O Livro de Babel – Humanidade em Crise

De Frederico Guilherme de Souza Beghelli

Este livro convida o leitor a uma reflexão profunda sobre a forma como temos vivido. Considerando o ser humano e nosso estado de crise em sua integridade, neste livro é rompida a tradicional e artificial compartimentalização da realidade usualmente dividida em áreas científica, filosófica e espiritual, que frequentemente não dialogam entre si por uma espécie de tabu intelectual. Nossa jornada parte da releitura do relato bíblico da Torre de Babel, como base para entendimento aprofundado da nossa realidade. A discussão desenvolve-se em seis capítulos, fazendo sempre um paralelo entre o caminhar das sociedades humanas, sua relação com a natureza, com Deus e consigo mesmo e culmina em um último capítulo, de caráter mais marcadamente técnico-científico, no qual analiso brevemente a situação atual do ar, solos, águas e da alma humana sem deixar, contudo, de retornar ao raciocínio previamente desenvolvido.

• Idioma: Português
• Editora: Editora Appris
• Data de lançamento: 3 de out. de 2022
• ISBN: 9786525029870

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O livro de Babel

Humanidade em crise

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Elaborado por: Josefina A. S. Guedes

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Impresso no Brasil

Frederico Guilherme de Souza Beghelli

O livro de Babel

Humanidade em crise

Aos peixes que nadam contra a corrente, à minha amada Senhora. AMDG.

Há pessoas que desejam saber só por saber, e isso é curiosidade; outras, para alcançarem fama, e isso é vaidade; outras, para enriquecerem com a sua ciência, e isso é um negócio torpe; outras, para serem edificadas, e isso é prudência; outras, para edificarem os outros, e isso é caridade.

(Santo Agostinho de Hipona)

Sumário

CAPÍTULO 1

A TORRE

CAPÍTULO 2

REUNIÃO E DISPERSÃO DE POVOS

CAPÍTULO 3

TORRE EM CONSTRUÇÃO

CAPÍTULO 4

O PROCESSO

CAPÍTULO 5

CONFLITO SEMEADO, ENTENDIMENTO OBSCURECIDO

CAPÍTULO 6

ÉTICA

CAPÍTULO 7

O MUNDO REAL

7.1 Água

7.2 Ar

7.3 Solo e lixo

7.4 Coração!

CAPÍTULO 8

SOLUÇÃO?

REFERÊNCIAS

CAPÍTULO 1

A TORRE

Toda a terra tinha uma só língua, e servia-se das mesmas palavras. Alguns homens, partindo para o oriente, encontraram na terra de Senaar uma planície onde se estabeleceram. E disseram uns aos outros: Vamos, façamos tijolos e cozamo-los no fogo. Serviram-se de tijolos em vez de pedras, e de betume em lugar de argamassa. Depois disseram: Vamos, façamos para nós uma cidade e uma torre cujo cimo atinja os céus. Tornemos assim célebre o nosso nome, para que não sejamos dispersos pela face de toda a terra. Mas o Senhor desceu para ver a cidade e a torre que construíram os filhos dos homens. Eis que são um só povo – disse ele – e falam uma só língua: se começam assim, nada futuramente os impedirá de executarem todos os seus empreendimentos. Vamos: desçamos para lhes confundir a linguagem, de sorte que já não se compreendam um ao outro. Foi dali que o Senhor os dispersou daquele lugar pela face de toda a terra, e cessaram a construção da cidade. (Gn 11, 1-8).

O livro do Gênesis, incluso na Bíblia Cristã bem como na Torá judaica foi escrito entre 950 e 400 a. C., ou seja, há mais de 2400 anos. Geralmente tratado como um mito, com valor teológico e significado alegórico, sua narração ocupa pouco espaço na Bíblia, não chega a um capítulo. Mas ainda assim, a imagem nos chama a atenção.

Mas por que iniciar o livro por um trecho que narre a Torre de Babel? Peço paciência ao leitor menos acostumado aos textos das Sagradas Escrituras, mas creio que esta reflexão seja de suma importância. Ainda que o leitor não veja a Bíblia como sagrada, a compreensão deste texto e outros ajudarão a traçar minha linha de raciocínio.

Faço ainda um breve lembrete bíblico: no princípio, o homem vivia em harmonia com Deus e a Criação (Gn 1; 2; 3) e tudo o que Deus criou, como não poderia deixar de ser, era bom – já que entendemos que Deus tem, entre suas características, 100% de bondade, é o Bem absoluto, luz sem ocaso (Gn 1, 31).Não pretendo aqui entrar na discussão teológica de se os relatos do Gênesis são alegóricos ou fatos, mas sim refletir sobre aquilo que é descrito como uma preparação para os pensamentos posteriores. Para quem gosta deste aprofundamento teológico, sugiro a leitura de Confissões de Santo Agostinho de Hipona. Resumindo a ideia base: Deus cria a natureza bem como toda criatura espiritual. Para nossa leitura, pouco importa aqui se o leitor entende que Ele fez isso criando todas as espécies mais ou menos como são hoje, elaborando um plano ou acendendo a fagulha do Big Bang – esses são processos intermediários, o que interessa aqui é a causa quando digo criou e o resultado final.

Cria também o homem, no meio desta natureza, dando-lhe primazia sobre toda a criação (ser imagem e semelhança de Deus, obviamente supõe superioridade, mas não arrogância ou espírito