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Lições de um monge para viver no século 21
Lições de um monge para viver no século 21
Lições de um monge para viver no século 21
E-book220 páginas2 horas

Lições de um monge para viver no século 21

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Sobre este e-book

Qual o segredo da felicidade? Será que ela é algo que está externo, ou precisamos procurá-la dentro de nós? Este livro, que entrou para a lista de mais vendidos do jornal britânico The Sunday Times, é uma leitura que vai revolucionar sua relação com seus pensamentos e emoções, para ajudar você a criar uma vida de contentamento real e possível. Gelong Thubten, que já ensinou meditação para colaboradores de grandes empresas, como Google e Facebook, reuniu as principais lições para quem deseja encontrar a tranquilidade na correria dos dias atuais. Um guia de meditação para os tempos modernos, para ser lido e relido.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento17 de ago. de 2020
ISBN9786586077278
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    Lições de um monge para viver no século 21 - Gelong Thubten

    Lições de um monge para viver no século 21Lições de um monge para viver no século 21pg05

    Dedicado a Akong Tulku Rinpoche

    e à minha mãe

    1 glifo O QUE É FELICIDADE?

    2 glifo PROGRAMADO PARA SER FELIZ

    3 glifo STRESS NO SÉCULO 21

    4 glifo MEDITAÇÃO E MINDFULNESS

    5 glifo COMEÇANDO

    6 glifo CRIANDO O HÁBITO

    7 glifo MAIS A FUNDO

    8 glifo A FELICIDADE É UM ESFORÇO CONJUNTO

    9 glifo COMPAIXÃO

    10 glifo PERDÃO

    11 glifo ENERGIZE SUA PRÁTICA

    Posfácio

    Agradecimentos

    Sobre o autor

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    Capítulo 1

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    glifo

    O QUE É FELICIDADE?

    EM JUNHO DE 2009, CONCLUÍ UM RETIRO DE MEDITAÇÃO que havia durado 4 anos. O programa intensivo contou com outros vinte monges e foi realizado em uma antiga fazenda remota na Ilha de Arran, na Escócia. Ficamos completamente isolados do mundo exterior, sem telefone, internet ou jornais. Recebíamos nossa comida das mãos de um zelador, que morava fora do local do retiro, e seguíamos uma agenda rigorosa que incluía de doze a catorze horas diárias de meditação, em geral praticada de forma solitária em nossos quartos. Esse programa foi seguido de forma idêntica todos os dias durante 4 anos. Tínhamos permissão para conversar um pouco durante as refeições e nos breves intervalos entre as sessões, mas as coisas ficaram mais intensas no segundo ano, quando fizemos um voto de silêncio que durou cinco meses.

    Eu nunca havia vivenciado um retiro tão longo, e foi incrivelmente difícil. Lembro de pensar que aquilo era como passar por uma cirurgia cardíaca sem anestesia: eu me via encurralado pelos pensamentos e sentimentos mais dolorosos, sem possibilidade de distração ou escapatória. Esse tipo de retiro é um método radical de treinamento meditativo, praticado em muitos monastérios budistas do Tibete. O ambiente de total imersão e a intensa agenda de longas sessões de prática meditativa levam os meditadores a estabelecer uma amizade com a própria mente. Em muitos momentos, esse foi o período mais infeliz da minha vida, mesmo que por fim tenha me ensinado muito sobre a felicidade. Aprendi que a felicidade é uma escolha, algo que podemos encontrar dentro de nós mesmos.

    Os outros monges e eu não tínhamos a mínima ideia do que se passava no mundo externo. Muitas coisas que aconteceram durante esse período impactaram nossa cultura: tecnologias revolucionárias, como o lançamento e o uso difundido do iPhone, o surgimento do YouTube, Twitter e Facebook, além de diversos acontecimentos históricos, como a eleição de Obama, a crise financeira e a execução de Saddam Hussein. O professor de nosso retiro conferia como estávamos a cada poucos meses e nos dava algumas pistas do que estava acontecendo. Soubemos que havia surgido uma coisa chamada Facebook, onde as pessoas pedem para se tornar suas amigas, e você se sente culpado demais para recusar. Ao escutar isso, nós o fitávamos com olhos arregalados e especulativos.

