Desconstrução Da Mente Religiosa
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Desconstrução Da Mente Religiosa - Elias Hendrikson
DESCONSTRUÇÃO DA MENTE RELIGIOSA
O VÍNCULO AFETIVO
"Religião é um conjunto de princípios, crenças e práticas ritualísticas que reúnem seguidores em um lugar sagrado sob a orientação de sacerdotes centralizadores mediante as orientações de leis exclusivistas. E religiosidade
é a valorização dos elementos religiosos acima dos princípios da ética e da verdade".
Elias Hendrikson
FAÇA DISCPIPULOS Elias Hendrikson Dedicação
Dedico este livro a todos os discípulos de Jesus, os quais perseveraram através dos anos acreditando e agindo conforme as Boas Novas que ele ensinou.
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FAÇA DISCPIPULOS Elias Hendrikson Índice
Introdução
A formação histórica da mentalidade religiosa.........................05
OS DISCÍPULOS E A CENTRALIDADE DO MESSIAS
- Tudo foi criado por ele e para ele..........................................20
- Como Jesus entendia a mente religiosa.................................32
- Os mecanismos mais poderosos............................................52
- Qual foi à proposta de Jesus..................................................56
OS DISCÍPULOS E O ÚLTIMO MANDAMENTO
- Façam discípulos.....................................................................68
- Os dois lados da moeda...........................................................76
- Verdades desconcertantes........................................................82
- O discípulo que faz discípulos.................................................91
OS DISCÍPULOS NA PERSPECTIVA DE JESUS
- Ter a mente de Cristo.............................................................101
- Entendendo a lei do amor......................................................108
- A essência do Antigo Pacto...................................................115
- Koinonia. Os vínculos fortes.................................................123
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FAÇA DISCPIPULOS Elias Hendrikson OS DISCÍPULOS NA ERA DO CRISTIANISMO
- Controvérsias perigosas.........................................................135
- Diante da grande sedução......................................................142
- Vínculos normativos sistêmicos............................................149
- O mundo entre o céu e a terra ...............................................156
Bibliografia Sugerida ..............................................................167
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FAÇA DISCPIPULOS Elias Hendrikson
INTRODUÇÃO
A formação histórica da mentalidade religiosa
A definição da palavra religião em si denota paz e reconciliação com Deus e vem do latim Re-Ligare
. Ligare
que significa vincular
ou conectar
. Adicionando re
antes de ligare
faz com que a palavra signifique reconectar
. E
pressupõe, portanto, que todos os seres humanos estão de algum modo afastado ou desconectado desse ser infinitamente superior e por isso necessitam de religação com ele.
No entanto, existe uma enorme controvérsia em torno da palavra religião
e a definição real da palavra. Alguns definem religião como um conjunto de crenças
, e os ateus1 dizem que
as crenças se corrompem
e, portanto, todas as religiões são corruptas. Essa controvérsia nos força a entender o que significa religião, não apenas em termos etimológicos, mas também no 1 Ateísmo é a negação na existência de uma divindade ou de divindades, assim a ideia de qualquer experiência transcendental também é descartada pelo ateísmo. Igualmente, o ateísmo só acredita naquilo que pode ser provado pela ciência e, desse modo, rejeitam os fenômenos baseados numa crença subjetiva.
5
FAÇA DISCPIPULOS Elias Hendrikson aspecto que envolve a aplicação desse significado ao longo da história humana. Acima de tudo, precisamos entender por que os ensinamentos de Jesus afetaram fortemente as Religiões, os Religiosos e a prática da Religiosidade.
Uma definição sucinta do que é religião, ser religioso e religiosidade pode ser a seguinte: Religião é um conjunto de princípios, crenças e práticas de rituais justificadores baseadas em livros sagrados, os quais reúnem seguidores em um lugar sagrado sob a orientação de sacerdotes centralizadores. Ser religioso é fazer parte da religião e acreditar nela. E
religiosidade é a valorização dos elementos religiosos acima dos princípios da ética e da verdade.
Inicialmente não há nada errado com as palavras religião e religioso, a não ser quando as crenças e práticas de determinadas religiões ferem os princípios da ética, do bom senso, da lógica e da verdade direta ou indiretamente, produzindo assim fiéis suicidas, assassinos, terroristas e pessoas que hostilizam outras com pretextos religiosos. Tais religiões e religiosos podem ser considerados muito mais do que apenas praticantes da religiosidade e do legalismo, tornam-se também terroristas e intolerantes religiosos. Isso deixa o assunto ainda mais controverso e pode gerar muita polêmica, por isso precisamos de 6
FAÇA DISCPIPULOS Elias Hendrikson muita cautela e de conhecimento sobre todos os fatores que envolvem a religiosidade. Especialmente por que todas as religiões reivindicam para si o conhecimento da "verdade".
Desse modo ou concluiremos que Deus ou os deuses são contraditórios, ou que as religiões produzem as próprias verdades e, portanto, contradizem umas as outras. Considerando um pouco de lógica filosófica devemos concluir também que: alguém está mentindo e apenas um possui a verdade, ou que ninguém tem de fato a verdade e os fundamentos da estrutura religiosa estão gravemente comprometidos.
Para nos ajudar a entender melhor o que é Religião, o que é ser religioso e como se forma a religiosidade na mente humana, bem como essa mentalidade pôde gerar toda espécie de problemas ao longo da história, precisamos começar bem cedo, nos primórdios da civilização humana, onde a religião já fazia parte das pequenas sociedades de caçadores coletores.
