As Mais Belas Cartas De Amor Que Não Escrevi
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As Mais Belas Cartas De Amor Que Não Escrevi - Aloisio Villar
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AS MAIS BELAS CARTAS DE AMOR QUE NÃO ESCREVI
Prosas, versos, crônicas, pensamentos, sonetos, letras de música, poesias e demais utensílios para o lar
Aloisio Villar
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PREFÁCIO
Livro: As mais belas cartas de amor que não escrevi
De: Aloisio Villar
Por: Gilberto D’Alma
Fui escolhido para fazer este prefácio e quero muito agradecer ao grande amigo e escritor Aloisio Villar, autor desta belíssima obra!
É com muita honra e prazer, que irei dar algumas respostas, à indagação que me foi feita por ele:
O que é escrever?
Escrever, para mim, é...
... criar e viver vidas novas e reviver outras;
... viajar, levando viajantes comigo;
... encantar-me e encantar a outrem;
... transcrever turbilhões de sentimentos e sensações; ... representar minh’alma;
... falar com símbolos, imagens e significados próprios; ... uma necessidade;
... uma arma sem bala;
... enriquecer a vida;
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... materializar um mundo: sentimentos, momentos, glórias, perdas, emoções... resumindo: a essência
do meu ser;
... contar a minha, a nossa história;
... dar poder às palavras;
... pescar palavras para alimentar o ser;
... muitas vezes: transbordar- me;
... minha identidade;
... eternizar tudo isso; e etc, etc, etc...
sem Fim
.
Gilberto D`Alma
(Escritor, diretor, ator e poeta)
A presentação
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Como quem me acompanha já sabe gosto de escrever desde criança. Filho único tinha que arrumar uma forma de brincar em dias de chuva então pegava meus bonecos e criava histórias com eles. Sinceramente não sei ao certo o que veio primeiro minha alfabetização ou as primeiras histórias. Fui levando isso comigo pela vida. No começo da adolescência percebi que era um dom e comecei a usar as coisas que escrevia para me aproximar das meninas que eu gostava, com o tempo isso deu certo, com o tempo o hobby virou ofício.
São mais de trinta anos escrevendo, mais de vinte profissionalmente começando com os sambas de enredo e desde 2011 escrevendo crônicas para sites e livros. Quem quiser saber um pouco sobre mim tem tudo aí. As crônicas e pensamentos mais pessoais, que não são datados ou eram mais técnicos falando sobre assuntos do momento estão aqui, textos publicados nos blogs Ouro de Tolo
e Trocando em miúdos
entre 2011 e 2019. Na segunda parte os versos. Letras de
música, soneto (um na verdade) e poesias escritas entre 1993 e 2019. Estão misturadas indo e voltando no tempo. Achei interessante colocar assim porque é nítida a mudança de estilo, profundidade e até qualidade com o tempo, claro se não evoluísse em vinte e cinco anos era melhor parar. Não quis colocar em ordem cronológica para exercer no leitor a busca pela descoberta sobre qual época é cada um.
Foi gostoso reler minhas prosas e versos. Ver nas prosas minha evolução como cronista ao longo dos anos, ver como vá rias vezes falei do mesmo assunto de forma diferente. Fazer retrospectiva da minha vida revivendo sentimentos que foram
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se modificando ao longo dos anos revisitando essa quase década passada.
Gostoso ver como mudei nos versos, como o jeito quase infantil de escrever do adolescente foi mudando, se solidificando, ganhando técnica ao longo que os versos foram deixando de ser hobby e virando profissão, busca por vitórias ou mesmo financeiro. Virar compositor de samba-enredo me fez levar os versos mais a sério, me afastar da composição e me aproximando da poesia me fez querer tocar mais corações. Tocar corações..Espero que essas prosas e versos consigam tocar o de vocês. Nos dez anos da minha filha Bia desnudo os meus quarenta e dois de vida nessas 66 crônicas e 61 poesias. Como nome escolhi de uma das crônicas As mais belas cartas de amor que não escrevi
. Por que esse nome? Porque o melhor da vida não escrevemos, sentimos.
Com a alma despida me apresento a vocês agradecendo a participações dos queridos Gilberto D`Alma, Klara Rakai, Paulo George, Jeane Fontes, Evandro SRocha e Lu Toutoungi .
Eu sou Aloisio Villar, eu vendo sonhos .
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CRÔNICAS E PENSAMENTOS
04 de Abril de 2005 (A primeira crônica que escrevi. Blog Ouro de Tolo 2011)
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Para quem não me conhece me chamo Aloisio Villar, sou compositor de samba-enredo, ganhei alguns sambinhas na minha vida e sou amigo do dono da bagaça
aqui (risos).
