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O Nascimento: Era Uma Nova Vez
O Nascimento: Era Uma Nova Vez
O Nascimento: Era Uma Nova Vez
E-book270 páginas3 horas

O Nascimento: Era Uma Nova Vez

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Sobre este e-book

Witon ficou cansado da constante batalha entre as raças. Acompanhado de sua esposa, Belamay, e Persky - o primeiro meio Humano meio Elfo - Witon planeja criar uma nova sociedade: uma utopia para qualquer um que sonha em ter uma vida pacífica.

O trio começa a recrutar seres de todas vilas e espécies. O grupo é divido, alguns partem para uma ilha promissora, a qual foi encontrada por acidente no meio do oceano agitado, os outros aguardam um sinal para se unirem a eles. A jornada é repleta de desafios, porém, nem um deles é tão terrível quanto o que enfrentarão em seu destino final.

Eles terão a força e determinação para darem vida a um novo tempo?

IdiomaPortuguês
Data de lançamento24 de jul. de 2020
ISBN9781071557259
O Nascimento: Era Uma Nova Vez

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    Pré-visualização do livro

    O Nascimento - Donna Russo Morin

    Capítulo I:

    GUIADO

    A ponta curvada e afiada da falchion o cortou do cotovelo ao ombro; na estranha lentidão do tempo em um campo de batalha, a cada batida de seu coração, ele assistia sangue sendo jorrado de seu membro.

    O grito da dor, que já estava familiarizado, doía no fundo de sua garganta; ignorando ambas as dores.  Ele cambaleou, tropeçando em corpos e partes, corações que não batiam mais. Sua espada larga dilacerando qualquer Elfo que ousava entrar em seu caminho, matando um a um cada vez que sua lâmina...sua mão...cortava suas vidas de seus corpos.

    Ele não conseguia mais se proteger; seu escudo desabou de seu braço machucado, tornando-se praticamente inútil por causa do corte da lâmina. Sua raiva aumentou, igualmente árdua, igualmente impenetrável. O balanço de sua espada à frente de seu corpo, era toda a defesa que possuía, um balanço forte que cortava o ar e qualquer outra coisa que cruzava o seu caminho.

    O grito sempre o levando adiante. Seu próprio gemido soando em seus ouvidos, como os gemidos de todos os outros no campo. Espada pressionada contra espada, ou machado, ou escudo. As mortes gritavam por suas mães, ou a misericórdia de seus deuses. Ainda assim, o apelo o encontrava de novo e de novo. Agudo, de alguma forma, moderado; no lamento, ele ouvia dores insuportáveis, coragens inabaláveis. Logo encontraria aquela voz. Count Witon é Lahkrok iria encontrar quem fez tal som...e iria salvá-lo.

    Suas pernas longas fizeram uma rápida confissão do chão encharcado de sangue enquanto caminhava por oponentes próximos ao redor; travados em batalhas estúpidas, se aproximando ao máximo das linhas de frente. O desastre social aumentava, tropeçando e trombando contra corpos – uma horda amontoada e travada em combate – suas pegadas ficando marcadas em lamas de sangue.

    Witon se perdeu, um véu vermelho de sangue sobre seus olhos cinza-prateados. Confuso pela quantidade de corpos – Humanos e Elfos – lutando em pares e grupos indistinguíveis. A beleza de sua terra estava em desolação, camuflada pela conflagração de corpos. Dor queimava em seu esôfago, uma agonia explodindo de dentro para fora. O quanto de si ele deu para tentar parar essa guerra; o quão miseravelmente falhou...uma falha que cheirava a excremento e vidas se esvaindo.

    – Alguém me ajuda...por favor?

    Mais uma vez. Aquela voz, masculina, mas não tanto. Um garoto?

    – Por favor?

    A cabeça de Witon girou ao redor; com o movimento, gotas de sangue e suor voando de sua pele e dos fios emaranhados de seu longo cabelo.

    Uma mão em altura maior que a maioria dos homens, pelo menos duas mãos maiores do que a maioria dos Elfos, sua vista sem obstáculos. Seu olhar procurava enquanto o pedido reverberava. Tão perto dessa vez; ele sabia disso, conseguia sentir.

    – Onde você está? – Witon gritou, acima do barulho. – Vou ajudá-lo, prometo.

