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Leituras em Kant: O Ensino Religioso / Os Juízos Teleológicos / A Folha de Figueira
Leituras em Kant: O Ensino Religioso / Os Juízos Teleológicos / A Folha de Figueira
Leituras em Kant: O Ensino Religioso / Os Juízos Teleológicos / A Folha de Figueira
E-book112 páginas1 hora

Leituras em Kant: O Ensino Religioso / Os Juízos Teleológicos / A Folha de Figueira

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Sobre este e-book

O presente livro compreende três artigos desenvolvidos a partir da leitura do autor e seus estudos acerca da filosofia do célebre filósofo clássico Immanuel Kant, um ícone da filosofia moderna.
Ao longo de três capítulos é apresentada ao leitor a filosofia de Kant. Desenvolvida de maneira inédita e com uma interpretação sem igual sob perspectiva diferente, primeiramente, a partir dos escritos "Sobre Pedagogia" ainda pouco difundidos, nos quais o filósofo de Königsberg enfatiza a importância do ensino religioso na formação do sujeito autônomo como uma espécie de complementação ao ensino da ética e do dever com vistas a um propósito cosmopolita. Pois, no sistema kantiano é vislumbrada uma "Paz Perpétua" entre os homens, um mundo sem diferenças morais, erguido sob a égide de uma religião ética universal, na qual a humanidade poderia viver em harmonia, de maneira pacífica, onde prevaleceriam o respeito em meio a diversidade e o amor universalmente pautado no imperativo categórico da razão.
Em seguida, são apresentados os juízos teleológicos como princípios reguladores do raciocínio que, coroam toda sistemática da Religião em Kant. Inicia pelos juízos fundamentais do conhecimento, causalidade e universalidade que são pressupostos em qualquer exercício da razão, onde a função da razão em formar conceitos para gerar conhecimento é, em si, um ato teleológico. O conceito formulado se torna uma finalidade da arquitetônica do pensamento a priori. O resultado desta análise considera o vínculo entre ética/religião e aponta o acordo entre fim moral com o fim último da criação que, justificam a aplicação dos juízos sintéticos a priori em toda a extensão da filosofia moral.
E por último, o autor nos traz uma leitura geral do opúsculo kantiano intitulado Início Conjectural da História Humana, onde o filósofo de indica, de maneira analógica à narrativa edênica, os quatro primeiros passos da razão rumo à sua moralidade. Ao apresentar a narrativa edênica como uma história conjectural, o filósofo suscita, no detalhe providencial das vestimentas por meio de folhas de figueira utilizadas pelos primeiros seres racionais, os conceitos de recusa e decência a partir deste ato completamente livre, a saber, por recusarem seu estado natural de nudez, e, por conseguinte, se imporem a vestimenta como um princípio efetivo da decência. Deste modo, Kant fundamenta a moralidade na razão a partir de uma condição autônoma da vontade.
IdiomaPortuguês
EditoraViseu
Data de lançamento1 de jun. de 2019
ISBN9788530005115
Leituras em Kant: O Ensino Religioso / Os Juízos Teleológicos / A Folha de Figueira

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    Leituras em Kant - Davi Gadelha Pereira

    www.eviseu.com

    1 - Kant e o ensino religioso nos escritos sobre pedagogia

    Resumo

    O presente artigo objetiva desenvolver de maneira sucinta algumas considerações que o célebre filósofo alemão Immanuel Kant apresenta acerca do ensino religioso na composição de seus textos em Sobre a Pedagogia. O filósofo de Königsberg enfatiza a importância do ensino religioso na formação do sujeito autônomo como uma espécie de complementação ao ensino da ética e do dever com vistas a um propósito cosmopolita. Pois que, no sistema kantiano é vislumbrada uma paz perpétua entre os homens, um mundo sem diferenças morais, erguido sob a égide de uma religião ética universal, na qual a humanidade poderia viver em harmonia, de maneira pacífica, onde prevaleceriam o respeito em meio a diversidade e o amor universalmente pautado no imperativo categórico da razão. Para tal alcance, Kant, em sua forte ênfase aos direitos humanos, uma vez que é considerado o maior teórico deste conceito, entendia a necessidade de uma educação voltada a este aperfeiçoamento ético entre os seres racionais, conduzida numa progressão que pudesse levar a humanidade a uma perfeição moral de maneira universal.

    Palavras-chave: educação; Kant; razão; religião.

    2 - Introdução

    Kant (1724-1804) nasceu em Königsberg¹ (Montanha do rei) no reino da Prússia, onde viveu até a sua morte.

    Sem dúvidas, o filósofo de Königsberg foi um expoente na história da filosofia, tornando-se um divisor de águas no pensamento moderno. Viveu e escreveu sua obra num período de grandes revoluções e mudanças culturais, políticas, religiosas e sociais, que o fizeram pensar o homem como um fim em si mesmo, enquanto sujeito dotado de liberdade que tem diante de si a árdua tarefa de conduzir-se, enquanto sujeito de uma coletividade, em direção a um fim comum a todos os demais indivíduos de sua espécie.

    A eclética erudição kantiana que o levou a lecionar disciplinas como física, geografia, metafísica, lógica, filosofia, dentre outras, também o conduziu à cátedra de pedagogia, como era comum aos professores de filosofia na Universidade de Königsberg.

