Bíblia: Um estudo Panorâmico e Cronológico

De Gerson Lopes Fonteles

Esta obra traz uma visão completa de cada livro das Escrituras, vendo-se a época do escrito, sua autoria, motivo e linguagem central do livro, curiosidades quanto à geografia bíblica, as principais cenas históricas nele contidas e notações conclusivas sobre a mensagem central de cada livro. Além disso, o estudo também inclui os livros apócrifos introduzidos na Bíblia católica pelo Concílio de Trento, não integrantes do Cânon.

Gerson Lopes Fonteles apresenta seu estudo dos livros da Bíblia em ordem cronológica da história Sagrada, diferente dos índices das Bíblias comuns. Este ordenamento visa a facilitar o melhor entendimento dos fatos narrados, permitindo ao leitor mais fácil compreensão dos planos de Deus e das ações do Espírito Santo que inspirou todos os autores bíblicos. Como consequência, o leitor é conduzido à construção ou aumento da fé em Deus e no Seu maravilhoso filho, nosso Salvador e Senhor Jesus Cristo.

"BÍBLIA, UM ESTUDO PANORÂMICO E CRONOLÓGICO, do Presbítero Emérito Gerson Lopes Fonteles é uma obra preciosa e oportuna. Ferramenta indispensável para uma rápida, precisa é confiável compreensão dos livros da Bíblia. A obra captura a essência da mensagem de cada livro da Bíblia e o faz com fidelidade, cooperando, assim, com a fiel compreensão e interpretação das Escrituras. Recomendo esta obra com entusiasmo!"
- Hernandes Dias Lopes

• Idioma: Português
• Editora: Heziom
• Data de lançamento: 10 de ago. de 2022
• ISBN: 9786584686137

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BÍBLIA – INTRODUÇÃO

1 INTRODUÇÃO

A Bíblia é um conjunto de livros (alguns são simples escritos). A primeira verdade a se ter em mente é que, por detrás e por baixo da Bíblia, acima e além da Bíblia, está o Deus da Bíblia.¹ Vale acrescentar-se; em qualquer posição.

A Bíblia é um livro para humanos escrito em linguagem antropomórfica. Seu tema central é a salvação da humanidade em Cristo.

São mais ou menos 40 autores que escreveram no período de, aproximadamente, 1.600 anos. Há, no entanto, uma unidade nesta diversidade. Apenas um autor não era judeu: Lucas (grego). O Antigo Testamento (AT) foi escrito basicamente em hebraico e o Novo Testamento (NT) em grego. Cristo falava aramaico.

Testamento significa aliança (pacto).

No AT tem-se o Pacto da Lei e no NT tem-se o Pacto da Graça.

Uma trova interessante:

"O Novo está contido no Antigo.

O Antigo está explicado no Novo.

O Novo está latente no Antigo.

O Antigo está patente no Novo’’.²

O grande símbolo do AT é o Monte Sinai, representando a Lei, no NT é o Monte do Calvário, representando a redenção. No primeiro, Moisés sobe o monte para receber a Lei, no segundo, Deus desce até ao homem para redimi-lo (Jo 1:17).

A Bíblia pode ser estudada de formas diversas, porém sabendo-se de princípio que não é uma tarefa simples.

O elemento sobrenatural (Espírito Santo) no AT e no NT atuou na revelação, seletivamente, apossando-se de pessoas escolhidas, para permitir convencimento.

No início não havia divisão em capítulos e versículos. Em 1236, o Cardeal Caro dividiu a Bíblia em capítulos e em 1551, Robert Stephen dividiu-a em versículos.

Em 1456, com a invenção da imprensa, o primeiro livro impresso por Johannes Gutenberg foi a Bíblia em latim.

A divisão dos capítulos nem sempre é objetiva, respeitando a narrativa, mas tem a grande vantagem de identificar com exatidão a localização das passagens.

Em algumas traduções a quantidade de versículos pode variar. Almeida Revista e Atualizada (ARA), tem 31.104 versículos, pois, o final de I Sm 20:42 se torna o versículo 43, e a Almeida Revista e Corrigida (ARC) tem 31.105 versículos, visto que o final de Juízes 5:31 se torna o versículo 32, além do versículo de I Sm, retro citado.

A Bíblia é uma grande história de amor: Deus cria o homem bom, que se torna ruim e separado da presença de Deus, Ele o busca, de modo direto, como se vê na pergunta homem onde estás (Gn 3:9), e nas parábolas da vinha, da ovelha e da dracma perdidas e do Filho Pródigo (Lc 15).

A Bíblia é a revelação escrita que conta esta história de amor. Jesus Cristo é o verbo (Logos de Deus), palavra viva para os homens; remédio preparado contra o pecado antes que o homem existisse (Ef 1:3-14).

2 CÂNON SAGRADO

Total de livros ou escritos - 66 - assim detalhados no quadro.

