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Querido Estrangeiro
Querido Estrangeiro
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E-book324 páginas3 horas

Querido Estrangeiro

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Sobre este e-book

Quando um estrangeiro chega a uma pequena ilha, muitas mudanças e surpresas tendem a surgir, surpreendendo a população, que não tão acostumada com o novo, não o aceitará sob nenhuma circunstância, sendo a mais recluída de todos a responsável por hospedar o desconhecido recém chegado e permitir que este pequeno sujeito interfira em tudo o que esta por vir. Afinal, em breve, não seria o pequeno sua única preocupação..
IdiomaPortuguês
Data de lançamento26 de jun. de 2018
Querido Estrangeiro

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    Pré-visualização do livro

    Querido Estrangeiro - G Mendes Bruno

    QUERIDO

    ESTRANGEIRO...

    G . M E N D E S B R U N O

    RIO GRANDE DO NORTE

    2018

    1

    Copyright 2018 By Bruno Mendes Galdino

    Todos os direitos reservados, incluindo o direito de

    reprodução no todo ou em parte, em quaisquer meios.

    Edição publicada mediante suporte da Plataforma de

    publicação clube de autores. Eixo de publicação por meio

    virtual de autores incitantes, de forma pratica e autônoma.

    Garantindo melhor disposição do processo de publicação

    editorial.

    TITULO

    Querido Estrangeiro

    SUBTITULO

    Querido Estrangeiro

    PREPARAÇÃO

    Autônoma

    DIAGRAMAÇÃO

    Cunho próprio

    G. MENDES BRUNO. 2018.

    QUERIDO ESTRANGEIRO Ed.1 /BRUNO

    MENDES / MOSSORÓ / RIO GRANDE DO NORTE /

    BRASIL. – CLUBE DOS AUTORES. 2018

    170 p. ;21 cm.

    Ficção/ Relações familiares. / Drama.

    (2018)

    Rua Cristina Gomes Paulino. 126. Casa

    59628825 – Dom Jaime Câmara

    Mossoró – RN

    Tel. 996092856Redes Sociais

    Bruno Mendes Xaxa – On Facebook

    @Brucexaxa – On Instagran

    www.clubedeautores.com.br

    2

    1

    DA FAZENDA AO PORTO

    2

    O HOSPEDE

    3

    ESTRANGEIROS, LOBOS E FACÍNORAS

    4

    DENTRE BOAS E MÁS VISITAS

    5

    O NETO

    6

    QUEM OU O QUE É VOCÊ

    7

    O NOSSO SEGREDO

    8

    A GANÂNCIA CONSOME... ASSIM COMO

    FOGO

    9

    AFOGUEI-ME EM LAGRIMAS TÃO

    SALGADAS QUANTO MINHAS

    LEMBRANÇAS

    3

    10

    A REDAÇÃO

    11

    QUANDO OS VENTOS MUDAM, O MAU

    CHEIO AUMENTA

    12

    A POSSESSÃO, O FIM E O LEGADO

    4

    5

    6

    Da fazenda ao porto...

    ra adorável o modo como a brisa cruzava os

    pinheiros rumo a cidade todas as manhas,

    E certo que havia brisa enquanto houvesse dia

    e mar, no entanto, as brisas matinais carregavam-se

    de um sentimento diferente em um trajeto

    característico. Cruzavam os pinheiros a beira da

    praia, serpenteando pelo trigo, curvando-se ao

    entrono da igreja e enfim repousando sobre as

    colinas, refrescando os arredores da fazenda

    Ducampis. Porto Pardo ficava bem ao norte no

    continente, em uma ilha de uma peculiar

    prosperidade. Caminhar por aquelas bandas era

    sempre um prazer a qualquer um que admirasse a

    natureza, uma sensação revigorante era sentida em

    um lugar diferente dentre o pequeno pedaço de terra

    que abrigava a cidade, rodeado de pedras e agua.

