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Pregação em Crise: A Urgência de Proclamar-se o Genuíno  Evangelho
Pregação em Crise: A Urgência de Proclamar-se o Genuíno  Evangelho
Pregação em Crise: A Urgência de Proclamar-se o Genuíno  Evangelho
E-book201 páginas3 horas

Pregação em Crise: A Urgência de Proclamar-se o Genuíno Evangelho

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Sobre este e-book

Com a pós modernidade, muitos pastores e pregadores, em busca de aceitação, preferem atenuar verdades bíblicas para que seus ouvintes não se ofendam.
A fim de trazer luz ao assunto, neste livro, o pastor e teólogo Thiago Trota faz um chamamento para que pregadores voltem ao verdadeiro Evangelho, além de corpo de Cristo.
IdiomaPortuguês
EditoraCPAD
Data de lançamento10 de fev. de 2020
ISBN9788526319981
Pregação em Crise: A Urgência de Proclamar-se o Genuíno  Evangelho

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    Uma obra excelente que reprova o atual estilo de mensagem e trás de volta a essência da pregação bíblica.

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Pregação em Crise - Israel Thiago Trota

38.

Pregação Popular ou Poderosa?

O objetivo do pregador mudou. Antigamente, o propósito da pregação era comunicar a verdade de Deus. Hoje, o pregador faz uso de rodeios, disfarces e concessões durante a aplicação da pregação, abusando de eufemismos na hora de comunicar o que a Palavra de Deus diz.

As pessoas de hoje querem ouvir uma pregação popular que vá ao encontro dos seus desejos e necessidades. E o que é que muitos pastores e pregadores fazem? Atendem os gostos e preferências da clientela. Afinal de contas, se o povo não gostar da ministração, o pregador não receberá novas oportunidades. Os aplausos funcionam como uma espécie de termômetro que mede a popularidade de uma determinada pregação. O gosto popular tornou-se o único critério de medição para avaliar os (aparentes) resultados de uma pregação.

O objetivo do pregador mudou. Antigamente, o propósito da pregação era comunicar a verdade de Deus. Hoje, o pregador faz uso de rodeios, disfarces e concessões durante a aplicação da pregação, abusando de eufemismos na hora de comunicar o que a Palavra de Deus diz. A verdade necessária à vida tem sido escondida em um nevoeiro de invenções humanas.⁴ Precisamos entender que qualquer adição à verdade constitui uma subtração dela. Quando uma parte da verdade é apresentada como sendo toda a verdade, ela torna-se uma mentira. Pregar é algo sério! Alteramos o conteúdo da mensagem bíblica porque nosso propósito em ministrá-la também mudou.

Pastores e pregadores elaboram sermões movidos por fins escusos. Querem gerar ibope e produzir resultados aparentes. Querem contagiar as massas apresentando temas que chamam a atenção. Prega-se muito hoje sobre temas que giram em torno de sonhos pessoais que estimulam o sucesso financeiro. As mensagens são recheadas de temas motivacionais, que estimulam o ego das pessoas, que produzem combustão no desejo desenfreado de consumir; às vezes, até incentivam de forma sorrateira hábitos nada cristãos como a vaidade, o egoísmo, o revanchismo, as utilidades, a inveja, a competição, a soberba, a alegria pela desgraça alheia, a luxúria, o amor excessivo aos bens materiais, etc.

Certa vez, um pastor adepto da teologia do tomo posse ensinou aos membros da sua igreja, em um culto de estudo, que eles deveriam ter sonhos ousados, isto é, quando vissem um carro bonito ou uma casa luxuosa, deveriam desejar possuir aquele bem. Esse pastor ensinou uma fórmula mágica profética para os seus membros conseguirem realizar tais desejos. Bastava apenas estender as duas mãos em direção ao objeto e declarar: Eu tomo posse desta benção. Em determinada ocasião, o pastor estava almoçando na sala de estar da sua suntuosa casa, quando, olhando pela janela, viu uma irmãzinha muito simples da sua igreja com as mãos estendidas em direção à sua casa. Imediatamente, gritou desesperado, interrompendo o clamor daquela irmã: Esta casa não! Ela é minha!. Embora seja cômica essa historieta ilustrativa, ela retrata bem essa confusa realidade.

Existem pregações que ensinam a cobiçar aquilo que o outro conseguiu. Muitas pregações estimulam o consumismo, o desejo de ser superior aos outros, de obter o que o outro tem, etc. Pregações que alimentam a autorrealização pessoal por meio do crescimento financeiro produzem desejos , e não satisfação; deixam um vazio e ignoram o princípio do contentamento em Cristo. Paulo ensinou-nos o seguinte:

Não digo isto como por necessidade, porque já aprendi a contentar-me com o que tenho. Sei estar abatido e sei também ter abundância; em toda a maneira e em todas as coisas, estou instruído, tanto a ter fartura como a ter fome, tanto a ter abundância como a padecer necessidade. Posso todas as coisas naquele que me fortalece (Fp 4.11-13, grifo do autor).

