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Nossas Vidas
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E-book182 páginas3 horas

Nossas Vidas

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Sobre este e-book

Mesmo sendo Espírita, Ana sentia como se algo lhe faltasse, um vazio no coração que parecia lhe contar sobre a saudade de algo, ou melhor, de alguém.
Foi por meio do desdobramento em sonhos que Ana encontrou as respostas que tanto buscava, trazendo de suas vidas passadas o entendimento de sua vida atual.
Este livro traz uma linda história de amor e reconciliação, lições que mudarão nosso modo de pensar, agir e viver e que farão com que o amor de Jesus esteja cada vez mais presente em NOSSAS VIDAS.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento7 de jun. de 2022
ISBN9786588535271
Nossas Vidas

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    Nossas Vidas - Patrícia Prevedelli

    Conhecendo a vida de Ana

    Ana tinha vinte anos e morava numa cidadezinha no interior do estado de São Paulo. Era originária de família muito simples, porém vivia feliz ao lado dos pais, dona Maria e senhor João, em uma casa modesta, mas acolhedora. Ela era filha única, pois sua mãe teve muita dificuldade para engravidar. Entre as tentativas, perdera três bebês e, quando Ana nasceu, dona Maria já estava com quarenta anos e o senhor João com quarenta e cinco.

    O parto se complicou e foi por pouco que mãe e filha conseguiram sobreviver. Dona Maria teve uma forte hemorragia e a menina nasceu com os pulmões bastante enfraquecidos. Sobreviveram por um milagre que acreditavam ter se dado pelas orações de um amigo de infância do pai de Ana, que era praticante da Doutrina Espírita. Juntamente com a esposa, ele ia à casa daquela família todos os dias para fazer preces por mãe e filha e oferecer apoio ao amigo João para que ele não se deixasse abater pelo sofrimento que enfrentava naquele momento. Quando Ana completou um mês de vida, as duas começaram a se recuperar e não tardou para que tudo que passaram ficasse no passado. A menina cresceu com todo o amor do mundo e seus pais sempre foram tudo para ela.

    Os anos se passaram e Ana se recordava claramente das reuniões que eram feitas em sua casa toda semana, e que depois passaram a ser realizadas numa casinha bem perto da de sua família. Ela foi educada de acordo com os ensinamentos do Evangelho de Jesus. Trabalhava como médium passista no Centro Espírita que frequentava e, aos sábados, estudava a Doutrina Espírita. Havia terminado os estudos formais e sua vida era muito tranquila.

    Ana se sentia muito bem no Centro e procurava ajudar em tudo o que pudesse. Atendia às pessoas, com muito carinho, e seus pais estavam felizes com o rumo que a vida da filha tomava. Mas, quando completou dezoito anos, algo estranho começou a acontecer com a moça, algo que naquela época ela não conseguia compreender: eram fortes sentimentos que afloravam sem que ela soubesse de onde vinham nem a razão de existirem.

    Numa noite, Ana chegou à Casa Espírita e deu aula para as crianças menores. Sentia-se feliz com o carinho que havia recebido dos pequenos e seu coração transbordava amor e alegria. Findo o trabalho, retornou para casa, onde foi recebida com um belo jantar carinhosamente preparado por sua mãe, que era excelente cozinheira, e todos os dias preparava pratos deliciosos para a filha e o esposo.

    Como de costume, sentaram-se à mesa e a refeição estava verdadeiramente maravilhosa. Aproveitaram o tempo juntos para saber como havia sido o dia de cada um. O senhor João confidenciou que estava trabalhando muito, mas que havia dado tempo de pregar uma peça em um dos companheiros de trabalho, provocando com isso muitos risos nas mulheres.

    — E a senhora, minha mãe, como foi seu dia? — Ana perguntou.

    — Foi bom, minha filha! Consegui outra família para lavar as roupas. É uma família rica que mora num bairro vizinho ao nosso — respondeu dona Maria.

    — Que bom, mamãe, mas eu já disse que a senhora não precisa se esforçar tanto assim. Estou dando meu jeito para colocar comida à mesa e pagar as contas. Por isso, a senhora não precisa trabalhar tanto.

    Nesse momento, o senhor João entrou na conversa:

    — Isso mesmo, minha velha, nossa filha e eu conseguimos dar conta de tudo, você não precisa se preocupar com isso.

    A mulher ficou um pouco pensativa e respondeu:

    — Eu sei, meu velho, mas gosto de ajudar. Sinto-me feliz em poder ajudar minha família.

    — Mamãe, tudo bem. Se a senhora quer ajudar, não irei discutir, mas peço que não se esforce tanto! Fique somente com uma família para lavar as roupas, pois a senhora já trabalha muito com os afazeres domésticos.