    Citar as colinas a norte da ilha era como citar

    o que de mais belo ali poderia haver, rodeada de

    7

    trigo, dourados a nascer do sol, alaranjados ao

    romper do crepúsculo, certamente ninguém poderia

    esquecer o quão belo se tornara quando permeado

    pela brisa vinda do mar todas as manhas. Há quem

    dissesse

    que

    não

    haveria

    outro

    momento

    semelhante, afinal, seria o momento responsável por

    um fato bastante raro para qualquer habitante.

    Poucos costumavam vê-la perambular por ali, ou

    simplesmente sentar-se na própria varanda, a Sra.

    Saralinn de fato não assumia papéis públicos a muito

    tempo, e se tratando de uma senhora solitária em

    uma colina exuberante, todas as manhãs não

    deixavam de ser perfeitas para uma caminhada em

    busca de amoras por sua colina. Sim, como disse, a

    colina e toda a região das arvores até o fim da ilha

    para o norte seguiam como parte de sua posse.

    Vestidos em cores neutras, um chapéu longo que

    cobria grande parte de seu rosto, e um ou dois cestos

    grandes empunhados a cada dia, a última Ducampis

    havia relutado em se relacionar com outras pessoas.

    Sua decisão de reclusão já tomava anos consecutivos

    e ninguém em todo o Porto Pardo seguia a quebrar

    tal tradição, como consideravam, sua simplória

    rotina.

    Bem. não poderia generalizar este fato, logo,

    dentre todos os vizinhos e demais habitantes havia

    sim uma exceção. Poucos dos que cruzavam a velha

    estrada dos peixes presenciavam tal cena. A velha

    8

    carroça rumando a velha porteira e seu condutor de

    cabelos grisalhos e agasalhos um tanto desgastados

    e sempre cinza, guiando sua égua, esta, em um

    estado semelhante ao seu condutor, um tanto anciã.

    Barnabe sem dúvidas tratava-se de um bom amigo,

    dos teimosos e ignorantes, que desconsideram

    pedidos encarecidos em fúrias. Houve uma

    discussão dias atrás, quando em um pedido

    encarecido Saralinn exigiu que sua porteira não

    fosse de nenhuma forma transposta por tal carroça e

    égua. Haviam muitos problemas a se encontrar no

    olhar da senhora solitária, o que fizera Barnabe, o

    senhor alto de cabelos brancos e olhos claros não

    cogitar tal pedido, jamais deixaria sua única amiga

    em todo o Porto P, apenas por um ato de ignorância.

    Sua decisão sempre beirava o correto e o claro. O

    amigo era viúvo assim como a Sra. e deste modo

    compartilhavam

    os

    mesmos

    sentimentos

    e

    argumentos a medida que entornadas as xicaras de

    chá tardes afinco, sentados paralelos em cadeiras de

    madeira que pareciam ser do século passado, mas

    que ainda balançavam resistentes como se

    estivessem ali a pouco tempo. Muitas vezes a idade

    não é importante, pois em muitos casos esta não é

    precisa..." Conheci muitos jovens caducos, enquanto

    invejei muitos senhores e senhoras cheios de

    juventude" .... disto o senhor sempre frisara a cada

    conversa vespertina curiosamente entre risadas e

    9

    tapinhas discretos da única mulher que a cidade

    relutara a trocar algumas palavras.

    Feiticeira, bruxa, louca, coisas de crianças,

    apelidos consequentes a sua exclusão. As crianças

    relutavam em correr pela colina, ninguém ousara

    cruzar a velha cerca de madeira que rodeava todo o

    terreno, desde o início da colina aos rochedos a beira

    do mar. A Sra. Saralinn conservava motivos

    suficientes quanto a escolha que havia deixado para

    si a anos atrás, e a maioria das pessoas que ao menos

    rondavam a estrada dos peixes que beirava a sua

    porteira não aceitavam a ideia que poderia ser

    fundamento para tamanho isolamento. As pessoas

    veem o que elas querem ver, disso pode-se ter

    certeza... poucas semanas atrás surgira como um

    boato a possibilidade de estar havendo algo mais

    profundo entre ambos amigos de chá. No entanto foi

    apagado pelos gritos indiscretos de Barnabe em uma

    feira de domingo, quando citado o velho Ducampis,

    citou ser Saralinn sua irmã de laços, e não restando

    mais dúvida de sua amizade ninguém mais se

    importou. Algo comum em uma cidade pequena.

