Respostas de um astrofísico
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Sobre este e-book
Além de uma carta escrita por Neil deGrasse Tyson especificamente para a edição brasileira de Respostas de um astrofísico, este livro inspirador reúne em um só volume perguntas feitas ao autor sobre assuntos importantíssimos e que despertam a curiosidade de todas as pessoas: a origem do universo, o fim do mundo, vida, morte, vida após a morte, astronomia, alienígenas, teorias da conspiração, terrorismo, racismo, religião, fé, filosofia, cultura, educação, política, ciências, pseudociências e muito mais.
Cientista influente e aclamado em todo o mundo, Neil deGrasse Tyson é diretor do Planetário Hayden, no Museu Americano de História Natural, em Nova York, além de apresentador da série de TV Cosmos, da NatGeo, e do programa StarTalk Radio. Numa vida dedicada a desvendar e explicar os mistérios do universo, ele atraiu, no decorrer de sua carreira, uma das maiores comunidades on-line do planeta com suas fascinantes ideias amplamente acessíveis sobre ciência e sobre o nosso universo.
Por causa disso, todo ano, Neil deGrasse Tyson recebe milhares de e-mails e cartas. Algumas mensagens buscam conselhos, outras, inspiração; algumas são movidas por angústia, outras, por deslumbramento. Mas todas, sem exceção, estão à procura de entendimentos, significados e verdades.
Em Respostas de um astrofísico, Neil deGrasse Tyson se baseia em perspectivas cósmicas para abordar uma vasta gama de questões. Suas respostas diretas, esclarecedoras e, às vezes, irônicas refletem sua popularidade e posição de destaque como educador e divulgador da ciência. Neste livro maravilhoso, ele compartilha suas emoções, dúvidas e esperanças, enquanto responde à pergunta que está por trás de todas as outras: qual é o nosso lugar no universo?
Para leitores de Breves respostas para grandes questões, de Stephen Hawking, de Astrofísica para apressados, de Neil deGrasse Tyson, e de Origens, de Neil deGrasse Tyson com Donald Goldsmith.
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Respostas de um astrofísico - Neil DeGrasse Tyson
Prefácio
Agora que as pessoas se comunicam principalmente pelas redes sociais, escrever cartas se tornou uma arte esquecida. Talvez a maior perda decorrente disso esteja na nossa crescente incapacidade de encontrar palavras que comuniquem com precisão sentimentos e emoções. Por que outra razão precisaríamos do catálogo cada vez maior de emoticons para complementar nossa correspondência escrita? Uma carinha sorridente. Uma carinha irritada. Um coração. Um polegar em sinal de positivo. Mas, quando o mundo desperta sua curiosidade, quando o fato de não saber alguma coisa gera inquietação em você, quando sua angústia existencial está saindo pelo ladrão, às vezes você só precisa escrever uma carta de verdade para alguém.
Aqui está uma amostra das minhas correspondências, quase todas com pessoas desconhecidas, durante um período de quase duas décadas. As cartas foram selecionadas, em sua maioria, do período de dez anos em que meu endereço de e-mail estava acessível para o público em geral.⁴ Nessa época, a maior parte das cartas que eu recebia continha perguntas científicas objetivas. Essas eram respondidas por funcionários especializados do Planetário Hayden, de Nova York, do qual sou diretor. Outras cartas, principalmente de cunho pessoal, incluindo aquelas com referências específicas a um discurso que fiz, um livro que escrevi ou um vídeo em que apareci, formam o conjunto de cartas contidas aqui, a partir das quais minhas respostas foram extraídas.
As cartas dirigidas a mim que transmitem forte emoção, curiosidade ou angústia foram transcritas na íntegra.⁵ Outras, longas demais, resumi num único parágrafo para efeito de concisão. Algumas cartas foram enviadas por pessoas que estavam descontentes com o mundo ou com algo que falei ou fiz. Outras exploram ideias e crenças. Outras, ainda, são tristes, sensíveis e comoventes. E, em muitos casos, existe um desejo que todos já sentimos em algum momento: a procura de um sentido na vida, uma vontade permanente de entender o próprio lugar neste mundo e neste universo.
Foram incluídas também cartas que escrevi, não para alguém em particular, mas para todos. Entre elas estão mensagens ao editor, em grande parte do New York Times, assim como cartas abertas publicadas na minha página do Facebook e em outros lugares públicos na internet. Uma das mais antigas foi escrita no dia 12 de setembro de 2001 para familiares e colegas de trabalho, 24 horas após eu ter testemunhado, de uma distância de quatro quarteirões, o ataque às Torres Gêmeas do World Trade Center e o posterior colapso delas.