Por isso consegui esse espaço pra falar todas as semanas com vocês, aonde poderemos fazer um bate papo e mostrar um pouco mais de mim e da vida. Na época das disputas de samba - enredo vou mostrar como é o processo e falar um pouco sobre os sambas concorrentes, fora delas mostrar um pouco minha forma de pensar.
Uma das primeiras coisas que irão conhecer de mim é meu senso de humor. Consigo rir de tudo, principalmente de mim, acho que é uma boa característica minha no meio de tantos defeitos.
Até em momentos ruins: depois que eles passam eu consigo tirar algo para rir e a história de apresentação que vou contar e vai mostrar um pouco da minha relação com o dono do blog mostra esse meu lado e nossa relação de amizade.
Segunda passada, dia 4 de abril, fez seis anos que minha mãe faleceu, a pessoa que mais amei na minha vida, minha maior companheira, confidente, pessoa mais fiel a mim que tive e que mais me amou. Sua doença durou cinco anos, internação um mês, era um final esperado, mas que eu não queria aceitar.
Na manhã do dia 4 de abril de 2005 recebi um telefonema do Hospital Getúlio Vargas me pedindo pra ir lá com o RG da minha mãe, não entraram em detalhes, mas sabia que era algo sério. Peguei um táxi com minha ex namorada e tenso fui para o hospital.
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No caminho recebi um telefonema do meu amigo Pedro Migão perguntando como eu estava, disse que nem eu sabia, porque tinha acabado de receber uma ligação do Getúlio Vargas e estava preocupado indo para lá. Senti que ele deu uma engolida seca, disse que qualquer coisa falasse com ele e desligou.
A realidade é que temos um amigo em comum, dr.Walkir, que arrumou a internação para minha mãe no hospital. Ele já sabendo da notícia colocou numa lista de discussão via e- mail que fazemos parte, o Migão viu e me ligou pra dar os pêsames. Ele soube antes de mim que minha mãe tinha morrido e quase, como ele diz até hoje pagou um mico
, mas esse mico não foi pago. Até hoje ele se desculpa por essa situação e eu com o tempo passei a rir, foi a única lembrança engraçada daquele dia trágico, o dia que o Migão amenizou meu coração.
Depois desse dia todos os dias da minha vida usei pra homenagear minha mãe, todos os dias que acordo sei que tenho que ser bom e fazer coisas boas para ela onde estiver sempre se orgulhar de mim e pensar que valeu a pena me ter como filho.
Hoje tenho a minha filha também, se chama Ana Beatriz e sei que hoje minha mãe vive em mim e eu vivo na Bia, somos o espelho um do outro e esse espelho não vai se quebrar. Para minha mãe dediquei o Estandarte de Ouro que ganhei com meus parceiros em 2001 com o samba Orun Aye
pelo Boi da Ilha, lembro dela na plateia chorando quando dediquei, a ela dediquei o prêmio S@mba-Net em 2009 já morta.
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Os últimos versos do samba mais recente que fiz, pro Boi da Ilha 2011, amor de mãe gera frutos no pomar/amor de mãe doce como guaraná
, a ela dedico essa coluna, a ela dedico minha vida.
Semana que vem tem mais, prazer em conhecer vocês. Orun Ayé!"
Trocando em miúdos
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"Trocando em miúdos, pode guardar As sobras de tudo que chamam lar As sombras de tudo que fomos nós
As marcas de amor nos nossos lençóis
As nossas melhores lembranças"
Esses versos acima são da música trocando em miúdos
de Francis Hime & Chico Buarque. A canção trata exatamente do assunto de hoje, o amor e a dor de amor.
Todo mundo já se apaixonou alguma vez na vida e certamente já sofreu por amor. Há várias formas de sofrer por amor, o amor platônico não correspondido, o amor correspondido mas envolto do ciúme e a separação, quando um deixa de amar e o outro não.
Dizem que a pior dor que existe é que sentimos no momento, mas acredito que a pior dor é a dor do amor, essa dor não tem remédio que cure, não tem quimioterapia, ninguém pode te ajudar, apenas o tempo. A dor de amor é o câncer da alma e não existe dor mais sublime, mais pura, mais humana que essa, porque é a dor da rejeição, você querer alguém e ela não te querer mais.
