Moldados por Deus

De Risto Santala

Há momentos na vida em que não sabemos mais quem realmente somos, para que vivemos, nem qual rumo tomar.
Moldados por Deus nos ajuda a compreender o que realmente acontece.
Assim como o vaso triturado é a matéria-prima para uma obra mais perfeita, assim vidas que são quebradas e trituradas surgem das mãos de Deus novas e perfeitas para serem vistas e admiradas como obras divinas.

• Idioma: Português
• Editora: Editora Concórdia
• Data de lançamento: 27 de set. de 2018
• ISBN: 9788577312115

Pré-visualização do livro

amor.

Prefácio

Moldados por Deus guia-nos das encostas pedregosas de Nazaré, em Israel, até a casa simples do oleiro. Vamos ver como o barro é lavado, amassado e posto de lado até ficar calmo; como ele é trabalhado sobre a mesa do oleiro e depois dessecado, pré-cozido e cozido, às vezes até quebrado a fim de poder ser trabalhado de novo para algum fim mais valioso. Vamos ouvir, também, que o barro tem memória. Esse caminho do barro também é o caminho do homem. Na casa do oleiro, sentimos que estamos nas mãos do nosso Grande Oleiro. Ele é que fala.

Quando Deus se dirigiu a Moisés, falou-lhe numa chama de fogo. Foi-lhe dado como regra: Tudo o que o fogo não destrói, como ouro, prata, bronze, ferro, estanho e chumbo, deverá ser purificado pelo fogo. Mas tudo o que o fogo pode destruir será purificado com água (Números 31.22-23). Assim também é na vida do homem.

Estes três estudos bíblicos, dados num encontro ao Norte da Europa no verão de 1967, destinam-se, em primeiro lugar, ao homem angustiado. A angústia é um dos companheiros mais fiéis do homem de hoje. Ela não indaga qual é a hora de visita mais adequada. Ela parece ter a chave de todos os lares. A angústia, em si, não enobrece o homem. Ela, pelo contrário, esvazia-o. É justamente no meio da nossa imperfeição que podemos aprender o que a casa do oleiro quer nos ensinar. Ela ensina que a angústia tem seu propósito. Estamos juntos à procura desse propósito com este livro. Queira acompanhar-nos!

Helsínquia, 5 de setembro de 1967

Risto Santala

Tesouro em vasos de barro

Porém nós que temos esse tesouro espiritual somos como potes de barro para que fique claro que o poder supremo pertence a Deus e não a nós

(2Coríntios 4.7).

O papel do barro

Uma das imagens mais impressionantes de toda a Bíblia é a do vaso de barro. Também na tradição dos rabis se estima essa imagem. Por exemplo, quando se fala da Torá ou Lei de Deus, afirma-se o seguinte: "A mensagem da Torá pode ser comparada com a água, pois está escrito: ‘Escutem, os que têm sede: venham beber água!’ (Isaías 55.1). Assim como a água se estende duma extremidade da terra até a outra, assim a Torá também o faz. Como a água mata a sede, a Torá satisfaz a alma. Do modo como a água cai em gotas, formando primeiro riachos que, por sua vez, formam rios, assim também a Torá: o homem aprende uma verdade hoje, talvez amanhã duas, até que se forma um rio transbordante. Assim como a água evita lugares altos e procura zonas baixas, também a Torá não aceita o que se julga melhor; mas, pelo contrário, fica unida (Hebraico: Middabbeebek, liga-se) àquele que se considera pequeno. Não se põe a água em vasos de ouro ou de prata, mas no mais barato dos vasos. Do mesmo modo, a Torá pode influenciar só o homem que concorda com ser um vaso de barro" (Shir háshirim rabbaa, aalef).

A palavra Torá, que significa ensino, pode ser substituída, nessa descrição dos rabis, pela palavra Evangelho.

O Evangelho chega dum extremo ao outro da terra, satisfaz a alma e, em geral, é recebido gota a gota.

Na língua hebraica, a palavra pregar provém justamente de gota. Lehattif, pregar, significa literalmente ‘’formar gotas. Apenas aprendemos pela pregação pouco a pouco, gota a gota. No entanto, essas pequenas bênçãos recebidas diariamente, acabam formando um rio enorme. Às vezes, até podemos experimentar na nossa vida o que diz o Salmo 23.5: enches o meu copo até derramar".

Contudo, o mais maravilhoso é que o Evangelho é dado no menor de todos os vasos, no coração daqueles que são menores aos seus próprios olhos, humildes.

Se quisermos ser discípulos de Jesus, temos de aceitar o papel de vasos de barro. Porém nós que temos esse tesouro espiritual somos como potes de barro para que fique claro que o poder supremo pertence a Deus e não a nós (2Coríntios 4.7). É importante aceitarmos o papel do vaso de barro como semelhante ao papel do cristão.

Não é raro, em nossos dias, encontrar cristãos que não passam de orgulhosos espirituais. O apóstolo Paulo reconheceu este perigo quando escreveu: Não sejam orgulhosos, mas aceitem serviços humildes (Romanos 12.16). Parece que hoje em dia, até mesmo os cristãos têm por objetivo principal da sua vida alcançar o nível mais elevado de estudos possível e um tipo de vida correspondente a essa posição.

Em Isaías, diz-se do nosso Mestre: Ele não era bonito nem simpático, "Loo toar loo ve-loo hadar (Isaías 53.2). Atualmente, a palavra hebraica toar", em Israel, significa grau universitário. Portanto, poderíamos traduzir a profecia de Isaías como os filhos de Israel em nossos dias a