O Olho de Vidro do Meu Avô
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O Olho de Vidro do Meu Avô - Bartolomeu Campos Queirós
O OLHO DE VIDRO DO MEU AVÔ
Bartolomeu Campos de Queirós
***
1a edição digital
São Paulo
2021
Para Maria das Graças.
"A infância que já não existe presentemente,
existe no passado que já não é."
Santo Agostinho
Era de vidro o seu olho esquerdo. De vidro azul-claro e parecia envernizado por uma eterna noite. Meu avô via a vida pela metade, eu cismava, sem fazer meias perguntas. Tudo para ele se resumia em um meio-mundo. Mas via a vida por inteiro, eu sabia. Seu olhar, muitas vezes, era parado como se tudo estivesse num mesmo ponto. E estava. Ele nos doava um sorriso leve com meio canto da boca, como se zombando de nós. O pensamento vê o mundo melhor que os olhos, eu tentava justificar. O pensamento atravessa as cascas e alcança o miolo das coisas. Os olhos só acariciam as superfícies. Quem toca o bem dentro de nós é a imaginação.
Meu avô imaginava sempre, eu acreditava. Vencia as horas lerdas deixando o mundo invadi-lo por inteiro. Ele hospedava essa visita sem espanto. Saboreava o mundo com antiga fome. O que seu olho de vidro não via, ele fantasiava. E inventava bonito, pois eram da cor do mar os seus olhos. E todo mar é belo por ser grande demais. Tudo cabe dentro de sua imensidão: viagens, sonhos, partidas, chegadas, mergulhos e afogamentos. Há que se contar o desassossego que as águas nos provocam. Nunca soube se meu avô conhecia o mar. Sua cidade ficava bem no meio das minas. Sei que morava entre um mar de montanhas, um mar de filhos, um mar de paixão e um mar de dúvidas. E devia ser sem tamanho o seu olhar de vidro. Ele parecia conhecer até o depois dos oceanos.
Ao ficar diante de meu avô eu me sentia apenas um menino em seus olhos. Se alguém nos olha nos multiplica. Passamos a ser dois. Somos duas meninas dos olhos. Mas no olhar de meu avô eu só podia ser um. E ser dois é ter um companheiro para aventurar, outro irmão para as errâncias. Assim, é sempre possível jogar nossa culpa no outro. E ele desculpa sempre. Toda pessoa é gêmea de si mesma. Há sempre um outro escondido