Um Morto Entre Nós

De Thiago Rairos

A maioria de nós tem uma impressão emocional diante do preto que nos remete à maldade, trevas e morte. Ora, qual é a cor do luto? Do mesmo modo, atribuímos tudo que é bom à cor branca. é claro que, ao visualizar as cores, o nosso cérebro processa certas informações e as transformam em sensações distintas relacionadas à cada uma delas, inconscientemente. Contudo, principalmente na cultura ocidental, existem os conceitos entranhados na consciência coletiva que transforma o preto em morte e o branco em vida. Porém, por que as roupas em um velório são negras e as flores no caixão são brancas? Afinal, que mistério tão atraente é esse, chamado morte? Temida por uns, adorada por outros; sob diversas camadas, perspectivas, contextos e experiências. Nesta autobiografia, passeando entre reflexões e profundas emoções, convido você para uma conversa franca, honesta, simples e sem a tola autossuficiência de acreditar saber de tudo. É um convite para um diálogo, não um monólogo. A flor branca que brota de uma flor negra. A vida que brota da morte? Mortos entre os vivos? Acomode-se. Viaje comigo nesta jornada de divagações capazes de produzir firme lucidez. Nesta obra que começou como um simples texto pessoal, despretensioso, particular, com nuances de um testamento. Deixe-me contar a minha história...

• Idioma: Português
• Editora: Clube de Autores
• Data de lançamento: 14 de ago. de 2018

Pré-visualização do livro

Copyright © 2018 by Thiago Rairos

Capa Thiago Rairos

Diagramação Thiago Rairos

Projeto Gráfico Thiago Rairos

Edição Thiago Rairos

R149u Thiago Rairos

Um Morto Entre Nós / Thiago Rairos. 1 ed. –

Maranguape, CE.

Esta obra é uma produção independente.

Copyright [2018] by Thiago Rairos

Todos os direitos reservados ao autor da obra.

1. Autobiografia – 2. Depressão – 3. Religião –

4. Comportamento – 5. Filosofia – 6. Psicologia

À minha mãe, que não me gerou apenas em seu útero, mas

em seu coração e se tornou o maior motivo de eu lutar as lutas deste

mundo, por ela e por causa dela. Eu não passo de um reflexo de sua

força, missão e amor. Eu sou apenas o escritor. Ela é a minha

história.

À minha avó (em memória). Impossível descrever o seu

valor para esta obra. Não há adjetivos suficientemente dignos para

serem dedicados com fidelidade à sua vida em seu pleno

significado. Sem palavras.

À minha família – especialmente minhas irmãs, que são as

correntes desse rio da minha vida. Devo quem eu sou aos que me

impulsionam a caminhar, pelo simples fato de serem parte de mim.

Aos amigos, mas amigos mesmo, que não são apenas parte

de um ciclo social. São raros. Em minha vida e na minha história,

poucos, quase nenhum. Os que são, sabem que são e saberão, sem

nomes, quando lerem isso.

A todos os que não se renderam a superficial imagem de

vida, sem o calor humano, sem humanidade. Espero que continuem

a mergulhar mais e mais na própria humanidade.

Aos que sofrem por causa da desumanidade em redor. Meus

sinceros sentimentos..., mas não desanime. Seja você um humano!

Aos desumanos. Desejo que voltem a viver. Espero

contribuir para isso neste diálogo.

"Quando o amor morre o mundo acaba!

Nesse sentido, o mundo vai acabar logo; posto que a grande

profecia do fim do mundo é aquela que prediz a morte do

amor na terra.

Vigie para que seu mundo não acabe numa catástrofe

incomparável: a catástrofe da morte do amor!"

- Caio Fábio D’Araújo Filho

...

"Um livro instigante, que traz uma proposta de vida

que muitas vezes não conseguimos imaginar frente às

dificuldades de nossa jornada nesta terra. Uma força, uma

esperança que pode emergir de um caos interno onde a

escuridão parece ser a única opção. É dessa forma que me

sinto fascinado pela coragem do autor em nos presentear

com o partilhar de algo do mais profundo da alma e que,

certamente, vai inspirar muitos, tanto aos que enfrentam o

mesmo desafio, quanto aos demais, a tentarem ser mais

humanos em uma era de crescente desumanidade."

