Este Ano Escrevo um Livro
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Sobre este e-book
Este manual oferece uma série de princípios, dicas, exercícios e técnicas que servirão de mapa ao processo de criar e publicar um livro. Não se trata apenas de uma obra sobre escrita criativa – de ficção e não ficção. Este livro vai mais além, acompanha o escritor desde a criação até à promoção, explica as características do funcionamento do mercado editorial e o papel do escritor na sociedade de informação atual.
Aqui irá encontrar a plataforma para dar o salto necessário entre a ideia e a obra. Receberá também o conhecimento necessário para rever e editar um manuscrito, a melhor forma de abordar uma editora, escolher um agente, saber os seus direitos e promover o seu trabalho em festivais literários ou nas redes sociais.
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Este Ano Escrevo um Livro - Agência das Letras
FICHA TÉCNICA
Logo_Agencia.jpginfo@agenciadasletras.pt I www.agenciadasletras.pt
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© Agência das Letras
A presente edição segue a grafia do novo Acordo
Ortográfico da Língua Portuguesa.
Título: Este ano escrevo um livro
Autor: Agência das Letras
Coordenador de conteúdos: Hugo Gonçalves
Revisão: Silvina de Sousa
Paginação: Maria João Gomes
Capa: Marina Costa
Fotografia de Capa: © Kristina Makeeva
1.ª edição em papel: novembro de 2017
Impressão e acabamento: Multitipo — Artes Gráficas, Lda.
Reservados todos os direitos. Esta publicação não pode ser reproduzida, nem transmitida, no todo ou em parte, por qualquer processo eletrónico, mecânico, fotocópia, fotográfico, gravação ou outros, nem ser introduzida numa base de dados, difundida ou de qualquer forma copiada para uso público ou privado, sem prévia autorização por escrito do Editor.
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Todos temos uma história para contar.
Contando essas histórias fazemos sentido na vida.
Cada autor tem a sua interpretação do mundo, uma marca pessoal que o distingue e o destaca. E ao encontrar o seu género e a sua voz cria uma identidade, uma visão da sociedade do seu tempo, as tendências do futuro, uma sensibilidade que serve de espelho para os outros, ou que os inspira, os motiva e que permite que se identifiquem emocionalmente com a história contada. O conteúdo agrega, amplifica e inspira.
O marketing e a comunicação de conteúdos nos mais diversos formatos e suportes são também a expressão global de ideias, valores, crenças, bem como a criação de audiências e comunidades através da construção de uma identidade e de um objetivo definidos. E esta missão de alcançar os outros, de encontrar um sentido e um caminho para aquilo que somos e a quem queremos chegar, tanto vale para autores como para marcas, instituições privadas ou públicas, figuras anónimas ou personalidades de destaque na sociedade, que queiram criar e valorizar a sua história sobre temas tão variados como a cultura, entretenimento, sociedade, liderança, comportamento ou tendências no consumo, alimentação, saúde e bem-estar.
«Quando lemos grandes livros, pensamos juntamente com os seus escritores, e isso é um milagre», escreveu o autor americano Kurt Vonnegut. Porque a palavra é a forma de nos aproximarmos dos outros, de tocarmos alguém, de nos darmos a conhecer — a ferramenta de comunicação fundamental.
«Um livro deve ter a vida inteira entre a capa e a contracapa», disse o escritor António Lobo Antunes. Hoje, um conteúdo não é apenas um objeto impresso. Da mensagem ao design, passando pela promoção nos media, o marketing online, as redes sociais ou a realização de eventos, cada conteúdo é um amplo e competente portal de comunicação. Sejam em papel, audiovisual ou em formato digital, os conteúdos são a forma de comunicação por excelência, saltando fronteiras, classes, diferenças e unindo pessoas com o poder abrangente dos seus temas universais. A palavra revela e molda a realidade. A palavra aproxima.
José Saramago escreveu que «Todos temos necessidade de dizer quem somos e o que é que estamos a fazer e a necessidade de deixar algo feito. Porque deixar coisas feitas pode ser uma forma de eternidade.»
Todos temos uma história para contar.
Qual é a tua?
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«Se há um livro que gostaria de ler, mas ainda ninguém o escreveu, então cabe-lhe escrevê-lo.»
Toni Morrison
«Leia, leia, leia. Leia tudo — porcarias, clássicos, coisas boas e más, e veja como os escritores fizeram aquilo, tal como um carpinteiro começa por ser um aprendiz que estuda com o mestre. Leia! E só depois escreva.»