Concomitantemente a religiosidade começou a se desenvolver como produto da característica dos seres humanos após o pecado, isto é: Buscar a Deus (ou deuses) através de meios palpáveis como portais ou lugares físicos onde supostamente as divindades se manifestavam com mais facilidade.
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FAÇA DISCPIPULOS Elias Hendrikson Os rituais de toda espécie foram elaborados para atrair o favor destes deuses e deusas. E o sacerdote ou xamã, deveria possuir os conhecimentos necessários para manipular os rituais nos lugares sagrados em favor dele e do povo. Os altares e lugares sagrados feitos de pedra, os rituais e os sacerdotes já estavam presentes desde o início da história humana. Com o desenvolvimento das sociedades, as religiões também se desenvolveram e aperfeiçoaram a arte de buscar o sobrenatural através destes símbolos físicos. Os lugares sagrados, como vimos, funcionavam como portais que facilitavam o contato entre as pessoas e os seres espirituais, e normalmente possuíam imagens representando os deuses que deveriam se conectar naquele lugar.
Neste contexto os rituais desenvolviam a linguagem inteligível aos espíritos e os deuses deveriam, portanto, responder aos pedidos e indagações dos humanos, o que poderia envolver todo tipo de oferendas, inclusive sacrifícios de animais e até mesmo sacrifícios humanos.
Assim, para ter acesso aos lugares sagrados a fim de realizar rituais precisos, eram necessárias pessoas especiais, sensíveis a estes espíritos e detentores do conhecimento e da linguagem ritualística para que tudo desse certo, ou seja, para que 8
FAÇA DISCPIPULOS Elias Hendrikson os clamores fossem ouvidos e respondidos pelos deuses era necessários os intermediadores
humanos.
É verdade que as religiões, desde o início, vêm influenciando a mente dos indivíduos, mas não foi à religião que deu origem a mente religiosa, pelo contrário, a mente humana imaginativa é o que deu origem às religiões através de histórias surpreendentes sobre deuses e espíritos, sobre o bem e o mal, sobre o início e o fim, etc. A mente religiosa partia do princípio de que a compreensão humana do universo é limitada, e os mistérios podem ser explicados através da fé sem questionamentos, sem evidencias ou provas, apenas através das respostas que os antigos xamãs deram para as dúvidas que eles mesmos tinham.
Dessa forma, a fé que buscava respostas para as necessidades pessoais através dos portais sagrados como as montanhas, cavernas ou templos, e os anseios dos indivíduos que eram comunicados através das orações proferidas nos lugares sagrados, bem como os rituais que estabeleciam este relacionamento do humano com o espiritual através dos cânticos, mantras e as ofertas para agradar ou apaziguar aos deuses, formavam o ambiente perfeito para a manipulação através da fé 9
FAÇA DISCPIPULOS Elias Hendrikson no desconhecido, na crença no inexplicável de acordo com cada momento na história humana.
O que a imaginação humana criou em relação à religião é perfeitamente adequável à mente dos seres humanos em todas as épocas e lugares, pois foi algo criado pela mente humana e para a mentalidade humana. Sendo assim, a dificuldade para explicar o inexplicável obrigou a mente imaginativa a encontrar uma solução nas histórias, invenções e ideias explicativas para o universo e os mistérios que o cercavam.
O que podiam fazer naquele momento era materializar estas ideias para que alcançassem o plano sobrenatural, misterioso e inexplicável. Os deuses da fertilidade estavam no Crescente Fértil, da Babilônia ao Egito e em todos os cantos do mundo habitado naquela época. As pessoas oravam por uma boa colheita. Era uma questão de vida ou morte. Chuva significava que os deuses passaram e isso exigia festas de agradecimento. A seca significava que eles estavam zangados. Em algumas culturas religiosas na antiguidade isso exigia sacrifícios humanos. O
homem, por sua vez, acreditava que, se agradasse aos deuses, as colheitas seriam boas, então, não havia questionamentos, às vezes até os próprios sacrificados humanos, dos próprios filhos e filhas, eram entregues com orgulho.
10
FAÇA DISCPIPULOS Elias Hendrikson Desde os tempos antigos, nosso tipo de religião ocidental evoluiu. A fé monoteísta iniciada por Abraão significava que havia um Deus unificador no universo, não simplesmente divindades concorrentes manifestando-se cada qual nas casas
ou templos
erigidos para eles, ou seja, nos lugares sagrados, casa onde habitam as divindades (em grego Kiriókon
ou Igreja, habitação de uma divindade ou divindades). Antes do monoteísmo, os deuses eram mais como reis sobrenaturais, com soberania baseada na localização ou tribo.
A mente humana é pré-disposta a essa dança entre a consciência, a alma e a materialização das imaginações para representar Deus, os deuses e a Palavra
ou leis divinas. A noção de que Deus dá e Deus recebe permaneceu central ao longo do tempo e, à medida que os xamãs evoluíram para o clero, permanece o fato de que a Igreja, a sinagoga ou a mesquita, os zigurates e outros templos e lugares sagrados, viam a função delas como ajudar o rebanho a atrair o bem de Deus e evitar o castigo.
Mesmo quando Deus chamou Abraão, o contexto
religioso ainda era exatamente este contexto que envolve lugares sagrados com diversos deuses, ou seja, existia um deus para cada necessidade. Existiam também os rituais altamente justificadores que promoviam leveza e alívio das dores de forma mágica. E a 11
FAÇA DISCPIPULOS Elias Hendrikson tríade religiosa sempre se conecta com