Mas devo dizer que não vou lhe dar O enorme prazer de me ver chorar Nem vou lhe cobrar pelo seu estrago Meu peito tão dilacerado
O amor tem dessas coisas, a gente conhece alguém, se apaixona, aquela sensação maravilhosa de início de relação, o cineminha com a pessoa que ama, os dois abraçadinhos, deixar
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de sair e ficar na cama debaixo das cobertas comendo pipoca e vendo dvd, aquela música que o casal decide que é dela, a sensação de euforia, a paixão avassaladora...
Com o tempo isso vai se transformando, fica uma coisa mais serena, vira amor, não perde intensidade, não diminui, apenas se modifica, nasce a cumplicidade, o companheirismo. O casal vira uma pessoa só, muitas vezes se isolando no seu mundinho.
Mas todo carnaval tem seu fim, as vezes porque a rotina transformou numa relação desgastada, outras porque aconteceu uma traição, quem ama perdoa ?
Às vezes sim, mas perdoar é a mesma coisa que esquecer? Nem sempre.
O amor tem que ser puro, amor com mágoas é como leite com água: perde a qualidade. Muitas vezes a separação é uma libertação, a relação entre os dois melhora, se saem melhor como amigos que como amantes.
Como muitas vezes existe o inconformismo, muitas vezes vemos em televisões e jornais notícias de crimes passionais. Amor e ódio são sentimentos que caminham juntos, como muitas vezes o sentimento de posse se confunde com o amor, o amor já acabou faz tempo e nem percebemos.
Chorar faz bem, alivia a alma, chore tudo que tem que chorar, com sorte aquela música que era de vocês não irá mais tocar e com o tempo quem sabe você não note o quanto ela era ridícula...
Notará que aquela pessoa que você colocava num pedestal é humana como você e capaz de ser decepcionante e a vida
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caminha. O bom da vida é isso: ela sempre está em transformação e daqui a pouco outro amor aparece e de amor vamos vivendo.
" Eu bato o portão sem fazer alarde Eu levo a carteira de identidade Uma saideira, muita saudade
E a leve impressão de que já vou tarde."
1989, O ano que não terminou
Existe um livro chamado 1968 o ano que não acabou
, de Zuenir Ventura. Sempre achei esse título interessante e acho que cabe bem para um ano que eu vivi: 1989. De todos os anos
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que vivi até hoje é o mais marcante, não somente pela vida pessoal como pelos acontecimentos no mundo.
O ano é marcante pra mim porque foi a primeira vez que me apaixonei, o ano do divórcio dos meus avós e o ano que fiquei reprovado na escola, mas também me marcou por acontecimentos que não tinham a ver comigo diretamente. O ano logo no seu primeiro dia teve o acidente com o barco chamado Bateau Mouche
. Ele levava pessoas para curtirem na baía de Guanabara a virada do ano e afundou com muitas pessoas morrendo, entre elas a atriz Yara Amaral. Algumas semanas depois o país parou para descobrir quem matou Odete Roitman na novela Vale Tudo
, sem imaginar que aquela seria apenas a primeira novela do a no.
Teve a novela da vida real, a primeira eleição presidencial direta em 29 anos. Personagens importantes de nossa história participaram da disputa como Ulysses Guimarães, Paulo Maluf, Leonel Brizola, Mário Covas, alguns folclóricos que começaram a ganhar fama como Enéas Carneiro e outros.
No final a eleição ficou polarizada entre o ex sindicalista e presidente do PT Luiz Inácio Lula da Silva e o ex governador de Alagoas, o caçador de marajás
Fernando Collor de Mello.
A eleição mobilizou o país, que se dividiu. Collor sempre foi o líder das pesquisas, mas nas últimas semanas recebendo apoio de Brizola e toda a esquerda, dos artistas e intelectuais Lula começou a ameaçar a vitória de Collor.
Essa ameaça teve como consequência fatos estranhos como o presidente da CNI (Confederação Nacional das Indústrias) Mario Amato dizendo que os empresários iriam embora do país numa vitória do PT. Logo depois apareceu uma mulher no
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programa eleitoral de Collor contando que o candidato do PT a teria engravidado e pedido que abortasse.
Tem mais: uma edição manipulada do Jornal Nacional pró Collor quando as campanhas já estavam proibidas e o ato final: a prisão dos sequestradores do empresário Abílio Diniz vestindo camisa do PT. Collor venceu e as consequências nós sabemos.
A esquerda tomou esse golpe no Brasil - e pelo mundo também. Caiu o muro de Berlin, a União Soviética avançava fundo em suas transformações e os países do leste europeu abandonavam o comunismo. Na música o ano foi o último de domínio do rock nacional, chegando às rádios a lambada e a música sertaneja. As rádios FM conheciam a até então desconhecida língua portuguesa.