3 LIVROS APÓCRIFOS

Os livros apócrifos (sem autenticidade comprovada) são sete, mais alguns capítulos em Ester e Daniel, aumentados na Bíblia Católica em 1546, no Concílio de Trento, que os chamou de deuterocanônicos, a saber:

4 OS EVANGELHOS

A palavra Evangelho vem das palavras gregas "eu e aggelion e significa boa notícia". Os quatro autores são chamados evangelistas (portadores de boas novas). Mateus, Marcos e Lucas (sinóticos) podem ser vistos de maneira coletiva. Eles apresentam semelhanças e diferenças. Narram o Ministério de Jesus Cristo, na Galileia. O Evangelho de João apresenta seu Ministério da Judeia. Os sinóticos, assim chamados por conterem grande quantidade de histórias em comum, na mesma sequência, narram milagres, parábolas e mensagens às multidões; o de João exprime os mais profundos e abstratos sermões, orações. João apresenta Jesus Cristo meditando e em comunhão, os sinóticos, em ação.

Há quatro Evangelhos, mas um só Cristo, quatro narrativas, mas um só propósito. Os Evangelhos contam a história de Jesus Cristo: vida, atuação, morte e ressurreição.

Aprendendo este esboço, se conhecerá bem o conteúdo dos Evangelhos, conforme segue.

•Rei (Salvador Prometido) - Mateus apresenta Jesus Cristo como Rei. Escrito para os judeus que conheciam bem a Lei. Jesus Cristo, filho de Davi, genealogia real (capítulo primeiro). No sermão do Monte (capítulos 5 ao 7), tem-se as Leis do seu reino. A expressão para que se cumprisse… é comum em Mateus.

•Servo (Salvador Poderoso) - Marcos descreve Jesus Cristo como servo. Escrito para os romanos. Servo não tem genealogia. Apresenta mais milagres do que os demais. Os dominadores romanos queriam ação.

•Homem (Salvador Perfeito) - Lucas apresenta Jesus Cristo como homem perfeito. Escrito para gregos, a genealogia vai até Adão, primeiro homem, e não até Abraão. Tem muito de poesia, de que os gregos gostavam, e muitos cânticos: Zacarias, Maria e Anjos.

•Deus (Salvador Pessoal) - João apresenta Jesus Cristo como filho de Deus. Escrito para todos os homens (Jo 20:31).

5 CONCLUSÃO

A Bíblia é um livro (ou coleção de livros ou escritos), portanto, deve ser lido. Chamado de Livro dos Livros ou Santa Bíblia (Revelação: Vox Dei), considerado santo porque seu Autor é Santo e se destina a fazer os homens melhores.

O estudo cronológico da Bíblia permite uma visão mais clara da história sagrada. É o manual de instrução do Fabricante, dado ao homem por ele criado.

Deus ilumine o entendimento dos alunos e professores.

GÊNESIS

1 AUTOR E DATA

Considera-se que o Gênesis é o fundamento necessário para o entendimento de toda a Bíblia como da história humana, e, levando-se em conta as provas de que se dispõe, indicam que Moisés escreveu Gênesis e outros quatro livros (Pentateuco)⁴ As provas neotestamentárias apontam na mesma direção: (Jo 5:46-47; Lc 16:31; 24:44). Segundo tradição da igreja, Gênesis tem sido designado como o primeiro livro de Moisés. Não se encontrou prova que invalidasse esta tradição.

2 SÍNTESE

Este livro apresenta Jesus Cristo como Deus Criador.

O título Gênesis no grego significa começo. A primeira palavra hebraica do livro é no princípio. O livro fala do início de todas as coisas, exceto de Deus.

É o livro das origens do mundo, da raça humana, pecado, promessa de redenção, família, nações do mundo e raça hebraica.

Contrariando a ciência (do nada, nada se faz), o livro afirma que Deus criou tudo do nada pelo poder da sua palavra.

Não é de admirar que os homens, por causa da cegueira espiritual (Ef 4:18 e II Co 4:4), rejeitem a revelação de Deus contida na Bíblia, registro das origens, e adorem o acaso como seu criador, os irracionais como seus antepassados e a humanidade decaída como a flor da evolução natural.⁵

Gênesis começa com Deus, mas termina num caixão. O livro é a narrativa dos fracassos do homem.

Satanás tem especial aversão a este livro, porque ele prediz sua ruína (3:15).

Inclui o registro de cerca de 2.000 anos de história.

Sob uma óptica espiritual, logo nos dois capítulos iniciais, há a narrativa da criação do mundo e do homem. Daí em diante, tem-se a história da redenção do homem - Deus buscando o homem perdido.

São histórias interessantes. Destaca-se, no entanto, a preocupação em saber como o pecado e todas as suas consequências vieram; como uma grande desordem caiu sobre o mundo e a esperança para seus habitantes.

