Fauna e Flora do Parque Estadual Mata São Francisco: norte do Paraná
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Fauna e Flora do Parque Estadual Mata São Francisco - João Antonio Cyrino Zequi
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F264 Fauna e flora do Parque Estadual Mata São Francisco : norte do Paraná [livro eletrônico] / organizadores: João Antonio Cyrino Zequi, Mario Luis Orsi, Lenice Souza Shibatta. – Londrina : Eduel, 2019.
1 Livro digital : il.
Vários autores.
Inclui bibliografia e glossário.
Disponível em: http://www.eduel.com.br
ISBN 978-85-7216-982-0
1. Parque Estadual Mata São Francisco (Paraná). 2. Fauna – Paraná, Norte. 3. Flora – Paraná, Norte. I. Zequi, João Antonio Cyrino. II. Orsi, Mario Luis. III. Shibatta, Lenice Souza.
CDU 591.9:581.9(816.2)
Enviado em: Recebido em:
Parecer 1 25/05/2016 18/07/2016
Parecer 2 18/01/2017 23/01/2017
Aprovação pelo Conselho Editorial em: 05/06/2017
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Sumário
AGRADECIMENTOS
PREFÁCIO
UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DO ESTADO DO PARANÁ E O
CONTEXTO DO PARQUE ESTADUAL MATA SÃO FRANCISCO
FLORA VASCULAR
COMPARAÇÃO DA COMUNIDADE ARBÓREA
ENTRE A BORDA DA TRILHA E INTERIOR DE MATA
FORMAS DE DISPERSÃO DE FRUTOS DAS ESPÉCIES ARBÓREAS
ARANEAE (ARACHNIDA)
COLLEMBOLA (HEXAPODA)
BLATTODEA (INSECTA)
SCARABAEOIDEA (INSECTA: COLEOPTERA)
STAPHYLINIDAE (INSECTA: COLEOPTERA)
NYMPHALIDAE (LEPIDOPTERA: PAPILIONOIDEA)
CARACTERIZAÇÃO DE CULICIDAE (DIPTERA) DENDRÍCOLAS
PEIXES: DIVERSIDADE, IMPORTÂNCIA ECOLÓGICA E CONSERVAÇÃO
CARACTERIZAÇÃO CARIOTÍPICA DE PEIXES
ANFÍBIOS (ANUROS)
RÉPTEIS
AVIFAUNA
MAMÍFEROS NÃO VOADORES
MAMÍFEROS VOADORES
GLOSSÁRIO
MINICURRÍCULO DOS AUTORES
AGRADECIMENTOS
João Antonio Cyrino Zequi
Mário Luis Orsi
Lenice Souza-Shibatta
(Organizadores)
Nossos agradecimentos a todos os autores das instituições de ensino: Universidade Estadual de Londrina, Universidade Estadual do Norte do Paraná, Centro Universitário Filadélfia de Londrina (Unifil) e ao Instituto Ambiental do Paraná (IAP).
Às Universidades envolvidas, pelo apoio e financiamento dos projetos de pesquisas desenvolvidos no Parque Estadual Mata São Francisco ao longo desses oito anos.
Em especial a essa nova geração de biólogos que participou com afinco nos vários projetos de levantamento da fauna e da flora, consolidando um aprendizado em iniciação cientifica com relevante contribuição na área acadêmica e de pesquisa ambiental.
À Editora da Universidade Estadual de Londrina (EDUEL), que recepcionou a obra e auxiliou para que se tornasse realidade. A todos, indistintamente, que contribuíram para o inventário da fauna e da flora do parque, no qual esse conhecimento é a premissa para um excelente manejo e manutenção dessa unidade de conservação.
PREFÁCIO
João Antonio Cyrino Zequi
Mário Luís Orsi
Lenice Souza-Shibatta
(Organizadores)
O livro Fauna e Flora do Parque Estadual Mata São Francisco surgiu da necessidade de reunir, em uma única obra, os diversos trabalhos realizados por 45 pesquisadores e estudantes de três importantes instituições de ensino superior localizadas no norte do estado do Paraná: Universidade Estadual de Londrina (UEL), Universidade Estadual do Norte do Paraná (UENP) e Centro Universitário Filadélfia (Unifil). A parceria entre essas instituições, bem como a liberação do espaço para estudos pelo Instituto Ambiental do Paraná (IAP), demonstra que a união permite a realização de importantes contribuições para a sociedade e o meio ambiente. Dessa forma, além da ampliação do conhecimento, o livro tem a função social de disseminar o conhecimento de nossa fauna e flora e pode ser utilizado nas diversas esferas do ensino, como para consultas de pesquisas e outras atividades didáticas. A obra poderá servir, também, como subsídio ao plano de manejo da fauna e da flora do Parque. Conhecer é o primeiro passo para realizar um manejo ambiental adequado, em busca de preservação, sustentabilidade, manutenção de serviços ambientais e educação ambiental.
