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O Patriarca de Uz: uma abordagem poética do sofrimento humano
O Patriarca de Uz: uma abordagem poética do sofrimento humano
O Patriarca de Uz: uma abordagem poética do sofrimento humano
E-book147 páginas2 horas

O Patriarca de Uz: uma abordagem poética do sofrimento humano

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Sobre este e-book

Nesta obra, o autor relata os acontecimentos presentes no livro de Jó, no Antigo Testamento das Sagradas Escrituras, cujo personagem central, que dá nome ao livro, é exemplo de retidão, integridade, perseverança, paciência e fé, apesar de todas as provações pelas quais teve que passar. Em uma abordagem analítica, os capítulos do livro de Jó são apresentados, de modo a inculcar questionamentos acerca do sofrimento dos bons, prosperidade dos maus e das injustiças da vida. Perpassando pelos lamentos de Jó, o autor também faz uma reflexão sobre a vida, astronomia e ciência moderna, como fatores advindos da sabedoria divina; como parte da criação de um único Deus.
IdiomaPortuguês
EditoraViseu
Data de lançamento28 de fev. de 2022
ISBN9786525408033
O Patriarca de Uz: uma abordagem poética do sofrimento humano

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    Pré-visualização do livro

    O Patriarca de Uz - José Pereira Queiroz

    Introdução

    O livro de Jó é um dos mais antigos das Escrituras bíblicas inspiradas. Considerado inspirado, por isso, foi incluído no cânon sagrado. Ele trata de duas importantes perguntas: "por que sofrem os inocentes?" e "por que Deus permite a iniquidade na terra?" Nele, encontramos o relato do sofrimento do patriarca Jó e de sua perseverança em manter e provar a sua integridade a Deus. A persistência de Jó o tornou sinônimo de paciência e fé, apesar de todos os esforços de Satanás de remover este excelente exemplo de integridade da sua vida e das páginas da história bíblica e da humanidade. A resposta para tamanha determinação e integridade pode ser vista na sua fé e inteira confiança no Senhor.

    Apesar disso, há divergências quanto à existência física de Jó. Ele teria sido um personagem real ou apenas uma lenda? Um mito ou uma história? Não tem como negar que, de fato, Jó existiu. Há muitas evidências disso, uma delas é que o próprio Deus o mencionou, juntamente de suas testemunhas: Noé e Daniel (Ez. 14.14). Os hebreus do passado também aceitavam a história de Jó como sendo uma pessoa real. O apóstolo Tiago foi outro escritor a mencionar o exemplo de perseverança de Jó (Tg. 5.11). "Ouvistes qual foi a paciência de Jó, e vistes o fim que o Senhor lhe deu; porque o Senhor é muito misericordioso e piedoso". Somente um personagem real, e não um fictício, teria peso suficiente para convencer os adoradores de Deus de que é possível manter a integridade sob todas as circunstâncias; até mesmo nas mais adversas. Além disso, a intensidade e o sentimento profundo, apresentados nos seus discursos, testificam a sua existência, fé e determinação.

    O texto bíblico é claro em afirmar que Jó morava em Uz, região localizada no Norte da Arábia, perto da terra ocupada pelos edomitas, e a leste da terra prometida por Deus a Abraão e à sua descendência. Os caldeus, mencionados no livro, viviam ao sul, e os caldeus, ao leste (Jó. 1.1,3,15,17). Quanto ao período em que ocorreu a história de Jó, as opiniões dos teólogos e teóricos também se dividem. Muitos acreditam que tenha sido antes dos patriarcas hebreus; enquanto outros, acreditam ter sido depois. O mais provável é que tenha sido, de fato, depois dos patriarcas, em um período em que "não havia na terra ninguém igual a Jó, homem inculpe e reto" (1.8). Este parece ter sido o período transcorrido entre a morte de José do Egito, um homem de notável fé, e o tempo em que Moisés iniciou seu proceder de integridade, ou seja, no período em que os israelitas eram escravos no Egito. De fato, não há registro de que Deus tenha levantado pessoas entre os hebreus, que se destacassem no período de escravidão, no Nilo, que durou mais de quatrocentos anos.

    Jó, mesmo não sendo israelita, se distinguiu no culto de adoração pura a Deus, durante o período em que os hebreus estavam contaminados com a adoração politeísta do Egito. Isso pode ser visto em todo o livro, mas principalmente no capítulo primeiro de Jó. Talvez, por isso, o Senhor o tenha aceitado como um verdadeiro adorador (1.8; 42.16,17).

