A Marca Dos Filhos
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A Marca Dos Filhos - Luiz Roberto Cascaldi E José Carlos Marion
A MARCA
DOS FILHOS
O único sinal que nos identifica como cristãos
Luiz Roberto K. Cascaldi
ÍNDICE
INTRODUÇÃO
PRIMEIRA PARTE
1) Quero arrancar esta página da minha Bíblia
2) O feio, o sujo e o mal cheiroso
3) O extravagante e o ridículo
4) Ofereça um banquete para o seu inimigo
5) Misericórdia versus Sacrifício
6) A única coisa que nós vamos levar deste mundo
7) Troque a sua roupa
SEGUNDA PARTE
1) Refletindo sobre o verdadeiro amor
2) Os benefícios do amor
3) Ágape versus Eros
4) Restaurando os caídos
5) O amor produz unidade
6) A inigualável e derradeira marca
7) Amor, a grande energia da vida
Introdução
"A todos, os pequenos e os grandes, os ricos e os pobres, os livres, e os escravos, faz que dada lhes seja certa marca sobre a mão direita, ou sobre a fronte... Se alguém adora a besta e a sua imagem e recebe a sua marca na fronte ou sobre a mão, também esse beberá do vinho da cólera de Deus..., e será atormentado com fogo.... pelos séculos dos séculos... e não tem descanso algum, nem de dia nem de noite, os adoradores da besta e da sua imagem, e quem quer que receba a marca do seu nome" (Apocalipse 13:16). (grifos nosso)
Em diversos outros textos, principalmente no Apocalipse, encontramos referências a pessoas que têm uma marca e por isto não podem fazer parte do reino de Deus. Entretanto, não é nosso objetivo estudar a marca que leva à perdição. Queremos abordar a Marca do Cristão
, que leva à glória de Deus, a marca que leva o homem a viver e reinar com Cristo para sempre. O próprio Jesus nos ensinou o que seria essa marca, que é o tema central deste trabalho.
A marca identifica a categoria, a qualidade, a espécie, o tipo de alguma coisa. É uma identificação baseada em algo no qual você emite um julgamento. Você toma uma decisão de querer algo ou não de acordo com sua marca, sua aparência, suas características.
De certa maneira, todos nós, seres humanos, apresentamos algumas características que nos identificam. Quando Pedro estava negando Jesus no Sinédrio, alguém lhe disse: "Verdadeiramente és também um deles, porque o teu modo de falar o denuncia" (Mateus 26:73). Pedro não podia negar o óbvio, as marcas eram evidentes.
Certo pastor, quando se reunia com pessoas de diferentes origens religiosas, era capaz de identificar cada uma delas pelo seu jeito de orar. Após cada uma ter orado ele dizia: "Você é batista, você é assembleiano, você é metodista...". Cada pessoa tinha uma marca que facilmente a identificava.
Quando éramos crianças, era muito fácil identificar um cristão ou um crente
. Quanto às mulheres, bastava ter cabelos compridos, usar saias ou vestidos longos e não usar calças compridas. Aos homens era característico colocar terno e gravata, ter uma Bíblia debaixo do braço, mesmo que estivesse um sol insuportável. Em nossa infância, aos nossos olhos, essa era a marca do crente: a indumentária.
Felizmente, hoje, os cristãos não são mais identificados por esses traços. Talvez, até, sejam conhecidos por serem pessoas que não bebem, não fumam, não contam piadas sujas, são capazes de devolver dinheiro quando o troco é dado a mais etc. Muitas dessas coisas boas podem ser marcas dos cristãos; todavia, nenhuma delas é a marca indispensável para a vida eterna com Cristo, nem caracteriza a marca do Filho.
Só UMA MARCA identifica o cristão verdadeiro, mesmo que as qualidades referidas no parágrafo anterior não sejam integralmente evidenciadas. Há muitas pessoas honestas, íntegras, corretas (aos nossos olhos) que, se não tiverem um encontro com Jesus Cristo e, portanto, não forem detentoras da marca que trataremos neste trabalho, certamente não verão a glória de Deus.
No entanto, a nossa preocupação maior é relativa a muitas pessoas que frequentam igrejas cristãs, se dizem cristãs, têm trejeitos de cristãs, mas não exibem a MARCA que as identifica como autênticos discípulos de Jesus.
Os autores
PRIMEIRA PARTE
José Carlos Marion
1) Quero arrancar esta página da minha Bíblia
Novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros; assim como eu vos amei, que também vos ameis uns aos outros...