- Ronaldo Rocha

(Psicólogo clínico, especialista em Terapia Cognitiva

Comportamental, Terapeuta ABA – Applied Behavior

Analysis. Pós-graduando em Piscomotrocidade e

Desenvolvimento Humano. Graduando em Teologia)

...

"Bem... No geral, estes momentos em que pensamos

em dizer algo sobre alguém são complicados. Afinal, não é

possível expressar todas as características de um indivíduo -

principalmente com fidelidade - sem deixar de fora tantas

outras que em outro momento despertariam a vontade de

reformular tal dito. Porém, uma característica intrínseca sua

que sempre salta aos olhos, seja de pessoas do seu convívio

ou não, é a sua forte relação de percepção e vivência. Para

muitos, enfadonho - esses são aqueles que não costumam

esbarrar com situações que necessitem de intensidade de

vida. Para outros, é um deleite - seja ele gerador de amparo

ou choque de realidade - que deixa nítido a faceta de um

alguém que tem visto, vivido e assimilado a vida como ela de

fato é e muitas vezes compartilhando dessas compreensões

inquietantes que tanto reformam os que deveriam ser

humanos."

- Marcelo Monteiro

(Estudante de Biblioteconomia - Universidade Federal do

Ceará)

...

"Alguém que convive com a dor, mas, de alguma

forma, esconde tão bem que faz sentir-se bem quem está

perto. Tenho amor pela sua vida. Pela história..."

- Rebeca Marinho

(Amiga e membro da Igreja Batista Regular de

Maracanaú, CE)

...

"Ele é de uma percepção rara dos fatos! Eu nunca

tinha visto reflexões tão profundas em uma simples conversa

casual, como a que tivemos um dia desses. O Thiago tem

uma profunda percepção da vida. Isso é um dom! Fala sobre

a vida de maneira sólida. Possui uma sua visão privilegiada

da vida e morte. Ele é uma reserva de conhecimento. E,

aparentemente, lida bem com a morte diária. É um

guerreiro."

- Iury Mendonça

(Amigo. Policial Militar. Graduando em Direito e em

Educação Física)

...

"Quando assumimos quem somos, sem reservas e

sem medos; quando assumimos nossos erros e acertos;

quando o que chega ao outro é a verdade sobre nós; ao outro

que nos ama além de tudo, ama mais um pouco, porque não

é só uma questão de se identificar..., então sabemos quem

andará mais uma milha ao nosso lado."

- Priscilla Lima de Oliveira

(Amiga. Assistente Social. Pós-graduando em Políticas

Públicas, Serviço Social e Direitos Sociais)

...

"O autor nos faz mergulhar na realidade do

próximo, nos confrontando como as múltiplas versões das

realidades. As pessoas são cativadas pelo seu mundo, seus

argumentos quebram tabus. Ele (o autor) nos faz pensar

sobre o que é certo ou errado, nos escancara como somos

insensíveis à dor do próximo; indiretamente nos faz evoluir –

pois o primeiro passo para a mudança é a conscientização do

erro – e, principalmente, expande o quociente (resultado da

divisão) quanto ao consciente coletivo e a nossa

espiritualidade, consequentemente, nos trazendo a paz e

amor ao próximo. A dor, mesmo sendo única e individual,

passa a se tornar coletiva, porque só abraçamos causas que

que julgamos justas, contudo, eu pergunto: qual o padrão da

justiça? Quem implantou esse conceito na sociedade? Se

julgamos somo eternamente escravos do nosso jugo! Eu

penso exatamente isso e muito mais. Acredito que pessoas

como o Thiago são altamente necessárias para sociedade,

pois instigam opiniões e a consciência de que precisamos ter

um olhar de humanidade para com o próximo."

