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Reflexões para as festas litúrgicas
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Reflexões para as festas litúrgicas
E-book212 páginas4 horas

Reflexões para as festas litúrgicas

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Sobre este e-book

O propósito deste livro é ser um guia aos que desejma conhecer e explorar a liturgia, como um presente divino, e motivar a comunhão com Deus e a Igreja. Nesta coleção de reflexões espirituais, monsenhor Francis Kelly fornece um recurso valioso por meio do qual podemos estabelecer ou desenvolver um sentido do sagrado em nossa vida. Em face do ritmo cada vez mais frenético do cotidiano, precisamos de um estímulo para nos ajudar a fazer uma pausa e redescobrir a presença do Senhor. Reflexões para as festas litúrgicas fornece essa ajuda para todos nós mediante um guia atraente e acessível dos tempos litúrgicos e dos principais eventos solenes e festas dos dias santos. Somos abençoados por termos um recurso como este, tão útil e disponível. Eu recomendo este livro a todos os que procuram viver sua fé de forma mais completa e obter um maior conhecimento sobre a beleza da Igreja.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento30 de jun. de 2015
ISBN9788527615716
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    Reflexões para as festas litúrgicas - Francis D. Kelly

    2008

    Advento

    Panorama histórico

    Quaresma-Páscoa-Pentecostes é o foco principal do Ano Litúrgico e historicamente o seu elemento mais antigo. Essa sequência celebra o mistério pascal da nossa salvação pela morte e ressurreição de Jesus, Nosso Senhor.

    O segundo foco importante do ano da Igreja é a celebração e a expectativa da vinda de Cristo, um tema ampliado na prática litúrgica ocidental atual nas várias semanas que compõem o ciclo do Advento-Natal-Epifania.¹

    O advento é focado nas várias vindas do Cristo Redentor. O primeiro domingo se concentra especialmente na parúsia final – a vinda gloriosa de Cristo no fim dos tempos. Os segundo e terceiro domingos destacam a proclamação de João Batista sobre a vinda terrena de Cristo. O quarto, e último domingo, se preocupa com o prelúdio histórico imediato ao nascimento de Jesus. Nas quatro semanas do Advento, portanto, o significado da vinda do Messias desloca-se da expectativa da consumação da própria história para a preparação do nascimento do Salvador.

    O desenvolvimento do Advento no Ano Litúrgico da Igreja foi gradual e parece ter tido o seu início no século IV:

    Embora possamos ter certeza de que o tempo do Advento desenvolveu-se primeiro fora de Roma, dizer mais do que isso não é tão fácil como se poderia desejar... Um cânone do Conselho de Saragosa (Espanha) em 380 insta a presença constante dos fiéis na igreja durante um período de 21 dias contínuos, a partir de 17 de dezembro e alcançando a Epifania.²

    Isso pode ajudar a explicar nossa prática atual de uma preparação mais intensa para o Natal desde o dia 17 de dezembro, com a oração das antífonas. É significativo também que essas datas de 17-23 dezembro também correspondiam com as datas de uma festa popular pagã, a Saturnália, que os pastores da antiga Igreja podem ter sido tentados a contrariar. Curiosamente, nos séculos posteriores o Advento era mais extenso do que a temporada de quatro semanas atual: os Missais dos séculos VII e VIII previam seis domingos.

    Acima de tudo, no Advento a Igreja deseja concentrar os fiéis no Cristo-Evento, na aparição em nosso meio do Filho de Deus encarnado, primeiro humildemente em Belém e depois no fim dos tempos em glória para completar sua obra de salvação para a família humana. Advento é, então, uma estação eclesiástica alegre, cheia de expectativa das várias vindas de nosso Redentor e pela qual Ele manifesta seu imenso amor por suas criaturas.

    Reflexões

    1. Eu farei nascer de Davi um rebento justo. (Jeremias 33,15)

    O tema dominante desta linda estação pode ser capturado em três palavras: promessa, esperança e expectativa. Lemos em liturgias dessa estação as antigas promessas e profecias de salvação no Antigo Testamento, especialmente do profeta Isaías. Fazemos isso a fim de reacender a nossa esperança na fidelidade de Deus, que realizou muitas dessas promessas na primeira vinda de Cristo e vai trazê-las para sua gloriosa realização na segunda vinda de Cristo em glória, no fim dos tempos.

    Promessa era a tônica da fé israelita. Não importa quantas vezes o povo de Deus fosse infiel, Deus sempre manteve a esperança de salvação. Promessa e esperança foram especialmente focadas em um descendente do rei Davi:

    E nesses dias e nesses tempos farei nascer de Davi um rebento justo que exercerá o direito e a equidade na terra. Naqueles dias e naqueles tempos viverá Jerusalém em segurança e será chamada Javé-Nossa-Justiça. (Jeremias 33,15-16)

    Mesmo quando Jerusalém foi sitiada ou destruída e as pessoas foram trazidas para a escravidão e vivendo em cativeiro, sua confiança na fidelidade de Deus e em sua promessa de um Messias sobreviveu:

    "Mas tu, Belém de Éfrata,

    tão pequena entre os clãs de Judá,

    é de ti que sairá para mim

    aquele que é chamado a governar Israel.

