Tambores De Oxalá
De André Furlan
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Tambores De Oxalá - André Furlan
TAMBORES DE
OXALÁ
ANDRÉ FURLAN
1
Quem vem lá, quem vem lá,
Soldados de Jesus Cristo Oxalá.
Quem vem lá, quem vem lá,
Índios guerreiros, pelo bem
batalhar.
2
PREFÁCIO
Jesus Cristo é a humanização histórica mais
conhecida por entre as religiões do mistério de
Deus, tido a nós como Oxalá e que emana de si a
busca pelo encontro com o Sagrado.
As histórias sobre a passagem de Jesus em terra
referem-se exatamente a isso, ao jovem Mestre que
conduzia seus discípulos a se transcender em si,
reavivando neles a fé em si, em Deus e na
manifestação do Pai e cada um de nós.
Esse mistério é tão grande que não se conceitua
apenas como a fé nas crenças ou nas religiões, mas
a fé na sua verdade, na sua realidade e isso é
exemplificado até na função de Oxalá na criação
Este singelo livro tem a proposta de refletir sobre
Jesus Cristo Oxalá, seus ensinamentos e seu poder
no mundo físico e no plano espiritual.
Todos os poemas, pensamentos e reflexões deste
texto são dedicados a Jesus Cristo Oxalá.
3
INTRUDUÇÃO
Vejo tanta desavença.
A religião fala em criação, a ciência, em evolução.
Acredito que Deus criou seres que evoluem.
Tem igrejas que usam harpa, tem terreiros que
tocam tambores. Creio que cada um tem seu jeito
de louvar o Divino.
Igrejas tem seus santos, espiritualistas creem em
trabalhadores espirituais.
Creio que Deus tem seus trabalhadores em todos os
lugares.
Acho que está na hora de nos unirmos. Amigo, já
frequentei terreiros, centros e igrejas.
Verti lágrimas de alegria numa tenda umbandista e
lágrimas de paz correram em meu rosto em igrejas.
Senti o Divino em todos estes lugares. Certa vez
4
conversei com um exu e senti paz em suas palavras.
Hoje em dia sinto Deus em minhas orações.
Não falo em nome de nenhuma religião ou
doutrina, embora respeite todas elas.
Deus está presente em tudo, amigo.
Basta termos fé...
ORIXÁS
Na religião Umbanda, os Orixás representam a
energia, sua força vem da natureza e auxilia os
seres humanos em dificuldades durante a vida. ... O
que ocorre é a manifestação dos Falangeiros dos
Orixás, eles são Entidades ou Guias que
trabalharam para determinados Orixás Umbanda.
Existem 7 Orixás que estão presentes em todas as
vertentes da Umbanda, eles são: Iemanjá, Ogum,
Oxalá, Oxossi, Xangô, Iansã e Oxum.
OXALÁ
5
Pai dos homens, criador da humanidade, Oxalá é o
pai de todos. Muito sábio e benevolente com os
filhos, ele os leva pelos caminhos da vitória. Ele é
regente do Trono da Fé, ou seja, está associado a
todos os assuntos que envolvam a Esperança e a
Confiança em Deus.
O sincretismo de Oxalá é Jesus Cristo. Isso se deve
ao fato de Cristo ser o filho do Deus maior, assim
como Oxalá. Eles são a representação do branco
com seu simbolismo de pureza espiritual, amor,
sabedoria e bondade. Jesus ama os homens como
seus próprios filhos e intercede por eles a todo
momento, sempre com muita paciência procurando
o melhor de cada um para poder colocá-lo no
6
caminho certo. Assim como Jesus é fundamental
para a história do cristianismo, Oxalá é vida para a
Umbanda e Candomblé.
O espírito fundador da religião (Caboclo das Sete
Encruzilhadas) disse que a Umbanda deveria ter
por base o Evangelho de Jesus, e fazia alusão ao
Cristianismo e aos ensinamentos do Cristo em suas
mensagens.
A Umbanda reconhece em Jesus seu grande
Mestre. Jesus está acima de qualquer religião, não
pertence aos cristãos denominacionais, e sim a todo
cristão de coração que acredita em seu evangelho.
Jesus Cristo é uma entidade e Oxalá é outra,
pertencentes de panteões diferentes, um
judaico-cristão e o outro africano.
