Não seja o último de si mesmo: O valor de mentorear e deixar um legado

De Jackson Antônio

Quando um atleta disputa em uma corrida de revezamento, é necessário que ele não apenas corra, mas que também passe o bastão para o companheiro de equipe que está adiante. A prova só é concluída se todos os integrantes da equipe passarem o bastão até que o último atleta da equipe cruze a linha de chegada.
No Reino de Deus também é assim, a prova ainda não foi concluída, e nós, como atletas dessa geração, que pegamos o bastão da geração passada, precisamos passá-lo para a próxima geração.
Em Não seja o último de si mesmo, evoco mentores e discípulos a compreenderem a necessidade de não serem os últimos de si mesmos. Dons e talentos nos foram dados para que treinemos outras pessoas para a grande comissão de Jesus: "Ide e fazei discípulos de todas as nações".
Que possamos ser como os grandes líderes e mentores do Novo e do Antigo Testamento e, acima de tudo, que sejamos como Jesus, o mentor dos mentores. Que passemos o bastão, fazendo sucessores que darão continuidade àquilo que divinamente nos foi dado.
Não seja o último de si mesmo!

• Idioma: Português
• Editora: Editora Central Gospel
• Data de lançamento: 19 de ago. de 2019
• ISBN: 9788576896760

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Malafaia

CAPÍTULO 1

ESCOLHIDO

Antes que eu te formasse no ventre, eu te conheci; e, antes que saísses da madre, te santifiquei e às nações te dei por profeta.

Jeremias 1.5

Na adolescência, durante muito tempo, pegava-me pensando sobre sucessão ministerial, ou seja, de que modo poderia passar o bastão para a próxima pessoa. Perguntava-me se isso tinha mais a ver com herança de sangue (hereditariedade), dom e talento semelhantes aos do mentor ou se, simplesmente, era uma decisão de Deus escolher alguém para substituir outra pessoa no ministério.

Como filho, irmão, sobrinho, primo e neto de pastor, esse tema, muitas vezes, pareceu-me uma cobrança do tipo: Sou filho de pastor, será que tenho de ser pastor também? Aliás, ser pastor é o que definitivamente eu não queria. Meu sonho juvenil era ser jogador de futebol, e, se tivesse levado adiante esse sonho [risos]... Bem, vamos voltar para o assunto. Entretanto, os planos divinos eram outros para mim, já que tinham a ver com unção, herança, transferência e PROPÓSITO.

Contudo, até que eu pudesse ter compreensão disso, a caminhada foi árdua, os conflitos interiores foram enormes, e muitas renúncias tiveram de ser feitas, para que eu não me pegasse recalcitrando contra os aguilhões (veja Atos 9.4,5). De fato, eu havia sido separado por Deus desde o ventre da minha mãe para cumprir uma missão, e esta sempre esteve intimamente ligada à hereditariedade e à unção específica.

Você pode perguntar: "Jackson, de que se trata a sucessão ministerial/transferência de unção/hereditariedade?". Bem, primeiro, vejamos no dicionário o que a palavra sucessão significa. Ela vem do latim successus e tem vários significados:

1. hereditariedade;

2. bens que uma pessoa deixa ao morrer;

3. série de coisas ou de pessoas;

4. continuação;

5. transmissão de um direito ou de bens (operada pelas vias legais);

6. bens, direitos ou encargos transmitidos aos sucessores;

7. geração, prole;

8. herdeiros.

Dentre todas essas definições, quero explicar-lhe a hereditariedade.

CAPÍTULO 2

HEREDITARIEDADE

Lavarão, pois, as mãos e os pés, para que não morram; e isto lhes será por estatuto perpétuo, a ele e à sua semente nas suas gerações.

Êxodo 30.21

S abemos que, quando há uma concepção no útero da mulher, um novo ser recebe, em seu código genético, características que o constroem com traços semelhantes aos dos seus genitores. Na casa dos meus pais, por exemplo, todos os filhos são muito parecidos com minha mãe. Nosso nariz se parece com o dela, bem como o formato do nosso rosto, porém herdamos o cabelo encaracolado de nosso pai.

Já na minha casa, meus filhos, por exemplo, principalmente o Gustavo, o mais velho, é mais semelhante à mãe. Já a Giovanna, nossa caçulinha, é muito parecida comigo. Além disso, a hereditariedade que passamos para eles não é apenas física. A Gigi, em particular, tem o jeito semelhante ao meu. Ela é espontânea, comunicativa, sensível, inteligente e, às vezes, temperamental. Já o Guto herdou da mãe a discrição, a habilidade para resolver as coisas de maneira sucinta e prática e a determinação para concluir projetos.

Sei que, com o passar dos anos, algumas nuances na personalidade deles podem sofrer modificações; afinal, sofremos transformações nas várias estações da nossa existência. Porém, é certo que, como pais, transferimos muito da nossa personalidade por meio da intimidade e da convivência. Não obstante, nossos filhos receberam, em seu código genético, características físicas e foram moldados em seu caráter mediante a educação que lhes estamos dando. Ademais, eles também absorveram a nossa paixão pelo ministério.

