A Filosofia da Fisiocracia: Metafísica, política, economia
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A Filosofia da Fisiocracia - Thiago Vargas Escobar Azevedo
A FILOSOFIA DA FISIOCRACIA
METAFÍSICA, POLÍTICA, ECONOMIA
© Almedina, 2023
AUTOR: Thiago Vargas
DIRETOR DA ALMEDINA BRASIL: Rodrigo Mentz
EDITOR: Marco Pace
EDITOR DE DESENVOLVIMENTO: Rafael Lima
ASSISTENTES EDITORIAIS: Larissa Nogueira e Letícia Gabriella Batista
ESTAGIÁRIA DE PRODUÇÃO: Laura Roberti
COORDENAÇÃO EDITORIAL: Milton Meira do Nascimento
REVISÃO: Sônia Maria dos Reis
PROJETO GRÁFICO ORIGINAL: Marcelo Girard / IMG3
FINALIZAÇÃO: Roberta Bassanetto
CONVERSÃO PARA EBOOK: Cumbuca Studio
ISBN: 9786554271059
Maio, 2023
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
Vargas, Thiago
A filosofia da fisiocracia: metafísica, política,economia / Thiago Vargas. -- 2. ed. -- São Paulo:
Edições 70, 2023.
e-ISBN 978-65-5427-105-9
ISBN 978-65-5427-086-1
1. Economia 2. Filosofia 3. Metafísica 4. PolíticaI. Título.
23-148968
CDD-100
Índices para catálogo sistemático:
1. Filosofia 100
Eliane de Freitas Leite - Bibliotecária - CRB 8/8415
Este livro segue as regras do novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa (1990).
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte deste livro, protegido por copyright, pode ser reproduzida, armazenada ou transmitida de alguma forma ou por algum meio, seja eletrônico ou mecânico, inclusive fotocópia, gravação ou qualquer sistema de armazenagem de informações, sem a permissão expressa e por escrito da editora.
EDITORA: Almedina Brasil
Rua José Maria Lisboa, 860, Conj.131 e 132, Jardim Paulista
01423-001 São Paulo | Brasil
www.almedina.com.br
Para Bárbara
SUMÁRIO
Cover
Folha de Rosto
Página de Créditos
SUMÁRIO
Introdução
A Filosofia como oficina de conceitos econômicos
Capítulo I
François Quesnay: fundador de uma ciência nova
De camponês autodidata a médico do rei
A estreia na literatura econômica: as colaborações para a Enciclopédia
A ascensão dos economistas: a consolidação da fisiocracia
Medicina, metafísica, política: a trajetória para a economia
Capítulo II
Economia, um problema de metafísica?
Evidência: as condições para o conhecimento das leis da natureza
A política como problema epistemológico
Capítulo III
Jusnaturalismo: a sede da política fisiocrática
Direito natural: justiça, trabalho, governo
As leis físicas e os regimes políticos: legislação e o despotismo legal
Capítulo IV
O vinculum sacrum da sociedade: as leis da economia
Construindo conceitos para o edifício da ciência econômica
Conclusão
Fisiocratas, os semiólogos da ordem natural
Seleção cronológica das obras de Quesnay e outros fisiocratas
Recomendação de leituras
Bibliografia
Fontes primárias
Fontes críticas
Pontos de referência
Cover
Folha de Rosto
Página de Créditos
Dedicatória
Sumário
Introdução
Página Inicial
Conclusão
Bibliografia
Introdução
A Filosofia como oficina de conceitos econômicos
A segunda metade do século XVIII é considerada pelos historiadores do pensamento econômico como o período de emergência da economia política moderna.¹ Esse consenso, no entanto, é permeado por um intenso debate não apenas sobre os débitos que a economia possuiria junto aos outros campos de conhecimento, mas sobretudo em que consistiram essas dívidas e o quão pertinente estas seriam para a reconstituição da própria história da disciplina. Esta disputa, por sua vez, implica em uma reflexão sobre os aspectos capazes de oferecer uma unidade científica à economia frente à variedade de seus discursos, isto é, sobre os princípios, postulados, métodos e limites que definem e distinguem uma prática científica de outras. Em poucas palavras, a história do pensamento econômico necessariamente se defronta com problemas de epistemologia. Jean-Baptiste Say, já na primeira metade do século XIX, expressava de forma clara essas preocupações, afirmando ser necessário distinguir a economia do passado da ciência econômica moderna que despontava e buscava definitivamente se estabelecer enquanto ciência positiva.²
Mesmo levando em conta as complexidades e singularidades envolvidas nessa discussão, não parece haver espaço para dúvidas que, se a economia pôde consolidar-se como um campo autônomo de conhecimento no século XIX, isto se deu graças aos sistemas filosóficos elaborados no século anterior.