Deve-se destacar que os estudos aqui publicados foram realizados com a contribuição de vários estudantes, que hoje são biólogos e assinam alguns capítulos deste livro. Eles vivenciaram, junto com seus professores e pesquisadores, todo o contexto de uma iniciação científica, cujo fruto se vê concretizado na forma desta publicação.
Você irá encontrar, aqui, dezoito capítulos distribuídos e organizados por grupos taxonômicos, que tratarão dos levantamentos realizados sobre a flora e a fauna de uma porção representativa da Floresta Estacional Semidecidual. Não foi intenção dos autores esgotar o assunto sobre a diversidade biológica do Parque, pois os capítulos tratam de levantamentos realizados em períodos relativamente curtos. Entretanto, o que foi realizado revela o quanto os parques e as áreas de conservação, mesmo que isolados em uma paisagem fragmentada, ainda podem concentrar uma rica biodiversidade. Com este trabalho, esperamos ter realizado uma singela contribuição para o conhecimento da flora e da fauna do Parque Estadual Mata São Francisco. Nossos agradecimentos a todos que tornaram esse projeto uma realidade.
UNIDADES DE CONSERVAÇÃO DO ESTADO DO PARANÁ E O
CONTEXTO DO PARQUE ESTADUAL MATA SÃO FRANCISCO
João Batista Campos¹
Junia Heloisa Woehl²
Introdução
Campos e Costa-Filho (2006) narram que o processo de criação de Unidades de Conservação (UC) no Estado do Paraná não divergiu da maioria dos estados da Federação. Embora as primeiras iniciativas para a criação de UC datem de 1876, quando o engenheiro André Rebouças propugnava pela instituição de parques nacionais na Ilha do Bananal e em Sete Quedas, o primeiro parque brasileiro, o Parque Nacional de Itatiaia, foi criado somente em 1937. Da mesma forma, no Estado do Paraná, o Parque Nacional do Iguaçu, que teve sua criação defendida por Santos Dumont em 1916, somente em 1939 veio a ser instituído, por decreto do presidente Getúlio Vargas.
Em 1942, outro atributo da natureza, de reconhecimento mundial, sensibilizou o governo paranaense, levando-o a declarar de utilidade pública, para fins de desapropriação (Decreto Lei nº 86/42), os imóveis Lagoa Dourada e Vila Velha, que abrigavam o monumento Itacueretaba – a extinta cidade de pedra –, antigo nome do que hoje é conhecido como Vila Velha.
Decorridos onze anos, somente no dia 12 de outubro de 1953, pela Lei Estadual n.º 1292/53, foi criado o Parque Estadual de Vila Velha, formado pelos imóveis já mencionados, com os objetivos de conservação da flora e da fauna nativas, do cultivo de espécimes preciosos e do estímulo do turismo em suas diferentes regiões.
Outro marco importante data de 1948, quando a Assembleia Legislativa do Estado do Paraná promulgou a Lei nº 33/48, que reservava, como patrimônio inalienável do Estado, as áreas mínimas de 121 hectares de terras devolutas nas regiões onde estavam situados os remanescentes das primitivas reduções jesuíticas de Vila Rica, São Tomé, Arcângelo, Santo Antônio, Encarnação, São Miguel, Loreto, Santo Inácio, Jesus Maria e Guaíra. Dessas áreas, remanesceu apenas a de Vila Rica do Espírito Santo, onde hoje existe o Parque Estadual de Vila Rica do Espírito Santo, no município de Fênix.
O processo de colonização do Paraná também deixou registros importantes no desenvolvimento das UC, os quais poderiam ter sido mais eficientes se tivessem atendidos os propósitos que se pretendiam à época. Dentre eles, destaca-se o fato de que, nos títulos de terras expedidos para alienar ou legitimar imóveis devolutos, conforme Lei de Terras (7005/78), constava que seus proprietários deveriam, de forma resolutiva, deixar 25% do imóvel como reserva, sem exploração. Esse fato foi vencido e nunca cumprido.
Também foi destaque que, em muitos dos processos de demarcação das glebas destinadas à colonização, reservaram-se áreas com diferentes finalidades. O que remanesceu delas originou algumas das atuais UC paranaenses.
Todo esse patrimônio (UC) esteve, durante um interregno de tempo, administrado por diversas instituições que os usavam para diferentes finalidades, tais como: pesquisa agronômica, viveiro de produção de mudas, horto florestal, ocupação por terceiros.
