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Descobrir Filmes: Um guia de filmes pouco lembrados de grandes diretores
Descobrir Filmes: Um guia de filmes pouco lembrados de grandes diretores
Descobrir Filmes: Um guia de filmes pouco lembrados de grandes diretores
E-book196 páginas1 hora

Descobrir Filmes: Um guia de filmes pouco lembrados de grandes diretores

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Sobre este e-book

O pesquisador e crítico de cinema, Cadu Moura, resolveu se propor um desafio: selecionar uma lista de filmes, dirigidos por grandes diretores, que fossem desconhecidos, obscuros ou pouco lembrados e, a partir daí, escrever um livro sobre o tema. O autor fez uma vasta pesquisa encontrando pérolas e curiosidades do cinema mundial que acabam passando despercebidas, às vezes pela crítica outra vezes pelo público. Mais do que apenas uma lista interessante, os leitores terão oportunidade de perceber novas perspectivas de importantes realizadores da sétima arte, com detalhes inéditos e análises profundas sobre cada filme.
IdiomaPortuguês
EditoraLugre
Data de lançamento25 de set. de 2018
ISBN9788594496409
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    Descobrir Filmes - Cadu Moura

    eles.

    INTRODUÇÃO

    Os filmes fazem parte da minha vida desde que me entendo por gente, lá pelos idos dos anos 80. Meu primeiro herói foi visto num filme, especificamente Superman – O Filme, que – podem imaginar – foi revisto centenas de vezes desde então, intercalado com Alice no País das Maravilhas, que era o filme que minha irmã sempre revia. Seja para aquele garoto do passado inspirar suas brincadeiras com seu boneco, ou para revisitar emoções que só filmes podem trazer de volta quando se trata da minha infância, o velho VHS era colocado no aparelho, trazendo as cenas dubladas pela equipe da Herbert Richers do Brasil.

    Meu primeiro filme legendado foi visto no cinema: Superman 4 – Em Busca da Paz no antigo cinema Roxy, em Copacabana, quando ainda não havia sido dividido em três salas. Lembro bem da demanda que dava ao meu pai para acompanhar as letrinhas pulando entre as cenas de ação que obviamente me tiravam a atenção naquela tela enorme, naquele salão escuro e imponente. Tudo era novo e grandioso, e aquelas letrinhas me atrapalhando...

    Com o tempo, fui explorando outros tipos de filmes, e confesso que, ao revisitar minhas memórias para escrever este prólogo, imagino que fui um cinéfilo bem precoce: assisti a filmes bem violentos e, na época, eu não percebia a gravidade do que era exposto ali. Hoje tenho essa impressão – muito embora um programa que era acompanhado pelo pai não pode ser considerado de um risco tão elevado. Inclusive, admiro bastante o esforço dele e de meu avô de sempre me estimular a estar lendo e me informando sobre tudo.

    E neste estímulo à leitura, acabei conhecendo o Guia de Vídeos 1992, escrito na época por Rubens Ewald Filho e vendido nas bancas de jornal: um grosso livro de filmes, divididos por gêneros, e com resenhas curtas e a avaliação do crítico em até cinco estrelas. Lendo aquilo de cabo a rabo, acabei memorizando nomes famosos, e a cada ida à vídeo-locadora pedia para meu pai alugar alguns daqueles clássicos para ver em casa (a regra era sempre respeitar a censura indicativa, mas era algo driblado sempre com a companhia do pai, se o filme fosse realmente bom).

    E meu pai não apenas alugava, como também colecionava fitas VHS (para desespero da minha mãe, algo repassado geneticamente a mim), e assim o ato de rever filmes sempre foi praticado no meu tempo livre. Com o tempo, passei a brincar de adivinhar quem ganhou Oscar em qual ano, a imaginar quem interpretaria papéis famosos do cinema num remake com atores mais novos, ou se fizessem uma versão brasileira – e assim o cinema se tornou parte de mim.