De fato, nesse período da modernidade foi empreendido um enorme esforço coletivo de pensamento no qual filósofos de diversos países se dedicaram a refletir sobre uma dupla questão. A primeira, como as trocas econômicas poderiam, valendo-se de modelos e analogias tiradas das ciências naturais, tornar-se um paradigma para as práticas políticas e sociais, de modo a beneficiar o governo, as sociedades e os indivíduos que as compõem. A segunda diz respeito a uma concepção sobre a natureza e suas interações com o social, ponderação que desaguará sobre novas perspectivas acerca das noções de abundância, escassez, prosperidade, frugalidade, divisão do trabalho, produtividade e riqueza da uma nação, dentre outras. No fundo, ambas as indagações dizem respeito às reflexões sobre os regimes políticos e as formas materiais de organização social, bem como uma discussão filosófica sobre as paixões e os interesses, a lei e a liberdade, o governo e os súditos.
Partindo de uma perspectiva metodológica partilhada tanto pela história da filosofia quanto por certas correntes da história do pensamento econômico, é judicioso adotarmos uma dupla cautela ao lermos os textos de economia concebidos ao longo da Ilustração. Por um lado, se formularmos a questão em termos dicotômicos entre economia e filosofia estaremos desde logo pressupondo a existência de duas disciplinas diferentes, uma distinção que, a rigor, inexistia no século XVIII. Mas, se ao nos depararmos com possíveis anacronismos apenas assumíssemos uma recusa ou hesitação a analisar os pontos de transição, isso seria simplesmente ignorar um importante processo de transformação da linguagem política e científica ocorrida neste período. Assim, por outro lado não devemos esquecer o crescente interesse da modernidade, através de um empenho efetivado por filósofos como Bacon, Descartes e Locke em realizar uma reflexão, divisão e explicação detalhada sobre os conhecimentos humanos, visando não somente tornar a árvore dos saberes mais frondosa e organizada, mas fazendo com que nela se pudessem fazer ver ou vicejar novos ramos e galhos, como os da economia. Nesse sentido, o resultado ou o exemplo mais ilustrativo desse esforço foi o projeto da Enciclopédia, levado a cabo por Diderot e d’Alembert.
Diante desse contexto, duas figuras são comumente alçadas à posição de destaque. A primeira e mais célebre é Adam Smith, professor de filosofia moral na Universidade de Glasgow, autor de A teoria dos sentimentos morais (1759) e Uma investigação sobre a natureza e as causas da riqueza das nações (1776). A segunda, a fisiocracia, grupo de economistas franceses liderados por François Quesnay. Todavia, se há um consenso em torno dos méritos de Smith, é importante notarmos que a história do pensamento econômico em geral atribui um lugar ambíguo à fisiocracia, vista ora como mera curiosidade pré-clássica, ora como corrente fundadora da moderna ciência econômica; ora ingênuos defensores da teoria da exclusividade da agricultura, ora geniais formuladores da circulação do capital; ora veementes apoiadores de um governo despótico, ora notáveis anunciadores do liberalismo econômico. Estas descrições são sempre acompanhadas de uma nota sobre a vertiginosa ascensão e queda da fisiocracia, surgida em meados de 1750, atingindo o seu auge em 1767 para, já na década seguinte, encontrar seu crepúsculo e tornar-se um acontecimento do passado.
Esse diagnóstico hesitante não eclipsa, entretanto, aquilo que autores tão diferentes como Karl Marx³, Joseph Schumpeter⁴ e Ronald Meek⁵ puderam, cada qual à sua maneira, constatar: a fisiocracia representa um acontecimento crucial para a compreensão da esfera do econômico e seu funcionamento. De fato, os fisiocratas não apenas se dedicaram a entender as leis de circulação das riquezas e realizar teorias sobre o social, sobre a produtividade e sobre o desenvolvimento, como foram os primeiros a se autointitularem economistas e a formarem uma escola que tinha exatamente a pretensão de fundar uma ciência nova.
Contudo, para nós, leitores e leitoras contemporâneos, estes epítetos podem ser enganosos, uma vez que tais rótulos significam coisas muito diferentes das quais poderíamos inicialmente imaginar. Por isso, convém desde logo indagarmos o que exatamente a fisiocracia entendia por economia e por ciência.
Veremos que uma primeira abordagem a este problema imediatamente nos conduzirá a dois outros que precisarão ser previamente respondidos: primeiro, a