(João 13:34) (grifos nosso)
Um novo mandamento
Jesus é o centro do Velho e do Novo Testamento. Ele é a maior autoridade, o Príncipe da vida, o Salvador da humanidade. Por tudo isso queremos estar atentos à ênfase dos seus ensinamentos. Num certo momento, quando Jesus passava as últimas instruções para seus discípulos, algumas horas antes da sua crucificação, ele declarou a verdade acima.
Em outras palavras, ele estava dizendo que, de tudo aquilo que havia ensinado, algo maior deveria ficar. Se é novo, significa que os outros ensinamentos passam para um segundo plano. Se é novo, torna-se revolucionário. Se é novo, diferencia-se de tudo que foi dito antes. Se é novo, é primordial, prioritário. Certamente todos ficaram atentos para ouvir a lei magna do Cristianismo: o novo mandamento, a nova imposição, a principal exigência da vida cristã é o AMOR. Não é um amor qualquer; é um amor sacrificial, um amor de dar a vida (em grego, o amor Ágape).
Todavia, o impacto da declaração de Jesus não para por aí; ele vai revelar algo mais impressionante para seus seguidores. Ele anuncia que aqueles que são seus terão uma marca, um sinal, uma identificação inconfundível diante do mundo, diante dos incrédulos e diante de outros cristãos: Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros
. (João 13:35) (grifos nosso)
A única marca
Jesus diz que seus seguidores serão conhecidos por todos através de uma única e exclusiva marca: o amor de uns para com os outros! Entre os discípulos de Jesus havia um conhecido como o discípulo amado
, aquele que se recostava sobre o peito de Jesus. João reclinava-se sobre o peito de Jesus, podendo ouvir seu coração pulsar, sentindo a virtude extravasando do seu corpo. Seu relacionamento era íntimo com Jesus; ele não só ouvia-o, como também sentia-o. Foi esse mesmo João que escreveu três cartas maravilhosas, que podem ser chamadas de cartas de amor
. Ninguém podia entender tanto de amor como ele. Na sua primeira carta, inspirado pelo Espírito Santo, João faz declarações tão fortes, tão incisivas que muitos cristãos preferem não lê-las, ou, quando as leem, desligam
seu potencial de compreensão.
Certa ocasião, depois de ministrar sobre esse texto, uma pessoa perguntou-me se poderia arrancar esta página da sua Bíblia
. Jesus disse: Nisto são manifestos os filhos de Deus, e os filhos do diabo. Qualquer que não pratica a justiça, e não ama o seu irmão, não é de Deus
(1 João 3:10). Em outras palavras, quem não ama seu irmão é do diabo.
A Bíblia nos ensina que a humanidade tem uma destas paternidades: ou é filho do diabo ou é filho de Deus. Não há uma terceira alternativa, não há órfãos (João 8:44). Todos nascemos como filhos do diabo e passamos a ser filhos de Deus quando recebemos a Jesus, quando cremos no nome dele, quando reconhecemos que ele foi o nosso substituto na cruz (João 1:12). Assim, mudamos de paternidade pois fomos comprados pelo precioso sangue de Jesus; somos redimidos, resgatados do nosso ex-pai.
Podemos dizer, então, que todos os que estão na igreja e que se dizem cristãos são filhos de Deus? Esse texto diz claramente que a identificação que pode nos garantir que somos filhos de Deus é ter amor verdadeiro por nossos irmãos. Quando desprezamos um irmão falando mal dele, virando o rosto ou tendo outras atitudes parecidas, podemos estar certos: a nossa paternidade ainda é do diabo, pois quem não ama seu irmão não é de Deus. Isso pode parecer muito extremista, mas é a verdade de Deus.
Você pode argumentar que a paternidade demoníaca é só para os incrédulos, para as pessoas do mundo
. Entretanto, analise o que João escreveu para os que se dizem cristãos, para os crentes. Em várias partes de sua primeira carta ele os chama de meus filhinhos
(versos 7, 18). Portanto, João quer levar-nos a uma reflexão profunda: Quem somos nós?
O nosso relacionamento familiar com a esposa e com os filhos é um termômetro importante: sou filho de Deus ou do diabo? O nosso relacionamento com irmãos na igreja e com irmãos de outras igrejas deve levar-nos a avaliar profundamente quem é o nosso pai. Eu diria que esse é o nosso vestibular: passamos ou não passamos, somos aprovados ou reprovados. Não há meio-termo, não há ausência de pai; ou é um, ou é outro. Queridos, se levássemos isso a sério, a nossa igreja e a nossa casa seriam um paraíso. Estaríamos vivendo o verdadeiro Reino de Deus aqui na terra. A marca de Cristo, o amor, seria revelada a todos.