William Faulkner
«Escreva. Escreva muito. Escreva mais. Escreva ainda mais. Escreva quando não lhe apetece. Escreva quando lhe apetece. Escreva quando tem algo para dizer. Escreva quando não tem nada para dizer. Escreva todos os dias. E continue a escrever.»
Brian Clark
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Fernando Pessoa escrevia em pé. António Lobo Antunes usa blocos de receitas médicas e uma caligrafia minúscula. Saramago só produzia uma página por dia. Boris Akunin, o escritor de policiais históricos, fecha-se no seu escritório decorado como se na Rússia do século
XIX
. Scott Fitzgerald substituía os vodka martinis por Coca-colas quando se dedicava a um novo livro. Verdadeiras ou apócrifas, são infindáveis as histórias sobre o processo de escrita de grandes autores, criando um imaginário tão apelativo como misterioso.
Os escritores até podem ser vistos, por muitos, como criaturas místicas. Mas, independentemente dos hábitos e das manias, todos eles sabem que, ao sentar-se para escrever, a realidade é menos glamorosa. Escrever é um ofício. Dá trabalho, exige técnica e abnegação, conhecimento e disciplina.
Mas e o talento? E essa magia ancestral a que chamam inspiração? É inegável que, como em qualquer outra atividade, há quem tenha mais destreza e habilidade. Nem todos os carpinteiros têm igual nível de virtuosismo, mas são capazes de fazer um banco com quatro pernas. E há dias em que temos mais ânimo para escrever do que outros. Mas ninguém escreve um livro se estiver sentado à espera da inspiração.
Michael Chabon, romancista americano e Prémio Pulitzer, diz que cedo descobriu que, para ser escritor, precisava de três coisas: talento, sorte e disciplina no trabalho. Como só podia controlar o último fator, enfrentou a profissão com total disciplina. Escreveu muito, mas leu ainda mais, porque a leitura é indispensável à criação de um escritor. Para Chabon, a estratégia teve excelentes resultados nas vendas e da crítica. Mas a sorte e o talento são, de facto, elementos incontroláveis. Muitos livros formidáveis estão agora esquecidos em bibliotecas e sótãos. Outros, menos dignos de nota, são lidos por milhões.
«Pode ensinar-se alguém a escrever um livro?» parece ser uma questão que divide opiniões. Existem, inquestionavelmente, uma técnica e uma ética de trabalho que podem ser transmitidas e aprendidas, talvez não com a mesma precisão e objetividade com que se ensina um carpinteiro aprendiz a fazer um banco de madeira. Mas muitos dos autores contemporâneos estudaram, em faculdades ou com workshops, o ofício de escrever um livro. Nem todos os escritores precisam de ser poetas malditos, que perderam uma perna e traficaram armas em África, como Rimbaud, para produzirem um bom livro.
Esta obra que tem agora em mãos não dispõe do poder de uma varinha mágica, capaz de transformar uma ideia num bestseller. Um livro não se escreve sozinho, sem trabalho e disciplina. Mas estas páginas oferecem uma série de princípios, dicas, exercícios e técnicas que servirão de mapa ao processo de escrita e ajudarão aqueles que desejam aventurar-se a produzir um livro. Não se trata apenas de uma obra sobre escrita criativa — de ficção e não ficção. Este manual vai mais além, explica algumas caraterísticas do funcionamento do mercado editorial e o papel do escritor na sociedade de informação atual.
Aqui irá encontrar a plataforma para dar o salto necessário entre a ideia e a obra, o desejo e a concretização. Mas receberá também o conhecimento necessário para rever e editar um manuscrito, a melhor forma de abordar uma editora, escolher um agente, saber os seus direitos e promover o seu trabalho em festivais literários ou nas redes sociais. Aqui, irá encontrar a caixa de ferramentas inicial, aquela que é necessária para pôr mãos à obra, bem como a melhor forma de apurar, proteger e divulgar o seu trabalho assim que o livro estiver terminado.
Todos temos uma história para contar, é verdade, mas nem todos sabemos como fazê-lo. Nem sequer temos todos o desejo de escrever um livro. Mas, para aqueles que pretendem aventurar-se nesse empreendimento, estas páginas servirão de guia, a bússola que indica a melhor direção e o treino necessário antes de se entrar em campo. Como se verá mais adiante, não existem regras nem fórmulas secretas, mas sim princípios que podemos seguir para encontrar a nossa voz, montar a nossa história