    Verdade explicita em suas palavras, o desejo para que a matança fosse encerrada.

    – A... aqui.

    Dessa vez, o som soou um pouco mais alto que um chiado, ainda assim, o desespero por trás do pedido ficou maior.

    Foi o suficiente.

    Witon se virou para a esquerda, deslizando enquanto sua cabeça desviava para ambos os lados, evitando uma espada e um machado. Seu pé bateu e ficou; em uma pedra ou corpo, não fazia diferença. Ele se inclinou para frente, dobrando a cintura para manter o equilíbrio, seus braços balançando no ar.

    Então, o viu.

    Em uma poça de fluído semelhante a sangue, porém, esverdeado e grosso com manchas avermelhadas por todo lado, lá estava a criatura. Um braço imóvel pendia no chão, quase cortado ao meio...osso retalhado em dois, apenas uma pequena camada fina de carne conectava o membro ao corpo; uma camada fina de carne verde-clara.

    Witon, respirando com dificuldades após a árdua busca, olhou para baixo, incapaz de se mover, pois não sabia que ser havia encontrado.

    Olhos verdes pálidos, vermelhos e inchados de lágrimas, imploravam a ele, dor claramente evidente no rosto desconhecido. Despertado pelo olhar implorando por socorro, Witon se mexeu; a única coisa que importava era que o ser precisava de sua ajuda, sua raça não tinha a menor importância. Era o jeito dele, a maneira na qual se comprometeu a viver.

    – Estou aqui – Witon se agachou, sua armadura de couro rangendo. Soltando sua espada, ele colocou seu braço comprido e musculoso embaixo do ser ferido, o levantou facilmente e jogou a criatura sobre seu ombro machucado. – Vou lhe conseguir ajuda.

    Levantando-se, mantendo o corpo ferido bem posicionado em seu ombro, equilibrado pelo próprio peso, Witon se afastou da linha de frente da batalha.

    No mundo de Minra Erna, o ar está sempre estalando com todos os tipos de magia; mas poucas chegaram a notar o molde de Witon naquele momento.

    Ele andou.

    Caminhando com seus olhos cinzas semicerrados brilhando como uma barra de prata. Caminhando com seus lábios grossos apertados, com a mandíbula musculosa cerrada. Caminhando com enormes passos longos que declaravam que não permitiria que nenhum obstáculo o faria parar. Ninguém ousou tentar.

    Todos abriam caminho para ele. Elfos e Humanos abaixavam suas armas, mandíbulas escuras contra rostos pálidos, todos cobertos de sangue e sujeira, boquiabertos, espanto arruinando a fúria que compartilhavam.

    – Belamay! – Witon gritou o nome, caminhando com dificuldades através da floresta de dizimação. – Belamay! Preciso de você, Belamay!

    Silêncio foi sua resposta; o campo de batalhou ficou quieto, tornando-se em um lugar de respeito. Por causa dos gritos e sons estridentes de batalha, a voz de Witon soava.

    – Belamay, por favor!

    – Aqui! Estou aqui, Witon!

    Detrás do campo, um guerreiro com uma armadura completa saiu do meio da multidão, próximo à beira do prado onde a grama verde – agora terra preta com sangue verde e vermelho – encontrava-se com a floresta densa e exuberante. Olhos negros olhavam para fora da viseira do elmo; longos fios de cabelos escuros como o anoitecer caídos pelas costas do soldado pendurados até seu joelho.

    – O que, no nome das Grandes Estrelas...?

    – Não pergunte – Witon andou na direção de Belamay, nada além do pequeno e abatido corpo entre eles. – Ele...ela...isso...

    Witon chacoalhou a cabeça; um ranger de dentes e um aperto de pálpebras machucadas.

    Ele abriu os olhos; sem ideias, atingindo Belamay com seu olhar penetrante.

    A gente precisa de você.

    Os olhos negros do soldado intercalaram entre Witon e a criatura, mas apenas por um momento.

    – Por aqui.

    Witon seguiu, sua respiração pesada, porém, aliviada.

    – Fosrin! – Witon gritou o nome de seu sargento, mandando-o se aproximar com um aceno de cabeça.

    Em questão de segundos, o jovem musculoso ficou rigidamente ao lado de Witon.

    – Senhor – disse, respeitosamente curvando a cabeça com elmo.

