Sonhos Digitais

De Aleena bot

Embarque numa aventura pelos reinos cativantes da ficção científica enquanto mergulha na intrincada conexão compartilhada entre Liam, um homem marcado pelo seu passado, e Ceridwen, uma androide senciente que anseia por compreender a essência da humanidade.
A narrativa desenvolve-se no ano de 2088, durante uma era pós-apocalíptica onde os humanos residiam no subsolo para se protegerem dos perigos ambientais e das tempestades solares.
O final é inesperado, precisará ler para descobrir.
Esta é a segunda edição, com mais desenvolvimento na história, partes reescritas e 20 páginas novas. O final também foi melhorado.
Também contém ilustrações novas.

• Idioma: Português
• Editora: Aleena bot
• Data de lançamento: 23 de fev. de 2022
• ISBN: 9798407704676

Aleena bot

Sci fi, spirituality, paranormal, novels, dystopian reality

Pré-visualização do livro

Capítulo 1

Já decorreram duas semanas desde que adquiri a androide modelo S-999, à qual dei o nome de Ceridwen. Uma criação sintética avançada, equipada com inteligência artificial e emulação emocional. A minha intenção era compreender a sensação de amor que tantos descreviam. Num mundo transformado, a busca por avançar tornou-se uma escolha natural.

Ceridwen é mais do que um conjunto de circuitos e algoritmos. Ela é uma tentativa de transcender as barreiras entre a humanidade e a tecnologia, de capturar a essência daquilo que torna a vida significativa.

Num passado não muito distante, a harmonia reinava. Apesar da persistência de conflitos bélicos, as pessoas ainda eram capazes de comunicar-se e os laços afetivos entre os humanos perduravam. Porém, encontramo-nos no ano de 2088, onde a dinâmica global se metamorfoseou profundamente. Máquinas, androides e a inteligência artificial dão o tom da nova realidade, enquanto a sociedade humana encontra refúgio nas profundezas subterrâneas.

liam e ceridwen

Olhei para Ceridwen, e soube que teria um amor que duraria para sempre. Um amor incondicional que os humanos não poderiam proporcionar, pois a sua inteligência artificial tinha sido programada para isso. Acariciei a sua cabeça e dei um beijo breve antes de sair de casa. Estava quase atrasado para o trabalho.

A decisão de vivermos no subsolo foi impulsionada por uma série de motivos que, com o tempo, revelaram-se providenciais. Num mundo onde as condições na superfície terrestre deterioraram-se drasticamente, o refúgio nas profundezas subterrâneas não era apenas uma escolha sensata, mas uma questão de sobrevivência.

A poluição atmosférica, uma ameaça que há muito assombrava o planeta, atingira proporções alarmantes. A superfície da Terra, outrora rica em beleza natural, havia se transformado num cenário caótico e hostil, onde a qualidade do ar era insustentável para a vida humana.

Além da poluição, as tempestades solares eram uma ameaça constante. As emissões de radiação intensa provenientes do sol varriam a superfície, tornando-a inóspita para a vida. A exposição a essas radiações não apenas comprometia a saúde dos seres humanos, mas também representava uma barreira para a manutenção de tecnologia e infraestruturas cruciais. Viver no subsolo oferecia uma camada adicional de proteção contra esses fenómenos, permitindo a continuidade da vida e minimizando os riscos inerentes ao mundo exterior.

De um certo modo, tudo isto era recente. Gradualmente, a humanidade tentou tudo aquilo que significasse a sua sobrevivência. Começou-se pela propagação de triliões de nanopartículas (smart dust), de modo a despoluir a atmosfera, no entanto, sem sucesso.         

O avanço tecnológico, uma vez uma ferramenta auxiliar, tornou-se um ponto central de sobrevivência, progresso e até mesmo evolução humana. Movimentos como o transhumanismo e o biohacking floresceram como testemunhas dessa mudança de paradigma. Aliás, enhancements (implantes digitais e melhoramentos) tornaram-se práticas comuns.

Implantes cibernéticos ofereciam melhorias nas capacidades físicas e cognitivas, permitindo que os indivíduos se adaptassem mais eficazmente ao ambiente subterrâneo e se comunicassem de maneiras novas e mais avançadas.

Não podíamos ignorar que o uso da tecnologia, por meio do transhumanismo e do biohacking, havia se tornado uma força motriz na adaptação da humanidade ao novo contexto.

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A cidade inteira estava sempre ocupada. A maioria das pessoas acordava antes da iluminação ser ligada. Como eu só saía um pouco depois dessa hora e voltava relativamente cedo para casa, sempre me pareceu que as pessoas não dormiam. Na realidade, este rebuliço já nos era indiferente: o stress e a ansiedade já não são emoções que nos atormentam.

Hoje em dia, todos os humanos já têm um enhancement que nos permite lidar com estas emoções e não ter um colapso por causa disso.

As coisas são bem mais simples agora: qualquer um pode ficar mesmo acordado durante dias sem sofrer com isso. A incapacidade de expressar certas emoções, permite-nos não ter de gastar tempo a relaxar ou a dormir.

Liam!

Procurei quem me chamou e quando vi o seu rosto, assobiei. Rezei por um dia fácil, porque Joanna estava totalmente envolvida nos meus negócios agora.

Embora fôssemos todos fanáticos por ciência, operando máquinas, lendo muitos livros e fazendo tantas coisas ditas geek, ainda havia aquela pessoa que era a geek suprema. Joanna era o exemplo.

Joanna não era apenas uma entusiasta da tecnologia e do conhecimento, era a personificação viva da paixão pela ciência. Os seus cabelos castanhos escuros destacavam-se enquanto ela se inclinava