    Quando saí de lá e voltei ao mundo normal, no que mais reparei foi a velocidade das coisas: tudo e todos se moviam rápido demais. Os smartphones haviam se tornado onipresentes; o BlackBerry se tornara algo da época das cavernas. Ao caminhar por Londres, me senti como se tivesse aterrissado em meio a um apocalipse zumbi. As pessoas pareciam perambular em um transe hipnótico, com os rostos mergulhados em telas. Também percebi que, nas estações de metrô, os anúncios publicitários que cobriam as paredes ao lado das escadas rolantes agora continham imagens digitais em movimento, e fiquei zonzo ao vê-las passando por mim. Talvez as pessoas lá fora não houvessem reparado que as coisas estavam esquentando, mas meu retiro e posterior retorno me deram uma nova perspectiva sobre como as coisas haviam se acelerado. Também percebi uma mudança de humor: a maioria dos noticiários apresentava um tom um pouco histérico, replicando as histórias de terror que invadiam os celulares das pessoas a cada instante e as deixavam sem escapatória. Nossa relação com a informação mudou completamente no século 21: sabemos coisas demais. Até mesmo a forma como consumimos as informações (de modo efêmero e fragmentado, deslizando pelo feed de nossas redes sociais) mudou a forma como processamos a realidade.

    Após deixar o retiro, também fiquei impactado ao perceber que o costume das pessoas de buscar gratificações instantâneas para se sentirem felizes atingira um novo patamar e, mesmo assim, elas continuavam insatisfeitas. Quando comecei a interagir com tudo isso, fui tomado por uma forte sensação de que a meditação era exatamente o que o mundo de hoje precisa. Não se trata de um luxo, mas de uma questão de sobrevivência. Desenvolvi um grande interesse pela felicidade verdadeira e duradoura e por seu real significado. Assim, passei a me dedicar com maior comprometimento ao ensino da meditação em diversos ambientes, como escolas, universidades, hospitais, clínicas de reabilitação e prisões, além de empresas globais de tecnologia e diversos ambientes de trabalho caracterizados por alto nível de stress.

    PICO DE FELICIDADE

    Descobri que muitas pessoas buscam um tipo de felicidade que se resume a uma sensação efêmera: um barato, uma injeção intensa de energia no coração. Mas, ao que parece, isso nunca dura muito, e assim que o barato passa elas sofrem de abstinência.

    Vivemos em uma época em que se enfatiza muito a importância de nos sentirmos bem. Buscamos um pico de felicidade, como o que acontece ao ingerimos açúcar, e assim pulamos de uma tendência a outra, tentando estimular e satisfazer cada um de nossos sentidos ou, não raro, todos eles ao mesmo tempo.

    Muitas das comidas e bebidas que consumimos criam essa falsa turbinada: açúcar, aditivos, café, guloseimas repletas de carboidratos… Se nos sentimos cansados no meio da tarde, recorremos a uma barra de chocolate e/ou um pouco de cafeína para nos sentirmos melhor. Há uma marca de batatas fritas cujo slogan publicitário é: Quando você experimentar, não vai saber parar – e, de fato, os ingredientes desse alimento podem nos levar a comer o pacote inteiro de uma vez só. Será possível encontrarmos alguma satisfação a longo prazo?

    Se assistirmos a filmes e programas de televisão atuais e os compararmos com os de outras épocas, uma das maiores diferenças que perceberemos é que as filmagens mais recentes costumam conter cenas rápidas e empolgantes que estimulam nossos sentidos. Filmes, programas de televisão, comerciais e videoclipes podem conter centenas de frames espremidos em meros dois minutos. Em boa parte, isso se deve ao fato de que nos distraímos muito e estamos viciados em atiçar nossos sentidos o tempo todo. Um filme antigo no qual a câmera permanece em uma mesma cena em preto e branco por um longo período nos parece entediante. Hoje, filmes assim são considerados cult e não participam do circuito comercial. Somos atraídos por experiências empolgantes e estimulantes, que refletem a maneira como vivemos.

    As redes sociais propiciaram um grande sentimento de conexão, mas também de isolamento profundo. Perdidos em nossas telas, consumimos imagens de outras pessoas comendo seu almoço enquanto comemos o nosso, e o ato de se sentar e curtir o momento nos parece cada vez mais entediante. As experiências simples se tornaram difíceis para nós; em vez delas, ansiamos por estímulos múltiplos: comemos com a televisão ligada ou checando as redes sociais enquanto escutamos música. Não demora muito para começarmos a achar as coisas sem graça, e assim vamos nos agarrando a uma experiência após a outra, sem que isso jamais pareça o bastante. Nos viciamos em likes, nas mais recentes quinquilharias do mercado ou em qualquer coisa que acreditemos ser capaz de nos dar algum prazer. Estamos cansados, nossos corpos estão funcionando à base dos hormônios do stress, cortisol e adrenalina. Nossos corpos ficam sobrecarregados de compostos químicos tóxicos e continuamos a alimentá-los com eles, ficando cada vez mais exaustos, indispostos e com vontade de mais. Nossos anseios geram novos anseios, e nesse ciclo perpetuamos hábitos que fazem com que nada nos satisfaça, pois nossa mente já partiu em busca do próximo estímulo. É como uma fome insaciável que nos leva a questionar o tempo todo: Quando as coisas vão dar certo para mim? Quando me sentirei realizado? Qual é a próxima etapa?. Será que felicidade é isso?