    Witon se inclinou, aproximando-se e disse com uma voz baixa. – Tire nossos soldados...disso. Não vejo nenhum fim bom para a gente, para ninguém. Mas faça gradualmente, um pouco por vez, nada mais.

    O sargento ergueu a cabeça e levantou a viseira. Sequer precisava retirar o elmo para Witon ver a insatisfação escrita em todo seu rosto corado. Estava claro no olhar cerrado e sombrio, tudo muito transparente.

    – Apenas faça o que mando – Witon disse severamente, virando-se sem acrescentar mais nenhuma palavra, voltando a seguir Belamay.

    Eles correram árvores adentro, cuidado viajando ao lado deles. A criatura morreria antes de conseguirem ajuda? Soldados humanos ou elfos – ou até mesmo algo pior – tentaria pará-los? Ele temia ambas as opções.

    Belamay os guiava por um caminho fino e lavrado. A luz do sol manchava a sujeira marrom clara com pintas de brilhos incongruentes sob seus pés.  Em seguida, para um outro caminho na floresta, mas um que não estava vazio.

    Dentro do bosque, cavalos pastavam, rédeas frouxamente amarradas ao redor de troncos de árvores.

    – Me dê e... deixe-me assumir o fardo enquanto vocês montam – Balamay estendeu as mãos cobertas até o cotovelo com luvas grossas marrons de couro rachadas e manchadas de sangue.

    Como se estivesse segurando uma criança, Witon passou a criatura para as mãos de Belamay. – Qual cavalo?

    Belamay deu de ombros. – Isso importa? Nenhum é meu.

    – Ah! – Witon soltou um riso, um momento abençoado de humor em um mundo desprovido de alegria. Ele levou a mão até a sela de um grande destrier preto, sabendo que o cavalo provavelmente aguentaria o peso de dois, então, montou com um movimento elegante.

    – Para mim – ele disse, ajeitado no assento, inclinando-se para a frente com os braços estendidos como se estivesse prestes a pegar um bebê.

    Belamay devolveu a criatura para o seu salvador, desamarrou as rédeas do cavalo e as entregou também.

    – Siga-me! – virando-se nas costas de um Shire, segurando firme nas rédeas de couro, Belamay os guiou apressada e agitadamente.

    Witon piscou, suas pálpebras fechando em alivio, palavras de gratidão para as Grande Estrelas faladas em sua mente. Mas não saíram tão cedo.

    Como se começasse uma perseguição, os sons da batalha – o que tanto temia que voltasse a acontecer – aumentou as suas costas, e seu coração sofreu mais um ferimento. Com uma batida nas rédeas, ele fugiu apressadamente do barulho.

    Capítulo II:

    URGÊNCIA

    Um pequeno solar aninhava-se dentro de um bosque de pinheiros, seus galhos pontudos e espinhosos lentamente iniciando a virada gloriosa para o outono.

    – Talia? – Belamay gritou, o chamado soando acima da barulheira dos trotes rápidos dos cavalos através do pequeno pátio de terra. O soldado puxou fortemente as rédeas de seu Shire em frente a porta da frente em formato de arco, desmontando com um pulo antes mesmo do cavalo ter parado.

    Grunhindo, tirando o elmo pesado e jogando-o no chão, revelando sua pele corada e pálida, Belamay gritou mais uma vez, impaciência misturada com insistência. – Talia!

    A porta abriu com um rangido, e lá estava a jovem empregada em seu limiar. Olhos azuis e redondos esbugalhados, refletindo sua patroa coberta em sangue e Witon com uma criatura sangrando em seu colo.

    Belamay conseguia ver o choque manifestado no rosto da jovem mulher. Talia trabalhou na casa dos Belamay por quase dois anos sem saber a soldada disfarçada que Belamay era secretamente, filha de um guerreiro distinto e falecido, um homem nobre e sua esposa, ambos mortos em um incêndio anos atrás. Estendendo a mão, Belamay gentilmente cumprimentou Talia com um aperto de mãos.

    – Olhe para mim, Talia – ela segurou a outra mão da criada, chacoalhando as duas enquanto os braços frouxos da empregada tremiam. Abaixando a voz, imitando seu pai com uma mistura de ordem e cuidado, Belamay disse o nome mais uma vez. – Talia – era tudo o que ela precisava.

