Vida simples: Tempo, relacionamento, dinheiro e Deus
De Thom S. Rainer e Art Rainer
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Vida simples - Thom S. Rainer
PARTE 1
VIDA SIMPLES: COMO FAZER
SEU TEMPO VALER PENA
CAPÍTULO 1
Quero investir mais tempo em coisas que importam
CLAREZA Movimento Alinhamento Foco
Eu (Art) li algumas inscrições de lápides: Anjo Automático
Amada Esposa, Mãe, Avó e Bisavó
Nossa Amada
A música pode ter cessado, mas a memória permanece
Para sempre em nossos corações
Todas as coisas vêm e vão, mas você ainda permanece em nossos corações
Sem dúvida, as inscrições fornecem algum conforto para os que ainda vivem. Talvez tenham ajudado no processo de despedida. Ou os vivos imaginaram que seus mortos pudessem, de alguma forma, saber que a ausência deles era sentida. Quem sabe fosse uma última expressão de amor. Ou ainda, os parentes dos mortos quisessem que outros, como eu, soubessem que embaixo da grama estava um corpo que um dia respirou, andou e falou. Que abaixo da lápide havia um corpo que um dia viveu e que, quando vivo, era, de algum modo, especial para eles.
Algumas lápides ainda contém espaços em branco, antecipando a morte de outro. Uma mulher que morreu estava aguardando para que o corpo de seu marido fosse colocado ao seu lado. Sua linha do tempo já fora gravada na pedra, mas seu marido continuava a aumentar o número que seria colocado após o seu traço. Então, seu corpo físico aguardava.
Caminhei pelo lugar por um breve tempo, observando, refletindo. Passei por lápide após lápide. Cada uma representava uma vida que viera e se fora. Cada uma fora colocada ali em memória de um ser humano que um dia caminhou pela terra, uma terra pela qual você e eu, agora, caminhamos.
Logo me deparei com uma lápide de granito com uma placa de bronze aparafusada na rocha. Na placa estava escrito o nome Arthur
.
Esse é o meu nome.
Fixei o olhar na inscrição por um tempo. Esse nome representava outro Arthur, mas um dia esse mesmo nome na rocha representará o meu corpo, a minha existência terrena, que, então, terá terminado. Estava olhando para o meu fim físico.
Não tinha parentes ou amigos que foram sepultados naquele lugar. Não conhecia ninguém enterrado no chão sobre o qual caminhava e, ainda assim, possuía uma ligação com cada um. Eles eram o meu futuro físico; eu era o passado físico deles. Essa coisa chamada vida, que eu estava experimentando, eles já haviam experimentado.
Fui àquele cemitério para ganhar perspectiva. Ao lidar com o assunto tempo, não poderia pensar em um cenário mais inspirador do que estar cercado por aqueles cuja história terrena havia findado. Se lhes fosse possível falar conosco, o que nos diriam? Agora que suas vidas acabaram, que sabedoria eles gostariam de passar adiante? Quais eram seus arrependimentos? Onde acertaram? Embora as areias do tempo, na ampulheta da minha vida, ainda estejam caindo, a cada respiro que dou, aproximo-me do meu fim físico.
Meu corpo se tornará como o deles.
Em cada lápide há um traço entre dois anos. O traço é o tempo. É ali que estamos, em nosso traço. E, antes que haja algum ano a ser colocado após o traço, temos que dar algum sentido a isso. E tudo começa com um dia.
Humanos em risco
O valor do tempo não está perdido em nossa cultura. Gastamos grandes quantidades de dinheiro desenvolvendo novas formas de aumentar a eficiência de nosso período de vida aqui na terra.
A cada dia que passa, nossa cultura se torna cada vez mais proficiente em formas de maximizar o tempo em nossa vida. Com frequência, brincamos com o avanço tecnológico afirmando que o software do computador que adquirimos se torna obsoleto no momento em que deixamos a loja. Por causa da tecnologia que caracteriza a nossa geração, somos capazes de fazer, aprender e experimentar mais em uma vida do que qualquer uma das gerações que nos precederam. E isso é positivo. Deus nos criou com intelecto para explorar este mundo e, assim, realizar grandes feitos.
Porém, temos um problema. Nossa obsessão com o tempo se tornou doentia. Permeou áreas da nossa vida onde jamais deveria ter entrado.
Com a melhor das intenções, entramos na filosofia do tirar o máximo proveito de nosso tempo
. Claro que ninguém pensou, "vou preencher minha vida com tantas coisas que nem conseguirei respirar direito. Não, o pensamento soava mais como,
acho que beneficiarei minha vida se fizer isso. Se parasse por aí, tudo ficaria bem. Porém, sempre queremos algo mais. Não abandonamos o que já passou e continuamos a buscar outras coisas. Após alguns poucos
enriquecimentos" mais, a nossa vida se torna fora de controle.
A ocupação tem nos consumido.
Em nossa pesquisa, ficamos surpresos ao constatar que cerca de 44% dos entrevistados concordavam com a possibilidade de enfrentarem problemas de saúde caso a sua rotina diária continuasse naquele ritmo. Esse número é alarmante. E tão assustador quanto possa parecer, eles provavelmente estão certos. O estresse resultante de um estilo de vida agitado e ocupado está ligado a algumas das seguintes complicações:
•Problemas no coração
•Obesidade
•Depressão
•Problemas de memória
•Distúrbios no sono
•Ansiedade
•Pressão sanguínea alta
Nossa obsessão com o tempo cobra um elevado preço. Literalmente, estamos expondo as nossas vidas a sérios riscos em nome da busca pelo ganho pessoal.
