“Quero ir ao Brasil porque os aviadores do mundo inteiro já foram ao Brasil. É absolutamente necessário que um francês tente esse reide. Quero ser esse francês”
Visconde Pierre de Saint Roman
O dia era 6 de maio de 1927. Recife se preparava para uma grande festa popular. Uma multidão se deslocava para o terreno do Encanta Moça. Fosse com o bonde – colocado pela Prefeitura à disposição, gratuitamente, a cada 10 minutos – ou de carro particular, afluíam famílias com crianças, pessoas ilustres e autoridades. Uma vez ali, o povo conversava, agitava-se, compartilhava lanches. O clima, entretanto, era de ansiedade e expectativa.
O alvoroço tinha motivo. Devia-se à chegada de aviadores franceses, prevista para meia-noite. O que se sabia é que os desbravadores estavam atravessando o Atlântico Sul, pela primeira vez sem escalas. Também se tinha a informação de que eles haviam decolado de São Luís do Senegal, na África, sob o comando de um piloto militar condecorado, o visconde Pierre de Saint Roman.
OS DESBRAVADORES
Naquele tempo, não havia ainda infraestrutura para pousos e decolagens no Brasil e os aparelhos disponíveis eram precários. Quem seriam, então, os aventureiros a cruzar o Atlântico? Sim, três corajosos pioneiros.
O comandante e idealizador da longa viagem, ou reide (do inglês, raid), foi o próprio Pierre de Saint Roman, de uma família que vivia em Toulouse, no sul da França, hoje capital europeia do ar e do espaço. Avizinhado dos heróis da aviação comercial contratados pelo industrial Pierre George Latécoère (da qual faziam parte ases como Jean Mermoz e Saint-Exupéry), Saint Roman via de perto a evolução do transporte aéreo regular. Munido de uma licença por tempo indeterminado e com apenas 250 horas de voo, ele decidiu fazer um reide que pudesse estreitar as relações de seu país com a América do Sul. Para a proeza, o destemido aviador contou com o copiloto Hervé Mouneyres, mais experiente, e o jovem mecânico e contramestre Louis Petit, o trio a bordo de um avião Farman Goliath, batizado de “Paris-Amérique latine”.
PELO TURISMO
Mais que simplesmente apontar o destino do reide, o nome do avião se referia à associação homônima que existia em Paris na época, e financiou a viagem. Em especial, o conde brasileiro Edgard da Silva Ramos investiu 50 mil francos na empreitada. Outros ilustres personagens apoiaram Saint Roman. Um