emocional e até física de seus membros, contribuiu para validar a magnitude da questão. Isso levou a promover, ainda mais, a conscientização da importância de se reavaliar os valores absolutistas, patriarcais e ultrapassados que perpetuam a disfunção e desunião familiar e, no caso das famílias tóxicas, até o abuso. Foi, também, através do meu trabalho como terapeuta especializada no tratamento do trauma complexo/da infância/do desenvolvimento que acumulei evidência do impacto que a falta de funcionalidade da família de meus clientes exerce na sua psique, assim como em sua maneira de lidar com as emoções e a habilidade de criar e manter relacionamentos saudáveis.

    A minha experiência como conselheira do trauma também permitiu-me estabelecer um fato – mesmo que baseado em um princípio simplificado – sobre como as visões de família de meus clientes e sua disposição de reavaliar o papel que os pais, em especial, tiveram no seu desenvolvimento e saúde mental afetam, imensamente, o progresso, inclusive o sucesso do tratamento. Quanto mais abertos estão para questionarem o seu nível de maturidade e consciência, bem como a qualidade de seu estilo parental, mais rapidamente entendem a origem da maioria dos próprios pensamentos, hábitos e comportamentos disfuncionais. Aqueles que, em contrapartida, têm dificuldade ou não conseguem ultrapassar a barreira da culpa e vergonha ou o que interpretam como falarem mal dos pais, embora, como qualquer filho, tenham sido altamente influenciados pelo comportamento destes, maior a permanência na terapia e mais lento o progresso e crescimento pessoal. Essa resistência de ver os pais como seres falíveis e imperfeitos não é particular a estes clientes, contudo, apresenta-se como uma tendência humana e contribui para o que é referido na psicologia como A idealização da infância.

    A idealização da infância

    Enquanto ser pai é difícil, pois exige muito tempo, energia e dedicação, vir ao mundo como um ser totalmente vulnerável e dependente de outra pessoa para a sobrevivência é mais ainda. Visto que a sobrevivência da criança está intrinsecamente conectada ao bem-estar dos pais – já que, se estão bem, está bem – necessita criar um vínculo forte de amor incondicional, mesmo se não for correspondido. O endeusamento dos pais permite à criança garantir uma união com estes, o que aumenta a probabilidade de sua sobrevivência, já que sozinha é incapaz de suprir as próprias necessidades e proteger-se. Embora este princípio evolutivo garanta a nossa sobrevivência nos primeiros anos de vida, quando não desenvolvemos a nossa visão própria para além disso ao longo de nosso crescimento, contribui para criar uma prisão mental que retarda os processos de autoexploração e autoconhecimento, fundamentais para a diferenciação e formação de uma identidade saudável e autônoma.

    Portanto, apresenta-se, naturalmente, como um desafio, ver a própria família de forma totalmente objetiva quando o vínculo afetivo é tão necessário para a sobrevivência. Amar o pai e a mãe incondicionalmente, mesmo quando apresentam comportamentos disfuncionais e até abusivos, é uma inclinação orgânica que precede à razão. O filho que apresenta problemas crônicos de autoestima, por exemplo, irá tentar encontrar o que há de errado consigo primeiro e antes de sequer questionar a influência que os valores rígidos de um pai ansioso e intolerante, por exemplo, exerceram na sua habilidade de aceitar a tentativa e o erro como um processo benéfico e central para o aprendizado e crescimento. A filha que se mantém por anos em um relacionamento abusivo devido ao pânico de imaginar-se sozinha e recorre à terapia para aprender a lidar com o marido (supostamente, para tolerar o abuso sem sofrimento), também mantém, na maioria dos casos, uma visão rígida de família como normal e terá dificuldade de relacionar a negligência emocional dos pais e os sentimentos de solidão e abandono que carrega no peito cada vez que necessita de apoio para sentir-se segura e competente de forma autônoma, a uma deficiência herdada do sistema familiar do qual provém.

