Nascimento, casamento e morte: Como encontrar Deus nos eventos mais significativos da vida
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Sobre este e-book
Nascimento, casamento e morte proporciona orientação, consolo e sabedoria, e nos aponta o caminho para encontrar Deus e conhecê-lo ao longo de toda a vida.
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4 avaliações1 avaliação
- Nota: 5 de 5 estrelas5/5Excelente! O conteúdo é muito edificante e reflexivo. O autor toca em temas extremamente importantes.
Pré-visualização do livro
Nascimento, casamento e morte - Timothy Keller
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Angélica Ilacqua CRB-8/7057
Keller, Timothy
Nascimento, casamento e morte : como encontrar Deus nos eventos mais significativos da vida / Timothy Keller ; edição em um só volume ; tradução de Susana Klassen. - São Paulo : Vida Nova, 2020.
recurso digital; 1,5 MB
ISBN 978-65-86136-54-8 (recurso eletrônico)
Títulos dos originais: On Birth; On Marriage; On Death
1. Nascimento - Aspectos religiosos 2. Casamento - Aspectos religiosos 3. Morte - Aspectos religiosos I. Título II. Klassen, Susana
20-2692
CDD 248.4
Índices para catálogo sistemático
1. Vida e práticas cristãs
Nascimento, casamento e morte : como encontrar Deus nos eventos mais significativos da vida. Autor: Timothy Keller. Editora Vida Nova.©2020, de Timothy Keller
Títulos dos originais da série How to Find God: On birth; On marriage; On death, edições publicadas por Penguin Books, uma divisão da Penguin Random House LCC (New York, New York, EUA).
Todos os direitos em língua portuguesa reservados por Sociedade Religiosa Edições Vida Nova
Rua Antônio Carlos Tacconi, 63, São Paulo, SP, 04810-020
vidanova.com.br | vidanova@vidanova.com.br
1.ª edição: 2020
Proibida a reprodução por quaisquer meios, salvo em citações breves, com indicação da fonte.
Impresso no Brasil / Printed in Brazil
Todas as citações bíblicas sem indicação da versão foram traduzidas diretamente da New International Version (NIV). As citações com indicação da versão in loco foram traduzidas da English Standard Version (ESV) e da New American Standard Bible (NASB).
Direção executiva
Kenneth Lee Davis
Gerência editorial
Fabiano Silveira Medeiros
Edição de texto
Danny Charão
Ubevaldo G. Sampaio
Preparação de texto
Virginia Neumann
Marcia B. Medeiros
Revisão de provas
Abner Arrais
Gerência de produção
Sérgio Siqueira Moura
Diagramação
Sandra Reis Oliveira
Capa
Douglas Lucas
Produção do arquivo ePub
Booknando
SUMÁRIO
Agradecimentos
Apresentação
Primeira parte:
Nascimento
1. Primeiro nascimento
2. Segundo nascimento
3. Crescer na graça
Segunda parte:
Casamento
4. Começar o casamento
5. Manter o casamento
6. O destino do casamento
Terceira parte:
Morte
Palavras introdutórias
7. O medo da morte: a consciência transforma a todos nós em covardes
8. A ruptura da morte: não se entristeçam como aqueles que não têm esperança
Palavras adicionais
Leitura recomendada sobre o tema da morte
AGRADECIMENTOS
Ao escrever este livro, devemos ainda mais gratidão que o habitual a Brian Tart, nosso editor na Viking. Brian viu a reflexão curta sobre a morte que Tim havia feito no funeral de Terry Hall, irmã de Kathy, e propôs que a transformássemos em não apenas um, mas em três livros curtos sobre nascimento, casamento e morte, reunidos para sua comodidade neste único compêndio. Também somos gratos a nossos muitos amigos em South Carolina que tornaram possível escrever este e os outros dois livros em Folly Beach durante o verão passado.
APRESENTAÇÃO
Avida é uma jornada, e encontrar e conhecer a Deus é essencial para essa jornada. Quando uma criança nasce, quando nos aproximamos do casamento e quando enfrentamos a morte, quer na velhice, quer muito antes, esses acontecimentos geralmente são objeto de nossa reflexão. Desvencilhamo-nos da correria da vida diária e voltamos às perguntas mais primordiais feitas ao longo de todas as eras:
Tenho dedicado minha vida ao que de fato importa?
Estou preparado para encarar essa nova etapa da vida?
Tenho um relacionamento genuíno com Deus?
A transição mais fundamental na vida de qualquer ser humano é o que a Bíblia chama novo nascimento (Jo 3.1-8), ou tornar-se nova criação
(2Co 5.17). Evidentemente, pode acontecer em qualquer estágio da vida, mas, não raro, as circunstâncias que nos levam à fé decisiva em Cristo ocorrem durante essas fases de mudança radical de um estágio para outro. Em 45 anos de ministério, minha esposa, Kathy, e eu observamos que as pessoas se mostram especialmente abertas para explorar um relacionamento com Deus em momentos importantes de transição.