- David Vasconcelos

(Ressonante, seguidor do professor Hélio Couto. Gestor

de empresas de TI. Palestrante e líder coach. Certificado em

Programação Neurolinguística - FOCUS Intitute)

...

"Conhecer o Thiago, sem dúvidas, me traz a

experiência divina da empatia. Senti suas dores nas noites

mais difíceis e em orações por sua vida. Contudo, também

descobri a fortaleza do Senhor em suas fraquezas. Isso é

lindo! Jesus chorou por um amigo. Isso me inspira a, de

forma alguma, deixar de orar e chorar por ele."

- Saynara Desyree

(Amiga. Técnica de Farmácia. Graduando em

Enfermagem. Instrutora de Libras. Professora de Ballet.

Palestrante)

...

"É sempre difícil escolher as palavras certas ou frases

bonitas quando queremos falar sobre alguém que

conhecemos e amamos. Tentamos escrever um texto bonito,

de encher os olhos, quando, na verdade, o que se deve

encher é o coração. Por mais que se tente, nunca

conseguimos

dizer

realmente

tudo

que

desejamos,

principalmente, se a pessoa é intensa para nós. Intensa é

aquela pessoa que a cada conversa te leva a refletir sobre a

vida, humana ou espiritual. É um ser incrível, forte, cheio de

falhas, e por isso mesmo tão fascinante... É humano.

Verdadeiramente humano. E, certamente, tudo que está

escrito nesta obra confirmará cada palavra e irá além. É de

encher o coração!"

- Vaniely Oliveira

(Amiga. Professora de Língua Portuguesa –

Gramática e Literaturas, graduada pela Universidade Federal

do Ceará)

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO .................................................................... 14

1. O Nascimento .................................................................... 30

2. O Paraíso que a dor me apresentou .................................... 38

3. Salvo antes mesmo de nascer ............................................. 43

4. As mortes antes de eu nascer ............................................. 47

5. A morte está sujeita à autoridade do Criador ..................... 58

6. A morte do avô que gerou um filho ................................... 65

7. Flores nem sempre são sinal de felicidade ......................... 71

8. Eu só queria ouvir você...................................................... 78

9. A chuva mata os vivos e ressuscita os mortos ................... 92

10. Os mausoléus e a sua beleza artística ............................ 100

11. Os olhos mortos ............................................................. 118

12. Os olhos mortos que matam e o espelho ........................ 127

13. O amor não é belo... Nem a amizade ............................. 136

14. A culpa não é do amor... Nem da amizade .................... 145

15. Ao nascermos, começamos a morrer ............................. 155

16. Assassinos uns dos outros .............................................. 165

17. A morte que vem da religião .......................................... 187

18. A ausência do amor me matou ....................................... 208

19. A presença do amor me matou ...................................... 225

20. Talvez continua... Talvez termine aqui .......................... 249

INTRODUÇÃO

...

É noite. Estou no meu quarto, de porta fechada (ou pelo

menos quarto é como chamo esse espaço da casa). É onde

ficam guardadas as minhas coisas e já dormi aqui algumas

vezes. Do meu lado, um copo com água para tentar aliviar o

quase insuportável calor. A casa inteira é muito desconfortável

no que diz respeito à temperatura, mas aqui dentro realmente é

o lugar mais quente. Neste momento escrevo usando o mínimo

de recursos disponíveis, a saber; um notebook emprestado de

um amigo e usando um aplicativo praticamente improvisado.

Curiosamente, não foi para isso que ele me emprestou, mas

não pude perder esse momento. É agora. Apoiei o computador

em uma cadeira e sentei em outra um pouco mais alta. Estou

bem inclinado para conseguir alcançar o teclado. Ainda estou

nas primeiras linhas, mas o desconforto físico já incomoda.