    Suas origens remontam aos tempos antigos,

    aos dias do longínquo passado.

    Por isso, Deus os deixará, até o tempo

    em que der à luz aquela que há de dar à luz.

    Então, o resto de seus irmãos voltará

    para junto dos filhos de Israel.

    Ele se levantará para os apascentar,

    com o poder do Senhor, com a majestade do nome do

    Senhor, seu Deus.

    Os seus viverão em segurança, porque ele será exaltado

    até os confins da terra.

    E assim será a paz." (Miqueias 5,1-4)

    Os devotos judeus preservaram essas esperanças e expectativas, e sua fé alimenta a nossa quando relemos muitas dessas promessas nesta época especial ao nos preparar novamente para celebrar o nascimento de Cristo.

    2.Nós,porém,somoscidadãosdoscéus.Édeláqueansiosamente esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo. (Filipenses 3,20)

    Cristo foi o cumprimento das promessas de Deus para Israel. O anjo Gabriel disse a Maria que seu filho reinará sobre a casa de Jacó para sempre, e o seu reino não terá fim (Lucas 1,33). Ele era o rei messiânico verdadeiro. Como sempre acontece no caso de Deus lidar conosco, a realização superou a expectativa. O Messias não era apenas um descendente real de Davi, mas o próprio Filho de Deus que veio como Salvador Universal.

    A humilde existência de Jesus e seu ministério foram uma realização inicial de todas essas promessas, mas ele prometeu uma satisfação ainda maior quando, no final do tempo, voltasse em poder e glória para trazer o plano do Pai à sua concretização final. Ele previu: Então verão o Filho do Homem vir sobre uma nuvem com grande glória e majestade. (Lucas 21,27)

    Os primeiros cristãos viviam em função dessas promessas e dessa expectativa. Como Paulo escreveu em um dos primeiros livros do Novo Testamento:

    De fato, conta-se (...) como abandonastes os ídolos e vos convertestes a Deus, para servides ao Deus vivo e verdadeiro, e aguardardes dos céus seu Filho que Deus ressuscitou dos mortos, Jesus, que nos livra da ira eminente. (1Tessalonicenses 1,9-10)

    Uma oração frequente dos primeiros cristãos era Vem, Senhor Jesus. O Novo Testamento ainda a preserva no idioma aramaico em que eles oraram: Marana tha (1Coríntios 16,22). Eles honestamente esperavam pelo retorno de Jesus:

    Nós, porém, somos cidadãos dos céus. É de lá que ansiosamente esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo, que transformará nosso mísero corpo, tornando-o semelhante ao seu corpo glorioso, em virtude do poder que tem de sujeitar a si toda a criatura. (Filipenses 3,20-21)

    3. Velai sobre vós mesmos para que os vossos corações não se tornem pesados. (Lucas 21,34)

    Infelizmente, com o passar do tempo, o espírito de expectativa dos primeiros cristãos diminuiu. São Lucas viu isso já nas igrejas que ele ministrava, alertando-os nas palavras do Senhor:

    Velai sobre vós mesmos para que os vossos corações não se tornem pesados com o excesso de comer, com a embriaguez e com as preocupações da vida; para que aquele dia não vos apanhe de improviso. Como um laço cairá sobre aqueles que habitam a face de toda a terra. Vigiai, pois, em todo o tempo e orai, a fim de que vos torneis dignos de escapar de todos esses males que hão de acontecer e de vos apresentar de pé diante do Filho do Homem. (Lucas 21,34-36)

    O tempo do Advento é um chamado para nós a fim de que possamos renovar esse sentimento de expectativa esperançosa. É talvez a faísca que a evangelização moderna precisa para reacender um senso de confiança e entusiasmo às boas novas de Jesus Cristo.

    É triste que muitos cristãos se confinem em uma atitude cínica, sombria, deprimida, longe do espírito da Igreja primitiva. Sua atitude talvez seja melhor expressa na frase: Bem-aventurados os que não esperam nada – estes não vão se decepcionar. Os verdadeiros cristãos vivem em constante expectativa e sabem que a realização das promessas de Deus sempre vai superar todas as expectativas.

    Uma voz profética moderna expressa eloquentemente a necessidade de um avivamento do nosso anseio e de esperança pelo Advento:

    A expectativa nunca deixou de guiar o progresso da nossa fé, como se fosse uma tocha. Os israelitas viviam constantemente esperançosos, e os primeiros cristãos também. O Natal, que talvez se pensasse que desviaria o nosso olhar para o passado, só o fixou ainda mais no futuro. O Messias, que apareceu por um instante no meio de nós, só se permitiu ser visto e tocado por um momento antes de desaparecer mais uma vez, mais luminoso e inefável do que nunca, nas profundezas do futuro.