    Não havia muito o que se fazer em Porto P, por mais

    que fosse uma ilha não haviam praias ou se quer rios

    cortando o lugar, havia somente tudo o que uma

    cidade poderia necessitar. Escola, prefeitura,

    mercado, padaria, banco e muitos e muitos boatos a

    solta.

    10

    Durante as conversas sempre regadas a chá,

    havia sempre o que discutir, Barnabe se tornara uma

    espécie de jornal ambulante que inteirara a Sra.

    fazendeira de tudo que ocorria pela cidade durante a

    semana, visto que suas conversas sempre seguiam

    em domingos tardios, quando o sol se prepara para

    sumir dentre o horizonte. É sempre comum antes de

    servir o chá trazerem dois lampiões para pôr um cada

    lado, logo, a noite chegava. Em um destes encontros

    não diferentes dos outros um certo argumento tomou

    o foco da conversa, conversavam de início quanto

    aos projetos do prefeito, mas, interrompendo o tom

    sarcástico ao qual discutiam este assunto, o velho

    amigo citou a possibilidade inevitável de necessitar

    esta, de uma companhia em seus últimos momentos

    de vida. ela não costumava divulgar sua idade, assim

    como muitos outros fatos sobre sua vida. No entanto,

    era clara a rapidez como se dispunha a devastação

    do tempo.

    - Ora como ousa insinuar tamanha bobagem.

    Eu não estou morta. – Ressentiu a anciã.

    - Desculpe-me senhorita, mas a vida possui

    prazo certo. Estamos nos findando devagar a cada

    dia, e não há outra opção senão nos entregarmos a

    braços mais jovens, já que os nossos já não

    sustentam nosso próprio corpo.

    11

    Não queria discutir com o velho amigo, visto

    que o senhor como em grande maioria beira a

    verdade em suas palavras e de nenhuma forma

    poderia divergi-las, dias anteriores à tarde em que se

    encontravam, a exclusa fazendeira sentiu tremer

    uma de suas mãos enquanto fervia o chá. Não houve

    tempo ou reação possível a se prestar para que o belo

    jogo de xicaras de sua mãe não se espatifasse no

    velho chão de madeira construído por seu pai. A

    velhice havia chego em um tempestivo arremato, e a

    isso só lhe restava lembrar do quão difícil fora cuidar

    de sua finada mãe ao fim de seus dias. Fica claro

    senhoras e senhores leitores, não havia só um

    ressentimento e ou vergonha para com sua sujeição

    a procedimentos sobre os cuidados de um jovem,

    mas, em palavras simples, havia medo pelo que

    presenciou para com a sua mãe em últimos

    momentos de vida.

    - Quando chegar o momento eu irei decidir.

    Repousou a xicara sobre a mesa.

    - Receio que não irá... minha velha

    amiga...porque motivo não abandona a teimosia?

    - Estou aceitando a ideia da sujeição.

    Apenas quero aguardar o momento certo.

    - Está sendo teimosa. Não há mais tempo a

    se aguardar. Este é o momento.

    12

    - Como ousa Sr. Barnabe, está insinuando

    que estou caduca?

    - Desculpe-me se a feri. Somente percebo os

    sinais que me aparecem a cada dia. – O amigo

    mostrou-lhe a xicara ao qual tomavam chá,

    derramando o conteúdo sobre a varanda. Poderia

    soar como algo ofensivo, inconstante de fato,

    entretanto soou constrangedor e em parte

    angustiante. Quando não havia chá algum, mas

    somente agua fervente.

