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PILOTOS BRASILEIROS CAPTURADOS NA SEGUNDA GUERRA

No dia 18 de dezembro de 1943, o então presidente Getúlio Vargas assinou o decreto № 6.123 e instituiu o Primeiro Grupo de Aviação de Caça, uma unidade da Força Aérea Brasileira (FAB), com o objetivo de enviar um esquadrão para lutar ao lado dos aliados na Segunda Guerra Mundial. Para comandar a unidade, a FAB nomeou o major-aviador gaúcho Nero Moura, no dia 27 de dezembro de 1943. Imediatamente, abriu-se o voluntariado para reunir o pessoal que iria para a guerra.

Nero Moura formou um pequeno grupo constituído de 32 militares, seus auxiliares diretos, e embarcou com eles no dia 3 de janeiro de 1944 para Orlando, na Flórida, Estados Unidos, para receber instruções em uma escola de tática aérea. Mais tarde, o comandante se deslocou com seus homens-chave para Aguadulce, no Panamá, onde, reunida a unidade, o 1º Grupo de Caça passaria a receber treinamento em aviões de combate P-40. Concluído o curso de caça administrado por instrutores norte-americanos com experiência de guerra, os pilotos brasileiros passariam a voar o P-47, o famoso Thunderbolt, no qual fizeram adaptações numa base aérea americana em Suffolk, Long Island, antes de seguir para a Europa.

O Primeiro Grupo de Caça desembarcou no porto de Livorno, na Itália, no dia 6 de outubro de 1944. Depois, seguiu para a pequena cidade de Tarquínia onde se estabeleceu em uma base aérea norte-americana ao controle operacional do 350th Fighter Group. Não muito tempo após iniciar as operações, no dia 21 de novembro de 1944, a unidade brasileira foi transferida para a base sérea de San Giusto, próxima da cidade de Pisa, onde permaneceu até o final da guerra.

Foi a partir de Pisa que o Primeiro Grupo de Caça passaria a operar ao lado dos americanos na campanha do Vale do Pó, ao norte da Itália, considerada a arrancada final da primavera, que terminaria definitivamente com o grande conflito no dia 2 de maio de 1945. Para dimensionar o cenário do campo de batalha onde os pilotos brasileiros atuaram, Rui Moreira Lima, em seu livro Senta A Pua, apresenta um curioso depoimento:

“Durante 14 horas do dia, os Thunderbolts voaram sobre as linhas inimigas, bombardeando, atirando com suas mortíferas metralhadoras, lançando foguetes nos pontos fortificados dos alemães. O resultado é que do outro lado ficava tudo em chamas, fosse em acampamentos, trens, veículos de todos os tipos, até mesmo motocicletas. Os alemães tiveram que parar. Perderam a capacidade de se locomover durante o dia. A superioridade aérea era absoluta: os P-47 decolavam de 15 em 15 minutos para seus ataques. Quando voltavam, já as tripulações de terra os recebiam, remuniciando para as novas surtidas. A manutenção dos Esquadrões trabalhava continuamente…”

MISSÕES DE GUERRA

O esforço operacional do Primeiro Grupo de Aviação de Caça na guerra impressiona pelos números. Em suas 445 missões executadas pelos 49 pilotos durante os). No entanto, a ferocidade de inimigo que fugia para o norte em direção aos Alpes, constituído de veteranos e experientes combatentes, não perdoava os pilotos com a precisão de suas temíveis baterias antiaéreas. Consequentemente, os pilotos brasileiros pagaram um preço alto enquanto buscavam se firmar na experiência em combate.

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