Verdadeiros adoradores: Buscando o que Deus valoriza
De Bob Kauflin
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Sobre este e-book
Em Verdadeiros adoradores, o experiente pastor e músico Bob Kauflin ajuda seus leitores a responder a essas e a outras perguntas, além de nos ajudar a compreender o que significa ser o tipo de adorador que Deus está procurando. Enraizado no evangelho da graça e repleto de aplicações práticas, este livro busca fazer uma ponte entre o domingo e o resto da semana, a fim de cumprirmos o chamado de sermos verdadeiros adoradores todos os dias.
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Verdadeiros adoradores - Bob Kauflin
REDMAN
1
VERDADEIROS ADORADORES SÃO IMPORTANTES
A ADORAÇÃO E A REALIDADE
Mas virá a hora, e de fato já chegou, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai no Espírito e em verdade; porque são esses os adoradores que o Pai procura (Jo 4.23).
Oano era 1975. Eu estava em um campo aberto ao lado de Julie, minha futura esposa, em Front Royal, Virgínia. Juntamente com milhares de outras pessoas, estávamos ali para vivenciar Fishnet, um dos primeiros festivais do Movimento Jesus. Mais especificamente, estávamos ali para vivenciar a música.
Bandas de rock, cantores-compositores e músicos de folk convertidos haviam começado a cantar sobre Jesus sem perder o ritmo, e suas músicas estavam chegando às igrejas. A adoração
, como chamávamos esse tipo de música, tornou-se quase indistinto das músicas que as rádios tocavam. Os crentes tradicionalistas questionavam e temiam esse tipo de música. Os jovens a devoravam.
Fishnet e festivais parecidos foram os primeiros sinais de que um tsunami de adoração estava prestes a colidir com as praias da igreja. Havia relativamente poucas conversas sobre adoração naquela época. Em apenas alguns anos, a adoração
seria o assunto do momento.
UM MUNDO DE ADORAÇÃO
Décadas mais tarde, um número crescente de livros, revistas, sites e blogs são dedicados exclusivamente à adoração, ou pelo menos à música de adoração. A adoração se tornou uma sensação, se não a sensação. É um movimento, um fenômeno e, em muitos lugares, uma indústria.
Não podemos negar que houve benefícios. Esse aumento da ênfase na adoração gerou recursos que nos levam a entendê-la de modo mais bíblico e abrangente.¹ A quantidade transbordante de novos cânticos de adoração tem sido surpreendente. Embora a maioria dos hinos contemporâneos venha a cair no esquecimento, alguns dão sinais de que vão permanecer por décadas, quando não por séculos. O canto congregacional foi revitalizado, e uma nova geração de músicos está sendo formada para usar seus dons em prol da igreja. Jovens ocupam hoje grandes estádios para adorar a Deus com cânticos que proclamam abertamente uma paixão por Jesus Cristo.
No entanto, nem tudo tem sido bom. Discussões acaloradas sobre estilos de música de adoração já dividiram ou destruíram igrejas. Geralmente, a performance é mais valorizada do que a participação e a tecnologia é mais enaltecida que a verdade. Muitos cânticos foram compostos por músicos que não conhecem tão bem a Bíblia, e, portanto, faltam-lhes o evangelho e a clareza teológica. Pior ainda, a adoração foi reduzida quase universalmente ao que acontece quando cantamos.
Independentemente de você encarar o fenômeno adoração
como algo bom, ruim ou no meio do caminho entre as duas coisas, uma coisa é certa: adorar a Deus é importante. Nunca é irrelevante. Nunca é sem importância. A adoração a Deus deve sempre ser um tópico do momento. E, aos olhos de Deus, ela realmente é. Não há nada mais fundamental para nosso relacionamento com Deus e para nossa vida como cristãos.
E, naturalmente, não somos a primeira geração de cristãos a pensar a respeito da adoração.
A RAZÃO DE NOSSA EXISTÊNCIA
Sermos contados entre os adoradores de Deus deve ser a grande razão da nossa existência.
² Essa frase foi primeiramente escrita há 450 anos pelo teólogo e pastor francês João Calvino. Ele não tinha em mente uma banda com guitarra que toca os últimos sucessos gospel ou um órgão de tubo acompanhando um coral. Acho que música nem passava pela sua cabeça. Contudo, suas palavras são tão relevantes hoje quanto foram para seus primeiros leitores, e elas resumem o motivo de eu ter escrito este livro.
A maioria de nós não pensa muito na grande razão da nossa existência
. As responsabilidades, distrações, alegrias, tribulações e tentações dessa vida são mais que suficientes para ocupar nossa mente durante todos os segundos em que estamos acordados. Refletir sobre a eternidade? Não temos o tempo necessário.
Quando de fato paramos para pensar na vida após a morte, em geral nossa expectativa é encontrar os entes queridos, cantar nossos hinos favoritos infinitamente, devorar todas as barras de nosso chocolate preferido sem engordar ou jogar infinitas partidas de futebol em um gramado perfeito. Para os ateus, simplesmente deixamos de existir; portanto, não há nada de grande
na vida após a morte. Simplesmente morremos.