Acima de tudo, Respostas de um astrofísico é uma pequena amostra da sabedoria que reuni para ensinar, esclarecer e, por fim, me solidarizar com a mente curiosa. É o mundo visto pelos olhos de um astrofísico e educador. Um mundo agora compartilhado com você.
4. Quando uma carta foi recebida de outra forma que não por e-mail (por exemplo: pelos correios ou pelas redes sociais), isso aparece especificado.
5. Quando apropriado, as cartas são ligeiramente editadas para corrigir erros de gramática e ortografia. Cartas longas também são editadas visando clareza e brevidade. No entanto, a pontuação enfática, quando proveniente da EMOÇÃO, permanece basicamente intocada!!!
Prólogo
Uma autobiografia,
por assim dizer
Parabéns por seus
60 anos, NASA
Segunda, 1o de outubro de 2018
Publicação no Facebook
Querida NASA,
Feliz aniversário! Talvez você não saiba, mas temos a mesma idade. Na primeira semana de outubro de 1958, você nascia da Lei Nacional de Aeronáutica e Espaço como uma agência espacial civil, enquanto eu nascia da minha mãe, no East Bronx. Então, este ano que celebra nosso sexagésimo aniversário me oferece a ocasião única de refletir sobre nosso passado, presente e futuro.
Eu tinha três anos quando John Glenn completou uma órbita ao redor da Terra pela primeira vez. Tinha sete quando você perdeu os astronautas Grissom, Chaffee e White no trágico incêndio na cápsula da Apollo 1, na plataforma de lançamento. Tinha dez quando você mandou Armstrong, Aldrin e Collins para a Lua. Quatorze quando você encerrou o programa de voos para a Lua. Durante todo aquele tempo, eu me sentia empolgado por você e pela nação. Porém, a adrenalina da jornada, vivenciada por tabela
pelos outros, em suas mentes e corações, estava ausente das minhas emoções. Eu era obviamente muito jovem para ser astronauta. E também sabia que minha pele era escura demais para você me considerar parte dessa aventura épica. Além do mais, mesmo você sendo uma agência civil, seus astronautas mais admirados eram pilotos militares, numa época em que as guerras estavam se tornando cada vez menos populares.
Durante os anos 1960, o movimento dos Direitos Civis fazia mais parte da minha realidade do que da sua. Na verdade, foi preciso uma diretiva do vice-presidente Johnson, em 1963, para forçar você a contratar engenheiros negros para seu renomado Centro de Voos Espaciais George C. Marshall, em Huntsville, Alabama. Eu achei a correspondência em seus arquivos. Você se lembra? James Webb, na época diretor da NASA, escreveu para Wernher von Braun, cientista alemão e pioneiro da engenharia de foguetes que estava à frente do Centro e era engenheiro-chefe de todo o programa espacial tripulado. A carta, com coragem e sem rodeios, orienta von Braun a tomar uma atitude com relação à falta de oportunidades iguais de emprego para negros
na região e a colaborar com as faculdades Alabama A&M e Instituto Tuskegee, localizadas naquela área, a fim de identificar, treinar e recrutar engenheiros negros qualificados para a família da NASA em Huntsville.
Em 1964, nem você nem eu tínhamos completado seis anos ainda quando vi piqueteiros diante do recém-construído complexo de apartamentos que havíamos escolhido para morar, em Riverdale, no Bronx. Eles protestavam para impedir que famílias negras, incluindo a minha, se mudassem para lá. Fico feliz que os esforços deles tenham fracassado. Esses prédios eram chamados, talvez de maneira profética, "Skyview⁶ Apartments", em cujo topo, vinte e dois andares acima do Bronx, eu iria apontar meu telescópio para o universo um dia.
Meu pai tinha participação ativa no movimento dos Direitos Civis, trabalhando sob o comando do prefeito de Nova York, John Lindsay, para criar oportunidades de emprego para a juventude dos guetos — como eram chamados antigamente os bairros onde moravam pessoas de baixa renda. Ano após ano, as forças que operavam contra esse esforço eram enormes: escolas pobres, professores ruins, recursos escassos, racismo abjeto e líderes assassinados. Assim, enquanto você comemorava seus avanços mensais nas explorações espaciais — dos programas Mercury ao Gemini e ao Apollo —, eu via o país fazendo todo o possível para marginalizar quem eu era e o que eu queria me tornar na vida.