Preciso começar a falar, escrever, contar essa história. Minha

história. A história de um anônimo. E eu nem sei se ela será

lida por alguém, pois isso é, antes de tudo, uma carta fechada,

um relato a mim mesmo, mas eu preciso contar. E se for

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preciso que as proporções aumentem e outros leiam o que

estou dizendo? Por não poucos dias achei, senti, pensei que

deveria contar. Agora não mais acho, sinto ou penso. Agora eu

sei! Sabe? Esta está sendo uma noite muito difícil. E na

história que se segue você saberá que noites assim são bem

comuns aqui há muito tempo, talvez desde sempre. Poucas

foram diferentes, o que mudou foram os cenários,

personagens, épocas e a minha forma de reagir a elas.

Os fones de ouvido tocam canções me auxiliando nesse

momento. A música é quase uma personificação de uma

amiga, me acompanhando, conversando comigo. Na maioria

das vezes, a música até diz o que não consigo dizer, pensa o

que não consigo pensar, chora o que não consigo chorar. Me

faz ficar de olhos secos, mas de alma molhada, derramada,

derretida em detalhes de sentimentos, emoções, convicções e

orações. Ela é uma amiga desde sempre e agora mais do que

nunca. É como se ela andasse comigo, sofresse comigo,

sorrisse comigo... Como se ela fosse uma pele invisível para a

minha alma. Sentindo na pele tudo o que me ocorre.

Amadurecendo

comigo.

Envelhecendo

comigo.

Um

casamento antigo, que mergulha cada vez mais fundo na

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intimidade com o passar dos anos. A música me compreende e

me ajuda a me explicar. E ela está aqui, agora. A trilha sonora

desse momento não é apenas som. Ela também não é a fonte

da minha inspiração. Não é de emoções geradas por essas

canções que vou extrair o coração das minhas palavras. A

música apenas vai me ajudar a contar a você o que eu não

conseguir sozinho.

Do meu lado está também alguém que é mais real do

que qualquer realidade. Sua presença é infinitamente mais

poderosa do que as descargas elétricas dos assombrosos raios,

mais resplandecente do que a luz magnífica dos relâmpagos e

sua voz mais densa, profunda e estrondosa do que o som dos

trovões. Diante dEle a música até se torna muda. Nas mãos

dEle a música é apenas uma ferramenta. Ele é quem é de

verdade! Ele é o SER. Ele está inabalavelmente acima de mim.

Sua Soberania é espantosa e ao mesmo tempo admirável. Sua

companhia é uma honra; me constrange, me estremece, me

derrete, me despedaça, me acalma, me consola, me reconstrói,

me refaz... E mesmo que Ele nem se mexesse, meu ser se

abalaria dentro de mim, pois Ele só precisa vir e tocar na

minha existência e sua autossuficiente existência majestosa

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aqui, perto de mim, é incomparável à grandeza do Universo e

dos universos. É infinitamente maior!

Não estou vendo um corpo físico materializado. Não é

um caso de teofania. Do meu lado, fonte de tudo que sou e

desejo ser. Alvo de onde quero chegar e ficar para sempre:

Jesus. Ele é tudo, nEle está tudo e o tudo não existe sem Ele

nem subsiste diante dEle se não for pela Sua vontade. Esse é o

cenário exato de onde falo com você agora.

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...

Comecei a escrever-lhe ontem à noite, mas agora já é

tarde do dia seguinte. Não estou dentro do tal quarto. Agora

chove e um maravilhoso frio de inverno envolve a casa. O ar

gelado, o céu cinzento, o som da chuva ou o silêncio da rua

nas pausas que a chuva dá, as canções no ouvido e a Escritura

do lado, sempre aberta: é só o que preciso para esquecer do

mundo ao meu redor, mergulhar o mais fundo dentro de mim e

bombear o sangue que corre nas veias do meu ser até que ele

escorra pelos meus dedos, enquanto escrevo, realizando uma

espécie de transfusão de vida. Como se você estivesse à beira

da morte e precisasse sobreviver. E é o que desejo:

compartilhar com você a vida que recebi, mesmo estando

morto.

Apesar de toda nostalgia que me envolve como uma

brisa que me adormece a alma e me faz viajar pelo tempo,

buscando os fatos para lhe