As Potências da Alma

De Ives Facury

Esperar o tempo passar, sem refletir sobre quais caminhos necessitamos percorrer para expandir a vida para além da luta banal, é adiar a conquista do novo que existe em nós. Este livro é constituído de reflexões a respeito de caminhos internos ainda pouco percorridos, que conduzem às nossas potencialidades maiores, capazes de descortinar as belezas da vida, somente observáveis por aqueles que identificam e ativam o próprio valor.

• Idioma: Português
• Editora: Ethos Editora
• Data de lançamento: 29 de jan. de 2020
• ISBN: 9788568476208

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PREFÁCIO

A alma e as potências da alma

A aquisição do que denominamos potências da alma – em outras palavras, nossas virtudes – são metas que muitos buscam traçar para si mesmos.

O nosso grau de maturidade espiritual é o que nos faz estabelecer essas metas e esse tipo de maturidade nada tem a ver com a quantidade de aniversários que comemoramos, mas com a seriedade e a leveza com que encaramos a vida.

Os tempos atuais, talvez, sejam os mais ricos em possibilidades de desenvolver as potências da alma, pelo fato dos vários caminhos que podemos percorrer, de escolhas possíveis numa gigantesca multiplicidade de ofertas que o mundo atual nos oferece. Contudo, nem todo caminho conduz à claridade, nem toda escolha proporciona paz.

Encontrar a paz, fundamentalmente, é podermos dizer a nós mesmos que temos feito todos os esforços que podemos fazer no cumprimento do nosso dever moral e, também, do nosso dever material. Essa relação de paz e de esforço é a fábrica das potências que surgem da alma. Nesse sentido, para mim, pouco importa como as páginas desse livro serão classificadas, quando temos um objetivo proposto pela consciência e nos esforçamos para concretizá-lo. Aprendemos a secundarizar algumas questões, às quais, se déssemos muita atenção, certamente elas nos desmotivariam.

Escrever um livro é uma espécie de gravidez de ideias. Nem sempre a gravidez é planejada, simplesmente acontece. No caso da gestação desse livro, ela foi planejada, porque sempre desejei parir pensamentos em forma de livro, os quais, sempre, são pedaços de nós. E esse livro, um pedaço meu impresso em papel, representa um desejo de levar algo de bom às pessoas, por tudo o que eu tenho recebido. É um trabalho que nasce da gratidão, portanto.

O esforço singelo pelas palestras que tenho feito nesses mais de dez anos de atividades doutrinárias, os atendimentos, as divulgações da Doutrina Espírita mediante o rádio, o jornal, a Internet, a televisão e os grupos de estudos, agora ganham uma nova forma de manifestação: o livro!

Meu desejo sincero é que o contato dos amigos leitores com o conteúdo desse simples trabalho possa representar um momento de alívio, como um vento fresco que nos surpreende em meio à tarde quente e agitada. E, se um, dentre mil que ao lerem essas páginas, tenha podido desfrutar de algum sentimento bom, de um pensamento que eleve, de uma inspiração que ilumine, de uma vontade nobilitante de ser melhor, nosso trabalho já terá valido a pena.

Sem mais delongas, boa leitura!

Ninguém, depois de acender uma candeia, a cobre com um vaso ou a coloca debaixo de uma cama. Pelo contrário, coloca-a sobre um velador, a fim de que os que entram vejam a luz. Porque não há coisa oculta que não venha a ser manifesta, nem coisa oculta que se não haja de saber e vir à luz.

Lucas 8.16-17

CAPÍTULO 1

Uma reflexão sobre o amor

"Esse germe se desenvolve e cresce

com a moralidade e a inteligência e,

embora oprimido muitas vezes pelo egoísmo,

torna-se fonte de santas e doces virtudes,

que constituem as afeições sinceras e duráveis,

as quais nos ajudam a transpor o caminho

escarpado e árido da existência humana."

O Evangelho segundo o Espiritismo – Allan Kardec

O extremo oposto do amor, engana-se quem imagina ser o ódio. É no egoísmo que podemos encontrar a contraposição ao sentimento de amor, cuja substância é a doação por excelência.

Dizemos isso inicialmente, fundamentados na lógica de que se o amor é ato que busca dar a si próprio e o egoísmo conservar a si próprio, logo este último representa o elemento antagônico da árvore doadora da vida, o amor!

O ódio é um sentimento de raiva profunda! A raiva como uma enfermidade da alma guarda a possibilidade de agravar seu estado quando não leva em conta a importância do tratamento de quem a cultiva, pois, a negligência perante as emoções negativas sempre pode nos conduzir a um estado de piora. O ódio, portanto, é uma raiva que piorou. Com isso podemos deduzir que ódio é a oposição da calma, paciência, do autodomínio, mas não do amor. Sem cometer a infantilidade, no entanto, de desconsiderar que todo vício ou imperfeição não deixa de ser um caminho contrário ao amor...

Essas definições são a base preliminar para identificarmos a importância de significar a vida pelo projeto de amar, pois quem Ama tem a segurança do permanente! A angústia da transitoriedade das coisas é algo terrível, as chamadas perdas nada mais são do que angustia pela transitoriedade das coisas, mas essa angustia se aplaca no amor pois, tudo nele é duradouro. As memórias, as afeições, os sentimentos de reabastecimento das nossas disposições ganham outra coloração. Lacan, o eminente psicanalista já dizia: ‘’todo amor é recíproco’’. E por quê? Exatamente pela capacidade autótrofa, que na biologia significa a capacidade de um ser vivo produzir o próprio alimento. O amor produz o próprio alimento porque nasce do auto amor.

Amar a si mesmo é uma construção que parte do reconhecimento das nossas potencialidades sem vaidade, por isso Jesus sempre ressaltou nossas qualidades, sabedor que a base do amor ao próximo é o amor a nós mesmos, fez com que enxergássemos nossos pontos amáveis. Esse reconhecimento faz com que as asperezas