O que é golden shower, Bozonaro?

De Mauro Ferraz

Para subir na carreira e se tornar um jornalista célebre, um repórter da Falha de São Paulo forja uma matéria para derrubar o presidente Bozonaro do poder.

• Idioma: Português
• Editora: Editora 101 Seleções
• Data de lançamento: 19 de out. de 2019

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Parte 1

Quando entrei na faculdade de jornalismo, eu era apenas um jovem sonhador.

Acreditava em um futuro melhor para o meu país.

Acima de tudo, acreditava no bom jornalismo.

Quando somos jovens, pensamos que podemos mudar o mundo, que podemos ser heróis, trazer a paz para todos os corações aflitos.

Eu imaginava que poderia fazer tudo isso sendo um jornalista imparcial, destemido e amante da verdade.

Recebi o diploma e busquei o meu primeiro emprego.

Meu currículo exemplar abriu as portas para o que eu acreditava ser a grande oportunidade da minha vida – trabalhar na Falha de São Paulo.

O que era para ser um sonho, transformou-se em um pesadelo.

Transformou-se em mortes.

Transformou-se em assassinato de reputações.

Transformou-se em uma avalanche de crimes atrás de crimes.

E, aqui estou eu, caído, à beira da morte, pagando o preço por querer ser um grande jornalista.

Parte 2

Entro na redação e todos olham pra mim.

O que eu fiz?

Cacete, realmente, todos estão olhando pra mim.

Até os estagiários.

Mas que merda, o que eu fiz?

Que silêncio.

Até os telefones pararam de tocar.

Ninguém fala nada.

Ninguém digita nos teclados.

Por que todo mundo olha pra mim, porra?

Que silêncio perturbador.

É a minha primeira semana aqui na Falha de São Paulo.

Só publiquei uma matéria até agora.

E ela foi publicada no jornal de hoje.

Olho pra baixo.

Sim, estou com roupas.

E com roupas limpas.

Bem, não sei o que eles tanto me olham, mas, tenho que trabalhar.

Caminho para o meu cubículo.

Tento ignorar esses olhares.

Percebo os pescoços virando enquanto passo.

Sento-me na minha cadeira e aperto o botão para ligar o PC.

Três, dois, um...

Toca o telefone.

Atendo.

No meu escritório, agora!

É o diretor de redação, Sérgio Dovilarejo.

Bem, acho que é a minha chance de saber o que acontece.

Parte 3

Abro a porta e coloco a cabeça pra dentro.

— Chamou, chefe?

— Entra aí – diz Sérgio Dovilarejo.

Entro e fecho a porta.

O chefe se levanta e aponta para a cadeira.

—