Em 1977 foi criado o Departamento de Parques e Reservas no Instituto de Terras e Cartografia, com a finalidade de administrar os Parques e Reservas do Estado do Paraná. Esse fato representa um momento importante, pois demarca o ato em que o estado iniciou seu intento de promover uma política para seus Parques e Reservas, ou pelo menos de organizar o quadro que se afigurava, ou seja, cada uma das situações citadas anteriormente encontrava-se ligada a uma instituição e tinha as mais diversas finalidades, menos a de conservação da biodiversidade. Quando esse objetivo ocorria era por mero acaso, normalmente vinculado ao interesse individual de pessoas que se dedicavam a esse mister.
A esse momento pode, também, ser atribuído um dos pontos de mudança na política estadual de preservação da natureza relativamente às UC, não porque tenham ocorrido grandes incrementos de áreas, mas por ter sido o início da organização e do direcionamento de bens patrimoniais até então somente tratados como Parques e Reservas do Estado. Esse momento teve seu ponto culminante com a realização de um diagnóstico pelo ITC (Instituto de Terras e Cartografia) para indicar o norte
para as UC, quanto à necessidade de categorizá-las adequadamente, bem como de analisar sua expressividade. Esse diagnóstico indicou a necessidade de se estabelecer um sistema de áreas protegidas, ainda que não houvesse nenhum arcabouço legal para instituí-lo formalmente.
Assim, como pôde ser observado, o processo de escolha dos locais para a criação de UC no Paraná foi tradicionalmente decorrente de critérios como áreas remanescentes de processos de regularização fundiária e outras oportunidades legais, integridade física, beleza cênica, área sem interesse para atividades agrícolas, áreas marginais ao processo de exploração econômica; enfim, áreas que sobraram
do processo de ocupação e expansão da fronteira agrícola do Estado.
Outro fato importante para a composição de UC no Estado do Paraná e que se agrega a esse histórico foi o advento da Lei nº 6938, de 31 de agosto de 1981, que dispõe sobre a Política Nacional de Meio Ambiente. A partir dessa lei, diversos instrumentos versaram sobre sua regulamentação, sendo a que mais impactou positivamente o processo de criação de UC foi a Resolução CONAMA nº 02/96, que estabeleceu o que conhecemos hoje por Medidas Compensatórias.
Essa Resolução prescreve em seu artigo 1º que
para fazer face à reparação dos danos ambientais causados pela destruição de florestas e outros ecossistemas, o licenciamento de empreendimentos de relevante impacto ambiental, assim considerado pelo órgão ambiental competente com fundamento do EIA/RIMA, terá como um dos requisitos a serem atendidos pela entidade licenciada, a implantação de uma unidade de conservação de domínio público e uso indireto, preferencialmente uma Estação Ecológica, a critério do órgão licenciador, ouvido o empreendedor (sem grifos no original).
Como poderá ser visto adiante, esse fato foi fundamental no processo de criação de diversas UC no Estado do Paraná, em especial do Parque Estadual Mata São Francisco, sobre o qual versa este livro.
O Processo de Ocupação Territorial do Paraná e as Áreas Protegidas
Ao longo do século XX, o Sul do Brasil, uma das regiões mais ricas do mundo em diversidade de ambientes naturais, sofreu intensa colonização, ocasionando um avanço célere sobre vastas áreas silvestres. Esse fenômeno se intensificou a partir dos últimos cinquenta anos, com o fomento à utilização de equipamentos e insumos para a agricultura de grande escala e a inexistência de critérios para a exploração da riqueza de exuberantes florestas nativas, consideradas por muito tempo um recurso inesgotável.
Políticas de desenvolvimento equivocadas, somadas à falta de conhecimento da sociedade em geral sobre os impactos negativos decorrentes da ampla destruição de áreas silvestres e ao desrespeito a medidas fundamentais de conservação dos recursos naturais, provocaram a redução e a ameaça de desaparecimento de praticamente todos os ecossistemas primitivos desta porção do continente sul-americano. Todos esses fatores vêm comprometendo seriamente as condições de desenvolvimento e a qualidade ambiental na região.
No Paraná, esse cenário se repete. Seguidos ciclos econômicos reduziram drasticamente as áreas naturais do Estado. Quase todo o solo paranaense, suas unidades naturais, zonas de transição e rede hídrica eram protegidos por florestas que cobriam originalmente 83,74% do Estado (MAACK, 1968). A ocupação, na sua maioria (70%), deu-se com a exploração agropecuária, altamente tecnificada e consumidora de insumos agrícolas. Esse processo, além de provocar a degradação ambiental, desencadeou uma série de desequilíbrios socioeconômicos, como: redução na produtividade agrícola, redução na renda dos produtores, aumento no custo da produção, redução na demanda por mão de obra no meio rural e êxodo rural.
O início da dilapidação dos recursos naturais deu-se ainda no final do século XIX e início do século XX, com a instalação das primeiras serrarias, as quais tinham características nômades: uma vez esgotada a floresta, transferiam-se para outro lugar. Dessa forma, acentuou-se a ocupação do Oeste e Sudoeste do Estado, regiões de vastas florestas de Araucária e com espécies como imbuia, cedro, canela e outras, que foram gradativamente exploradas com fins econômicos.