A igreja precisa fazer uso adequado do instrumental escriturístico. A Palavra de Deus não pode ser ministrada de forma artificial ou superficial. Ela precisa ser exposta de forma pura, viva, profunda e hermeneuticamente correta. A pregação não pode ser contaminada pelo vírus implacável do desejo por aprovação humana. O pregador foi chamado para ser santo e fiel, e não carismático e popular. O compromisso do pregador é com a Palavra de Deus, e não com os caprichos desenfreados dos seres humanos. O mundo não pode fazer a cabeça dos pregadores e determinar os tópicos dos seus sermões.

Na verdade, a maioria dos grandes pregadores e profetas levantados por Deus nas páginas da Bíblia e, também, na história do cristianismo é formada por homens e mulheres que marcaram a sua geração pela luta incessante contra o pecado. Elias (século IX a.C.) foi perseguido pelo astuto rei Acabe e pela sua venenosa esposa, a rainha Jezabel, por ter condenado veementemente a idolatria do seu tempo, que era praticada nas terras de Israel. Tal pecado era incentivado pela realeza. Elias viveu como um foragido, foi perseguido e jurado de morte. A sua pregação incomodava tanto que, por conta disso, foi chamado de importunador de Israel.

Antigamente, o pregador era considerado um denunciante, uma vez que sinalizava o pecado, expunha o erro e conclamava o povo a arrepender-se. Ser pregador era o mesmo que colocar a cabeça a prêmio. Jeremias (655–586 a.C) é conhecido na Bíblia como o profeta das lágrimas. A sua história é um drama. Ele, bem diferente de Elias, não era explosivo e audacioso; pelo contrário, tinha um caráter meigo, humilde e introspectivo. O seu ministério foi impopular. Foi desprezado e perseguido por causa da sua mensagem. As suas profecias denunciavam os erros da monarquia, a corrupção dos profetas e dos sacerdotes da sua época. Jeremias foi acusado de traição, foi preso em uma masmorra, sofreu retaliações, derramou lágrimas; enfim, viveu e morreu com o coração quebrantado pregando para um povo de dura cerviz.

A pregação desses homens não era popular, mas poderosa. João Batista é a figura mais emblemática deste rol selecionado de poderosos pregadores. Ele é considerado o último dos profetas segundo os moldes do Antigo Testamento. A mensagem de João anunciava o julgamento. A sua pregação era: "Metanoeite, êggiken gar ê basileia tôn uranôn, ou seja, Mudem de mente (ou de ideias, ou de comportamento) porque chegou o Reino dos céus, ou, numa tradução mais livre, Arrependam-se, porque já chegou o Reino de Deus". João Batista pregava arrependimento com base na convicção de pecado; essa mudança radical gerava desejo por justiça. Ele não possuía técnicas de comunicação, mas a multidão estava sempre à sua procura. O povo estava sedento pela verdade.

João Batista não tinha a preocupação torturante de agradar os ouvintes. O seu compromisso era com o Deus da Palavra e com a Palavra de Deus. Ele não tinha um aspecto agradável; na verdade, o seu jeito exótico de vestir-se, alimentar-se e falar soava bem esquisito naquela época. Mais importante do que o seu jeito era a sua mensagem. João Batista era um pregador da verdade que procurava colidir com as atitudes erradas do povo, ensinando os padrões estabelecidos na Palavra de Deus. Ele batizava as pessoas arrependidas no rio Jordão com água, anunciando aquEle que viria e batizaria com o Espírito Santo: Jesus, a quem teve a honra de batizar também.

João Batista chamou os religiosos da época de raça de víboras. Ele era filho de sacerdote e pertencia à linhagem sacerdotal; entretanto, recusou o ofício de sacerdote no Templo para ser profeta no deserto e rejeitou participar do esquema de corrupção religiosa da sua época. Ele contemplou a maldade detrás do verniz do zelo religioso, denunciou, incomodou, foi encarcerado e decapitado. Ele perdeu a cabeça, mas não a coroa. A popularidade do pregador é momentânea, vem e passa, mas a sua mensagem de poder permanece. João Batista morreu; contudo, a sua mensagem continua a ecoar pelos anais da História.

Estêvão (século I d.C) é conhecido na Bíblia como um pregador corajoso, o primeiro mártir do cristianismo primitivo. Estêvão acareou os seus contemporâneos com a verdade das Escrituras. Ele pregou a verdade independentemente do custo pessoal. Estêvão não lisonjeou os seus ouvintes, muito menos contou piadas para divertir a multidão e entreter as pessoas. Ele defendeu o evangelho, e não a si mesmo. Os religiosos da sua época supervalorizavam o Templo. Estêvão percebeu o pseudorrespeito que eles possuíam pela Casa de Deus. Ele detectou a hipocrisia, enxergou que tudo isso era mentira, mostrou a luz da Palavra de Deus em Atos 7, a saber, que a comunhão com Deus não depende do lugar, e sim do compromisso com a verdade, além de revelar que eles tinham reverência ao espaço sagrado, mas não tinham compromisso com a verdade. A sua pregação não foi popular.