    O capítulo primeiro apresenta Jó, homem justo e reto, que temia a Deus e desviava-se do mal. Era feliz ao lado da sua família, composta pela esposa e sete filhos homens e três mulheres. Proprietário de terras, numerosos rebanhos e manadas de ovelhas, camelos, jumentos

    e muitos servos ao seu serviço, era o "o maior de todos os orientais" (1.1,3). Apesar de toda a sua riqueza, Jó não era materialista, pois não se fiava em seus bens materiais, mas dedicava sua confiança inteiramente no Senhor. Por isso, ele era rico no sentido espiritual, em boas obras, estando sempre disposto a ajudar os aflitos, os angustiados e os necessitados (29.12-16; 31.19-20). Por essas virtudes, todos o respeitavam. Sua dedicação a Deus tornou-se um exemplo até mesmo para os israelitas, povo escolhido pelo Senhor. Ele adorava unicamente a Deus Todo-Poderoso. Recusava-se a prostrar-se diante do sol, da lua e das estrelas, como faziam as nações pagãs à sua volta. Ele era um sacerdote para a família, oferecendo regularmente sacrifícios queimados pelos erros cometidos pelos seus filhos.

    1

    Conhecendo o Livro de Jó

    Jó é um livro poético do Antigo Testamento. Para muitos, foi o primeiro livro do cânon sagrado a ser escrito. Sua autoria é incerta; no entanto, Moisés é o nome mais aceito entre os teólogos e teóricos como o seu provável autor. Seu tema principal aborda o sofrimento do justo, ou por que o justo sofre. Nesse sentido, traz uma abordagem sobre o quadro de Jó, um homem justo, reto e temente a Deus, o qual, pela permissão do Senhor, foi submetido a uma grande provação que lhe causou muita dor e sofrimento, tendo como agente do mal o próprio Satanás, o tentador. Na sua narrativa, encontramos muitos discursos acalorados entre Jó, seus amigos Elifaz, Bildade, Zofar, Eliú e o próprio Deus, o último a discursar. Apesar disso, não há nenhuma evidência de que um deles tenha sido o autor do livro. Se o autor do livro é desconhecido, o mesmo pode-se dizer sobre a data de sua composição. Não é possível afirmar com exatidão quando ele foi escrito. Há, pelo menos, duas opiniões a respeito: a primeira é que tenha sido antes dos patriarcas Abraão, Isaque e Jacó, e a segunda é que tenha ocorrido no período em que os israelitas eram escravos no Egito, entre a morte de José e o nascimento de Moisés, quando não havia na terra homem algum como Jó.

    O esboço apresentado no livro é bem definido, delimitando os principais assuntos tratados na narrativa bíblica. Cada personagem tem o seu momento de falar e apresentar suas ideias sobre temas relevantes, no entanto o mais debatido foi o sofrimento de Jó e os motivos que o levaram àquela situação deprimente. Os principais tópicos do livro são os seguintes:

    Jó é provado e o seu sofrimento passa a ser o pano de fundo da história (1.1-2.13).

    Três amigos de Jó procuram confortá-lo, porém, diante da reclamação de Jó, inicia-se um ciclo de discursos (3.1-31.40).

    Lamentação de Jó (3.1-26).

    Discurso de Elifaz. (4.1-5.27) – Réplica de Jó (6.1-7.21).

    Discurso de Bildade. (8.1-22) – Réplica de Jó (9.1-10.22).

    Discurso de Zofar. (111.1-20) – Réplica de Jó (12.1-14.22).

    Discurso de Elifaz. (15.1-35) – Réplica e Jó (16.1-17.16).

    Discurso de Bildade. (18.1-21) – Réplica de Jó (19.1-29).

    Discurso de Zofar. (20.1-29) – Réplica de Jó (21.1-34).

    Discurso de Elifaz. (22.1-30) – Réplica de Jó (23.1-24.25).

    Discurso de Bildade. (25.1-6) – Réplica de Jó (26.1-31.40).

    Discurso de Eliú (32.1-37.24).

    Discurso de Deus (38.1-42.6).

    Epílogo (42.7-17).