A madeira, ao contrário da erva-mate, teve forte crescimento a partir de 1930, atingindo o auge em 1939, oportunidade em que foram exportadas 307.000 toneladas, além de suprir o crescente mercado interno.
A exploração da madeira e a introdução, particularmente, da cultura do café nas regiões Norte e Noroeste do Paraná, reduziram a cobertura florestal do Estado para 39,67% já em 1950. Estava, assim, configurando-se o grande processo de expansão das fronteiras agrícolas, agora com a ocupação dos férteis solos, estimulando-se a substituição da floresta por atividades agrícolas.
Em l965, a cobertura florestal do Estado já se encontrava reduzida a 24%.
Uma nova fase econômica do Estado, representada pela tecnificação da agricultura, reduziu rapidamente os últimos remanescentes de vegetação natural (Fig. 1).
Figura 1: Processo histórico de redução da cobertura de vegetação natural do Estado do Paraná - 1930 - 1990 (Gubert-Filho 1993)
O Bioma Mata Atlântica representava, originalmente, 99% do território do Estado e, segundo levantamento realizado em 2013-2014, restam apenas 13% de fragmentos de áreas naturais (Fundação SOS Mata Atlântica/INPE 2015).
Com o processo acelerado e a recente de colonização do Estado do Paraná (cerca de 200 anos), seus principais ecossistemas vêm sofrendo uma contínua redução, com uma incisiva perda das biodiversidades alfa e gama. E, nesse cenário, os parcos remanescentes naturais encontram-se fragmentados, isolados e pulverizados sobre uma paisagem inóspita e degradada, com pouca representatividade dos ecossistemas naturais.
Conforme já mencionado, a história de criação de UC no Estado do Paraná sempre esteve ligada às áreas remanescentes do processo de colonização e ocupação do seu território, observando pouca sistematização para levar a termo a proteção de seus diferentes ecossistemas. As UC, que deveriam conter amostras significativas dos diversos ecossistemas ocorrentes no Estado, são insuficientes para atendimento dessa premissa.
O histórico sobre a evolução do processo de estabelecimento de UC teve um divisor de águas quando, em 18 de julho de 2000, foi sancionada a Lei nº 9.985/00, que estabeleceu o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza – SNUC, tornando-se um marco importante no processo de criação e gestão de UC. O sistema criado definiu, uniformizou e consolidou critérios para o estabelecimento e gestão das áreas protegidas.
O SNUC também garantiu a participação popular na criação e gestão das UC por meio da consulta pública e dos conselhos gestores.
A partir daí, surgiram conceitos que influenciaram o processo de criação das UC. Um deles, os corredores de biodiversidade, estabeleceu critérios para a localização das UC, visando à conexão dessas unidades com fragmentos de vegetação e outras áreas protegidas. Outro conceito, a definição das áreas prioritárias para a conservação da biodiversidade pelo Ministério do Meio Ambiente, serviu como base para o estabelecimento das áreas estratégicas para a conservação da biodiversidade do Paraná (Resolução Conjunta SEMA/IAP nº 05, de 19/09/2009), que passaram a nortear a criação de UC.
Com a internalização desses conceitos, inicia-se um processo de criação de UC, obedecendo a critérios técnicos mais apurados, buscando as áreas mais bem conservadas e que efetivamente representassem os diferentes ecossistemas ocorrentes no Estado. Predominam as UC de proteção integral, com preocupação para o estabelecimento de um sistema de UC em que haja representação de todos os ecossistemas nas diferentes categorias de manejo.
Também tem início um processo de gestão das UC, visando à ampliação da área protegida e à melhoria da qualidade ambiental das áreas já existentes. A criação do Programa do Estado do Paraná para Espécies Exóticas Invasoras representa um grande avanço para a restauração das áreas naturais e da paisagem e para a manutenção dos serviços ecossistêmicos.
Ações estão sendo realizadas, mas permanecem grandes desafios. Para a administração e manejo das UC existentes, o desafio é a garantia de recursos materiais e humanos para sua correta gestão. Em relação aos remanescentes naturais ainda existentes, o esforço é para a sua proteção e manutenção, uma vez que o Brasil e o Paraná possuem ambiciosos e polêmicos planos de desenvolvimento, especialmente para as áreas de energia e infraestrutura, colocando em risco a integridade dessas áreas naturais.
O esforço para a proteção dos parcos remanescentes naturais ainda existentes deve ser contínuo, pois todo o processo de estabelecimento de UC no Estado do Paraná resultou na situação atual, que demonstra uma baixa representatividade dos ecossistemas protegidos por UC, como pode ser visto no Quadro 1.
