Adega

CONDUTOR

Existe uma expressão famosa em italiano para o trabalho do tradutor. Diz-se: traduttore, traditore. Um trocadilho jocoso sobre essa profissão, que revela o quão difícil ela pode ser, pois o tradutor, sem perceber, pode se tornar um traidor. E quem conhece as nuances desse trabalho sabe quão capcioso ele pode ser na hora de transcrever algo de um idioma para outro tentando manter exatamente o mesmo sentido que o autor quis dar na língua original.

Quando falamos de tradução no mundo do vinho, a primeira coisa que vêm à mente é Pinot Noir, a variedade símbolo da Borgonha. E ela tem essa fama por ser a responsável por “traduzir” na taça o que os franceses chamam de terroir. Segundo eles, a Pinot é capaz de dar voz a cada palmo de terreno, cada milímetro de chuva, cada mínima intervenção humana ou “divina” e criar um vinho diferente.

Mas a Pinot Noir também é conhecida como a “uva do desgosto” por sua singular inconstância, alguns diriam: por sua natureza volúvel. Contudo, ao mesmo tempo que é inconsistente, também é incomparavelmente elegante. Esse “mistério” faz com que ela fascine tanto enólogos quanto enófilos.

Ela é capaz de desafiar os mais experientes profissionais do vinho, pois é altamente sensível ao clima e todas as outras interferências possíveis, tornando seu manejo, tanto no vinhedo quanto na cantina, extremamente delicado. Já os consumidores, especialmente os mais acostumados à opulência frutada de outras variedades, tendem a achar a Pinot intrigante, pois ela é considerada a mais expressiva das uvas tintas, apresentando uma vasta gama de sabores e sutilezas. E, ao contrário do que se costuma pensar da Pinot (especialmente por gerar vinhos de cor translúcida), ela não é uma variedade de taninos macios e sem estrutura. Aliás, os grandes exemplares do mundo são firmes em estrutura, de taninos firmes e tensos. Ou seja, uma mesma uva pode ter diversas facetas.

TRADUÇÕES

Apesar de ser considerada uma variedade nativa da Borgonha e ter sua maior expressão lá, a Pinot Noir seguiu caminho desbravando outros terroirs do mundo, indo parar em quase todos os cantos do planeta onde o homem decidiu cultivar uvas para produzir vinho. Sendo assim, ela também recebe outros nomes (diz-se que há mais de 240 sinônimos), como Spätburgunder na Alemanha, Blauburgunder na Áustria e na Suíça, Pinot Nero na Itália, além de Chambertin, Noir Menu e Raucy Male em outros lugares.

Diz-se que o nome Pinot deriva de “pin” (pinheiro), um reflexo da forma de pinha dos seus cachos. Ela é uma casta geneticamente instável, que sofre

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