Então me voltei para você em busca de orientação, de uma declaração de visão que eu pudesse adotar para alimentar minhas ambições. Mas você não me deu apoio. Obviamente, eu não devo culpar você pelos males da sociedade. Sua conduta era apenas um sintoma dos hábitos do povo, não a causa deles. Eu sabia disso. Mas, mesmo assim, é bom que você saiba que, entre os meus colegas, fui um dos únicos da minha geração que se tornou astrofísico apesar das suas conquistas no espaço, em vez de por causa delas. Em busca de inspiração, eu me voltei então para bibliotecas, livros sobre o cosmos vendidos a saldo em livrarias, meu telescópio no topo do prédio e o Planetário Hayden. Após alguns percalços em minha vida acadêmica, quando minhas ambições às vezes pareciam ser o caminho de maior resistência em meio a uma sociedade hostil, virei cientista profissional. Eu me tornei astrofísico.
No decorrer das décadas seguintes, você progrediu muito. Qualquer um que ainda não reconheça o valor dessa aventura para o futuro da nossa nação logo o fará, à medida que outras nações desenvolvidas e em desenvolvimento nos ultrapassarem em todos os aspectos tecnológicos e econômicos. Além disso, hoje em dia você está muito mais a cara dessa nação — desde os seus gerentes sêniores até os astronautas mais condecorados. Meus parabéns. Você agora pertence a todos os cidadãos. Exemplos disso não faltam, mas eu me lembro principalmente de quando o público se apropriou do Telescópio Espacial Hubble, sua missão não tripulada mais amada. Todos se pronunciaram veementemente em 2004, acabando por reverter o perigo de o Hubble não receber manutenção uma quarta vez, prolongando sua vida por mais uma década. As imagens transcendentais do cosmos que o Hubble obteve tocaram a todos nós, assim como os perfis pessoais dos astronautas a bordo do ônibus espacial que participaram da missão de instalar e fazer a manutenção do telescópio, e dos cientistas que se beneficiaram do fluxo de dados coletados.
Além disso, eu havia até entrado para sua lista de integrantes mais respeitados ao fazer parte de seu Conselho Consultivo. Cheguei à conclusão de que, quando está em sua melhor forma, nada neste mundo pode inspirar os sonhos de uma nação como você — sonhos alimentados por uma onda de estudantes ambiciosos, ávidos em se tornarem cientistas, engenheiros e tecnólogos a serviço da maior missão que já existiu. Você passou a representar uma parte fundamental da identidade da nação, não apenas para ela mesma, mas para o mundo.
Assim, quando nós dois completamos 60 anos e iniciamos nossa 61a viagem em torno do Sol, quero que você saiba que sinto suas dores e compartilho de suas alegrias. E espero, ansioso, ver você de volta à Lua. Mas não pare aí. Marte nos chama, assim como outros destinos mais distantes.
Parceira de aniversário, mesmo que eu não tenha sempre sido, sou agora, e cada vez mais, seu humilde servo.
Neil deGrasse Tyson
Nova York
6. Skyview significa vista do céu
. (N. do T.)
1
Esperança
É tudo que nos resta quando percebemos que não controlamos o desenrolar dos acontecimentos. Mas, sem ela, como lidar com os desafios da vida?
Coma
Domingo, 25 de fevereiro de 2007
Caro Sr. Tyson,
Há muito tempo suspeito que vivemos em um universo que quer nos matar, portanto, não me surpreende que o senhor diga isso nas suas palestras, mas onde está a esperança? Ou não existe nenhuma?
Em 2001, passei treze dias em coma e milagrosamente voltei à vida para continuá-la ao lado do meu amado marido. Ele cantou uma canção de amor para mim, me pediu que voltasse, eu abri os olhos e sorri para ele. No entanto, estou definitivamente modificada pela extensão das informações que trouxe comigo depois daquele curto período, grande parte das quais eram coisas ruins. Será que, na sua opinião, as coisas ruins
são a maior parte do que existe por aí? Em caso afirmativo, como se pode aproveitar a vida? Ou isso não é possível?
Com admiração,
Sheila Van Houten
Cara Sra. Van Houten,
Eu vejo dois tipos de esperança. Um deles é uma espécie de esperança religiosa em que alguém reza ou realiza algum tipo de ritual pedindo que as coisas melhorem.
Mas existe também outro tipo de esperança — o desafio de aprender sobre o mundo real e usar nossa inteligência para mudar as coisas para melhor. Nesse sentido, é o indivíduo que tem o poder de trazer esperança para o mundo.
Então, sim, o universo está tentando nos matar. Mas, por outro lado, todos queremos viver. Então vamos juntos encontrar um jeito de desviar asteroides, achar a cura para o próximo vírus letal, reduzir os estragos causados por furacões, tsunamis, vulcões etc. Isso só é possível com os esforços de uma sociedade tecnológica e cientificamente letrada.
Aí reside uma esperança na Terra muito maior do que jamais prometida pelo ato de oração ou introspecção.