    A cultura de negação, segredos e mentiras perpetuada pela família disfuncional para proteger os membros do desconforto emocional causado por suas vulnerabilidades também desempenha o papel de promover a manutenção de uma fachada de normalidade a até de perfeição. As crenças negativas que sustentam tais atitudes, tais como "É vergonhoso não ser amado pelos próprios pais/prover de uma família disfuncional/ter tido uma infância conturbada/ter sido abusado/ter uma história de trauma" e, logo, Se expuser as minhas vulnerabilidades, serei julgado/não serei aceito desembocam em uma necessidade exagerada e incoerente de autoproteção e preservação de imagem. A sombra do medo de ser exposto e, supostamente, criticado e o poder tóxico da vergonha são tão intensos, que estamos dispostos a sacrificar a qualidade de nossas vidas, daqueles que dependem de nós e dos relacionamentos para mantermos um exterior de equilíbrio e perfeição.

    A vergonha que oprime

    Embora raramente abordada de maneira direta e espontânea na sala de terapia, tampouco admitida nos casos de baixa autoestima, a vergonha tóxica corresponde à causa mais comum dos problemas de ordem mental/emocional e um dos efeitos mais comuns do trauma do desenvolvimento. Em razão da vergonha causada por eventos traumáticos ser tão intensa e desconcertante, é comum evitarmos relembrá-los ou até os esquecermos. As crianças (adultas) de famílias disfuncionais também aprendem que não podem compartilhar com as outras pessoas o que acontece dentro de casa, especialmente quando reflete um comportamento impróprio. Em virtude da vergonha, da insegurança e da desconfiança no contexto da família disfuncional, o medo do julgamento alheio revela-se paralisante e impede o indivíduo de sentir-se livre e curioso para explorar a própria história sem se sentir inadequado, até quando o faz de modo independente e sem a presença ou o conhecimento dos pais. Por esta razão, os membros das famílias disfuncionais frequentemente desconhecem a história dos próprios pais, avós e bisavós ou lhes é oferecida uma versão de fatos corrompida por mentiras para serem socialmente aceitáveis.

    O custo da família, pai e mãe perfeitos

    Apesar de eu estar ciente disso, interagir com clientes que apresentam uma variedade de problemas de saúde mental, tais como os transtornos de humor e alimentar, por exemplo, e observar que acreditam provirem de uma família perfeita cujos valores e atitudes não tiveram qualquer influência em seu desenvolvimento, nunca deixa de me comover. Vale, então, reiterar que a vida em família e a forma como os membros interagem afetam não somente o desenvolvimento da criança, mas contribuem imensamente para criar um senso de si própria saudável e dos relacionamentos como fontes seguras e recompensadoras de conexão humana. Crescer assistindo os pais em ação, a maneira como tratam uns aos outros, a si próprios e os filhos influencia a visão que a criança cria de si, em relação às outras pessoas e como estas se relacionam, seja entre si ou consigo própria. Desta forma, os relacionamentos familiares funcionam como o modelo mais básico relacional e de autoimagem. Se os pais se tratam mal, abusam da criança ou não respeitam a sua opinião, por exemplo, estas experiências servirão de base de conhecimento desta sobre como os relacionamentos são vivenciados e a percepção do próprio eu, já que funcionam como um espelho do que é ser humano. Portanto, usará este conhecimento também fora do ambiente familiar, repetindo os padrões relacionais disfuncionais, automaticamente, inclusive quando discorda deles.

    Quando consideramos os problemas de saúde mental como uma verdadeira epidemia de consequências negativas majestosas não somente aos indivíduos que as possuem, mas também às suas famílias e aos demais grupos aos quais pertença, faz-se essencial derrubar o mito de que todos os pais constituem influências positivas na vida e no desenvolvimento dos filhos. Acreditar que os pais estão sempre certos na forma de agir e educar os filhos e que o estilo parental nunca deve ser questionado, compromete a nossa capacidade de entendermos e transformarmos não apenas a nossa realidade individual, como também a da sociedade e do país aos quais pertencemos de maneira democrata, tolerante e solidária, para que nos sintamos genuinamente realizados e conectados uns com os outros. Para se libertar da culpa e vergonha que o mantém preso à negação e idealização da infância, é vital que considere, primeiramente, as diferenças importantíssimas entre a responsabilidade e a culpa.

