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Ser consagrado hoje
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E-book140 páginas3 horas

Ser consagrado hoje

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Sobre este e-book

Há várias formas de servir a Deus e uma delas é a consagração. Nesta obra, o autor esclarece sobre a vida dos homens e mulheres que são escolhidos pelo Senhor para servi-lo de forma especial, configurando-se à pessoa de Cristo. Essa consagração é um ato de entrega integral aos Senhor, que provoca uma transformação radical do ser, onde a perfeita comunhão com Jesus Cristo se expressa profundamente no modo de agir do consagrado.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento27 de nov. de 2013
ISBN9788527614955
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    Ser consagrado hoje - Pe. Marcos Loro CMF

    21,1-5).

    1

    Vidas guiadas pelo Espírito Santo

    Àimitação de Jesus, aqueles que Deus chama para seu seguimento são consagrados e enviados ao mundo para continuar a sua missão. Antes, a mesma Vida Consagrada, sob a ação do Espírito Santo, se torna missão. Quanto mais os consagrados deixam se conformar a Cristo, mais o tornam presente na história pela salvação dos homens. Abertos às necessidades do mundo na ótica de Deus, olham para um futuro com sabor de ressurreição, prontos a seguir o exemplo de Cristo, que veio entre nós para ‘dar a vida e dá-la em abundância’ (Jo 10,10) (Partir de Cristo, 9).

    Ao longo dos séculos não faltaram homens e mulheres que, dóceis e movidos pelas inspirações do Espírito Santo, e, portanto pela experiência fundante de Deus, escolheram seguir e se dedicar a Jesus Cristo de coração indiviso (VC, 29) e desta forma contribuíram para que o Mistério e a Missão da Igreja pudessem se manifestar e se realizar em plenitude. Iremos falar, neste capítulo, de vida em seguimento de Jesus Cristo; e ao falar em e de vida devemos estar abertos ao dinâmico mistério que envolve toda esta realidade.

    A história da Vida Consagrada é a história do discernimento dos sinais dos tempos, discernimento da permanente novidade com que as Palavras do Senhor vão manifestando o seu desígnio salvífico na aparição de cada forma de Vida Consagrada na Igreja. É importante perceber que o aparecimento das variadas formas de Vida Consagrada está em íntima conexão com determinadas situações de desajuste entre os desígnios do amor salvífico de Deus e a realidade do mundo e da Igreja. Diante destes desajustes, a fé e o amor fizeram que alguns homens e mulheres se comprometessem de corpo e alma a dar-lhes uma resposta. Outro detalhe importante é que as formas de Vida Consagrada não se constituíram como um mundo à parte, mas armaram sua tenda num contexto social e eclesial bem determinado e nele se convertem numa exegese viva das palavras e dos exemplos do Senhor (LG, 43).

    Ao apresentar neste primeiro capítulo alguns aspectos da origem e do desenvolvimento da Vida Consagrada no decorrer dos séculos, é meu desejo fazer que os leitores, principalmente os que optaram por este estado de vida, percebam que a nossa história foi e continua a ser guiada pelo Espírito Santo e que, por isso mesmo, é fruto de um constante discernimento e de uma eterna peregrinação de e na fé. Nas origens da Vida Consagrada repousa a sólida convicção de que para seguir e imitar Jesus Cristo precisamos estar sempre atentos ao novo do Espírito Santo, ao vento impetuoso que nos desinstala e faz novas todas as coisas: Sempre fascina viver e experimentar como a vetusta instituição da Vida Religiosa (VC) resiste ao tempo e se deixa interpretar no nível do conhecimento e reestruturar-se no nível da práxis em diferentes horizontes de pensar e viver ². É gratificante, saudável ilusão e motivo de esperança saber que em nossas origens estão a inquietude e a eterna novidade de Deus³. Como é bom saber e ter humildade para aceitar que o nosso passado, o nosso presente e o nosso futuro estão nas mãos de nosso Deus e Pai, nas mãos do nosso Abbá!

    As raízes da VC estão enterradas no solo firme e fecundo da história do Povo de Israel. Lá encontramos os nazireus, homens consagrados a uma missão peculiar em relação ao povo de Deus: sua libertação e sua salvação. A referida consagração estava pautada basicamente por três votos: não cortar o cabelo, abster-se de vinho e não se aproximar de cadáveres (cf. Lv 21,1-2). Mas o aspecto mais importante desta consagração estava no fato de ela ser força para a missão que lhes era incumbida. Encontramos também os profetas, aqueles homens e mulheres que receberam uma vocação especial: guiar o povo de Deus nos momentos críticos da sua história. Um detalhe importante e que não pode ser esquecido é que esta vocação nasce e se solidifica a partir de uma forte experiência espiritual. Disto temos que o profeta é essencialmente o homem do Espírito⁴, aquele que ao abrir a boca diz: Assim fala o Senhor. Outro detalhe importante: o testemunho e a mensagem dos profetas não se baseiam apenas nas palavras, mas são acompanhados de sinais, sendo o principal o seu modo de ser e agir. A sua vida passa a ser a certificação das suas palavras.