Quadro 1. Distribuição das Unidades de Conservação de proteção integral e uso sustentável nas Regiões Fitoecológicas em relação à área do Estado do Paraná
*Não foram deduzidas as áreas das UC de proteção integral inseridas nas UC de uso sustentável.
A partir do Quadro 1, pode-se observar que o Paraná possui 11,08% de seu território coberto por UC, dando a impressão de que o estado conta com um bom índice de proteção de seus ecossistemas naturais. Entretanto, quando se verificam os valores das UC de proteção integral, ou seja, aquelas que admitem apenas o uso indireto dos recursos naturais e que, portanto, efetivamente promovem a proteção da biodiversidade in situ, o índice é alarmante, pois essas UC protegem apenas 2,63% da área total do Estado.
Por outro lado, as UC de uso sustentável representam 8,45% da área do Estado, no entanto permitem várias formas de utilização dos recursos naturais, sendo a proteção da biodiversidade um objetivo secundário.
Mesmo com o somatório das UC de proteção integral e uso sustentável, que perfazem 11,08% da área do Estado, fica evidenciado que esses valores são bem abaixo da meta estabelecida pela Convenção da Diversidade Biológica – CDB, que é de 17% de área de UC em ambientes terrestres.
Com relação às Regiões Fitoecológicas ocorrentes no Paraná, a que tem a menor área sob proteção integral é a Floresta Ombrófila Mista (0,41% da área original da Região Fitoecológica). Porém, se considerarmos que a proteção da Floresta Estacional Semidecidual está concentrada nos Parques Nacionais do Iguaçu e de Ilha Grande e o alto grau de fragmentação de sua área de ocorrência, talvez essa Região Fitoecológica seja a mais ameaçada no estado, fato que ressalta a importância do Parque Estadual Mata São Francisco.
Finalmente, considerando o percentual de vegetação original ainda existente no Paraná (13%), o estado de conservação dos remanescentes e a fragmentação, a possibilidade de criação de UC com áreas extensas e em bom estado de conservação está se tornando cada vez mais remota.
O Parque Estadual Mata São Francisco – Contexto
No final da década de 80 e começo da década de 90, inicia-se a criação de UC pela implementação de Medidas Compensatórias. Com o advento da Lei 6938/81 e da Resolução CONAMA 02/96 ficou estabelecido o processo de compensação ambiental de empreendimentos que promovam significativo impacto ambiental, especialmente a criação de UC para cumprir esse fim.
Compensação é um termo do vocabulário jurídico que tem sua origem derivada do latim compensatio, de compensare (contrapesar, contrabalançar), indica a ação de anotar as obrigações devidas reciprocamente por dois entes, afim de que, pesadas as de um e pesadas as de outro, se promova a verificação de qual deles deve ser compelido a cumpri-las. Compensação é crédito que se contrabalança com outro crédito e, na realidade, resulta em perfeito encontro de contas.
Com recursos oriundos de empreendimentos de grande porte no Paraná, foram criadas cinco Unidades de Conservação: Estação Ecológica do Caiuá, Estação Ecológica Rio dos Touros, Parque Estadual (PE) Mata dos Godoy, PE do Rio Guarani e PE Mata São Francisco.
Deve ser reconhecido, portanto, que as medidas compensatórias se tornaram um instrumento de alocação de recursos na implementação do Sistema Estadual de Unidades de Conservação e melhoria no gerenciamento, por meio de financiamento de Planos de Manejo, pesquisa científica e dotação de infra-estrutura. A possibilidade legal de que 15% dos recursos destinados às compensatórias serem aplicados em ações no entorno das unidades permite que os órgãos ambientais executores possam também incrementar ações de fiscalização e monitoramento que visem garantir a integridade das áreas protegidas.
Breve Histórico (Baseado no Plano de Manejo do Parque Estadual Mata São Francisco, (PARANÁ, 2015):
Localizada entre os municípios de Cornélio Procópio e Santa Mariana, às margens da BR 369, km 79, que liga o Norte do Paraná ao Estado de São Paulo, a Mata São Francisco pode ser considerada como a última reserva de mata nativa de área contínua significativa da região.
Até 1982, a família proprietária do imóvel não havia demonstrado interesse em desmatar a área. Porém, motivada pela cobrança abusiva do ITR – Imposto Territorial Rural, que, à época, considerava área com floresta improdutiva e, portanto, deveria ser sobretaxada, e pelo alto valor das terras agricultáveis da região, iniciaram-se procedimentos para efetuar o desmatamento correspondente ao permitido pela legislação à época, ou seja, aproximadamente ٨٠٪ da floresta.
Começou, então, uma mobilização regional para preservação definitiva e a possível transformação da área em Unidade de Conservação. Participaram do processo de mobilização a sociedade civil organizada, órgãos públicos, organizações não governamentais, políticos, imprensa regional e a população em geral dos municípios de Santa Mariana e Cornélio Procópio.
