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Reflexões ao longo de uma fé: Sobre as angústias e as alegrias do ser humano
Reflexões ao longo de uma fé: Sobre as angústias e as alegrias do ser humano
Reflexões ao longo de uma fé: Sobre as angústias e as alegrias do ser humano
E-book221 páginas2 horas

Reflexões ao longo de uma fé: Sobre as angústias e as alegrias do ser humano

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Sobre este e-book

Padre Zezinho nos convida a diálogos dos mais variados temas, em uma coletânea de reflexões, escritas ao longo de 45 anos, para despertar nos leitores, principalmente os mais jovens, uma paixão pela espiritualidade engajada, libertadora e penitente que todo cristão deve ter, a fim de aplicar na vida o que a profissão de fé exige.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento25 de nov. de 2013
ISBN9788527614863
Reflexões ao longo de uma fé: Sobre as angústias e as alegrias do ser humano

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    Reflexões ao longo de uma fé - José Fernandes de Oliveira Pe. Zezinho

    Oliveira)

    1. Oração inicial

    Em verdade vos declaro: se não vos transformardes

    e vos tornardes como criancinhas, não entrareis no

    Reino dos Céus (Mt 18,3).

    Que eu me arrependa, porque estas foram as primeiras

    mensagens de João Batista e de Jesus!

    Que eu queira me arrepender,

    porque este é o começo de toda verdadeira conversão!

    Que o bom Deus me converta, porque, por mim mesmo,

    dificilmente acharei o rumo e a direção!

    Que eu me converta, porque, se eu não fizer o esforço

    de virar para a direção certa e dar os passos que preciso

    dar, vai ser difícil permanecer no caminho reto!

    Que eu perdoe a quem me feriu, porque eu também já feri!

    Que eu continue perdoando a quem me fere,

    porque eu também continuo ferindo a quem eu uma vez feri!

    Que eu faça de tudo para fazer o bem que quero fazer,

    porque muitas vezes eu fiz o mal que não queria fazer!

    Que eu humildemente peça desculpas a quem eu magoei,

    mesmo que outros não queiram me desculpar!

    De uma coisa estou certo: acertei e errei.

    Em muitos momentos mais errei do que acertei!

    Agradeço ao Deus em quem eu creio pelos acertos

    e peço perdão pelos desvios!

    Sou um ser humano cheio de imperfeições e fissuras

    no edifício que eu mesmo ergui.

    Há tanto o que reparar que morrerei tentando restaurar

    o edifício do meu imperfeito eu!

    Mas, por agora, o que peço é a graça de nunca mais ferir

    a quem quer seja!

    Será o começo da minha conversão!

    2. Creio, mas não sei!

    Eu mentiria se dissesse que sei quem é Deus. Tenho noção de quem Ele seja, mas não posso dizer que o conheço como Ele é. Por mais filosofia que tenha estudado, o conceito do ser de Deus escapa ao meu vislumbre ou ao meu encantamento. Para definir o ser que é Deus, eu teria de saber o que é ser. Admiro os filósofos que conseguiram explicar o ser. Embora eu não tenha chegado tão longe, eles me ajudaram a pensar mais longe do que já pensei.

    Sei distinguir a pedra do vegetal, o vegetal do animal e o animal do humano. E não tenho dificuldade de crer que existam seres espirituais acima dos humanos. Mas é fé, porque eu nunca vi nenhum querubim, nenhum serafim, nenhum arcanjo, nenhum anjo. Há quem diga que já viu e sabe como esse mundo espiritual é. Eu não vi e não sei. Só creio. Tomara que os que dizem que viram estejam certos, porque vejo milhares de pregadores anunciando o que eles mesmos não conseguem distinguir. Parecem motoristas de ônibus em dia de neblina ou de chuva que mal enxergam a pista, mas teimam em levar seus passageiros por entre o aguaceiro e a densa nuvem. Poderiam esperar até conseguirem enxergar melhor, mas a pressa de ir leva-os por caminhos que desconhecem.

    Há muitas maneiras de dirigir um barco, mas a mais perigosa é a do barqueiro que sem farol à vista e sem instrumento algum confia apenas em sua fé. Se está perdido, deveria revelar isso aos que navegam com ele. Seria mais honesto! E, então, orar seria mais coerente! Por que não descobrir o caminho juntos?

    Vivo dizendo ao Deus em que eu creio que me esclareça e me ajude a não pecar mais do que já pequei. Preciso de clareza para entender, porque sei que jamais conseguirei isso com meus recursos intelectuais limitados. Se grandes pensadores admitem que Deus é um mistério possível ou real, com todos os livros que já li admito que continuo intelectualmente pequeno. Ainda não entendo o Criador, a vida, o passado e o futuro. Vou desvendando a conta-gotas a sabedoria dos séculos oferecida pelos que me precederam.