    As diferenças importantíssimas entre a responsabilidade e a culpa

    Embora a pessoa tenha todo o direito de investigar o seu passado e tentar compreender como os pais influenciaram em sua habilidade de perceber-se como um indivíduo competente, bom o suficiente e digno de ser amado incondicionalmente, isto tende a desembocar em culpa, como já apresentado. Muitos de meus clientes, quando começam a desabafar a respeito do modo como foram maltratados e negligenciados pelos genitores, citando vulnerabilidades, atitudes impróprias e até abusivas, sentem-se envergonhados de falarem mal deles ou culpá-los por seus atos. Após os relatos, tendem a despender grande energia para justificar as suas atitudes como se fossem obrigados a desculparem-se pelo seu comportamento, negligenciando as próprias emoções e os efeitos de seu trauma no processo.

    Isso se deve ao fato de que a nossa cultura não reconhece as importantíssimas diferenças entre a responsabilidade e a culpa, seja por influência religiosa, seja devido aos valores rígidos do senso comum. Contudo, não precisa seguir essa mentalidade simplista e conformar-se com uma atitude julgadora, pois você é um indivíduo autônomo e capaz de posicionar-se de forma diferente, com consciência, inteligência e empatia. A culpa não lhe permite conduzir-se assim, pois, resulta em inadequação, hostilidade e ressentimento, ao passo que atribuir responsabilidade de forma adulta e centrada – constitui um direito humano e universal de se conhecer, assim como as circunstâncias de seu desenvolvimento – consiste em um ato emancipador. Diante disso, abdique da vergonha, dependência e vitimização promovida pela cultura da culpa e chantagem emocional, torne-se verdadeiramente livre e dono de seu corpo e destino. Se está preparado para embarcar nesta jornada, recomendo continuar lendo e usar o conhecimento adquirido com empatia, maturidade e sabedoria.

    Descontrua para aprender e valide-se para crescer

    O objetivo central do Descontruindo a família disfuncional é promover o aumento da consciência acerca de como a família e, em especial, o comportamento dos pais, influenciam o desenvolvimento dos filhos ou em sua habilidade de sentirem-se dignos...

    de amor e respeito

    de uma identidade própria, independente e quedifere da dos pais

    de seus limites pessoais, do direito de dizer não e proteger-se

    desuas necessidades, interesses, preferências e vontades próprias, que diferem dos pais

    de terem pensamentos, sentimentos e comportamentos próprios e que diferem dos pais

    de tentarem abordagens de vida diferentes, cometerem erros de julgamento e mudarem

    de confiarem em si próprios como uma fonte segura de sabedoria

    de confiarem nos seuspróprios sentimentos e seu direito de possui-los e expressá-los, independentes da qualidade

    de suas vulnerabilidades, sem culpa, medo ou vergonha

    de suaexperiência, conhecimento, inteligência e maturidade

    de confiar nos relacionamentos humanos,quando funcionais, como uma fonte sólida de crescimento e desenvolvimento pessoal

    Desta forma, é dedicado a quem...

    suspeita ou acredita queprovém de uma família disfuncional e gostaria de confirmação

    gostaria de saber como o legado familiar disfuncional afetou a sua forma de pensar, o comportamento e a saúde emocional

    quer e está preparado para se desvencilhar da imagem idealizada de família, infância, pai e mãe perfeitos que o faz sentir-se culpado e envergonhado pelos seus atos, seja como pai ou filho

    gostaria de fazer sentido de suahistória e reorganizar a narrativa de uma forma empoderadora e coerente com a sua experiência como membro de uma família disfuncional

    gostaria de encerrar o ciclo de comportamentos disfuncionais e até abuso perpetuado através das gerações da família a qual pertence

    Enquanto nem todos somos pais, todos somos filhos, o que torna o escopo deste livro vasto e imensa a possibilidade de ajudar a muitos. Isso se deve ao fato de que o ato de validar a forma como sentimos é, em si só, emancipador. Conectar com o luto de nossas perdas e permitirmo-nos sentir

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