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UMA DÉCADA TENEBROSA

Há uma década, a Boeing vive um pesadelo intermitente. O recente caso de desprendimento de um tampão da porta de emergência em pleno voo redirecionou os holofotes para os problemas da Boeing, que pareciam próximos do fim. No dia 5 de janeiro, o 737 MAX 9, de matrícula N704AL, reportou emergência após decolar de Portland, nos Estados Unidos. Uma das portas de emergência havia sido arrancada da aeronave.

Na verdade, a porta estava ali como uma espécie de “tampão” para uma saída de emergência não utilizada. Os modelos 737-900, 737 MAX 9 e 737 MAX 10 contam com saídas de emergências adicionais, montadas logo após as asas. Elas são utilizadas quando o operador opta por uma configuração de alta densidade. Em casos como esse da Alaska, que voa com menos assentos, as portas não são instaladas e no seu lugar é fixado um tampão. A Boeing optou, de maneira assertiva, por produzir todos os aviões alongados da família 737 com a provisão da porta de emergência e, assim, independentemente da configuração adotada por um operador, o seguinte tem a opção de voar com mais ou menos assentos. Além disso, a decisão facilita a gestão da linha de produção. Imagine o tamanho do custo adicional apenas na cadeia produtiva se a Boeing tivesse de produzir um avião com e outro sem porta.

REPERCUSSÃO ENTRE CLIENTES

O que o fabricante norte-americano ainda não conseguiu explicar é como diversos aviões da família 737 MAX 9 foram entregues com parafusos de fixação do tampão da porta soltos ou mal instalados – e o pior, mesmo após passar por um amplo escrutínio da FAA, a agência de aviação civil dos Estados Unidos, e da opinião pública. O caso gerou a paralisação temporária de todos os 737 MAX 9 e criou um mal-estar com os principais operadores. O CEO da American Airlines, Robert Isom, afirmou durante uma teleconferência sobre os resultados que o caso da porta era inaceitável: “A Boeing precisa agir em conjunto. As questões com as quais eles têm lidado, e que remontam a alguns anos atrás, são inaceitáveis”.

Apenas na primeira semana de paralisação dos voos com o avião, a Alaska Airlines reportou perdas diretas na ordem de 150 milhões de dólares e que teria de desacelerar seu plano de crescimento. Recentemente, a empresa havia anunciado que iria se desfazer de todos os seus Airbus da família A320 e padronizar a frota com os 737 MAX, que considera mais adequado para seus planos de rota e expansão. Com o problema da porta, o tom ficou mais áspero e uma série de críticas

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