Estêvão falou sobre a posição da Lei depois do sacrifício vicário de Cristo. Também falou que homens rejeitados pelo público, à semelhança de Jesus, foram aprovados por Deus. A sua pregação tocou na ferida, produziu repulsa, e ele acabou sendo odiado pela verdade que defendia. Muitos conhecem o final dessa história: ele foi apedrejado e aumentou a galeria de homens desprezados pelo povo, porém aprovados por Deus. Estêvão literalmente pregou o que viveu e viveu o que pregou até a sua morte. Precisamos de mensagens poderosas que causem revolução!

Pregadores poderosos não cessaram de brotar após o encerramento do cânon. Em diversos momentos da História, Deus levantou homens dispostos a pagar um alto preço pela defesa da Verdade. Esses homens não eram intimidados. Na maioria das vezes, eram humilhados, coagidos, perseguidos e obrigados a ficar quietos. Apesar das aguilhoadas opressivas, tanto de grandes instituições quanto de pessoas poderosas politicamente, eles continuavam pregando.

Esse é o caso de João Crisóstomo (347–407 d.C.), que nasceu na cidade de Antioquia, grande centro teológico da sua época, que, atualmente, é uma região na Síria. Ele cresceu no meio do povo sem deixar-se contaminar pelas crenças pagãs; conheceu os pobres e desventurados daquele tempo; veio de uma rica família da aristocracia de Antioquia,⁵ porém não se acastelou nos bens; viveu asceticamente; estudou cultura geral, retórica e filosofia; aprendeu a exegese bíblica; tornou-se patriarca de Constantinopla⁶; consagrou-se à pregação. Crisóstomo é, portanto, considerado o maior pregador da igreja grega.⁷ Ele percebeu os abusos que eram cometidos no interior da igreja e não conseguiu ficar calado. Ele precisava posicionar-se contra aquilo.

Crisóstomo não estava em busca de popularidade e aceitação, nem fez a política da boa vizinhança com as pessoas influentes da sua época. Ele exortou a imperatriz Eudóxia a arrepender-se dos seus abusos e pecados cometidos, sendo banido e acusado de conspiração. Crisóstomo ergueu a sua voz contra os flagelos sociais e combateu o pecado com intransigência e firmeza. O historiador Hurlbut menciona que sua fidelidade, independência, zelo reformador e coragem não agradavam a corte.⁸ Em 404 d.C, ele foi deposto e exilado, acusado de não concordar com os interesses do império e defender o distanciamento da igreja das ideologias governamentais.

João Crisóstomo foi detido na sua catedral durante a celebração de um sermão sobre a Páscoa. Ele sofreu agruras no exílio e, depois de anos de sofrimento, faleceu no dia 14 de setembro de 407 d.C., sem jamais se deixar intimidar pelas ameaças que recebeu. Enquanto pôde pregar, atacou o pecado, defendeu o evangelho e ministrou poderosamente. Até hoje, os seus sermões são lidos, copiados, traduzidos e reverenciados. A sua pregação não envelheceu porque a mensagem de poder não envelhece.

A pregação popular busca o reconhecimento humano e alimenta-se das expressões em tom de aprovação do público. A pregação poderosa visa cumprir os desígnios divinos e não se importa com a aceitação ou rejeição por parte das pessoas. A pregação popular mexe com ego e produz sensação momentânea de conforto. A pregação poderosa toca nos pontos nevrálgicos da alma e projeta mudanças nas vielas do pensamento humano.

A pregação popular chove no molhado, uma vez que fala sobre assuntos que estão em evidência pela mídia: sucesso, saúde financeira, vitória, etc. Em contrapartida, a pregação poderosa traz novidade de vida, é explanatória e amplia nossa compreensão sobre temas teológicos, e não midiáticos, como, por exemplo, justificação, graça, fé, consciência do pecado e necessidade de um único e suficiente Salvador.

A pregação popular fala sobre o que o povo quer ouvir. A pregação poderosa discorre sobre o que o povo precisa ouvir. A pregação popular distrai e produz informação. A pregação poderosa confronta e produz transformação. A pregação popular só conforta; em compensação, a pregação poderosa é construída sobre o tripé da edificação, consolação e exortação. Precisamos de mensagens de exortação e intimação!

Infelizmente, os pregadores que denunciam o pecado costumam ser chamados de fanáticos, rígidos e antiquados, enquanto aqueles que lisonjeiam os ouvintes recebem a fama de agradáveis, dinâmicos e atuais. O verdadeiro pregador não pode construir o seu ministério sob a coluna da neutralidade. Enxergar o pecado e calar-se é o mesmo que omitir. Quem pode fazer o bem ou defender a verdade, mas não faz, peca. Não precisamos de pregadores políticos, e sim de pregadores profetas. O pregador não deve ser astuto e ladino nas suas relações; antes, deve ser verdadeiro e coerente nas suas decisões. O homem de Deus não pode compactuar com o pecado ou fazer vista grossa por causa do medo da repercussão negativa da sua

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