    Quando adquiri idade suficiente, passei também a ir mais ao cinema, sozinho, com minha irmã (obrigado pelos ingressos grátis no Cine Condor Copacabana, tia Vera e tio Wilson!), com amigos, e arriscar mais nas escolhas de filmes, encarando tanto grandes longas quanto verdadeiras e inesquecíveis bombas. A paixão seguiu sempre forte até a fase adulta, quando flertei com a ideia de tentar o vestibular para Cinema, pensei (e ainda penso!) em fazer algum curso na área depois que me formei em Direito, e, sempre que trocava ideias com amigos ou dava dicas de filmes quando alguém perguntava, a vontade de realizar algo envolvendo o cinema, a paixão aflorava.

    O estímulo a escrever sobre filmes foi gerado e incentivado mais objetivamente nas minhas terapias, quando me aconselharam que escrever era muito bom para conter ansiedade e pacificar os pensamentos. Passei a tentar criar uma rotina de sempre escrever sobre todo filme e série que eu visse em diversas plataformas: já publiquei num blog, já escrevi na minha página pessoal do Facebook, voltei pra outro blog, depois fui pro Instagram... até chegar a estas páginas, após um incansável estímulo de um amigo de que eu deveria colocar tudo isso no papel.

    Pensei então que uma forma interessante de expor minhas resenhas críticas de filmes seria escolher um apanhado de bons diretores, e escrever qual seria o melhor filme de cada um deles, sob minha ótica. Porém, num debate com outros amigos, pensei se não seria melhor tentar algo diferente – afinal, relações de melhores filmes segundo a opinião de alguém é algo bem comum.

    Aí veio a ideia de selecionar os filmes menos lembrados de cada um desta lista de diretores escolhidos. Não que sejam necessariamente filmes escondidos ou menores, mas obras menos citadas dentro das filmografias de cada um destes realizadores ao longo de suas carreiras (algumas acabadas, outras ainda inacabadas, e alguns ainda em seu início).

    Procurei ao máximo diversificar nacionalidades, gêneros, raças e credos, e instintivamente tentar cobrir todos os gêneros de filmes clássicos dentre os selecionados (exceto pelo gênero musical e os filmes mudos, que pessoalmente não me agradam). A predominância de filmes americanos é clara, e retrata um pouco a realidade do que é visto por todos, mas a minoria de filmes europeus, asiáticos e latinos descritos aqui não deixam de ser também um convite ao leitor para desfrutar de novas experiências.

    Na montagem da lista, pesquisando filmografias e escolhendo o melhor filme para cada diretor, foi gratificante revisitar histórias vistas quando eu era menor, rever longas recentes sob uma nova ótica (a de avaliar o realizador dentro daquele filme), ou, mesmo, assistir a alguns filmes que por algum motivo ainda não tinha visto. Foram muitas horas livres gastas para digitar cada letra nestas resenhas a seguir. As próximas páginas trazem filmes excepcionais, filmes bons por muitos (ou poucos) motivos, e também algumas produções que achei medianas – mas que possuem nelas o selo que definiu a fama do cineasta dentro de sua carreira.

    Olhos de Serpente, por exemplo, não foi, nem de longe, o melhor filme de Brian De Palma; mas seu enorme plano-sequência inicial é algo a ser destacado, pela técnica habitual do cineasta nas ideias de movimento de câmera. Jackie Brown objetivamente não é o filme menos lembrado da filmografia de Quentin Tarantino, mas é o único filme em que seu roteiro é adaptado de outra fonte que não sua mente. E Barry Lyndon, um filme tecnicamente brilhante, o mais premiado pelo Oscar dentro da filmografia de Stanley Kubrick, e que é pouquíssimo citado pelo grande público. Ou Desencanto, filme menos grandioso, porém com valor dramático inestimável dentro do currículo do mestre David Lean.

    Espero que todos os leitores que me conhecem vejam nas páginas do livro algo sobre o que já conversei com elas, e que os leitores que não me conhecem passem a ter minhas humildes opiniões dentro do rol daquelas que valham a pena serem levadas em consideração para avaliar um filme no futuro, o que será um grande prazer.

    Desejo uma boa viagem pelos filmes sugeridos, e que voltem sempre!