    1. A história de Jó

    O mais provável é que, de fato, Jó tenha vivido no período que corresponde entre a morte de José e o nascimento de Moisés, quando não havia patriarca em Israel. Nesse período, o israelita, em sua maioria, tinha-se entregado aos costumes e religião egípcia, afastando-se de Deus e, consequentemente, da sua adoração. Com isso, o Senhor levantou Jó, mesmo não sendo israelita, mas descendente de Esaú, filho de Isaque, irmão de Jacó e neto de Abrão. Jó teria assumido esse papel de fiel adorador de Deus. Sua fé, confiança e integridade contribuíram para que ele fosse grandemente abençoado pelo Senhor, a ponto de se tornar o maior do Oriente, tanto em riquezas quanto em honra, poder e sabedoria. Além disso, exercia as funções de magistrado, sacerdote, comerciante e um grande e fiel adorador do Deus Todo-Poderoso. O próprio livro que leva o seu nome diz que ele viveu cento e vinte anos depois da sua provação, o que indica que ele pode ter vivido mais de duzentos anos (42.16). Jó exercia também o papel de sacerdote de sua família, inclusive, oferecendo sacrifícios a Deus, função esta exercida por um sacerdote ou patriarca legalmente reconhecido pelo Senhor. O que fica provado que Jó tinha conhecimento do ofício sacerdotal, muito comum no período patriarcal em Israel.

    Apesar de Jó ter vivido nessa época, isso não significa que o livro tenha sido escrito no mesmo período. É provável que o seu autor tenha vivido em um período posterior, e usou escritos antigos do tempo dos patriarcas como fonte de pesquisa para a forma final de seu livro. Tudo indica que o autor do livro de Jó era israelita. Pelo estilo de escrita, muitos eruditos têm sugerido que esse autor tenha escrito entre o tempo de Salomão e o período próximo ao exílio babilônico (970-586), uma época em que houve grande desenvolvimento da literatura poética e de sabedoria em Israel.

    2. A mensagem do livro de Jó

    A mensagem do livro de Jó revela que Deus prova os justos, permitindo que estes sofram, sem que isso seja um problema para a sua infinita bondade, justiça e misericórdia. Nesse sentido, o autor desenvolve esse tema de modo a responder os principais questionamentos a respeito do porquê de os justos sofrerem. Esta é, por sinal, a mensagem central do livro. Fica claro, na narrativa, que apesar da permissão divina, para que o justo sofra, isso não significa que não seja justo, mas sim que Ele prova aqueles a quem ama e que são íntegros na Sua presença. O Senhor é totalmente Justo e Bom, conforme o próprio livro afirma (1.1; 2.13; 42.7-17). Como o livro de Jó testifica de forma indiscutível a respeito da bondade e da justiça de Deus, não há como pensar o contrário. O sofrimento faz parte da vida humana. Dificilmente uma pessoa só terá momentos bons, conquistas e vitórias durante a sua vida. Certamente, terá também experiências ruins, perdas e derrotas. Isso faz parte do processo de amadurecimento e crescimento moral, espiritual e até profissional do ser humano.

    Portanto a mensagem do livro de Jó trata do sofrimento do justo, afirmando que Deus é bondoso, justo e soberano, e que o homem, muitas vezes, não é capaz de entender os Seus sábios desígnios, como ocorreu com o patriarca de Uz. No entanto, tudo o que Ele faz é sempre pautado na justiça e na misericórdia, a fim de nos preparar para melhor O servir (Jó. 28). Precisamos entender que Deus cumpre os seus propósitos eternos de muitas maneiras, inclusive permitindo o sofrimento de seus servos. O fato de, frequentemente, o homem não entender os seus propósitos por trás do sofrimento não lhe dá o direito de questionar a justiça, a bondade e a soberania de Deus. A história de José do Egito, por exemplo, de como o Senhor pode aperfeiçoar a fé e o caráter de seus servos, através do sofrimento,

    e tornar o mal em bem para cumprir os Seus propósitos eternos. Ele sabe o que faz e como e quando fazer (Gn. 50. 20).

    3. A importância do livro de Jó

    A mensagem de Jó é importante para nos ensinar que o sofrimento também faz parte dos propósitos divinos, para aqueles a quem Ele ama. Apesar de muitas vezes não encontrarmos explicação racional para tal e, com isso, às vezes, até tentarmos justificar-nos na presença de Deus, achando que estamos certos e Ele errado.

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