    Está claro o quão perdido se encontrava o

    destino da senhora Ducampis e de toda a fazenda,

    pois de laços sanguíneos já não haviam se quer vivo,

    dentre parentes ou vínculos distantes. Em certos

    momentos do dia o velho amigo concordara com a

    sensação repentina de solidão que tomava sua amiga

    grande parte da semana. Difícil sobreviver a uma

    desventura imprevista, imagina contrapor estas,

    consecutivas vezes. Havia sem dúvida uma ferida

    escondida dentre as ruinas de seu coração, entretanto

    a senhora solitária da fazenda era teimosa demais

    para admitir. Dentre os argumentos mais proferidos,

    aquele que caracterizava sua morte como algo

    trivial, fora o que mais Barnabe ouviu semanas após

    o constrangimento durante o chá.

    13

    - Ora... não pense que vou continuar ouvindo

    estas bobagens. Trate de substituir este discurso.

    De uma maneira bruta, porem educada.

    - O Sr. nunca saberá o que é seguir sozinha

    diante os últimos dias de vida. A solidão não faz

    parte de sua vida, e não fará. Não está sozinho meu

    amigo.

    Seria claramente um conforto visível, caso o

    velho amigo houvesse citado a solidão como parte

    de sua vida, mesmo que todo mundo tenha ao menos

    por alguns minutos este sentimento descontente, no

    entanto, para o amigo de chá não havia nada

    parecido. A poucos anos antecedentes àquela tarde

    de chá, este havia ganho um presente que o fizera

    mudar por inteiro, e não sendo nada caro ou de

    sequer valor material o presente o tomou de uma

    maneira peculiar. Veio em um cesto carregado por

    uma sobrinha distante. Era pequena, rosada e

    chorava como nunca, seria a segunda garota que o

    amarrou pelo coração e o fez chorar. Barnabe

    conheceu pela primeira vez a sua neta, após uma

    trágica noticia, pois ainda que morasse sozinho em

    Porto P, conservara uma história repleta de fatos

    felizes e decepcionantes, ainda mais, uma esposa,

    uma filha e a partir daquele verão, uma neta.

    Como havia dito a chegada da criança o

    preencheu com sentimentos e sensações distintas de

    14

    uma só vez, quando mediante a felicidade de ter a

    neta entre os braços pela primeira vez, não houve

    estrutura para conformidade quanto ao falecimento

    de sua querida filha em um acidente com o marido.

    Devo dizer que ninguém gostaria de estar em seu

    lugar no momento mais indesejado de sua vida,

    como certa vez foi dito...quando um filho se vai, é

    como se parte do corpo de sua mãe e de seu pai, fosse

    decepado, da maneira mais violenta e dolorosa

    possível. Em termos resumidos, eis o motivo pelo

    qual a Sra. Ducampis o havia distinguido como não

    adepto a solidão. Ainda que houvesse dor dentre os

    dias que seguiram a chegada da criança, Dorothy

    cresceu forte e alegre a todo instante, assim como a

    mãe fora anos e anos atrás.

    Considerando o duelo pelo podium de

    melancolia durante a tarde do chá, não seria de

    prioridade descrever o resto da conversa, talvez,

    prosseguir para outra parte da ilha, seria de melhor

    proveito. Seguir talvez para a estrada dos peixes,

    rumo a cidade, quando Dorothy deixou o seu pai/avô

    a conversar na fazenda Ducampis e seguiu sozinha

    pelo caminho a cantarolar versos inventados, usando

    a paisagem como elementos da música. Em rimas

    nada coerentes.

    - Barcos e correntes, e o sol já está quente,

    gravidas e ventres, bebes nascem contentes.