O Pentateuco conta a história da criação até a morte de Moisés (Ne 13:1 e II Cr 25:4).

3 CENAS PRINCIPAIS DOS 50 CAPÍTULOS

4 CONCLUSÃO

O paraíso perdido pelo primeiro Adão foi restaurado pelo último Adão (Cristo).

Pois assim como, por uma só ofensa, veio o juízo sobre todos os homens para condenação, assim também, por um só ato de justiça, veio a graça sobre todos os homens para justificação que dá vida (Rm 5:18).

JÓ

1 AUTOR E DATA

O autor é desconhecido, bem como o tempo em que o escreveu, embora muitos afirmem que foi durante o exílio. Em 32:17 (notar o eu), parece mostrar que Eliú o escreveu. Escrito em estilo de poesia (exceção dos dois primeiros capítulos e parte do último). Jó era patriarca e se insere mais ou menos no capítulo dez de Gênesis. Alguns rabinos o atribuem a Moisés.

O Livro é muito antigo. Deve ter sido escrito nos tempos de Jacó, pois silencia sobre o Êxodo. Jó, como patriarca, não poderia silenciar as prescrições e acontecimentos do Êxodo e da Lei.

Elifaz (Jó 4) era descendente do filho mais velho de Esaú e que tinha um filho chamado Temá (Gn 36:10-11e Jó 4:1).

Os cinco primeiros versículos do Livro mostram Jó, sacerdote, oficiando pela família (costume da época dos patriarcas). O profeta Ezequiel o põe na mesma categoria de Noé e Daniel (Ez 14:14-20). Em Tg 5:11, há referência à sua paciência.

2 SÍNTESE

Este poema, composto num estilo totalmente oriental, estende-se longamente em discursos extenuantes. Alguns capítulos, entretanto, podem ser enumerados como os mais belos de toda a Bíblia. O prólogo (capítulos 1 e 2); a primeira queixa de Jó (capítulo 3); as lamentações do justo (vários capítulos); o apelo a Deus (capítulos 12 ao 14); as obras de Deus e seu governo (capítulos 36 ao 37); as palavras de Deus sobre as maravilhas da criação (capítulos 38 ao 42).

Este livro revela como eram vastos os conhecimentos de Teologia: a mensagem central do livro fala do mistério do sofrimento. Julgava-se que todo sofrimento decorria do pecado pessoal. Os discípulos de Jesus indagaram, (Jo 9:2-3): "Como este homem pode ser justo se sofre tanto? Nos dias atuais, a pergunta poderia ser: como este homem pode ser piedoso se nada sabe de sofrimento"? (sofrimento ligado à maldade humana).

Parece que o coração do homem não entra em repouso pelo caminho exclusivo do racional.

O livro mostra que no sofrimento há muito mais coisa que a sabedoria humana pode explicar.

Em resumo, o livro contém três teses:

3 CENAS PRINCIPAIS DOS 42 CAPÍTULOS

4 CONCLUSÃO

É difícil aceitar o sofrimento do justo, porém deve-se esperar em Deus. É possível o homem louvar a Deus no sofrimento e não somente na prosperidade. É interessante ler sobre a Soberania de Deus no próprio Livro.

Então respondeu Jó ao SENHOR, dizendo: Bem sei eu que tudo podes, e que nenhum dos teus propósitos pode ser impedido (42:1-2).

ÊXODO

1 AUTOR E DATA

O Livro não declara a sua autoria. Moisés é aceito como autor, pela tradição. Em Marcos 12:26, Jesus chama-o Livro de Moisés, fazendo referência ao verso 3:6. O período do Livro é de 1450 a 1440, após o acontecimento do Êxodo e antes da morte de Moisés (1406 a. C). Moisés deve ter nascido durante o reinado do Faraó Tutmés I.

2 SÍNTESE

O título do livro sugere seu conteúdo - Êxodo (no grego, saída), partida dos judeus do Egito. Este livro se relaciona com o Gênesis, da mesma forma que o Novo Testamento se relaciona com o Antigo Testamento. Gênesis conta do fracasso do homem. Êxodo conta da epopeia de Deus, apressando-se em socorrer o homem. O Êxodo é o livro da redenção do Antigo Testamento.

Conta a história dos israelitas oprimidos e libertos do Egito. Os israelitas ficaram no Egito por 430 anos (12:40). É uma história de libertação (I Co 10:11). A severidade da escravidão no Egito (tipo de mundo) e Faraó (tipo de satanás). Deus prepara um libertador, Moisés (tipo de Cristo). A luta contra o opressor culmina com a partida (saída do Egito). O povo é redimido pelo sangue do Cordeiro Pascoal e pelo poder de Deus, manifestado na travessia do Mar Vermelho, festejada no Cântico de Moisés, no capítulo 15.

A seguir, o povo tem que enfrentar a prova do