7
Como Jesus é o grande filho de Deus, um grande
mestre que trouxe mensagens de fé, amor e paz,
logo, foi associado à Oxalá que também é
identificado por esses atributos. E, diga-se de
passagem, foi o sincretismo mais fiel, pois as
similaridades são grandes. Acredita-se que Jesus
tenha sido uma fração dessa energia, ou que pelo
menos vibrasse na frequência de Oxalá.
8
JESUS CRISTO
. Ele viveu por um curto período de tempo, não
transitou pelos grandes centros de sua época,
escolheu discípulos absurdamente comuns, foi
profundamente solidário com os que viviam nas
sombras do anonimato, abraçou miseráveis e
leprosos, ganhou o título
de "amigo de
publicanos e pecadores" (Lc 7.34), não fez alianças
políticas nem propaganda de suas capacidades. Ele
assumiu a forma de servo
(Fp 2.7), revelando ao
mundo a espiritualidade que se esvazia.
. Não deve ter sido fácil suportar’ o odor do
pecado, a mediocridade em relação ã vida.
Contudo, foi extremamente emocionante, pois o
Criador estava entre suas amadas criaturas. O autor
da vida (At 3.15) estava vivendo essa experiência
humana.
Temos a tendência de sempre visualizar Jesus
como um super-ser
, sempre divinizado. Temos a
tendência de vê-lo quase como um mito egípcio ou
9
um membro da elite romana, entretanto, a grande
verdade é que Ele era um jovem judeu! Em seu
contexto, era um judeu do Século I, que tinha a
poeira Palestina nas sandálias. Mesmo sua vida
sendo amplamente profetizada, minuciosamente
especificada nas falas proféticas, o Jesus humano
nasce numa manjedoura, filho de uma virgem,
ganha um nome comum e cresce num protetorado
de um império pagão. Nenhum favoritismo.
Ele enfrentou os mais diversos conflitos que a
dinâmica da vida humana apresenta O escritor aos
Hebreus afirma que Ele "em tudo foi tentado, mas
sem pecado" (Hb 4.15). Jesus constantemente se
encontrava com grupos extremistas como os
essênios, os zelotes, os saduceus, os membros do
Sinédrio, e, principalmente, os fariseus. Como
Jesus promovia a redenção dos marginalizados,
enfurecia os que se julgavam acima dos outros.
Jesus enfrentou muitos conflitos porque assumiu
um modo de vida conflitante: amava os que não
tinham nada de amável, desejava os indesejados, se
preocupava muito mais com os indivíduos do que
com as multidões.
Um dos momentos decisivos da história humana de
Jesus foi a tentação do deserto. Um dos grandes
detalhes desse texto (Mt 4.1-11) é que foi o Espírito
10
quem levou Jesus ao deserto para ser tentado, o que
nos mostra que, num mundo caído, não há
espiritualidade verdadeira sem a experiência do
enfrentamento de tentações. Somos tentados todos
os dias.
Entre o jardim e o deserto – Em Gênesis 3, no
Jardim um casal é tentado. O fato interessante é que
o cerne da tentação do jardim é: "como é ser
Deus?" O Diabo oferece ao homem a chance de
ser como Deus
(Gn 3.5), ele apela para o
ilimitado, o fascínio, o mistério. Curiosamente, a
tentação de Jesus, o segundo Adão, não é mais em
um jardim, mas num deserto. Não mais
acompanhado, mas sozinho. Não é mais uma
questão de comer, mas de um prolongado jejum. E
o cerne dessa tentação é absurdamente inverso:
como é ser humano?
Num cenário desolado,
Jesus é exposto a uma devastadora questão: você
está disposto a ser limitado? Lutero afirmou que o
Diabo é míope, não consegue enxergar nada que é
pequeno; e Jesus se associou a pecadores, aos
marginalizados. Foi tão humilde, pequeno, que o
Diabo o subestimou.
A sedução da facilidade - o Diabo oferece a Jesus
uma humanidade sem crises. Transformar pedras
em pães é saciar a fome sem precisar plantar o
11
alimento; o pináculo do templo é a tentação de se
tomar independente de Deus dentro do lugar
sagrado. O pináculo fica acima do templo, no lugar
onde o Querubim da guarda
(Ez 28.14) sonhava
estar; é o fato de se jogar daquela altura sem o
perigo real de morrer, oferecendo assim um
espetáculo consagrador.