E por falar em música cheguei aonde queria: o principal motivo de eu achar que 1989 não acabou.
Nesse ano aconteceu o maior desfile de escolas de samba que eu vi. O disco que teve a maior vendagem de todos os tempos trouxe sambas belíssimos como o da campeã do ano anterior Vila Isabel - com o lindo refrão clareou/despertou o amor/ que é fonte da vida/vamos dar as mãos e cantar/sempre de cabeça erguida
. O disco trazia outro belo samba, mesmo historicamente errado, o da Imperatriz Leopoldinense e seu famoso Liberdade, liberdade, abra as asas sobre nós
.
E não com um samba bonito, mas com um samba alegre e empolgante a União da Ilha desfilou com Festa Profana
e o seu refrão histórico eu vou tomar um porre de felicidade/vou sacudir eu vou zoar toda cidade
. A União da Ilha nunca foi
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campeã do carnaval e com esse samba e o desfilaço que fez teria sido campeã em todos os anos que vi carnaval, mas... ...mas não em 1989, não com Imperatriz e Beija-Flor daquele ano. A Imperatriz que já citei como tendo um samba belíssimo, do meu Top 5
, fez um desfile magistral, rico, luxuoso, nada parecido com a escola que foi rebaixada no ano anterior e só ficou no grupo especial por virarem a mesa
. Era a campeã de fato e de direito se mendigos não tivessem invadido a Sapucaí. O que falar daquele desfile da Beija-Flor? Do Cristo censurado e com plástico preto o cobrindo e os dizerem, mesmo proibido olhai por nós
. Falar o quê do impacto que foi ver a Beija- Flor sempre luxuosa, imponente, vir maltrapilha, com panos e farrapos. Ver o gênio Joãosinho trinta naquela manhã de terça - feira vestido de gari?
E depois no desfile das campeãs descobrirem quase todo o Cristo deixando só a cabeça coberta e a transmissão ser interrompida pelos berros emocionados de Fernando Pamplona falando que aquilo era povo?
Eu por mais que seja contraditório costumo falar que a Imperatriz fez o melhor desfile do carnaval de 1989 e a Beija - Flor o maior carnaval da história naquele ano. Quesito por quesito acho que a Imperatriz foi melhor e no impacto e emoção a Beija-Flor. Acho que os Deuses do samba concordam comigo porque o desfile da Imperatriz foi o campeão do carnaval e o da Beija-Flor o campeão da história do carnaval. Em 1989 víamos o Brasil e o mundo esperançosos esperando por mudanças na década de 90 que viria. Foi o ano que pedimos que a liberdade abrisse suas asas e fomos tomados
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por ratos e urubus, tudo inebriados por um grande porre de felicidade.
Por isso acho que o ano de 1989 não acabou... ainda bem.
O onze de setembro de todos nós
Hoje não falarei de samba, tem uma data importante se aproximando e quero falar dela.
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Também não serei burocrata pra falar na data. Não irei detalhar o que ocorreu no dia até porque todo mundo sabe. Não direi o que acho do ocorrido, não jogarei no ar teorias de conspiração, nada disso - até porque quem me acompanha nesses meses já sabe que não sou tecnicista, puxo pelo l ado sentimental das coisas.
No dia que essa coluna for publicada o mundo vai parar pra relembrar o 11 de setembro de 2001. O dia do ataque às Torres Gêmeas em Nova York. O dia que o mundo perdeu sua inocência, o fim do século XX.
11 de setembro de 2001 é uma data que todo mundo no planeta sabe onde estava e o que fazia. Eu estava em casa com a TV da sala ligada quando entrou o plantão da Globo noticiando que um avião havia atingido uma das torres. A tv mostrou a torre em chamas e eu pensava: que piloto burro!!
. Até que aconteceu a segunda batida e oficialmente soubemos que os Estados Unidos estavam sob ataque.
O cantor e compositor de samba-enredo - além disso tudo meu 'irmão' - Roger Linhares morava aqui em casa e saiu do quarto na hora desse segundo ataque. Passamos o dia todo na frente da televisão vendo o que ocorria em choque. Minha mãe chorava dizendo que era a Terceira Guerra Mundial. O planeta estarrecido via o que ocorria.
E no dia de hoje tudo isso será lembrado, como outras datas são importantes. Todos nós temos nossos 11 de setembro
, seja para o mal como para o bem, aquela data que não nos esquecemos.
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A mais famosa de todas é aquela que rege o calendário Cristão como o nascimento de Jesus Cristo, o 25 de dezembro. A maior parte do mundo para a celebrar essa data, trocar presentes e confraternizar.