Logo, transferimos para eles, por meio do nosso discipulado, o desejo de servir ao Senhor e buscar Sua presença de forma contínua. Atualmente, nosso filho Gustavo está estudando no Christ for the Nations em Dalas, no Texas. É nítida a unção do louvor e da adoração na vida dele. Deus o tem envolvido em uma atmosfera de rendição e criatividade incríveis.

Já a Giovanna, certo dia, olhou para mim e disse, sorrindo: Papai, eu quero ser pastora. Gosto do que vocês fazem e terei uma igreja maior que a que o senhor pastoreia.... Ao ouvi-la falar isso, meus olhos marejaram de lágrimas, porque o Espírito ministrou ao meu coração: Você não será o último de você, assim como não foi o último de seu pai.

Entre nós e nossos filhos, desde a concepção, há uma sucessão de DNA não apenas física, como também emocional e espiritual, e eles passarão essas mesmas características para os seus filhos, sucessivamente, geração após geração.

Após entendermos um pouco mais sobre a hereditariedade genética, emocional e espiritual, fica o questionamento: O que acontece àqueles que não nasceram em um lar evangélico, ou não têm parentes no ministério, mas estão à frente de uma missão proeminente no Reino de Deus?. Responderei a essa pergunta relatando a você o que é unção.

CAPÍTULO 3

SEPARADO PELA UNÇÃO

Era, então, Jefté, o gileadita, valente e valoroso.

Juízes 11.1

Uma pessoa pode nascer em um lar totalmente avesso aos preceitos de Deus e ter sido separada, desde o ventre, para um propósito específico. Veja o caso de Jefté, filho de uma prostituta. Seu pai, Gileade, casou-se com uma mulher que lhe deu filhos. Estes rejeitaram Jefté por ele ser um bastardo. Todavia, Deus o havia chamado para libertar Israel do domínio do povo amonita.

Era, então, Jefté, o gileadita, valente e valoroso, porém filho de uma prostituta; mas Gileade gerara a Jefté. Também a mulher de Gileade lhe deu filhos, e, sendo os filhos desta mulher já grandes, repeliram a Jefté e lhe disseram: Não herdarás em casa de nosso pai, porque és filho de outra mulher. Então, Jefté fugiu de diante de seus irmãos e habitou na terra de Tobe; e homens levianos se ajuntaram com Jefté e saíam com ele. E aconteceu que, depois de alguns dias, os filhos de Amom pelejaram contra Israel. Aconteceu, pois, que, como os filhos de Amom pelejassem contra Israel, foram os anciãos de Gileade buscar Jefté na terra de Tobe. E disseram a Jefté: Vem e sê-nos por cabeça, para que combatamos contra os filhos de Amom. Porém Jefté disse aos anciãos de Gileade: Porventura, não me aborrecestes a mim e não me repelistes da casa de meu pai? Por que, pois, agora viestes a mim, quando estais em aperto? E disseram os anciãos de Gileade a Jefté: Por isso mesmo tornamos a ti, para que venhas conosco, e combatas contra os filhos de Amom, e nos sejas por cabeça sobre todos os moradores de Gileade. Então, Jefté disse aos anciãos de Gileade: Se me tornardes a levar para combater contra os filhos de Amom, e o SENHOR mos der diante de mim, então, eu vos serei por cabeça? E disseram os anciãos de Gileade a Jefté: O SENHOR será testemunha entre nós, e assim o faremos conforme a tua palavra. Assim, Jefté foi com os anciãos de Gileade, e o povo o pôs por cabeça e príncipe sobre si; e Jefté falou todas as suas palavras perante o SENHOR, em Mispa (Juízes 11.1-11).

Deus separou Jefté, mesmo tendo nascido em um contexto improvável, para ser instrumento nas Suas mãos e libertar Israel: Assim, Jefté passou aos filhos de Amom, a combater contra eles; e o SENHOR os deu na sua mão. E os feriu com grande mortandade, desde Aroer até chegar a Minite, vinte cidades, e até Abel-Queramim; assim foram subjugados os filhos de Amom diante dos filhos de Israel (Juízes 11.32,33). A isso dou o nome de unção específica.

A Palavra de Deus diz que Jefté foi o oitavo juiz de Israel, legislou por seis anos, dizimou os amonitas e deixou sucessores: Ibsã (Juízes 12.8,9), Elom (v. 11 e Abdom (v. 13,14). É certo que Ibsã, Elom e Abdom viram a história de Jefté, bem como sua coragem e a forma como foi tomado por Deus para libertar Israel do jugo amonita.

Assim como Jefté, existem muitas pessoas improváveis às quais Deus chamou especificamente. Vemos isso, de modo claro, nos testemunhos nas igrejas, a partir dos quais as pessoas relatam que saíram do pecado e foram restauradas pelo Senhor, tornando-se instrumentos poderosos nas Suas mãos.

Quanto a mim, em primeiro lugar, sei que a transferência ministerial me foi passada para um propósito divino; afinal de contas, o fato de eu ser filho, primo ou sobrinho de pastor não necessariamente avalizou o mesmo chamado.

Conheço filhos de pastores que seguiram caminhos diferentes dos de seus pais, atuando em outras esferas da sociedade. Aliás, Deus tem levantado, em nossos dias, pessoas com dons dos mais variados, militando nas áreas de família, religião, educação, governo, política, mídia, artes e economia, a fim de expandir Seu Reino em todos os