    O principal composto químico do cérebro envolvido nesse tipo de pico de felicidade é a dopamina, e o interessante é que ele surge antes de conseguirmos o que queremos para depois sumir. Quando estamos prestes a comer um pedaço de torta ou estamos nos preparando para uma festa, somos tomados pela empolgação da expectativa, mas nosso nível de dopamina cai assim que comemos o bolo. Portanto, nossa vida gira em torno da antecipação. Os animais atingem o pico de dopamina quando acham que estão prestes a ser alimentados. O momento mais empolgante é sempre aquele em que as coisas estão prestes a acontecer. Quando eu for rico, quando eu encontrar a pessoa certa, quando eu tiver o corpo que desejo… Nunca chegamos lá, pois dessa antecipação nasce o hábito de olharmos sempre para a próxima coisa, e assim nunca sentimos que chegamos de verdade a algum lugar. Nossa felicidade sempre tem um se, um quando ou um porquê.

    FELICIDADE VERDADEIRA E DURADOURA

    Por toda nossa vida, acreditamos no mito de que devemos alcançar a felicidade: basta acertarmos alguns detalhes externos de nossa vida e então seremos felizes. Isso não é felicidade, mas uma forma de escravidão.

    Parece que vemos a felicidade, e também o sofrimento, como coisas que simplesmente acontecem a partir do exterior. No entanto, não há dúvidas de que nossos pensamentos e reações são o real fator decisivo. Se pensarmos que as pessoas discordam a respeito do que as tornam felizes ou infelizes, perceberemos que esses estados são experiências mentais que ocorrem dentro de nós, e não a partir das coisas ao nosso redor.

    O objetivo deste livro é nos voltarmos para dentro de nós mesmos, a fim de encontrarmos a fonte para nossa felicidade. Não acho que a felicidade é um sentimento aleatório que nos atinge se dermos sorte. Na verdade, eu a vejo como uma habilidade que podemos aprender, o resultado de um treinamento mental, e acredito que somos programados em nossa essência para encontrá-la. Através do aprendizado da meditação e da prática de mindfulness,1 podemos optar por ser felizes, independentemente de qualquer coisa. Sem essas ferramentas, é possível que vejamos a nós mesmos sempre como vítimas do que poderia ou não ter acontecido.

    Claro, há muitas pessoas que estão passando por momentos extremamente difíceis e para quem até mesmo a vaga possibilidade de ser feliz parece muito remota. Às vezes, quem está nessa situação não pode fazer nada além de tentar sobreviver. No entanto, depois que essas pessoas encontrarem algum alívio, poderão ver na meditação uma forma eficaz de defesa frente às dificuldades vindouras. Isso ajuda a tornar nossa mente resiliente, dando-nos a capacidade de superar até mesmo as situações mais difíceis.

    FELICIDADE É LIBERDADE

    Como é a sensação de felicidade? É sentir-se completamente no presente, sem a necessidade de se ater ao passado ou remoer pensamentos sobre o futuro; é estar bem aqui, neste instante, sentindo-se pleno. Há um sentimento de liberdade: quando estamos genuinamente felizes, nós nos sentimos livres dos desejos e de outras emoções conflitantes. Ficamos livres do desejo de felicidade. Quando estamos procurando essa felicidade, há uma sensação de voracidade, de incompletude, e nos emaranhamos na expectativa de conseguir o que queremos e no medo de não conseguir. Sentimo-nos capturados pela incerteza. Achamos que só poderemos ser felizes quando atingirmos nossas metas, o que implica deslocar o foco de nossa vida sempre para o futuro e jamais voltá-lo para o momento presente.

    Em geral, nossa mente não parece livre. Os pensamentos e as emoções criam uma tempestade dentro de nós, e não raro nos tornamos escravos deles. Podemos nos flagrar a todo momento discutindo com a realidade e desejando que as coisas fossem diferentes. A felicidade requer o domínio de nossos pensamentos e de nossas emoções e o acolhimento das coisas como elas são. Ou seja, precisamos relaxar e parar de tentar manipular as circunstâncias. Se aprendermos uma maneira de nos concentrarmos no momento presente, mesmo diante das dificuldades, e treinarmos nossa mente para não julgar, é possível descobrir uma fonte imensa de felicidade e de satisfação dentro de nós. Talvez assim nós comecemos a nos dar conta do quanto insistimos em buscar fontes externas de conforto.

    Se imaginarmos alguém em uma situação perfeita, sentindo-se totalmente feliz, e examinarmos o que essa pessoa está sentindo, identificaremos um estado mental cujo aspecto mais importante é a completude. Essa pessoa tem liberdade. Os sentimentos de paz, completude e ausência de medo ou belicosidade são estados mentais. Como vimos, costumamos pensar que coisas vão nos fazer feliz. No entanto, se a felicidade é uma experiência da mente, por que não poderíamos nos livrar dos intermediários e partir

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