Atenciosamente,
Neil deGrasse Tyson
Medo
Domingo, 5 de julho de 2009
Caro Sr. Tyson,
Acabei de vê-lo na televisão. Admiro o quanto o senhor progrediu na vida. Sempre tentei fazer de tudo para ajudar os outros. Tenho 38 anos, três filhos e no momento estou só estudando. Nasci e cresci em uma cidadezinha com cerca de 1.500 habitantes. Quando meu casamento de 16 anos acabou, decidi completar meu curso de tecnóloga em ciências aplicadas e me inscrever no processo seletivo da Faculdade de Serviço Social da Universidade de Washington.
Estou de mudança para Snohomish no dia 1o de agosto, e não tenho emprego, mas venho me candidatando diariamente para tudo que posso. Fiquei tocada quando o senhor falou de ambição. Tenho três filhos para criar e tudo que quero fazer é trabalhar e estudar. Meu sonho é seguir carreira no serviço social, e já trabalhei com cuidados temporários e com idosos, mas eu trabalharia numa lanchonete para chegar aonde quero.
Eu me preocupo o tempo todo em não conseguir sustentar meus filhos, e estou morrendo de medo de me mudar, mas não vou permitir que isso me detenha. Não me importo se tiver de me inscrever no processo seletivo da UW todo ano até os 70 anos. Vou fazer o curso e tentar o mestrado. Só não sei como me livrar dessa sensação horrível de frio na barriga do medo de me mudar e me dar muito mal.
Tenho vontade e determinação. Só preciso de uma oportunidade — algo que eu consiga por merecimento. Não quero nada de graça. Só quero uma chance de trabalhar e ganhar a vida.
Não sei por que estou escrevendo para o senhor. Não quero nada, apenas alguém com quem compartilhar meus medos. Não tenho com quem desabafar, e talvez o senhor seja capaz de compreender.
Obrigada por dedicar seu tempo a ler estas palavras.
Lisa Kalma
Cara Lisa,
As pessoas que fracassam na vida são aquelas cujas ambições não foram suficientes para superar todas as forças agindo contra elas. E, sim, o fracasso é algo comum a todos nós. Pessoas ambiciosas, porém, usam seus fracassos como lições a serem aprendidas, enquanto avançam em direção a seus objetivos.
Não tema a mudança. Não tema o fracasso. A única coisa a se temer é a perda da ambição. Mas, se você tem ambição de sobra, então não tem nada a temer.
Desejo boa sorte em sua jornada e ofereço a você a citação de abertura da minha autobiografia: The Sky Is Not The Limit
.⁷
Independentemente do julgamento alheio
Erguendo-se bem alto no céu
Está o poder da ambição
Tudo de bom, na Terra e no universo.
Neil
Perdendo a fé
Quarta-feira, 29 de abril de 2009
Caro Dr. Tyson,
Cresci em uma fazenda de criação de gado numa área rural das montanhas da Carolina do Norte e, às vezes, eu pensava que tinha alguma coisa errada comigo, pois não conseguia acreditar num poder superior. Eu ia à igreja, à escola dominical, e era cercado de religião por todos os lados... mas algo em mim continuava a fazer perguntas.
Lembro de ter de mentir sobre minhas crenças e de querer desistir delas (às vezes chorando), pensando que, se mentisse para mim mesmo com vontade, acabaria acreditando. Fui expulso da escola dominical por perguntar demais
.
Foi quando comecei a descobrir outras pessoas iguais a mim (embora muito mais inteligentes e cultas). Eu só queria agradecer ao senhor — suas palavras têm um impacto muito maior do que o senhor pode imaginar. O senhor (e outros) dão às pessoas, que estão geograficamente isoladas, esperança para se manterem firmes em suas não crenças
e para continuar fazendo perguntas. Sei que o senhor é cientista e professor — mas, para algumas pessoas, o senhor é uma fonte de esperança.
George Henry Whitesides
Caro Sr. Whitesides,
Obrigado por compartilhar sua história.
Nunca foi (nem é) minha intenção mudar o sistema de crenças de ninguém, de um jeito ou de outro. Meu objetivo é simplesmente empoderar as pessoas para que elas pensem por si mesmas, em vez de deixar que outros pensem por elas. Nisto floresce a alma
do ceticismo e o espírito
da liberdade de investigação.
Fico feliz que eu tenha cultivado esse crescimento em você.
Como dizemos no cosmos... Continue olhando para cima.
Neil deGrasse Tyson
Sobre ser negro
Marc via a qualidade das minhas contribuições como um bom sinal de que os tempos estavam mudando, mas ele tinha certeza de que eu havia sofrido, e continuava a sofrer, preconceito racial. Ele ansiava pelo dia em que a cor da pele se tornaria uma referência irrelevante para a identidade da pessoa. No Natal