Este é o extraordinário relato dos feitos de um biplano militar italiano, famoso por sua velocidade e pelos voos de longo alcance, utilizado na Primeira Guerra Mundial para reconhecimento e bombardeio, na América do Sul. Foi pilotado por pelo menos dois notáveis aviadores, de duas nacionalidades diferentes (um italiano e um argentino), tendo sobrevoado milhares de quilômetros desde o nível do mar (em grande parte do litoral do brasileiro) e das águas tranquilas do Rio da Prata até atingir imensas altitudes e cruzar a Cordilheira dos Andes. Um avião que atravessou fronteiras, percorreu importantes capitais da América do Sul (Argentina, Chile, Peru, Uruguai e Brasil) e, como se não bastasse, pertenceu a três nações: Itália, Brasil e Argentina.
Nossa história tem início em 4 de março de 1919, quando o navio transatlântico “Tomaso di Savoia”, procedente da Itália, aporta em Buenos Aires, na Argentina, trazendo a bordo um grupo de oficiais liderados pelo barão Antônio de Marchi, capitão do Exército Italiano. Tratava-se de uma missão militar que objetivava transferir conhecimentos e tecnologia aeronáuticos a seus pares do Exército e da Armada (Marinha) Argentina, além de realizar alguns voos inéditos na América do Sul.
LOCATELLI E OS REIDES AÉREOS
Entre os militares estava o tenente-aviador Antônio Locatelli, o “jovem leão da guarda”, então com pouco mais de 24 anos e já considerado um consagrado piloto italiano, pois, como