    Dessa experiência com a cadeira de pedagogia surgiu, mais tarde, a oportunidade de compartilhar seus apontamentos acerca daquela que, segundo o filósofo alemão, assim como a arte de governar, é o maior e mais difícil problema que se pode propor ao homem, a educação². Assim, o breve tratado Sobre a Pedagogia, o qual é composto por três partes (Introdução; capítulo 1, Sobre a educação física; e capítulo 2, Sobre a educação prática) que totalizam uma compilação de notas de aulas³ organizadas por seu aluno Friedrich Theodor Rink e publicadas, um ano antes da morte de Kant, em 1803.

    Na introdução deste sucinto, porém não menos sistemático, tratado de educação, nosso filósofo apresenta não apenas a sua definição de educação, mas a coloca como fundamento-chave de toda a sua filosofia, no que se remete aos fins últimos da humanidade (teleologia), ou seja, a felicidade.

    Uma vez que Kant sonhava com uma paz perpétua entre os homens, em que todas as nações seriam regidas por uma federação legisladora comum, numa espécie de Estado ético erguido sob as bases de uma religião racional universal, a educação é tida, pelo filósofo, como a arte que irá ajudar os seres racionais a desenvolverem as suas disposições naturais originárias, e, por isso, ela é a única capaz de conduzir todos rumo a este ideal cosmopolita.

    Ademais, o propósito deste trabalho é o de apresentar, de maneira bastante sintética, em virtude das disposições de espaço – o que limita a deter-se especificamente nas últimas páginas da obra –, aquilo que Kant entendia por educação e ensino religiosos e qual seria o seu principal papel na história da humanidade.

    Kant se apresenta ainda como divisor de águas na história da filosofia, não apenas pelo fato de procurar convergir em sua filosofia as escolas de pensamento empirista e racionalista, apesar de iniciar pelo empirismo e depois mergulhar totalmente no racionalismo. No entanto, o filósofo também concedeu novos rumos à forma de se pensar e de se fazer a teoria do conhecimento, a metafísica e, por que não, afirmar ainda quanto à própria linguagem.

    Isso se evidencia em sua filosofia crítica, ou, como o próprio Kant preferia que fosse denominada sua doutrina, a saber, idealismo transcendetal ou "idealismo crítico⁴, em que diferenciava princípio de derivação do conhecimento, ao dizer que todo conhecimento, apesar de principiar na experiência, não deriva, por sua vez, da experiência, pois ficou claro que seu discurso se dirigiu à elaboração de saídas filosóficas diante da confusão na qual havia se instaurado a partir da dogmática e das concepções de alguns empiristas e lógicos, tais como Hume, Locke, Berkeley, Leibniz, o próprio Descartes, dentre outros. Vejamos:

    Se, porém, todo o conhecimento se inicia com a experiência, isso não prova que todo ele derive da experiência. Pois bem poderia o nosso próprio conhecimento por experiência ser um composto do que recebemos através das impressões sensíveis e daquilo que a nossa própria capacidade de conhecer (apenas posta em ação por impressões sensíveis) produz por si mesma, acréscimo esse que não distinguimos dessa I matéria-prima, enquanto a nossa atenção não despertar por um longo exercício que nos torne aptos a separá-los (KANT, 2001, p.62).

    Ao identificar os conceitos de tempo e de espaço como intuições a priori, ou seja, livres da influência empírica, por não significarem diretamente objeto algum da natureza, mas unicamente conceitos criados na razão com o propósito de fazerem referência ou de abarcar os conceitos internos e externos da razão, Kant fundamenta suas pretensões e, como ele próprio acreditava, se distancia dos idealistas que o antecederam, uma vez que não negou a existência física da natureza, mas tão somente o conhecimento dela como coisa-em-si mesma, ou seja, o conhecimento completo de toda substancialidade essencial da natureza bem como sua realidade absoluta.

    De maneira que o discurso kantiano se apresenta sempre como uma espécie de caminho do meio, uma via intermediária dentro do idealismo, ou, talvez, até mesmo como um contraidealismo na filosofia.

    No decorrer dessa breve pesquisa, percebemos que o filósofo não estava preocupado em manter uma abordagem voltada para uma educação cristã, mas ao contrário disso, buscava uma didática para o aprendizado daquelas razões conceituais concernentes àqueles termos que transcendem a razão teórico-especulativa, ou seja, dos conceitos extensivos da Razão Prática, a saber, dos postulados.

    Também, podemos observar que não é seu interesse provar ou negar a existência de um Deus cristão⁵, o que fica claro devido às próprias limitações da razão teórica neste sentido, mas sim, assentar, na razão, o conceito ou a ideia de Deus – muito embora seja firme a concepção de um Legislador – como um conceito válido e necessário para a completude de toda arquitetônica do pensamento, especialmente no que concerne à religião, onde será verificado não apenas a possibilidade de suas causas, mas também suas finalidades últimas, ou seja, como um Legislador.

    Por certo que, em quase todas as obras que remetem ao tema da religião em Kant, pelo menos naquelas que foram perscrutadas para a produção do presente texto, há uma mesma definição,

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