    Eu creio em Deus, mas não ouso ir a um púlpito ou a um microfone e proclamar que sei quem é Deus e o que me está reservado. Eu mentiria aos fiéis que me ouvem e bebem minhas palavras se os convencesse a crer exatamente como eu creio. Seria como dar a eles meus óculos, garantindo que verão o que eu vejo. Não posso dar a eles meus olhos. E meus óculos, que auxiliam meus olhos míopes a ver, deturpariam as suas visões, tornando a jornada ainda mais árdua. Penso que diante de Deus somos todos míopes, hipermetropes… cegos!

    3. Espero que Deus me esclareça

    Eu mentiria se dissesse que entendo o mistério da Santíssima Trindade. Mentiria se dissesse que entendo o mistério do Deus único. Porém, não mentiria se dissesse que creio na existência de Deus. Não mentiria se dissesse que considero possível que Deus seja um só ser, mas seja Pai, Filho e Espírito Santo ao mesmo tempo. Li livros ferinos e agressivos contra minha fé e escolhi o silêncio. Consigo crer e consigo respeitar quem não crê e quem não me respeita. Eu jamais diria que um ateu, um muçulmano ou um budista estão fora de si. A fé está dentro de cada um de nós.

    O fato de eu crer não significa que tudo está claro para mim. Não está! Como diz Mestre Eckhart¹: espero que Deus me esclareça, porque não tenho luzes suficientes para entender de tempo e de eternidade. Os pregadores que falam com absoluta certeza e clareza sobre Jesus, apoiando-se na Bíblia, conseguem milhões de ouvintes. Quem não gostaria de ouvir todos os dias um pregador que, dia após dia, explica a Bíblia com absoluta certeza? Naquele templo e nas casas desses fiéis não há mais dúvidas. Está tudo explicado ou será tudo explicado. E, quando surge alguma dúvida, o pregador orienta os fiéis a ter fé, afirmando que o Espírito Santo os esclarecerá e lhes revelará a verdade, seja por alguma luz pessoal, seja pela profecia do pregador.

    Quem nunca ouviu isso na mídia religiosa atual?

    Eu penso que a dúvida é boa. Incita-nos a ler a Bíblia. A buscar Deus, se não exatamente buscar respostas. A jornada da fé é mais importante que o destino final. Este é de incumbência divina.

    1 Teólogo e filósofo alemão que viveu no século XIII.

    4. Indigno da Palavra

    Não sei quanto aos outros, mas medito frequentemente nas palavras do apóstolo Paulo a respeito da graça de poder pregar o Evangelho. É graça e ninguém é digno.

    Porque eu sou o menor dos apóstolos, e não sou digno de ser chamado apóstolo, pois que persegui a Igreja de Deus (1Cor 15,9)

    Temos este tesouro em vasos de barro, para que transpareça claramente que esse poder extraordinário provém de Deus e não de nós (2Cor 4,7).

    Uma coisa é querer fazer o bem e outra é acertar sempre. Se não chegou, o dia chegará em que seus erros ou seu erro dependerão apenas da misericórdia e do perdão de Deus ou de quem foi ofendido. Por mais que você faça e peça perdão, você vai precisar da misericórdia dos outros.

    O que Paulo quis dizer é que o arrependimento deve ser sincero e que os atos devem ser sinceros, mas isso não nos torna dignos de reconciliação. Faltará sempre a outra parte. Se Deus perdoar, e Ele quer perdoar, ainda faltarão a boa vontade e o perdão de quem não zerar o ocorrido. É o que acontece com pais que perderam seus filhos ou pessoas feridas que não conseguem e não querem perdoar. Ao crente resta orar para um dia ser perdoado, em virtude do bem que já fez. Porém, como nos diz São Paulo, é uma questão de misericórdia.

    Imagine um político que tenha errado uma vez, mas corrigiu seu erro. Ele deve deixar a política por causa disso? Imagine uma moça que errou, mas não quer mais errar. Deve deixar de fazer o bem? Um pregador nunca mais deve pregar, mesmo tendo pedido perdão e reparado o mal? Paulo nunca mais deveria pregar porque participou da morte de Estêvão? Pedro nunca mais deveria pregar porque traiu Jesus, mesmo tendo se arrependido?

    Uma coisa é o perdão de Deus, outra é o perdão dos ofendidos. Mesmo que o pai nunca mais perdoe alguém que tenha atropelado seu filho, deixando-o numa cadeira de rodas, quem errou deve fazer de tudo para ao menos ajudar essas pessoas que foram afetadas por seu grave erro. Quem pode dizer que é digno de subir a um altar ou um púlpito? O que está em questão não é o perdão do pai ou da mãe cujo filho está numa cadeira de rodas por causa de um acidente. Do ponto de quem feriu, que haja sinceridade em reparar o malfeito, mesmo que nunca mais encontre o perdão das pessoas a quem feriu.

    Paulo afirmou que era o menor de todos os apóstolos por entender que errara mais do que os outros. Arrependeuse, mas não se deixou vencer pelo remorso a ponto de deixar de fazer o bem. Não era digno, mas estava fazendo de tudo para merecer o perdão.