Obviamente, isso não afeta apenas nossa saúde física. Nossas famílias também são impactadas negativamente pelas consequências desse problema. Cerca de 57% dos entrevistados casados admitiram que raramente conseguem sair para jantar com seus cônjuges. Ainda, 84% deles afirmaram ter ciência de que precisavam passar mais tempo juntos.
Nossos filhos são sufocados com inúmeras atividades. O pequeno Billy é um atleta. Raramente ele passa uma temporada sem treino após treino. A pequena Mary Linn é a estrela da classe. Seu tempo livre é dedicado a acampamentos de matemática, à prática de música e ao clube de francês. Por falar nisso, ela também é a presidente da classe. Sem termos essa ciência, treinamos nossos filhos para serem ocupados, para reproduzirem nossa falha. Durante os primeiros estágios da vida, já estamos moldando suas mentes para sentir que tempo livre é tempo jogado no lixo.
Se nossas crianças são mais facilmente influenciadas durante a infância, e as pessoas mais influentes na vida de uma criança são seus pais, o que isso quer dizer sobre o impacto de nosso estilo de vida sobre os nossos filhos?
Provérbios 22.6 diz: Instrua a criança segundo os objetivos que você tem para ela, e mesmo com o passar dos anos não se desviará deles. Porém, e se nossa influência, nosso treinamento, forem incorretos? Nossos filhos se desviarão deles?
De alguma forma, Deus, o doador do tempo, está sendo ignorado. Estamos ocupados demais para nos relacionarmos com ele. Nossas crianças cumprem uma agenda excessiva de atividades e também não têm tempo para ele.
Estamos machucando a nós mesmos, nossas crianças e outros.
Por quanto tempo isso pode continuar? Quão rápido conseguimos ir até que algo saia errado? Qual será o momento da queda?
Quanto mais rápido um objeto se desloca, mais difícil é parálo e maior o impacto que ele causará ao atingir um obstáculo. À medida que nos tornamos mais e mais cheios de atividades, descobriremos ser cada vez mais difícil desapegar-se da vida que vivemos hoje. E, por fim, quando algo sai errado, o resultado pode ser desastroso. Com frequência, vemos isso na rodovia: um carro destruído à beira da estrada. Antes do acidente, aquele carro estava em alta velocidade, tentando chegar mais rápido ao seu destino. Porém, algo inesperado ocorreu; algo levou o motorista a perder o controle. Talvez algo, de súbito, tenha cruzado o seu caminho. Quem sabe ele ajeitou demais o carro. Seja qual for a causa, a consequência foi um monte de metal retorcido. A velocidade do carro ampliou o resultado. Ele estava rápido e era poderoso. Assim como o acidente.
Estamos correndo riscos. O ritmo frenético no qual vivemos não é sustentável. Algo aparecerá em nosso caminho, algo inesperado. E esse algo provocará um acidente dramático em nossa vida.
Você já sabe disso. Sente que vive na corda bamba. Consegue perceber que a capacidade de ter tempo
está minguando em sua vida. Seu dia se tornou cheio demais.
Claro que não era essa a sua intenção. Você desejava algo diferente. Algo a mais. E, ainda assim, algo a menos. A vida simples.
Quando mais se torna menos
Uma das histórias bíblicas mais poderosas sobre gerenciamento de tempo ocupa cinco versos em Lucas 10.38-42.
A história envolve duas irmãs, Maria e Marta. Lázaro, amigo de Jesus, a quem o Filho de Deus iria, mais tarde, ressuscitar dentre os mortos, era irmão delas. As duas amavam a Jesus, porém cada qual demonstrava esse amor à sua maneira.
Jesus e seus discípulos chegaram a Betânia, cidade de Maria e Marta, e decidiram visitá-las por um tempo. Elas, generosamente, abriram sua casa para Jesus e seus discípulos.
Porém, a casa não estava preparada para hóspedes. Elas não haviam antecipado a chegada de Jesus e não estavam preparadas para receber aquela comitiva. Havia muito a ser feito, e tinha de ser feito enquanto os visitantes aguardavam.
A Bíblia nos diz que Jesus estava na casa conversando. Enquanto ele falava, Marta estava, freneticamente, correndo pela casa arrumando as coisas. O anseio de agradar à inesperada visita estava lhe causando muito estresse. Ela queria que tudo estivesse pronto.
Essa é uma cena fácil para eu (Art) imaginar. Sempre que recebemos visitas, sejam familiares ou amigos, minha esposa declara guerra contra qualquer coisa que, de alguma forma, pareça sujeira. O chão tem de ser varrido, o carpete aspirado, os balcões limpos e os banheiros devem brilhar.
Enquanto Marta estava ocupada, tentando deixar a casa preparada para os hóspedes, ela olhou e viu sua irmã sentada aos pés de Jesus, ouvindo atentamente as palavras do mestre. Obviamente, Marta ficou chateada. Como Maria podia ficar ali sentada, enquanto ela doava tudo de si para que os convidados se sentissem em casa? Como ela podia ser tão egoísta? Ela não ligava nem um pouco para tudo o que tinha de ser feito?
Incomodada, Marta se aproximou de Jesus e lhe perguntou por que ele permitia que Maria deixasse todo o trabalho para ela. Senhor, não te importas que minha irmã tenha me deixado sozinha com o serviço? Dize-lhe que me ajude! (Lc 10.40).
Jesus viu Marta dar duro no trabalho enquanto Maria apenas permanecia sentada e ouvia. Após ter dito isso, imagino Jesus olhando para ela com amor em seus olhos, um ligeiro sorriso em seu rosto e balançando a cabeça gentilmente. O Senhor respondeu: "Marta! Marta! Você está preocupada e inquieta com muitas coisas; todavia apenas uma é necessária. Maria escolheu a boa parte, e esta não lhe será tirada" (Lc