Os povos também têm suas datas importantes. Os americanos celebram o 4 de julho como a data de sua independência. Nós brasileiros temos como essa data o 7 de setembro e temos outras datas importantes como o 22 de abril, dia do descobrimento, 13 de maio o fim da escravidão, 12 de outubro dia de nossa padroeira Nossa Senhora da Aparecida.
Para nós foliões não tem data fixa, mas tem uma série de dias que vão de sábado até terça da semana seguinte que cai em fevereiro ou março que para o país. O carnaval.
Essas são datas oficiais. Mas à nossa memória afetiva o Brasil, país esportivo, pode lembrar com a comoção do 11 de setembro o 1° de maio. Todo brasileiro com mais de 25 anos sabe onde estava em 1° de maio de 1994, data da morte de Ayrton Senna. Eu que sou um pouco mais velho além dessa data acredito que como todos de minha geração ta mbém tenho marcado o 21 de abril de 1985, data da morte de Tancredo Neves.
Sei exatamente onde estava no anúncio da morte de Tancredo. Na sala de minha casa, sofá mais próximo da TV. O ex governador do Rio Grande do Sul Antonio Britto, na época porta voz da presidência, apareceu com semblante fechado e sentou-se para pronunciamento. Minha tia Rachel falou logo chorando morreu
. Ele então começou o pronunciamento que
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não esqueço até hoje Lamento informar que o excelentíssimo senhor Tancredo de Almeida Neves acaba de falecer..
Via minha família se abraçando chorando e eu entendendo nada na flor dos meus oito anos, mas nunca mais me esqueci.
Como eu e o Brasil não esquecemos de 17 de maio de 1994. No momento que Roberto Baggio chutou o pênalti pra fora e depois de vinte e quatro anos o Brasil sagrou-se campeão mundial de futebol ou em relação ao próprio Tancredo Neves e sua eleição em 15 de março de 1985, a eleição do primeiro civil para presidência da república depois de vinte e cinco anos com o povo feliz em Brasília se protegendo da chuva com uma bandeira do Brasil. No mesmo dia, à noite, no Rock in Rio Cazuza saudava com uma bandeira também uma nova era.
Os 11 de setembro
podem ser bons, ruins, mundiais, nacionais ou mesmo particulares. Todos nós temos nossos 11 de setembro
. Algumas datas me marcam e mesmo com os anos passando nunca consigo esquecer o que fazia no dia.
A primeira que me marca é uma que marca todo ser humano. O dia que nascemos. Sempre no dia 9 de agosto celebro e agradeço com pessoas que amo a possibilidade de viver. Peço a Deus proteção para os que amo, a mim e que a data se repita muitas vezes. Mas tem outros aniversários que me marcam, como o da minha mãe - dia 27 de novembro. Todos os anos acendo uma vela pela sua alma, assim como faço nos dias 4 de abril.
Essa é uma data das mais marcantes da minha vida, é o meu '11 de setembro particular' quando se pensa em algo ruim
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porque foi o dia que ela morreu. Terei noventa anos de idade, com Alzheimer, mas a doença não conseguirá apagar tudo que passei nesse dia em 2005.
Assim como nunca apagará o 16 de maio de 2009. Quando eu com namorada e amigos estava na quadra da Unidos da Tijuca recebendo um dos prêmios que mais desejava na minha vida de compositor, o prêmio S@mbaNet e ao descer do palco descobri que uma menininha tinha nascido. Uma menininha chamada Ana Beatriz que mudou minha vida para sempre. A Minha filha.
Falando em samba, posso citar 19 de julho de 1997. Dia que pela primeira vez subi em um palco para apresentar um samba meu. 20 de outubro de 2000, dia da primeira vitória. 25 de fevereiro de 2001 dia do primeiro desfile de uma escola de samba com um samba meu. 28 de fevereiro de 2001, data que ganhei o meu estandarte de ouro.
Tem uma data que a mim serve ao samba assim como no coração: 20 de dezembro. Nessa data em 2000 terminei com minha primeira namorada e por um tempo foi uma data que me marcou negativamente, até que em 2003 consegui o que acho até hoje meu maior feito no samba: ganhar dois no mesmo dia.
Nós vivemos de datas. Sempre nos atrelamos a elas porque elas acabam sendo símbolos de coisas que vivemos pro bem e pro mal. Você que lê agora essa coluna tem suas datas marcantes. A perda de um ente querido, o dia que ganhou sua primeira bicicleta, o dia de seu primeiro beijo ou de sua primeira vez, seu