    Dona Maria deu um sorriso tímido e respondeu:

    — Está bem, minha filha, ficarei só com um trabalho.

    Como era costume, após o jantar, Ana lavou, enxugou, guardou a louça e varreu o piso. Terminou de conversar com os pais, despediu-se carinhosamente deles e foi tomar um banho para ir dormir. Ajeitou os travesseiros e as cobertas, pensando:

    A noite está tão fria! Preciso descansar, pois amanhã tenho algumas coisas para fazer logo cedo.

    Decidiu pegar um livro para ler, um romance lindo. Entretanto, após duas páginas, começou a sentir algo diferente:

    — Que estranho, estou sentindo um aperto no peito, parece que meu coração está sendo apertado por mãos fortes e me sinto a ponto de desmaiar.

    Levantou-se rapidamente e foi até a janela, a fim de tomar um pouco de ar fresco para que a sensação ruim passasse. Era uma linda noite e a lua estava grande e brilhante, parecendo até mais iluminada do que nas outras noites. Ana sentiu que aquele brilho lhe aquecia o corpo, mas seu coração se apertou ainda mais:

    — Que estranho! Sinto como se estivesse com saudades de algo, ou melhor, de alguém. É um sentimento que não conheço, não sei o que fazer. Melhor ir dormir!

    Voltou para sua cama, mas ficou virando de um lado para o outro sem conseguir pegar no sono. Decidiu ler o Evangelho que estava em sua mesinha de cabeceira. Sentou-se na cama, fez uma oração e abriu o livro ao acaso. Ao ler um parágrafo, começou a se sentir melhor e acabou adormecendo.

    Com o passar do tempo, Ana notou que aquela sensação se repetia quase diariamente, e ela chorava por algo que nem imaginava o que era. Sentia como se alguém a estivesse chamando, chegando inclusive a sentir o cheiro de perfumes diferentes. Isso causou preocupação à moça, que pensava estar enlouquecendo. Foi então que decidiu contar ao amigo de seu pai tudo o que estava acontecendo e foi aconselhada a estudar O Evangelho Segundo o Espiritismo. Foi assim que, todas as noites, antes de dormir, ela passou a ler o livro aleatoriamente, fazendo sempre uma prece ao Mestre Jesus e ao seu anjo guardião.

    Numa noite extremamente fria, ela chegou bastante cansada do trabalho e encontrou seus pais à mesa. Jantaram juntos, Ana lavou a louça e se despediu dos pais. Tomou um banho bem quente e foi para seu quarto. Sentia-se triste, angustiada, com aquela sensação que novamente aparecera. Chorou muito, mesmo sem saber o motivo de tantas lágrimas. Pegou o Evangelho para ler, como era de costume, e fez uma breve oração pedindo ao seu anjo protetor que a ajudasse a tirar aquela dor do coração, ou que ao menos a amenizasse. Ainda chorando e sentindo o peito oprimido, acabou adormecendo.

    Quando Ana abriu os olhos, estava em um lugar esplêndido. A grama era de um verde inexplicável, um lago cristalino com peixes de todos os tamanhos, uns pareciam com carpas que nadavam próximas ao barranco. As árvores eram frondosas e os pássaros cantavam lindamente. Então ela disse:

    — Nossa, que lugar lindo! Aqui me sinto feliz e protegida, como se retornasse para casa. Sinto que conheço este lugar, mas não faço ideia de onde estou e não há ninguém aqui para quem possa perguntar. O que faço agora, meu Deus?

    Naquele mesmo instante, vários pássaros pousaram em uma árvore ao lado de Ana e começaram a cantar todos juntos. A jovem sentiu-se tão feliz com a doce melodia, que se sentou na grama e deixou-se levar pelos pensamentos. Olhou para o alto e viu o céu límpido como ela jamais havia visto e com um tom de azul maravilhoso. Foi quando percebeu que alguém se aproximou e a chamou pelo nome:

    — Ana, minha querida! Quantas saudades eu senti de você. Apesar de estar sempre por perto, precisava vê-la assim, olhando para mim, precisava lhe falar. Como você está radiante!

    A moça, que ainda estava sentada no chão, levantou os olhos e viu um jovem muito bonito, aparentemente com uns trinta anos, cabelos castanhos, estatura média, vestindo roupas claras e olhando fixamente para ela. Quando seus olhos se encontraram, ela sentiu algo tão forte que lhe parecia que o coração fosse saltar do peito. Não fazia a menor ideia de quem era aquele belo rapaz, mas seu coração dava sinais de saber. Ele estendeu uma das mãos para ajudá-la a se levantar e, quando as mãos se tocaram, Ana se levantou sobressaltada, com o coração disparado. Em pé, à frente do rapaz, não conseguia soltar-lhe a mão, nem ele queria que soltasse. Não disseram uma só palavra, permanecendo em silêncio por alguns segundos, olhando dentro dos olhos um do outro.