    Ainda no Antigo Testamento encontramos outros grupos que nos apontam, mesmo que de forma indireta, para aquilo que hoje entendemos e vivemos como VC: temos os recabitas, os assideus, os terapeutas e os essênios. Destes merecem destaque a vida e a obra dos essênios, que vieram à luz com a descoberta dos manuscritos do Mar Morto⁵. Um movimento ascético, radical e de tipo heterodoxo. A Regra da Comunidade de Qumran está perfeitamente detalhada como qualquer uma das regras monásticas do cristianismo. Não falta nada de tudo o que se refere ao ser e fazer de seus membros. Estão bem definidos os ideais e a finalidade; uma doutrina que rege e inspira a espiritualidade; regras bem concretas para a admissão, formação e vida interna; castigos para os infratores; inclusive uma descrição de como deveria ser uma comunidade modelo ou piloto no deserto.⁶

    Ao entrarmos na era cristã nos deparamos com o estilo de vida radical dos primeiros cristãos. Eles procuraram viver bem de perto a vida de Jesus e marcavam sua presença no mundo mediante o testemunho pessoal e comunitário, como nos testemunham os Atos dos Apóstolos e a Carta a Diogneto⁷. Ao falar dos primórdios do cristianismo não podemos esquecer que os primeiros séculos foram marcados pelas perseguições e que os cristãos eram tidos como estranhos pelo Império Romano: sua fé e seu modo de ser e agir os situavam à margem da vida dos demais cidadãos. Alguns estudiosos chegam a afirmar que não havia categoria humana na qual os cristãos poderiam ser enquadrados. É exatamente neste contexto que desponta com toda a força a espiritualidade do martírio. O mártir era a testemunha por excelência; a sua fidelidade a Cristo era provada pelo derramamento do sangue. O martírio era uma explícita referência à morte do Senhor. Orígenes afirmava que os cristãos viviam constantemente preparados para o martírio: Éramos de verdade fiéis quando o martírio batia à nossa porta desde que nascíamos para a Igreja… Quando os catecúmenos eram catequizados vendo o testemunho dos mártires e a morte dos cristãos que confessavam a verdade até o fim… Então os cristãos eram pouco numerosos, porém verdadeiramente fiéis, pois caminhavam pela estrada estreita e áspera que conduz à vida.

    Neste contexto de perseguição, martírio e consequente tensão escatológica, despontam no seio da Igreja Primitiva as virgens e os ascetas. Durante os primeiros séculos, ascetas e virgens não tinham nenhuma organização particular, permaneciam no seio das suas famílias, inseridos na comunidade, no interior da Igreja, e a partir desta inserção davam testemunho de um novo tempo, o tempo do Reino dos Céus. O Ideal dos ascetas e das virgens não era apenas viver a continência, mas buscavam uma conversão total, um transcender a si mesmos por amor a Cristo e aos irmãos. O seu programa de vida era imitar Cristo em todas as coisas. Os primeiros pensadores da Igreja associavam a livre opção pelo estado de virgindade ao martírio, à escatologia e a Maria. As mulheres que optavam pelo estado da virgindade também eram chamadas de esposas de Cristo. Tertuliano as exorta a cobrirem a cabeça, como esposas de Cristo que são, já que não visam a agradar a mais ninguém.⁸ Os ascetas tinham uma espiritualidade idêntica à das virgens. Eram denominados ascetas não por causa dos exercícios morais que praticavam, mas principalmente pelo empenho e pelo propósito de viver em continência perfeita. Alguns autores afirmam que algumas formas modernas de vida secular consagrada, os chamados institutos seculares, se inspiraram no testemunho dos ascetas e virgens.

    O fim das perseguições⁹ desencadeou um novo processo na Igreja, ou seja, a Igreja começou a ter privilégios e riquezas, suas leis eram oficiais e as conversões ocorriam em massa. A paz romana trouxe para dentro da Igreja um notável espírito mundano, o qual, por sua vez, fascinou tanto os fiéis leigos quanto a hierarquia. A referida paz agradou os cristãos, porém os neutralizou… Esta é a maneira mais sutil de perseguir uma religião¹⁰. Ao lado deste processo de distanciamento do ideal da comunidade primitiva começou surgir algo novo no seio da Igreja. O vento impetuoso do Espírito soprava agora para o deserto e trazia de lá uma denúncia profética, o monacato do deserto. Tanto em sua

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