Neste opúsculo dividido em três partes, queremos ajudar os leitores que estão passando por grandes transformações a refletir sobre o que constitui uma vida verdadeiramente transformada. Nosso propósito é apresentar aos leitores os fundamentos cristãos para os momentos mais importantes e significativos da vida. Começamos com o nascimento e o batismo, passamos ao casamento e encerramos com a morte. Meu desejo é que estes textos breves proporcionem orientação, consolo, sabedoria e, acima de tudo, ajudem a apontar o caminho para encontrar Deus e conhecê-lo ao longo de toda a vida.
Primeira Parte - NascimentoPara nossos netos:
a alegria que sentimos quando
vocês nasceram só poderia ser
superada pela consciência de que
vocês experimentaram
o novo nascimento.
1
PRIMEIRO NASCIMENTO
Nasce a fim de renascermos,
vive para revivermos.
Cantam anjos harmonias,
de Charles Wesley1
Afé cristã ensina que cada indivíduo deve experimentar dois nascimentos. No primeiro, nascemos para o mundo natural. Aquilo, então, que Charles Wesley chama nosso renascer
, e que Jesus chama nascer de novo
(Jo 3.3), é o fato de que nascemos para o reino de Deus e recebemos nova vida espiritual. Temos o primeiro nascimento porque Deus é nosso Criador; podemos ter o segundo nascimento porque Deus também é nosso Redentor. O Senhor é autor de ambos.
Diante disso, é apropriado que consideremos as questões espirituais relacionadas aos dois nascimentos. O que significa receber nova vida humana de Deus? Quais são as responsabilidades da família e da igreja para com os recém-nascidos? Como podemos ajudar as crianças que entraram em nossa vida por meio do primeiro nascimento a experimentar o segundo nascimento?
Espantoso e maravilhoso
Em vez de o Senhor criar diretamente cada novo ser humano, ele conferiu à união de homem e mulher o poder singular que é trazer ao mundo novos seres humanos. Não é de admirar que os recém-nascidos na Bíblia sejam vistos com admiração, como sinais da bênção de Deus. A ordem inicial de Deus para a raça humana foi: Sejam férteis e multipliquem-se e encham a terra
(Gn 1.28). Embora Deus não exija que todos se casem, conforme os exemplos de Jesus e Paulo, Gênesis 1.28 explica por que temos a sensação tão intensa de que estamos diante de um milagre de Deus quando olhamos para um recém-nascido. Salmos 127.3 diz que todos os filhos são recompensa
de Deus.
Mas há outro lado.
Com frequência, Deus envia ao mundo heróis e libertadores por meio de casais desconsolados em razão de não conseguirem ter filhos. Isaque, Jacó, José, Sansão e Samuel nascem de mulheres que, até então, não haviam conseguido conceber. E, no entanto, como mostra um rápido levantamento da vida desses indivíduos (especialmente de Jacó, de José e de Sansão), esses filhos que foram dádivas de Deus
também causaram grande tristeza a seus pais.
Vemos um pouco disso no conhecido trecho de Salmos 139.13-16: "Tu criaste o íntimo de meu ser e me teceste no ventre de minha mãe. Eu te louvo porque me fizeste de modo espantoso e maravilhoso [...] Os teus olhos viram meu corpo ainda sem forma; todos os dias determinados para mim foram escritos em teu livro. Nas palavras de um estudioso da Bíblia:
Nossa formação pré-natal por Deus [é] forte lembrança do valor que ele nos dá mesmo quando ainda somos embriões e de seus planos para nosso fim desde o começo".2
A expressão de modo espantoso e maravilhoso
é extremamente rica. Todo bebê que nasce no mundo é uma criação maravilhosa, mas, ao mesmo tempo, espantosa. Quem olha para um recém-nascido — percebendo que é uma nova vida humana à imagem do Criador, a qual entrou no mundo com dons e chamados específicos, e uma vida planejada pelo Salvador da história — reage, necessariamente, com uma espécie de temor e tremor. E ninguém deve olhar para um bebê com mais admiração e temor que seus pais.
Quando Kathy e eu chegamos a casa com nosso primeiro recém-nascido, fiquei surpreso de vê-la envolver o bebê em um abraço apertado e chorar. De acordo com ela, aquilo se deu, em parte, aos hormônios se manifestando, mas, em parte, também foi o reconhecimento das consequências de termos gerado um pequeno ser humano, membro de uma raça caída. Sim, todos os dias determinados para [ele] foram escritos
no livro de Deus, mas, sendo adulta, Kathy sabia que o livro de nosso filho teria decepção, mágoa, fracasso, dor, perda e, por fim, morte. Tudo isso aconteceria por mais que nos esforçássemos para protegê-lo. Portanto, ela literalmente estremeceu diante da responsabilidade de ser mãe dessa maravilha do Universo. E, quando refleti melhor, também estremeci.