    É possível que entre seus desafetos tenha havido quem jamais perdoou Paulo. Entretanto, no fim da vida, Paulo poderia dizer que tinha de tudo para merecer um lugar no céu, porque contava com a misericórdia de Deus; a dos humanos nem sempre vem. Se um de nós tem perdão a pedir, que peça! E, se não for perdoado, aceite o fato. Deus viu, Deus vê.

    Talvez não sejamos dignos de pregar a Palavra. Porém, aquele que garante que é digno desta Palavra é melhor que o seja, porque haverá quem o questione. Enquanto isso, peçamos perdão e aceitemos a misericórdia de Deus e dos homens!

    5. O silêncio de Deus

    Não sei se ouço o silêncio de Deus. A expressão é poética e mística e gostaria de captar a extensão de seu significado. Apenas o imagino, porque até agora nunca ouvi o som da voz de Deus. Os sons da Terra e do Universo que ouço quando vou ao campo, ao mar e à montanha e quando ouço os ecos da Ciência, entendo que podem ser ecos da criação, não posso dizer que são o som de Deus.

    Distingo entre o que é poesia, o que são sonhos, o que são desejos e o que é a realidade. Gostaria de um dia ouvir a voz de Deus, mas, pelo menos eu, não ouvi o som que vem da boca de Deus, até porque Deus não tem boca. Não é um ser humano! É mais! Há quem diga que sente o seu toque. Mas nunca senti Deus me acariciando a testa ou os cabelos. E Deus também não me sopra segredos aos ouvidos.

    Que bom que existe quem possa garantir que ouve os sons de Deus, ouve a música dos anjos e sente o toque de Deus nos ombros… Eu gostaria de crer naqueles sons que alguns irmãos dizem ser o som dos anjos. Até agora não há como provar que esse som veio do céu. Deus nunca me deu esses sinais. Ele só me deu fé. O resto, eu imagino com os parcos recursos da minha mente.

    Isso mesmo! Sou um crente em Deus que nunca viu Deus, nem um anjo, tampouco nenhum bem-aventurado. Creio, mas nunca vi. Deus não me fez vidente, nem profeta que escuta sua voz. Não sou como Moisés, nem como dezenas de profetas que ouviam Deus falar. Esse dom Deus não me deu. Ele só me deu fé. Fecho os olhos e imagino o Pai, o Filho e o Espírito Santo em algum lugar ou situação, tento ver que Deus é um só, mas é Uno e Trino. E isso também é fé, porque nunca vi nenhuma das três pessoas ou uma pessoa que seja as três. O Filho, que creio que se encarnou, também nunca me apareceu. Quando tomo a Eucaristia nas mãos, meus olhos veem trigo e vinho. Mas meu coração crê que Ele age naquele momento. Isso é fé! Eu nunca vi Jesus no sacrário, nem na patena. Meus olhos nunca viram Jesus, contudo eu creio que Ele age, da mesma forma que não vejo o vento, mas sei que ele sopra e me envolve.

    Um amigo ateu uma vez me disse me admirar muito, mas me acha confuso. E quem não é? Ele também crê na fusão nuclear, mas nunca chegou perto desse processo, nunca o viu acontecer. Para transformar o pensamento em palavras, ele precisa de imaginação. Ele crê no amor, mas para ele também é um mistério intangível, intocável. Ele leu sobre a dança das estrelas, mas o que ele conhece é quase nada em vista do que ele sabe que existe lá fora. Precisa imaginar o que ele não vê, mas que pode existir. Eu também! Não vejo, mas minha fé me diz que Deus existe e age.

    6. O inexplicável

    Um ateu, ainda jovem, já foi seguidor de Jesus. Mas os livros o convenceram a ir em direção oposta e ele dizia que o inexplicável seria aquilo que por enquanto ainda não foi explicado… Ele deve ter lido em algum livro de Ciências Humanas e achado que isso aí era contra a fé. Eu distingo entre as sabedorias humanas e as sabedorias da fé. Não aceito nenhum argumento nem de professor nem de pregador que me fale que elas são opostas e mutuamente exclusivas. E estou aberto a qualquer um que quiser me contestar.

    Uma senhora de 43 anos, que tinha câncer em estágio avançado, foi desenganada pelos médicos. Ninguém no hospital imaginava este desfecho: ela orou sem a presença de padre, nem de pastor, e revelou à irmã mais nova que sonhara com Jesus e Maria e sentira que seria curada. Duas semanas mais tarde, recebeu alta. Dois meses depois, já estava trabalhando normalmente. Não fora a nenhum templo nem ouvira nenhum pregador. Os médicos pediram a ela que os ajudasse a estudar seu caso. E ela concordou, mas pediu que não mais lhe introduzissem nada em seu corpo. Concordou apenas em ceder amostras de tecido e sangue. E exigiu

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