Como cristão, creio que as palavras de Calvino sirvam para todos nós, sejamos ou não religiosos. Ele não está dizendo que todos serão contados entre os adoradores de Deus. Mais propriamente, ele está nos encorajando a considerar esse o nosso maior objetivo, nosso alvo mais sublime — a grande razão da nossa existência. Ser um eterno adorador de Deus é melhor do que usufruir todo poder, riqueza, talento, inteligência ou prazer imagináveis.
Imagino que adorar a Deus seja, no mínimo, um assunto de seu interesse, dado o fato de estar lendo este livro. É ainda mais provável que seu relacionamento com Deus tenha despertado seu desejo de conhecê-lo mais profundamente. Seu amor por Deus o levou a amá-lo mais ainda.
Talvez você tenha sido inesperadamente inundado por gratidão enquanto cantava na igreja. Talvez tenha sentido a presença de Deus tão fortemente algumas vezes que desejou ajoelhar-se em silêncio e estupefação. Ou, certa manhã, enquanto lia a Bíblia, você percebeu quão incrível Jesus é e ficou quebrantado. Talvez, enquanto estudava, trabalhava duro ou cuidava de um amigo, você percebeu que estava fazendo isso para a glória de Deus, e não para sua própria glória, e se sentiu tão, mas tão bem.
Já vivenciei tudo isso e mais. Quando experimento essas coisas, agradeço porque, pelo menos durante aquele momento, estou totalmente concentrado no Deus que me redimiu. E nesses momentos me conscientizo de que a grande razão da nossa existência é, sim, sermos contados entre os adoradores de Deus. Por toda a eternidade.
ADORAÇÃO NO PASSADO… E AGORA
No entanto, ser contado entre os adoradores de Deus no passado e ser contado entre eles agora são duas coisas bem diferentes. Nesta vida, a adoração nem sempre é o que poderia ser. E você talvez esteja pensando: No meu caso, ela nunca é o que poderia ser
.
Eu entendo. Sou cristão há mais de quarenta anos e conheço os altos e baixos do que significa ser adorador de Deus. Também estou ciente de que o conceito de adoração, dependendo de como cada pessoa o vê, pode ser incrivelmente empolgante, indescritivelmente entediante, ligeiramente confuso ou, na melhor das hipóteses, irrelevante. Para algumas pessoas, a palavra adoração gera fortes expectativas; para outras, gera bocejos.
Seja qual for nossa definição da palavra, todos temos dificuldades em adorar a Deus aqui na terra. Talvez você se identifique com algumas destas perspectivas a respeito da adoração:
•Adorar a Deus é difícil, se não impossível, dadas as circunstâncias desafiadoras, esperanças não alcançadas ou sofrimento constante em sua vida. Sua experiência parece contradizer a bondade de Deus.
•Você não entende bem como a adoração no culto de domingo está relacionada à adoração no dia a dia.
•Você testemunhou discussões acaloradas em relação à música que acompanha a adoração. Surgem conflitos, músicos buscam os holofotes, igrejas se dividem. Você fica imaginando se a música não está sendo valorizada demais.
•Você já viu a música de adoração comover não crentes, fortalecer o impacto da verdade bíblica e aprofundar a vida das pessoas com Deus. Você fica imaginando se a música não está sendo valorizada menos do que deveria.
•A grande razão da nossa existência
parece insignificante diante das pressões, exigências e responsabilidades de seu dia a dia.
Certamente você pode acrescentar suas próprias perspectivas à lista. No entanto, mesmo com todos esses desafios e dúvidas, João Calvino estava certo. Não podemos ter objetivo maior do que ocupar nosso lugar entre os que se regozijam — sem cessar, com alegria, de todo o coração e eternamente — em nosso grandioso e maravilhoso Deus. Esse é o rumo futuro de todos os cristãos, de acordo com o último capítulo da Bíblia: E não haverá na cidade nada que esteja debaixo da maldição de Deus. O trono de Deus e do Cordeiro estará na cidade, e os seus servos o adorarão
(Ap 22.3, NTLH).
Portanto, se adoração eterna é nosso objetivo final, o que isso significa para nós hoje? Faz alguma diferença? O que significa, afinal, ser um adorador de Deus? Neste livro, espero responder a essas e a outras perguntas. Para começar, quero relembrar uma conversa bastante conhecida que ocorreu há dois mil anos.
UMA MULHER E UM POÇO
É um dia escaldante e empoeirado em algum lugar do Oriente Médio, e Jesus está com sede. Ele se senta à beira de um poço e espera por uma mulher de Samaria que ele nunca havia encontrado.³
Dá-me um pouco de água.
É um pedido simples. Entretanto, essas seis palavras ultrapassam limites religiosos, étnicos e morais existentes há gerações. A mulher fica perplexa.
Como tu, um judeu, pedes de beber a mim, que sou mulher samaritana?
Ela tem bons motivos para ficar espantada. No século 8 a.C., a Assíria conquistou os samaritanos e levou pessoas idólatras de outras nações a casar com eles. Desde esse momento, para o restante dos judeus, os samaritanos passaram a ser mestiços, vira-latas religiosos. São pessoas a serem evitadas, e não procuradas. Elas usam uma Bíblia editada e adoram a Deus em um templo