Quando da construção das Usinas Hidrelétricas de Canoas I e Canoas II pela CESP – Companhia Energética de São Paulo, atual China Three Gorges Corporation (CTG), localizadas nos municípios de Itambaracá e Andirá, para obtenção das licenças ambientais foi solicitado como medida compensatória pelos impactos ambientais causados pelo alagamento das terras paranaenses, a aquisição da área de floresta da Fazenda São Francisco e sua transferência ao domínio do Estado do Paraná.
Em 5 de dezembro de 1994, o então Governador do Paraná assinou o Decreto nº 4.333/94, que criou o Parque Estadual Mata São Francisco. No entanto não foi realizada a aquisição da área.
Somente em 6 de novembro de 1997, o então Governador do Estado, por meio da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos e o Instituto Ambiental do Paraná, conseguiu, após intensa negociação, que a CESP comprasse a área, que foi transferida ao domínio do Estado do Paraná.
O nome oficial da UC é Parque Estadual Mata São Francisco, com área de 832,57 hectares, localizado na Rodovia Mello Peixoto – BR 369 km 79, nos municípios de Santa Mariana e Cornélio Procópio, (23°10´51"S e 50°38´49´´W).
Vegetação
A formação vegetal é classificada como Região Fitoecológica da Floresta Estacional Semidecidual Submontana, que é aquela localizada abaixo de 500m s.n.m.
Essa formação cobria originalmente todo o planalto paranaense abaixo dos 500m s.n.m., desenvolvida sobre as férteis terras roxas e o arenito Caiuá. Reinhard Maack considerava essa região como uma variação da Floresta Pluvial Atlântica, diferenciando-se pela sua maior exuberância em função da fertilidade dos solos (MAACK, 1968).
O conceito ecológico de Região Estacional Semidecidual, segundo Veloso e Góes-Filho (1982), relaciona-se ao clima de duas estações, uma chuvosa e outra seca, ou com acentuada variação térmica. Esses climas determinam uma estacionalidade foliar dos elementos arbóreos dominantes, os quais têm adaptação ora à deficiência hídrica, ora à queda de temperatura nos meses mais frios. Esses autores consideram ainda que, no caso da Floresta Estacional Semidecidual, a percentagem das árvores caducifólias no conjunto florestal (não nas espécies que perdem as folhas individualmente) deve situar-se entre 20 a 50% na época de clima desfavorável, daí a denominação Floresta Estacional Semidecidual e, portanto, uma diferenciação definitiva da Floresta Ombrófila Densa (Floresta Pluvial Atlântica).
Trata-se de uma floresta exuberante com uma grande diversidade de espécies vegetais. Suas principais características são as espécies arbóreas emergentes caducifólias: jequitibás Cariniana spp., cedro Cedrela fissilis e canafístula Peltophorum dubium. No subosque existe uma enorme quantidade de arbustos e plântulas de reconstituição (LEITE; KLEIN, 1990).
O que mais chama a atenção na vegetação da área é a ocorrência de muitos indivíduos de grande porte de peroba-rosa Aspidosperma polyneuron, que formam gregarismos impressionantes. A espécie A. polyneuron é considerada um ecótipo para a formação florestal supracitada e figura na Lista Vermelha de Plantas Ameaçadas de Extinção no Paraná (PARANÁ, ١٩٩٥), bem como na Lista de Espécies Arbóreas Ameaçadas de Extinção no Estado do Paraná, anexa a Resolução SEMA no ٠٣١/٩٨. Deve-se destacar que esses gregarismos de peroba-rosa são raros e a cada dia mais difíceis de serem encontrados no Estado. Talvez, na região, somente nesse remanescente ocorre esse tipo de formação.
Fauna
A fauna de mamíferos da América do Sul corresponde à fauna neotropical e, apesar de pobre em animais de grande porte, é altamente diversificada, sendo que das 450 espécies brasileiras cerca de 130 ocorrem no Paraná.
A destruição da cobertura vegetal primitiva e a caça predatória são os principais fatores que levaram muitas dessas espécies a não encontrarem mais condições naturais para reprodução e desenvolvimento, apresentando um rápido e acentuado declínio de suas populações, conforme registrado no Livro Vermelho da Fauna Ameaçada no Estado do Paraná (MIKICH; BÉRNILS, 2004).
O problema de fragmentação dos habitats e sua insularização impedem o processo de troca e fluxo gênico entre as populações, comprometendo a viabilização de muitas espécies animais. Por outro lado, a caça, o tráfico de animais e a pesca ilegal reduzem as populações de espécies, sendo que muitas dessas já atingiram níveis críticos e têm comprometida a população mínima viável para sua perpetuação em longo prazo.