A distorção das Escrituras - o Diabo faz uso das
Escrituras: Está escrito
(Mt. 4.6). Ele tenta
escravizar Jesus ao literalismo bíblico. Hoje,
muitos charlatões usam do mesmo processo e, "em
nome de Deus (o mesmo
está escrito"), colocam
na Bíblia promessas que Deus nunca fez. O
capítulo 3 de Mateus termina com a afirmação da
voz dos céus dizendo: Este é meu Filho amado
(Mt 3.17). O capítulo 4, a Tentação começa com o
Diabo tentando colocar em dúvida a afirmação e o
amor do Pai (Mt 4.3). Ele propõe uma distorção de
tudo quanto Deus diz em sua Palavra. Essa tentação
da distorção das Escrituras ainda derruba muita
gente. Muitos caem no erro de pegar versículos
isolados e construir uma teologia tendenciosa e
ofensiva ao caráter de Deus.
A vida de Jesus foi vivida na direção dos
marginalizados. Sua espiritualidade do oprimido
revolucionou a concepção de Deus na teologia
12
Jesus revelou um ângulo da natureza de Deus que
poucos conheciam: um Deus humilde. O Deus das
teologias farisaicas era todo construído com base
em uma soberania que esmaga os infiéis, ou seja,
uma teologia carente da graça Mas, surge no
contexto histórico um homem chamado Jesus, e a
soberania que esmagava, agora é "moída pelas
nossas iniqüidades" (Is 53.5).
No Antigo Testamento, as relações com Deus eram
envoltas em um (distanciamento, um medo, uma
mistura entre temor e adoração. Não era permitido
tocar na arca, a sarça ardente indicava a cerimônia
da aproximação cautelosa: Tira as sandálias
(Ex
3.5), as visões de Ezequiel, tudo isso apontava para
a idéia de um Deus com uma espécie de aviso:
cuidado
. Em quase todas as aparições de Deus,
ou mesmo de anjos, a frase que acompanha a
manifestação divina é: não temas!
Contudo, em
Jesus, essa espiritualidade temerosa se desfaz. Jesus
é o Deus acessível. Ele já não precisa dizer "não
temas, agora diz:
Vinde a mim" (Mt 11.28). Em
Jesus, a humanidade encontra um convite: "quem
quiser…" (Mt 16.24).
Jesus assumiu a humanidade sem reservas. Ele
encarou as crises, sentiu o peso do cansaço, a fúria
da natureza em alto mar, o desprezo, as acusações
13
dos fariseus, mas, apesar de tudo isso, Ele não se
tornou apático. Sentiu profunda compaixão pela
viúva de Naim (Lc 7.11-17). Quando caminhava
para o Calvário, em imensa agonia, se preocupava
com as mulheres que batiam no peito e lamentavam
(Lc 23.27-30). Ele se solidariza com os
marginalizados porque os ama e porque se
identifica com eles (Is 53.5,7).
A vida de Jesus foi a mais intensa manifestação do
amor de Deus. Através da experiência humana de
Jesus, podemos conhecer ângulos incríveis da
natureza de Deus. A espiritualidade que Jesus viveu
precisa ser imitada por seus discípulos na
atualidade. Como disse o apóstolo Paulo: "Tudo o
que fizerdes por palavras ou por obras, fazei-o em
nome do Senhor Jesus, dando por ele graças a Deus
Pai" (Cl 3.17).
Jesus falava por parábolas para explicar verdades
complexas de uma forma simples. Ele usava
parábolas para responder a perguntas e tirar
dúvidas. Usar parábolas era um método de ensino
muito comum no tempo de Jesus.
Jesus falava por parábolas para cumprir a profecia
de Salmos 78:2. Suas parábolas revelavam
14
verdades e mistérios profundos (Mateus 13:34-35).
Lemos no Evangelho que Cristo ensinou algumas
coisas privadamente a seus Apóstolos, mas
ordenando-lhes que as pregassem depois
publicamente: "O que eu vos digo na obscuridade,
dizei-o às claras, e o que é dito ao ouvido, pregai-o
sobre os telhados" (Mt 10, 27).
Outras vezes, porém, o Senhor ensinou por meio de
parábolas, que ele explicava depois aos seus
discípulos, mas cujo sentido escapava à maior parte
de seus ouvintes. Os próprios Apóstolos
perguntaram ao Senhor a razão dessa maneira de
pregar, e obtiveram uma resposta cuja