Pais, filhos e outros bichos
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Pré-visualização do livro
Pais, filhos e outros bichos - Raul Drewnick
PAIS, FILHOS
E OUTROS BICHOS
Raul Drewnick
Sumário
Prefácio
Só um gato
Aquela história do plebiscito
Fagundes, o cruel
Joãozinho e o Papai Noel
A paixão de Lúcia Helena
Pardal, bem-te-vi ou canário?
A verdadeira história de Erik
O projeto de gato
A lagartixa na sala
O menino, o gato e o Natal
O menino Jonas e a família Smith
Os bandidos de amanhã
O recado depois dos travessões
Nem com dicionário
Deus na pensão da Barata Ribeiro
Um desses sonhos de menino
Raul Drewnick
Era uma vez. Muitas histórias que encantaram e ainda encantam gerações de leitores começam assim, com essas três palavrinhas. Elas não exibem a pompa de outras que ribombam como trovões – catarata, latifúndio, paralelepípedo, anticonstitucionalissimamente –, mas, juntas, têm tanto poder quanto o das invocações dos magos e dos feiticeiros.
Quem as ouve ou lê sabe que essa é a senha para entrar no reino da imaginação e da fantasia e já se prepara, com seu melhor sorriso, para trilhar o caminho que leva a esse reino. Porque não é necessário muito mais do que um sorriso e ouvidos atentos para desfrutar as maravilhas que as três pequenas palavras prometem.
Se meus leitores me permitem, vou começar este texto de apresentação do livro com essas três palavras. Era uma vez um menino que gostava de ler histórias: os contos de bruxas e de fadas, as lendas, as aventuras de Tarzan.
O menino leu muito, divertiu-se muito, comoveu-se muito, aprendeu tudo que os livros podem ensinar. Um dia, depois de ler um livro especialmente belo, ele teve uma dessas ideias disparatadas que os meninos costumam ter: achou que poderia também escrever histórias como aquelas que lia.
Era um sonho que parecia grandioso demais para quem ainda usava calças curtas, mas o menino nem pensava em desistir. Continuou lendo, lendo cada vez mais, e olhando para tudo – o sol, as árvores, as ruas, as pessoas, os bichos – com seus novos olhos: os de um escritor. E começou a escrever. Escreveu muito.
O primeiro sinal de que estava no rumo certo ele teve no colégio: uma redação feita por ele alcançou a nota máxima e o professor de português lhe disse, em forma de pergunta, uma frase que ele jamais esqueceria: Você leva jeito para a literatura, sabia?
.
Sempre movido por seu sonho, o menino se tornou homem e conseguiu emprego em um jornal, no qual trabalhou vários anos como revisor, corrigindo textos. Só muitos anos depois passou para a redação. Escrevia e reescrevia notícias, gostava disso, mas o desejo de fazer literatura ainda não tinha sido realizado.
Ele precisava de uma oportunidade, que veio quando o jornal criou um caderno cultural em que havia um espaço destinado a crônicas. Ele começou a ocupar esse espaço, primeiro esporadicamente e depois com alguma frequência, até se tornar cronista fixo.
O sonho estava a caminho de se consumar. Depois das crônicas, ele escreveu livros para adultos e para jovens e começou a receber convites de várias partes do país, para falar deles e de sua experiência literária. Teve até uma história traduzida para