Missão urbana: Servindo a Cristo na cidade
De Bernardo Cho
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Sobre este e-book
Missão urbana encapsula a razão de ser do Seminário Teológico Servo de Cristo, localizado na cidade de São Paulo e que celebra trinta anos de existência. Seus autores, professores do seminário, dialogam com o leitor transitando pelas principais questões que desafiam a igreja em sua atuação nos grandes centros. Longe de ser uma tarefa recente, a "missão urbana" nasce nos primórdios do cristianismo com o propósito de alcançar cidades como Jerusalém, Antioquia, Tessalônica e Corinto. O tempo passou, mas a missão continua, ainda mais intrigante e urgente.
Como proclamar as boas-novas de Jesus Cristo em um ambiente caótico, violento, desagregador e gerador de tantas más notícias? Em abordagem multidisciplinar, usando ferramentas de exegese, teologia bíblica, sistemática e prática, os autores apresentam ensaios que exortam o leitor para uma das mais complexas e não menos estimulantes tarefas da igreja: ser sal e luz em meio ao concreto das cidades.
Estevan F. Kirschner
Bernardo Cho
Marcos de Almeida
Sandro R. Baggio
Israel Belo de Azevedo
Ricardo Barbosa de Sousa
Luiz Fernando Arêas
Carlos Augusto Vailatti
Marcos Amado
Ana Lucia Bedicks
Ziel Machado
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Avaliações de Missão urbana
2 avaliações1 avaliação
- Nota: 5 de 5 estrelas5/5Livro excelente! Curto e bastante preciso. Aqui temos cada capítulo trazendo um ponto sobre a igreja e a missão, pontos essências para quem quer entender o tema.
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Missão urbana - Estevan Kirschner
Da Babilônia à Nova Jerusalém
O ensino da Bíblia sobre a cidade
• ESTEVAN F. KIRSCHNER •
Mestre em Interpretação Bíblica e PhD em Novo Testamento pela London School of Theology, na Inglaterra. É professor de Bíblia, línguas originais e exegese no Servo de Cristo, onde coordena o programa de Estudos Doutorais em Ministério (D.Min.). É um dos tradutores das Bíblias NVI e Almeida Século 21, e coordenador da Comissão de Tradução da NVT. Casado com Rachael, tem três filhos e três netos.
Quem lê o início e o fim da Bíblia nota que o drama humano começa num jardim e termina numa praça no centro de uma cidade.
O jardim do Éden, em Gênesis 2, representa o mundo perfeito, cuja administração e proteção cabem ao ser humano (Gn 2.15), que foi constituído com as potencialidades necessárias para essa tarefa, pois foi criado à imagem e semelhança de Deus (Gn 1.26-27) para o propósito de, entre outras coisas, governar
a terra (Gn 1.28).
Já a Nova Jerusalém, em Apocalipse 22, representa a restauração dos propósitos de Deus para a humanidade que falhou (pecou) ao procurar extrapolar sua condição de criatura e assumir o papel que somente o Criador possui. Ao ceder à tentação de ser como Deus
(Gn 3.5), o ser humano (do hebraico ’adam, comumente traduzido por Adão
) disparou o processo que culminou em sua total alienação e morte. Em primeiro lugar, alienação de si mesmo e de seu semelhante, mas principalmente de Deus e dos bons propósitos divinos para a criação (Gn 3.7-10). Depois, alienação de sua condição de administrador de um mundo perfeito, com a maldição que Deus pronuncia sobre a terra e sobre as nobres funções previstas para os seres humanos em seu relacionamento uns com os outros, bem como em relação à vida na terra (Gn 3.16-19). A humanidade, criada do pó da terra
, voltará ao pó
, pois a morte agora figura inescapavelmente como seu destino certo.
O paraíso
foi perdido, e ocorre então o primeiro exílio
da narrativa bíblica. Todavia, embora represente uma punição severa da parte de Deus, tal exílio ainda assim constitui um sinal claro de sua graça (Gn 3.22-24). Sim, o ser humano foi expulso
do jardim perfeito que lhe caberia administrar se houvesse seguido a instrução e a orientação divinas, um jardim do qual receberia os benefícios de uma vida sem a exaustação e a dor inerentes à condição humana atual. No entanto, Deus assim fez com a intenção de preservar a humanidade de permanecer numa condição irremediavelmente perdida — daí a afirmação: Se eles [os seres humanos] tomarem do fruto da árvore da vida e dele comerem, viverão para sempre
(Gn 3.22). Assim, o caminho
(o GPS) para a árvore da vida (a possibilidade de uma vida sem fim/eterna) foi totalmente bloqueado (Gn 3.24).
É com base nessa realidade que o drama final da Bíblia (Ap 22) descortina a restauração ao propósito inicial de Deus. A Nova Jerusalém — definida em Apocalipse 21.9-10 como a própria Igreja, a noiva, a esposa do Cordeiro
— aparece em cena como uma cidade que representa a restauração dos planos de Deus para a criação da humanidade. Agora, retorna ao cenário a árvore da vida
, não mais num jardim de prazeres
(significado do termo hebraico traduzido por Éden
), mas numa praça
no meio da cidade de Deus (Ap 22.2). O resultado é a cura das nações, o que nenhuma organização humana supranacional é capaz de fazer. É a quebra definitiva de toda e qualquer maldição, inclusive as de Gênesis 3. É a adoração plena na presença de Deus e de seu Cristo, o Cordeiro
(Ap 22.1-4).
Os seres humanos reinarão para todo o sempre
(Ap 22.5), cumprindo dessa forma a função proposta por Deus na própria criação (Gn 1.26-28). Agora, a humanidade resgatada por Cristo não será mais impedida de comer do fruto da árvore da vida
e de viver para sempre cumprindo os propósitos de Deus e usufruindo os benefícios eternos dessa condição restaurada em Cristo (Ap 22.14).
De todo esse drama, aqui resumidamente retratado, surge a pergunta: Por que um projeto humano como a cidade, sob a marca do pecado e da oposição a Deus, é resgatado e se torna a síntese principal da harmonia perfeita entre Deus e os seres humanos na restauração de toda a criação?
O primeiro exílio: do Éden até Babel
A primeira cidade mencionada pela Bíblia foi fundada por Caim, que deu a ela o nome de seu primeiro filho, Enoque
(Gn 4.17). Esse registro em Gênesis segue de perto todo o drama envolvendo o assassinato de Abel cometido por seu irmão Caim e a subsequente maldição e punição de Deus: O solo não lhe dará boas colheitas, por mais que você se esforce! E, de agora em diante, você não terá um lar e andará sem rumo pela terra
(Gn 4.12). Em seguida, o texto bíblico nos diz que Caim saiu da presença do SENHOR e se estabeleceu na terra de Node
(Gn 4.16). A história, que começa com Caim e Abel tentando se aproximar de Deus por meio de ofertas e sacrifícios, termina tragicamente com a morte de Abel e com Caim saindo da presença de Deus, exilado ainda mais distante do Éden, de onde seus pais haviam sido expulsos. Agora Caim se vê condenado a viver vagando pela terra de Node (nome cujo significado é "andança sem