Uma mensagem repetitiva
No verso seguinte, João diz: Visto que a doutrina que ouvistes desde o princípio é que vos ameis uns aos outros
(1 João 3:11). Não pensem que João estava vendo alguns problemas entre os irmãos e trouxe, então, um argumento novo, falando de amor. Não. Esse assunto é antigo, começou com os profetas no Velho Testamento e continuou com Jesus, desde o início da sua manifestação pública.
Certa vez, um fariseu perguntou a Jesus: Mestre, qual é o grande mandamento na lei?
Jesus respondeu: Amarás o Senhor teu Deus, de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento... E o segundo semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo
(Mateus 22:36-39). Outro fariseu formulou a pergunta mais importante para Jesus: Mestre, que farei para herdar a vida eterna?
. Jesus perguntou a ele o que estava escrito na lei. Como possivelmente ele já tinha ouvido de Jesus, respondeu corretamente: Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todas as tuas forças, de todo o teu entendimento, e ao teu próximo como a ti mesmo
. Jesus disse: Respondeste bem; faze isso, e viverás
(Lucas 10:25-28).
É importante entender que Jesus não revelou para eless a salvação pela graça. Todavia, levou-os a refletir sobre o que seria o principal fruto dos que seriam salvos pela graça. Jesus busca a perfeição no cumprimento da lei e, quem ama, cumpre a lei. O amor é o centro dos ensinamentos de Jesus.
Porém, Jesus não parou por aí. Um pouco antes de ir para o Calvário ele fez uma revelação bombástica, mudando o padrão do amor. Antes, o padrão era amar o próximo como a si mesmo. A partir do capítulo 13 do evangelho de João, ele vai ao extremo: Amem uns aos outros da mesma maneira que eu amo vocês, dando a vida
. O padrão já não era mais o meu amor por mim mesmo, mas o amor de Jesus, o amor sacrificial que dá a vida. Há uma grande diferença entre esses dois padrões. Essa é a mensagem de Jesus desde que começou a se manifestar publicamente, "desde o princípio". Todos os que vieram depois passaram a dar essa mesma ênfase.
Paulo, no auge da carta aos Romanos, diz que o amor é o cumprimento da lei: A ninguém devais coisa alguma, a não ser o amor
(Romanos 13:8). No capítulo mais importante da primeira carta aos Coríntios, o capítulo 13, ele trata somente do amor e termina dizendo: "Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três: porém, o maior destes é o amor" (1 Coríntios 13:13). E, em cada carta, Paulo vai ressaltando a grandeza do amor, a ponto de dizer: E, sobre tudo isto, revesti-vos do amor, que é o vínculo da perfeição
(Colossenses 3:14).
Pedro também falou sobre isso na sua primeira carta: Mas, sobretudo, tende ardente amor uns para com os outros; porque o amor cobrirá a multidão de pecados
(1 Pedro 4:8). Sobretudo significa acima de todas as outras coisas. O amor é o mais importante.
Assim, é possível dizer que, desde o princípio, os apóstolos deram ênfase a essa doutrina, que é o maior mandamento de Jesus.
Um bonito lar e duas crianças
Porque esta é a mensagem que ouvistes desde o princípio, que nos amemos uns aos outros, não sendo como Caim, que era do Maligno, e matou a seu irmão. E por que o matou? Porque as suas obras eram más e as de seu irmão, justas
(1 João 3:11,12).
Ao discorrer sobre o principal tema de sua carta, João utilizou como ilustração o relacionamento de uma família, a primeira família da terra. Os pais, Adão e Eva; os filhos, Caim e Abel. Não existiam outras crianças com quem brincar; portanto, Caim e Abel estavam sempre juntos, comiam juntos, passeavam juntos. Imaginamos que seu pai ia-lhes mostrando toda a criação, ensinando os nomes dos animais e dos vegetais. Provavelmente dormiam no mesmo quarto e, antes do sono chegar, Adão contava-lhes suas experiências com Deus no Jardim do Éden.
Possivelmente poucas pessoas tiveram tanta comunhão quanto Caim e Abel. Eles cresceram juntos: viveram no mesmo lar, comeram da mesma comida que a mãe preparava, brincavam juntos. Não havia nada para se fazer separada e isoladamente, por isso tinham muita comunhão um com o outro. Mas o que aconteceu um dia? Caim matou Abel! Por isso João diz: "Não sendo como Caim, que era do maligno, e matou a seu irmão" (1 João 3:12). Em outras palavras, João está dizendo: "Como Caim, você também está convivendo