Kathy concluiu:
Certa mãe referiu-se ao nascimento de uma criança como um terremoto na família
. Quer esse acontecimento seja cheio de alegria e desejado ou não, quer a criança seja a primeira ou a décima quarta, saudável ou com necessidades especiais, essa nova pessoa que entra no mundo altera a história de maneiras grandes e pequenas pelo simples fato de existir. Como alguém que acabou de se tornar pai ou mãe, você se tornou parte de um grupo que remonta a milênios e que abarca rainhas e escravos, adolescentes de treze anos em culturas antigas e pelo menos uma mulher de noventa anos, Sara, mãe de Isaque, na Bíblia. Há um bom motivo pelo qual todos os reinos, tribos, línguas e nações têm rituais associados ao ato de dar à luz. É um acontecimento quase místico receber um ser humano que não existia, mas que agora existe.
Bênção ou fardo?
Trazer ao mundo uma nova vida é o que de mais tremendo e impressionante alguém pode fazer. Cabe às mulheres o privilégio especial de acolher e nutrir a nova vida, como participantes com Deus na criação. Quando o sexo feminino recebe voluntariamente o carinho do sexo masculino, o poder concedido às mulheres é desencadeado, e uma vida que antes não existia floresce para o mundo.3 A criação de uma nova vida não apenas impele a civilização e a cultura para a nova geração em suas inúmeras formas, mas também traz incontáveis mudanças para os membros da presente geração e exige sacrifícios em uma escala que talvez jamais tenham experimentado.
Hoje em dia, porém, há no mínimo certa ambivalência a respeito desse enorme privilégio.
É nítido o medo (mais que a maravilha) diante da ideia de ter filhos. Vivemos em uma sociedade que tem visto um rápido declínio da taxa de natalidade, a ponto de haver menos nascimentos que mortes, o que causa um baixo nível de substituição chamado desnatalidade
. Menos pessoas hoje em dia consideram que ter filhos é uma bênção.
Os progressistas costumam jogar a culpa em fatores econômicos, e os conservadores costumam ressaltar o crescente egoísmo. Um dos melhores livros sobre esse assunto é All joy and no fun: the paradox of modern parenthood, de Jennifer Senior, pois a autora toma o cuidado de não fazer generalizações excessivas. Senior relaciona vários motivos para a ambivalência contemporânea em relação a ter filhos, mas dois deles se destacam.
O primeiro é a ênfase nunca antes vista da cultura moderna sobre autonomia e realização pessoais. Temos mais liberdade de escolher nossa carreira, prática sexual, onde vamos morar, se vamos nos casar e permanecer casados e se vamos ter filhos ou não. Poucos desejam voltar atrás no avanço histórico que nos deu essas liberdades recém-descobertas
, ela escreve, mas passamos a definir liberdade de forma negativa, como ausência de dependência, como direito de não ter obrigações para com o outro [...] [e] como isenção de responsabilidade social imposta sobre nossos recursos financeiros e nosso tempo
.4
Uma vez que temos um conceito fortemente arraigado de liberdade como isenção de obrigações, tornar-nos pais é um choque atordoante
. Agora temos o direito de escolher ou mudar qualquer coisa que não pareça nos satisfazer, ou nos buscar o que nos beneficie: trabalho, localização, carreira, cônjuge. No entanto, não podemos escolher nem mudar nossos filhos. Eles são a última obrigação imposta em uma cultura que não requer praticamente nenhum outro compromisso.
5
Não creio que o choque atordoante
para os pais possa ser interpretado apenas como absoluto egoísmo. Antes, criar filhos desafia todos os hábitos do coração que nossa cultura formou em nós no tocante a relacionamentos. Mudar esses hábitos não é fácil nem simples.
Outro motivo pelo qual ter filhos hoje em dia é tão paradoxal é o fato de que os pais dedicam mais do que nunca capital emocional e financeiro à educação dos filhos, a tal ponto que ter filhos talvez tenha se tornado [...] uma profissão, por assim dizer
. Só há um problema com essa profissão: seus objetivos não são nada claros
. O que os pais desejam realizar em relação a seus filhos? Por exemplo, hoje em dia, os pais [...] são responsáveis pelo bem-estar psicológico dos filhos, o que, à primeira vista, é um objetivo louvável. Mas também é obscuro
.6 Quem define bem-estar psicológico
? É simplesmente sinônimo de felicidade? Não existem pessoas cruéis e felizes? O objetivo, então, é tornar os filhos íntegros e bons? Embora esse talvez seja o desejo dos pais de hoje, eles vivem em uma sociedade que afirma categoricamente que os valores morais são construídos pela cultura. E, em geral, acrescenta-se a isso que não devemos impor nossos valores sobre nossos filhos, mas deixar que eles escolham os valores deles. Sério? Será que não devemos nos preocupar se estão se tornando honestos, compassivos, justos e pacientes? Podemos deixar que escolham essas coisas ou não?
Os cristãos têm recursos diretamente pertinentes a esses desafios. Para começar, o ensino bíblico a respeito da natureza humana reestrutura as expectativas dos pais. Os livros atuais de psicologia infantil (e, o que é ainda mais popular, os conselhos informais sobre educação de filhos) partem, inevitavelmente, de alguma filosofia antropológica, de um conceito da natureza humana por trás de todo o restante. Ela pode ser otimista ou pessimista a respeito de nossa capacidade