    15

    A pequena adorava o modo como as arvores

    e os arbustos dançava quando vento vindo do cais os

    balançava e ainda mais a bela brisa, que aliás parecia

    ser a única a notar, quanto sinuava dentre os galhos

    e contornava a torre da igreja a repousar sobre a

    colina na fazenda. Só Deus sabia o quão grande seria

    sua vontade de correr pela cantina e deitar sobre os

    arbustos sentindo a brisa, mas, não teria coragem de

    admitir, ainda que para o seu pai, o medo que

    conservava pela senhora que ali habitava. Uma

    criança, era de se esperar que como as outras,

    sentisse um certo receio quanto a senhora amiga de

    seu pai, a senhora que as crianças nomeavam como

    a bruxa solitária.

    Dorothy não fazia muita questão de espalhar

    este boato, mesmo que houvesse medo, na verdade

    a cada vez que caminhara pela estrada dos peixes ela

    esperava que um redemoinho ou tornado a levasse

    dali, parece loucura, mas, a maior fã do magico de

    oz habitava aquela ilha. Além do nome, conservara

    o mesmo sentimento por animais, flores e livros.

    Esperava ansiosa a cada caminhada em companhia

    de um leão medroso, um homem de lata e um

    espantalho sem coração. Passos contentes todos os

    dias da semana, todas as semanas dos meses, todos

    os meses do ano, e além disso a cada momento em

    que ainda se mantinha na estrada dos peixes, era

    como caminhar por uma via magica de sonhos.

    16

    Pensamentos distrativos o bastante para que naquela

    manhã não diferente das outras se distraísse e quase

    fosse atropelada por uma bicicleta rápida o bastante

    para causar algum hematoma. Pois o piloto, sempre

    era a estrela de muitos outros acidentes semelhantes,

    o Sr. Epaminondas realmente não havia nascido para

    ser o carteiro, afinal, a grossas lentes que mantinha

    a frente dos olhos, não diminuíam em nada o

    desastre de suas viagens pelas estradas da ilha.

    Liguemos um fato a outro. A pequena Dorothy em

    sua caminhada matinal encontrou outro elemento da

    história que obviamente tornara a ilha de Porto

    Pardo um lugar repleto de figuras e historias

    peculiares. Há quem diga que este homem, magrelo

    e quase cego, sabia de tudo e de todos por tais

    bandas, logo, era o carteiro, em outras palavras, o

    guardião dos segredos de muitos.

    - Ow, desculpe-me senhorita Dorothy, juro

    que hoje eu tentei ser cuidadoso. – Sua simpatia era

    notável, mas, sua maneira desastrosa de concluir as

    tarefas era a lembrada por todos. – Hoje tenho

    muitas correspondências e por este motivo tenho de

    correr.

    - Sem problemas Sr. Epaminondas.

    Retrucou em um tom risonho. – Só tenha cuidado,

    se seguir rua abaixo muito rápido vai acabar caindo

    no mar. O cais está logo ali.

    17

    - O que disse? O cai está logo afrente? Esta

    não é a rua das mirandas?

    - Não mesmo. É a estradas dos peixes Sr.

    Precisa voltar um pouco. – Não segurou a risada, a

    garota caiu em um ataque de risos. Mas diferente dos

    outros, o carteiro sempre ignorava as suas risadas, na

    verdade em muitos outros encontros, compartilhara

    desta mesma risonha expressão. – Olha, por acaso

    encontrou a Sra. Flint pelo caminho?

    - Sim, sim. Creio que está um tanto atrasada.

    Não é mesmo? Aliás, como o seu pai a deixa vir

    sozinha pela estrada em plena temporada de caça?

    É perigoso.

    Outro detalhe não muito importante. Uma

    vez por ano a temporada de caça tomava a ilha e os

    moradores a beira do mar, ao sul, tomavam suas

    espingardas noites afio pelos bosques a procura de

    peles raras, já tinham até posto fim a tal pratica

    barbara, no entanto, o prefeito houve de decidir

    mantê-la, ainda que somente durante cinco dias no

    ano. Sim. A temporada durava uma semana apenas,

    o que seria bastante, para que recolhessem o que

    precisassem dentre os bosques, Dorothy além de

    qualquer um odiava aqueles dias com todas as suas

    forças, certa vez até pensara em esconder os animas

    em sua própria casa. O que não soou como uma boa

    ideia.

