Revista Natureza

O RESGATE DAS Bromélias

Como as bromélias praticamente só existiam na América, primeiro esse grande continente tinha que ser descoberto, para que o mundo ocidental tivesse conhecimento de tais plantas. E não foi ninguém menos que Cristóvão Colombo quem reportou a primeira espécie de bromélia. Ele conheceu o abacaxi (Ananas comosus) em Guadalupe, em sua segunda viagem à América, em 1493. Um pouco depois, um segundo grupo de plantas de frutos comestíveis começou a chamar a atenção. Assim como as primeiras, elas também eram chamadas de karatas pelos nativos das Antilhas Menores, mas receberam o nome de Bromelia, uma homenagem ao botânico sueco Olof Bromel (1639 – 1705). Pronto, estava batizada a família que depois, bem depois, se tornaria excelência entre as plantas ornamentais, ainda que ninguém desconfiasse disso nos primeiros séculos após sua descoberta.

Hoje as bromélias dão show nos jardins, mas houve um tempo em que elas eram consideradas parasitas

O mundo só tomaria conhecimento do potencial ornamental das plantas dessa família no final do século 19, e um dos principais responsáveis por essa nova onda foi o botânico belga Charles Jacques Édouard Morren (1833 – 1886), que começou a importar, cultivar e ilustrar diversos membros desta família. Por serem tipicamente tropicais, até então era difícil levar plantas vivas para que pudessem ser cultivadas na Europa e nos Estados Unidos, já que a viagem era bem longa e as condições, difíceis. Com invenções como a Caixa de Ward — uma espécie de estufa móvel que mantinha as plantas vivas nas longas viagens de barco — mesmo as mais delicadas bromélias podiam agora ser transportadas vivas para a Europa e os Estados Unidos, ocupando as estufas, também recém-construídas.

No Brasil, as bromélias por muito tempo desfrutaram de uma péssima fama. Às vezes, eram vistas como “parasitas” que enfraqueciam as árvores e derrubavam seus galhos, outras, como fonte de insalubridade generalizada, capazes de incubar mosquitos e oferecer abrigo para toda sorte de cobras, sapos e lagartos.

O fato de serem extremamente comuns em algumas regiões, especialmente no litoral, ainda as deixava mais suscetíveis à alcunha de “mato”, e muitas cidades brasileiras tinham por campanha generalizada sua completa erradicação de ambientes urbanos. Em Santa Catarina, por

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