Na área do PE Mata São Francisco ocorre grande diversidade de fauna, sendo algumas ameaçadas de extinção, tais como o macuco Tinamus solitarius, canário-do-mato Basileuterus flaveolus, Jaguatirica Leopardus pardalis, Gato-maracajá Leopardus wiedii, Bugio Alouatta clamitans, e paca Cuniculus paca (PARANÁ, 2015).
Esse fragmento, por ser um dos poucos da região e por ter uma dimensão expressiva, é considerado um dos últimos refúgios da fauna silvestre regional, tornando-se importante área para o desenvolvimento de estudos e pesquisas, como as que se apresentam nesse livro.
Área de Estudo dos Trabalhos Realizados
O levantamento de todos os trabalhos realizados no Parque Estadual Mata São Francisco que constam neste livro foram realizados em um fragmento de floresta classificada como estacional semidecidual (Mata Atlântica), com 832,57 hectares, localizado no Parque Estadual Mata São Francisco (PEMSF), entre os municípios de Cornélio Procópio e Santa Mariana (28º08’47,3S e 50º34’19,5W), estando a 543 metros de altitude. O clima da região, segundo a classificação de Köppen, caracteriza-se como Cfa, com temperatura média anual de 21,1ºC.
Referências
CAMPOS, J.B.; COSTA-FILHO, L.V. 2006. Sistema ou conjunto de unidades de conservação? In: CAMPOS, J. B.; TOSSULINO, M. G. P.; MULLER, C. R. C. (Eds.). Unidades de conservação: ações para valorização da biodiversidade. Curitiba: IAP, 2006. p. 17-24. 348 p.
Fundação SOS Mata Atlântica / INPE. 2015. Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlântica - Período 2013-2014 - Relatório Técnico. 60p.
GUBERT-FILHO, F.A. 1993. O desflorestamento do Estado do Paraná em um século, p. 61-69. In: Conferência del mercosur sobre medio ambiente e aspectos transfronteirizos, 2. Posadas, Argentina, Anales.
LEITE, P.F.; KLEIN, R.M. Vegetação. In: Geografia do Brasil - Região Sul. Rio de Janeiro: IBGE. 1990. Vol. 2, 419p.
MAACK, R. Geografia Física do Estado do Paraná. Rio de Janeiro: J. Olympio, 1968. 442 p.
MIKICH, S.B.; R. S. BÉRNILS. Livro Vermelho da Fauna Ameaçada no Estado do Paraná. Curitiba: IAP, 2004. 763 p
PARANÁ. 2015. Instituto Ambiental do Paraná. Plano de Manejo do Parque Estadual Mata São Francisco. Disponível em: http://www.iap.pr.gov.br/arquivos/File/Plano_de_Manejo/Parque_Estadual_Mata_Sao_Francisco/Plano_Manejo_Vol_2_MSF.pdf [Acessado: 08/03/2017]
VELOSO, H.P.; GÓES-FILHO, L. 1982. Fitogeografia Brasileira. Classificação Fisionômica-ecológica da Vegetação Neotropical. Boletim Técnico Projeto RADAMBRASIL. IBGE. Salvador. 85p. (Série Vegetação, 1).
1 Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos. SEMA. E-mail: jbcampos@sema.pr.gov.br.
2 Instituto Ambiental do Paraná. IAP. E-mail: junia@iap.pr.gov.br.
FLORA VASCULAR
Daniela Aparecida Estevan³
Ana Odete Santos Vieira⁴
Cristiano Marcelo Viana Cardoso⁵
Gabriela da Mota Ferreira⁶
Introdução
O Bioma Mata Atlântica envolve uma área de 1,1 milhão de km², ou seja, 13% do território nacional. Atualmente, restam apenas 300.000 km² de florestas altamente fragmentadas (
SERVIÇO FLORESTAL BRASILEIRO, 2009
) e apenas 102.012 km² são representados por fragmentos maiores que ١٠٠ ha
(MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, 2010)
. O desmatamento, a fragmentação e o isolamento entre os remanescentes contribuem para tornar esse bioma o mais alterado e mais ameaçado no Brasil (
SERVIÇO FLORESTAL BRASILEIRO, 2009
).
A Mata Atlântica abrange diferentes formações vegetacionais: Floresta Ombrófila (Densa e Mista), Floresta Estacional (Semidecidual e Decidual), Manguezais, Restingas, Campos de altitudes associados e Brejos interioranos no Nordeste (
SERVIÇO FLORESTAL BRASILEIRO, 2009
). Apresenta, ainda, considerável diversidade e riqueza de espécies, com projeções de conter cerca de 30 a 36% das espécies conhecidas para o Brasil e com alto grau de endemismo, sendo 50% de espécies consideradas endêmicas (
MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, 2010
).