    Ele veio. No entanto, agora temos de esperar por ele – não mais um pequeno grupo escolhido entre nós, mas todos os homens – mais uma vez, e mais do que nunca. O Senhor Jesus só virá em breve se ardentemente ansiarmos por ele. É um acúmulo de desejo que deve fazer com que o Pleroma venha a se derramar sobre nós. Sucessores de Israel, nós, os cristãos, fomos encarregados de manter a chama do desejo sempre vivo no mundo. Apenas vinte séculos se passaram desde a Ascensão. O que temos feito de nossa esperança?

    Um certo pessimismo, talvez encorajado por uma concepção exagerada da queda original, levou-nos a olhar o mundo como algo incorrigivelmente ímpio. E por isso permitimos que a chama começasse a morrer em nossos corações adormecidos. Insistimos em dizer que mantemos a vigília na expectativa da vinda do Mestre, mas, na realidade, deveríamos admitir, se fôssemos sinceros, que já não esperamos mais nada. A chama deve ser revivida a qualquer custo. E com empenho devemos renovar em nós o desejo e a esperança da grande Vinda.³

    1. Thomas J. Talley, The Origins of the LiturgicalYear (NewYork: Pueblo Publishing, 1986), 79.

    2. Ibid.,150.

    3. Pierre Teilhard de Chardin, The Divine Milieu (NewYork: Harper and Row, 1960), 151-152.

    Imaculada Conceição de Maria

    8 de dezembro

    Panorama histórico

    A antiga Igreja, tal como refletido nas liturgias da Igreja Oriental, homenageava instintivamente Maria como totalmente santa, toda pura, imaculada. Esse reconhecimento exprime a verdade já proclamada no Novo Testamento, quando o anjo Gabriel saudou Maria como cheia de graça (Lucas 1,28).

    Depois que a doutrina do pecado original estava mais totalmente desenvolvida no século IV, tornou-se comum vincular a plenitude da graça de Maria com o momento da concepção; o pecado original nunca manchara sua alma. Na promulgação do dogma da Imaculada Conceição pelo Beato Pio IX, em 1854, a Igreja manifestou definitivamente sua confiança na plenitude de graça concedida a Maria para torná-la digna de ser o tabernáculo do Filho Eterno. Como endosso celestial ao dogma, quando Nossa Senhora apareceu a Santa Bernadete, em Lourdes, em 1858, ela se identificou a Bernadete com estas palavras: Eu sou a Imaculada Conceição.

    A festa da Conceição de Maria está documentada no Leste no século VII e passou para o Ocidente em 1100. Ela foi aprovada para toda a Igreja por Inocêncio XII, em 1695¹. Em 1846, os bispos dos Estados Unidos escolheram Maria, sob o título de Imaculada Conceição, como padroeira dos Estados Unidos. Por essa razão, a grande Basílica do Santuário Nacional da Imaculada Conceição foi construída em Washington, DC, e é a sétima maior igreja do mundo.

    Reflexões

    1. Você é toda bela, ó Maria, e não há nenhuma mancha do pecado original em você. (Ofício Divino)

    Esse refrão do Ofício Divino expressa a devoção amorosa da Igreja à Mãe de Deus, a qual queremos repetir com a Igreja em todo o mundo. O poeta inglês Wordsworth expressou essa doutrina corretamente quando se referiu a Maria como o orgulho solitário de nossa natureza humana machada. Ela é, de fato, mediante a grande misericórdia de Deus, um mistério da vida sem pecado. Tudo isso foi possível, é claro, apenas pelos méritos previstos de Jesus Cristo, o único Salvador. Esse favor da Imaculada Conceição, o de Jesus sendo concebido em uma plenitude de graça, foi concedido a Maria com vistas para ela em seu papel de Mãe do Divino Filho. Apropriadamente, então, no tempo do Advento, a Igreja lança seu foco em sua fé, que sustenta o Divino Salvador para a raça humana. Ela é a casa de ouro, a arca do Altíssimo, a Mãe bem-aventurada. Sobre esse mistério, Santo Ambrósio de Milão (340-97 dC) escreve:

    Não é de admirar que o Senhor, tendo começado a redimir o mundo, tenha começado seu trabalho com Maria: se a salvação para todos os homens estava sendo preparada por ela, ela deveria ser a primeira a obter o fruto da salvação do seu Filho. (Comentário sobre o Evangelho de Lucas)

    Na mesma linha de raciocínio, Santo Agostinho (354-430) escreve:

    Quando se fala de pecado, ela não deve mesmo ser mencionada por consideração ao Senhor. Como poderíamos conhecer o imenso dom da graça que permeava a ela para protegê-la de todos os vestígios do pecado, ela, que foi digna de conceber e dar à luz a ele que não tinha absolutamente nenhum pecado? (Tratado sobre a natureza e a graça, cap. 36,

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