    18

    - Não, não se preocupe. Eu estou bem.

    Epaminondas acenou então em acordo e

    tomando a sua magrela bicicleta, de aparência

    semelhante ao dono aliás, seguiu ainda nesta mesma

    direção equivocada, em direção ao mar, ignorando o

    fato que estava na rua errada, seguindo o rumo

    errado. Como diziam alguns, de fato faltavam

    neurônios no cérebro minúsculo do carteiro. Bem,

    isso não preocupou tanto a garota, a estrada dos

    peixes era bastante movimentada, haveria mais

    alguém afrente que o explicaria. Sempre havia

    alguém a caminhar por ali, desde os marinheiros

    guiando as carroças de mantimentos que chegam

    todas as segundas de barco ou simplesmente a Sra.

    Flint e a sua trupe de pessoinhas medianas. O que

    quero dizer, é, que seguiam por ali todas as tardes a

    professora e seus alunos.

    A pequena tinha certeza que se corresse a

    alcançaria, e assim foi. O que desconsiderava a ideia

    de se estar atrasada, pois a senhora e o seu pequeno

    grande filho, iam a poucos metros além da cerca de

    sua casa. Ela com os livros em um braço e João com

    mais livros a acompanhando. Sim, sempre era assim.

    E como parte da rotina, ela sorriu quando avistou a

    pequena jovem se aproximando após uma rápida

    corrida. O sorriso simpático e o olhar afável, Lilian

    Flint ganhava qualquer amizade nova apenas como

    19

    o modo de falar e sorrir, inspirando simpatia a cada

    passo, poderiam questionar a qualquer aluno o quão

    boa esta poderia ser, e estes os responderiam sem

    papas, com um brilho notável em seus olhos. As

    garotas a admiravam tanto pelo sorriso encantador

    como pelo modo como se vestia, sempre um lindo

    vestido longo e florido. Os garotos se apaixonavam

    constantemente, logo, não se trava de uma senhora

    de certa idade, mas de uma jovem que a pouco havia

    se formado na cidade grande, quando houve de ter

    que voltar para despedir-se de sua mãe, a assumir o

    lugar desta.

    - Bom dia Dorothy. Como está hoje?

    Estava certa de que ouviria algo novo.

    - Bom dia Sra. Flint. Eu estou bem ao infinito

    hoje, como você está João? – Uma resposta digna de

    sua melhor aluna.

    O garoto não costumava falar durante a aula

    ou em qualquer outro lugar ou ocasião, sendo o mais

    alto da sala e filho da professora qualquer outro

    elemento ou característica própria parecia não servir

    para se enturmar. Era certo que não responderia,

    entretanto, a garota nunca desistia, havia esperança

    em que um dia ouviria um retrucar satisfatório. Bem,

    descrevendo o que realmente lhes é pertinente, o trio

    seguiu rumo ao centro da ilha, ou centro de Porto P

    onde se encontrava a escola, seguindo a rua

    20

    principal, duas esquinas após a prefeitura a

    esquerda. Ainda que a estrada encharcasse ambos os

    calçados de lama e cheirasse de um modo horrendo

    a peixe e algas, eram felizes em caminhar por ali

    todos os dias. Mas sabe, pela primeira vez, em

    muitos meses, ou dias, ou semanas, o que for,

    nenhuma destas amistosas caminhadas, a pequena

    havia de ter sido atropelada, ao menos algo divergiu

    da normalidade aquele dia. Pois, mesmo feliz por

    habitar o pedaço mais deslumbrante do mundo, a

    garota ansiava por algo novo, algo que de um modo

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