    Rashomon

    (Idem)

    De: Akira Kurosawa

    Com: Toshiro Mifune, Machiko Kyo, Masayuki Mori,

    Takashi Shimura, Minoru Chiaki, Kichijiro Ueda

    Preto e Branco. Japão. 1950. 88 minutos.

    "Mentir é humano,

    tem vezes que nem podemos ser honestos

    consigo mesmos"

    - Plebeu -

    Sob intensa chuva num vilarejo japonês, um pastor (Minoru Chiaki) e um lenhador (Takashi Shimura) olham atônitos a tempestade, sem reação, até a chegada de uma terceira pessoa, um plebeu (Kichijiro Ueda), que puxa assunto com ambos. A partir daí, o lenhador relata que o samurai Takehiro Kanazawa (Masayuki Mori) foi assassinado, sua esposa Masako (Machiko Kyo) foi violentada, e um bandido local, Tajomaru (Toshiro Mifune), foi detido como suspeito do homicídio.

    A partir daí, a história é contada em flashback por depoimentos, que, por sua vez, contêm flashbacks do ponto de vista de cada depoente sobre o crime em questão. Neste contexto, o diretor Akira Kurosawa apresenta um enredo intrincado e dúbio, onde o que está em estudo é o ser humano em si, e não apenas seus personagens (ou quem os representa; no caso da vítima, um médium, talvez o ponto mais cômico e bizarro do filme).

    Para dar estofo a todo este enredo, o roteiro adaptado pelo próprio diretor juntamente com Shinobu Hasimoto e baseado em contos de Ryunosuke Akutagawa, aponta boas nuances nos diálogos e nos depoimentos. O espectador mais atento consegue perceber as diferenças de enfoques de acordo com o perfil de quem conta a história – o que, em tese, também pode ser encarado como uma aula de adaptação de fatos verídicos, mostrando que nem sempre uma versão corresponde 100% aos fatos.

    A versão lançada em DVD, restaurada recentemente, é uma dádiva para os cinéfilos por não deixar o grande trabalho do diretor de fotografia de Kazuo Myiagawa se perder. É uma aula que nos faz, enquanto espectadores contemporâneos, lembrar de filmes mais recentes que utilizam técnicas trazidas por Myiagawa – por exemplo, em termos de movimento em contraposição à iluminação, como no início do flashback do lenhador, ou na cena em que o samurai, sua esposa e o bandido se encaram triangularmente, artifício muito usado posteriormente em filmes de faroeste.

    No elenco, destacaria o eterno protagonista de Akira Kurosawa, o ator Toshiro Mifune, aqui extraindo bem cada versão da história em que seu personagem (Tajomaru) aparece nos flashbacks: nas falas, nas risadas usadas como interposições de seus diálogos, e nos movimentos físicos que compõem bem as origens de seu personagem (dizem que Mifune estudou os movimentos de um leão como inspiração). Destaque também para a atriz Machiko Kyo, que vai do silêncio discreto à passionalidade descarada sem muito esforço, e Takashi Shimura, como o lenhador que faz parte do rol de depoentes, com papel moral muito interessante naquilo que o filme realmente significa.

    Akira Kurosawa é um profissional amplamente citado como referência para grandes diretores de cinema, como Sergio Leone, Steven Spielberg e George Lucas, nos trabalhos que os fizeram famosos. Neste filme lançou o artifício do flashback como recurso narrativo (e não apenas um instrumento de delação de fatos exatos), tendo sido agraciado com o Oscar de melhor filme estrangeiro na época (e traz consigo uma lenda: de que foi o longa que inspirou a criação desta categoria na disputa da Academia).

    Biutiful

    (Idem)

    De: Alejandro González-Iñarritú

    Com: Javier Bardem, Maricel Álvarez, Hanaa Bouchaibi, Guillermo Estrella, Eduard Fernández, Cheikh Ndiaye, Diaryatou Daff, Taisheng Cheng, Jin Luo

    Cores. México. 2010. 148 minutos.

    "Olhe pros meus olhos, para o meu rosto.

    Lembre-se de mim, por favor Ana,

    não se esqueça de mim"

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