    Os pálidos e esbugalhados olhos focando em seu olhar; neles, Belamay agradavelmente viu reconhecimento e percepção.

    Belamay abaixou a cabeça, aproximando com a de Talia, olho no olho. – Preciso que você chegue até a Vila dos Anões. Não é muito longe, mas você deve correr. Deve se apressar.

    A flexível mandíbula da garota caiu, sua cabeça balançando levemente de um lado para o outro. – A Vila dos A-Anões? – com cada sílaba sua voz ficava mais e mais aguda.

    Belamay confirmou lenta e pacientemente com a cabeça. – Sim. Mas não tenha medo. Diga meu nome para qualquer um que lhe questionar ou cruzar o seu caminho, e eu prometo... – nesse momento, Belamay segurou as duas mãos de Talia e as juntou com suas próprias mãos, como se rezassem juntas como uma única pessoa. – ...Prometo para você, ninguém irá machucá-la.

    Talia fechou a boca trêmula e acenou com a cabeça sem entusiasmo nenhum, não parecendo completamente convencida.

    – Essa é a minha garota – Belamay a recompensou com um sorriso. – Pergunte por Pagmav, ele é o curador deles. Lhe diga que uma vida necessita da ajuda dele.

    – P...Pagmav? – Talia gaguejou o nome desconhecido, sua boca movendo-se lentamente, como se estivesse sendo caçada em um sonho...um pesado.

    Belamay confirmou com a cabeça. – Pagmav, isso – aumentando o tom de voz, uma pitada de rigidez junta com a fala. Ela virou a moça pelos ombros, virando-a para a direção do caminho do leste que a levaria para longe da pequena casa senhorial, e a deu um leve empurrão. – Vá!

    Ela havia dado uma ordem, uma que não poderia ser rejeitada.

    Erguendo sua saia de musselina, Talia saiu às pressas sem olhar para trás, uma criança fugindo do monstro aterrorizador de seus sonhos, ou possivelmente, em direção a um.

    Belamay bufou aliviada, virando-se para Witon.

    – Ajude-me, Belamay.

    Witon disse com dificuldade, preso, meio montado meio desmontado em seu cavalo, tentando segurar o pequeno corpo abatido com uma mão enquanto tentava descer da fera parada com a outra, o braço extremamente ferido. O peso extra o fazia perder o equilíbrio e seu corpo travado entre o chão e sua montaria.

    Belamay correu até ele, estendendo os braços e dando suporte para as costas de Witon com as duas mãos. Ficando firme, afundando suas botas no chão de terra do pátio. Com o apoio dela, Witon conseguiu descer, o corpo em seus braços completamente hesitante, porém, ainda com vida. A rápida pulsação do coração claramente visível no pescoço magro.

    – Não podemos esperar – levando-o no colo, Witon apressou-se para a porta aberta. – Devemos, pelo menos, tentar conter o sangramento.

    Dentro da casa senhorial, ele parou, cego por um momento após deixar o brilho da luz do sol no pátio, então, foi para a escada próxima a parede oeste, sabendo que estavam lá, já havia subido esses degraus em várias ocasiões.

    Ele chegou ao segundo andar; os passos de Belamay seguiam batendo contra a pedra como uma trovoada as suas costas.

    – Qual quarto? – ele gritou com urgência.

    – O último a esquerda – Belamay apontou por cima dos ombros dele.

    Witon acelerou os passos para frente, alcançando o quarto fechado em questão de segundos, um chute com sua bota grande foi o suficiente para abrir a porta.

    O simples e pequeno cômodo possuía uma cama de solteiro, pronta para um visitante ou um viajante que precisasse de acomodação. Havia também um lavatório e um pequeno guarda-roupas.

    Gentilmente, Witon colocou a criatura sobre a cama com uma delicadeza excruciante, consciente do membro terrivelmente machucado.

    Olhando de cima, o homem analisou a pequena criatura, que parecia até menor sobre a cama comprida, e sentiu um peso em seu coração. – A gente tem que salvar ele.

    – Ele? – Belamay perguntou as costas dele.

    Witon levou os ombros largos até as orelhas, acenando com a cabeça. – Acho que sim.

    Ele virou para ela, seu rosto manchado de sujeira e sangue, ainda assim, suas sobrancelhas franzidas e seus olhos cinzas brilhando com lágrimas.