    — Eu não sei quem é você, mas sinto que já o conheço há muito tempo — disse Ana, olhando para ele.

    — Sim, minha querida, você me conhece de outras vidas — respondeu o jovem.

    — De outras vidas? Quer dizer que eu morri? — Ana se assustou.

    O jovem riu e esclareceu:

    — Ninguém morre, meu amor. Somos eternos e só mudamos de endereço.

    — Sim, eu sei disso, aprendi nos meus estudos na escola de evangelização, mas, por favor, responda: eu fiz a passagem?

    — Ainda não! Você ainda tem um período na Terra, pois há uma missão que precisa concluir. Entretanto, nos foi permitido esse encontro. O mestre Jesus e os amigos de luz me ajudaram a lhe trazer até aqui para um breve encontro, mas um dia voltaremos a ficar juntos sem que nada nos impeça — respondeu ele com toda calma.

    — Que missão é essa?

    — Não se preocupe, pois tudo ocorrerá conforme Jesus deseja e de acordo com o que estava programado para nós dois. Vou lhe contar tudo, nossas várias passagens pelo plano terreno, o porquê de certas coisas terem acontecido em sua vida e as que ainda irão acontecer, mas preciso que tenha paciência. Venha comigo, vamos nos sentar debaixo daquela árvore para que possamos conversar, mas já aviso que a conversa será longa e você terá que voltar aqui muitas outras vezes — disse o rapaz.

    Ele apontou para um ipê amarelo e, de mãos dadas, caminharam até a grande árvore a fim de se sentarem à sua sombra.

    Olhando para ela, o jovem perguntou:

    — Você está preparada para saber de nossas vidas? Eu digo vidas, assim no plural, pois já vivemos muitas encarnações, tanto unidos quanto desunidos.

    Ana o encarou firmemente e disse decidida:

    — Sim, estou.

    Capítulo 2

    A primeira história

    Com a concordância da jovem, o rapaz começou a contar:

    Bom, como eu disse, já estivemos juntos em muitas encarnações. Tudo começou há muitos anos, num período complicado, pois a Terra passava por uma grande transição e o ser humano tentava se encontrar. Algumas pessoas eram muito primitivas, outras já mais evoluídas, e havia muita divergência em relação à espiritualidade. Nessa época, eu me chamava Joaquim e você, Marta. Éramos muito pobres e vivíamos em um vilarejo afastado, um lugar pequeno, porém acolhedor. Eu estava com dezoito anos e era pescador. Era filho único e trabalhava de sol a sol junto com meu pai, Enóquio. Minha mãe havia falecido de uma doença desconhecida na época, mas que hoje se sabe ser a tuberculose. Sozinhos, meu pai e eu vivíamos em uma pequena casa de taipa, com um quarto, uma cozinha e nada mais, tudo muito simples.

    Diariamente eu e meu pai saíamos para pescar com outros pescadores do vilarejo. Num dia específico, retornamos muito cansados e eu sentia algo diferente em mim. Aquele fim de tarde estava especialmente bonito, era prazeroso olhar para o céu e ver as nuvens se transformando. Fazia muito calor e as gaivotas gritavam como que se despedindo do dia e anunciando a chegada de uma linda noite. Ao atracarmos com o barco repleto de peixes, era uma festa. Naquele lugar, as pessoas não eram tão egoístas e nós tínhamos prazer em compartilhar uns com os outros. Sempre que chegávamos, todo o vilarejo vinha ao nosso encontro.

    Nossa aldeia era predominantemente composta por mulheres, que vinham nos encontrar com os recipientes de casca de coco, folhas de palmeira, de bananeira ou casca de árvores, que elas mesmas fabricavam. Elas nos ajudavam a carregar os peixes até o centro do vilarejo, local onde os dividíamos com todos: familiares, vizinhos, amigos, crianças e idosos. Quem não podia sair para pescar e caçar, como as mulheres, crianças, idosos e doentes, permanecia em casa fabricando utensílios e procurando frutos e folhas para alimentação. No fim de tarde, tudo era dividido entre todos e os aldeões sempre nos recepcionavam com muita alegria.

    Nesse dia, eu estava recolhendo a rede de pesca e ouvi alguém gritando. Permaneci em silêncio para ouvir melhor e consegui seguir o som de sua voz. Cheguei num local onde ficavam pedras grandes, a poucos

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