No Brasil, as taxas anuais de desmatamento variam de 10 a 29 mil km², e são perdidas entre 45 e 55 mil árvores por km² desmatado (
SERVIÇO FLORESTAL BRASILEIRO, 2009
), isso sem mensurar o número de outras espécies, não arbóreas, que também são perdidas. Assim, a destruição de habitat, a introdução de espécies exóticas, as cadeias de extinção e as mudanças climáticas seriam os principais fatores para a extinção das espécies
(MITTERMEIER; SCARANO, 2013)
. Na reavaliação do risco de extinção de 4.617 espécies de plantas brasileiras, 2.118 (45,9%) foram classificadas como ameaçadas em alguma categoria de risco
(MARTINELLI
et al.,
2013)
.
No estado do Paraná, o Bioma Mata Atlântica representava originalmente 98% do território; restavam em 2005 apenas 9,9% de fragmentos em bom estado de conservação, segundo levantamento realizado pela SOS Mata Atlântica/INPE. Cerca de apenas 8% da área do bioma Mata Atlântica no Estado está protegida em Unidades de Conservação
(MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE, 2010)
.
A criação de áreas protegidas, ou unidades de conservação (UC), é uma das maneiras mais eficazes de amenizar os problemas ambientais causados pelas atividades antrópicas, preservar as espécies e manter os processos ecológicos (
VITALLI
et al., 2009). Para o manejo e a conservação das formações vegetacionais, fragmentos protegidos, ou não, são necessários o conhecimento e a compreensão das suas peculiaridades florísticas. O conhecimento florístico se torna fundamental para compreender a resposta dos processos evolutivos de adaptação, dispersão e estabelecimento nessas formações ao longo desse processo de exploração massiva, pelo qual o bioma Mata Atlântica vem sofrendo.
A segunda principal formação florestal componente desse bioma e também a mais ameaçada, a Floresta Estacional Semidecidual, cobria originalmente 37,3% do estado do Paraná, restando atualmente apenas 3,4% desse total (
CAMPOS; SILVEIRA-FILHO, 2010
). Os remanescentes desse tipo de floresta ocorrem no Oeste, Noroeste e Norte do Estado, em grande parte coincidindo com a região de ocorrência da vulgarmente conhecida terra roxa
, em altitudes entre 200 e 800m (
CAMPOS; SILVEIRA-FILHO, 2010
). Essa floresta apresenta como característica mais marcante a perda de folhas em 20-50% das árvores do dossel durante a estação mais seca e fria do ano. Caracteriza-se, também, pela presença de árvores que atingem até 30 metros de altura, sem formar cobertura superior contínua (árvores emergentes
), cujos troncos são grossos e de fuste longo
(VELOSO; GÓES-FILHO, 1982)
.
O estrato superior da Floresta Estacional Semidecidual é caracterizado geralmente pela presença de Aspidosperma polyneuron Müll. Arg. (peroba-rosa), Peltophorum dubium (Spreng.) Taub. (canafístula), Balfourodendron riedelianum (Engl.) Engl. (pau-marfim), Gallesia integrifolia (Spreng.) Harms (pau-d’alho), Holocalyx balansae Micheli (alecrim-de-Campinas), Astronium graveolens Jacq. (guaritá) e espécies de Ficus (figueiras). Já no estrato inferior é registrada, entre outras, a presença de espécies de Trichilia (catiguás), Guarea kunthiana A. Juss. (figo-do-mato) e Sorocea bonplandii (Baill.) Burger, Lanj. & W. Boer. (cincho). A diversidade de epífitas é menor quando comparada com as florestas ombrófilas densa e mista
(IBGE, 1992; RODERJAN
et al.
, 2002)
.
Na região norte-paranaense, a vegetação da Floresta Estacional Semidecidual já foi estudada por diferentes autores, dentre eles podem ser destacados: Dias
et al. (2002) publicaram dados de inventários de espécies arbóreas da região dentro da bacia do rio Tibagi; em Londrina, a vegetação do Parque Estadual Mata dos Godoy foi descrita por Silveira (2006), Silva e Soares-Silva
(2000 )
e Rosseto e Vieira
(2013),
e a flora do Parque Municipal Arthur Thomas, por Cotareli et al. (2008); Costa et al. (2011) estudaram a composição florística do Parque Florestal de Ibiporã. Ainda no norte do estado, porém mais a leste, a flora da Estação Ecológica de Caiuá, em Diamante do Norte, foi analisada por Sakuragui e Janunzzi
(2009)
e Carneiro e Vieira
(2012)
.
O Parque Estadual Mata São Francisco (PEMSF) contempla um dos maiores remanescentes de Floresta Estacional Semidecidual da região norte do estado do Paraná, com uma área de 832 hectares, localizado nos municípios de Cornélio Procópio e Santa Mariana. O entorno do PEMSF conta com a presença fortemente marcada da agricultura intensiva, transformando-o em um fragmento isolado, sem conectividade significativa com outros fragmentos florestais que poderiam contribuir como mantenedores da diversidade local.
A vegetação do Parque Estadual Mata São Francisco foi pouco