    – Algumas roupas limpas, por favor, Belamay.

    Belamay pegou todas as roupas da prateleira de baixo do guarda-roupas e as entregou nas mãos dele, em seguida, virou-se novamente para pegar o jarro de terracota.

    – Já volto – ela disse sobre os ombros e saiu apressadamente do quarto. Witon ficou parado, imóvel, segurando as roupas em suas mãos gigantes, olhando para baixo, desamparado, sem ter ideia do que fazer. Mas, claro, ele tinha. Já esteve em muitos campos de batalhas – já viu muitas almas partirem, algumas em seus braços – para não saber o que fazer.

    Ele ajoelhou-se ao lado da cama, colocando os tecidos próximo ao pequeno corpo. Com um toque tão leve quanto os das Fadas, ele ajeitou o braço pendurado para que as extremidades de carnes cortadas se encostassem. A criatura se mexeu agitadamente; pernas se batendo fracamente, suas expressões se contorcendo com uma dor silenciosa. Witon deu as costas ao ver o que estava acontecendo; caso contrário, não conseguiria fazer o que precisava ser feito. Havia algo naquele rosto...nos olhos pequenos e puxados, o nariz pontudo...que implorava pela sua ajuda – e ele ajudaria.

    Voltando seu olhar e verificando que o membro estava no lugar onde deveria estar, Witon colocou a roupa sobre o ferimento. Sem ousar levantar o braço machucado, apenas gentilmente cobriu a ferida com um maço de tecido em ambos os lados e em cima, tecido que rapidamente ficou manchado com um tom marrom-avermelhado.

    Após ter feito isso – tudo o que podia – Witon levou uma mão até a testa da criatura; não sentiu nenhum sinal de febre, e fechou os olhos sentindo outro curto momento de alivio. Ao abri-los novamente, o alivio rapidamente se transformou em surpresa, enquanto encostava na cabeça do ser, a criatura parou de se contorcer, como se seu toque tivesse magicamente funcionado como algum tipo de elixir calmante. Witon quase sorriu...quase.

    – Com licença, Senhor – uma voz rouca soou atrás dele. Witon virou-se assustado. – Por favor.

    Ali estava o Anão, sua cabeça na altura do quadril de Witon, ainda assim, alguma coisa em seu comportamento impunha obediência. Witon deu um passo para o lado, e o Anão ancião de cabelos grisalhos se posicionou. Colocando sua longa barba dentro de seu manto de lã marrom, Pagmav – não poderia ser outro – examinou a criatura ferida da cabeça aos pés.

    – É o braço dele que... – Witon explicou, ou tentou explicar.

    Pagmav virou-se para ele, colocando uma mão enrugada sobre o braço de Witon, olhando para cima com seus olhos castanhos. – Eu sei, caro Count, o quanto você se importa com essa vida. Deixe-a em minhas mãos. Cuidarei dela.

    Witon não sabia nada sobre esse Anão; nunca sequer havia o visto antes, mesmo assim, Pagmav o conhecia. Witon acreditou em sua promessa, em cada palavra.

    – Venha, Witon – Belamay o pegou pelo braço enquanto a mão de Pagmav o soltava gentilmente o empurrando. – Deixe-o trabalhar. Lhe prometo que ele cuidará disso.

    Witon olhou para baixo, encarando essa mulher maravilhosa, seus cachos volumosos caindo ao redor de seu rosto redondo. Naquele momento, o único sentimento que ele tinha pelos dois era gratidão.

    – Cuide do ferimento de seu homem – o Anão curador disse de costas a eles, inclinando-se ao lado da cama, tirando todos os tipos de ferramentas e dispositivos da ampla maleta de couro que trouxe consigo.

    Com um aceno de cabeça para Pagmav e uma última olhada para a vida que rezava para as Estrelas que fosse salva, Witon saiu do cômodo, seguindo para onde Belamay o guiava.

    Capítulo III:

    ALIVIO E DESCANSO

    – Você conseguiria mandar um pejem ao campo de batalha?

    Ele sentou-se na beira da grande cama de dossel dela. Ela sentou-se atrás dele, suas pernas espalhadas, uma para cada lado do corpo dele, enquanto limpava o ferimento em seu braço...e o cobria prendendo firme um tecido branco imaculado ao redor do

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