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Neve Colorida
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E-book124 páginas1 hora

Neve Colorida

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Sobre este e-book

Finalmente chegou a hora de terminar um dia intenso de trabalho, cheio de dissabores. Uma verdadeira maratona para completar minha parte na grande engrenagem que é a empresa onde trabalho, na qual não se pode falhar sem prejudicar todo o resto.
Eu estava recolhendo alguns papéis no meu escritório quando ouvi aquele som familiar que faz o computador quando recebo um novo e-mail. Não costumo verificá-los a essa hora, prefiro estar tranquilo para vê-los, e hoje foi um dia exaustivo, então os verei amanhã quando voltar. Normalmente não os lia até a manhã seguinte, nem mesmo os lia em casa, eu tentava separar minha profissional da vida pessoal.
IdiomaPortuguês
EditoraTektime
Data de lançamento24 de out. de 2020
ISBN9788835412922
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    Neve Colorida - Juan Moisés De La Serna

    Capítulo 1. A estranha imagem

    Finalmente chegou a hora de terminar um dia intenso de trabalho, cheio de dissabores. Uma verdadeira maratona para completar minha parte na grande engrenagem que é a empresa onde trabalho, na qual não se pode falhar sem prejudicar todo o resto.

    Eu estava recolhendo alguns papéis no meu escritório quando ouvi aquele som familiar que faz o computador quando recebo um novo e-mail. Não costumo verificá-los a essa hora, prefiro estar tranquilo para vê-los, e hoje foi um dia exaustivo, então os verei amanhã quando voltar. Normalmente não os lia até a manhã seguinte, nem mesmo os lia em casa, eu tentava separar minha profissional da vida pessoal.

    Trabalho é trabalho, e casa… é outra coisa, é algo que demorei bastante para aprender após ter conseguido superar uma doença tão comum nos dias atuais, chamada workaholism.

    Esse tinha sido meu refúgio por muitos anos, especialmente quando minhas relações interpessoais não funcionavam como eu queria ou esperava.

    Isso que poderia ser uma coisa negativa pelo esforço envolvido, foi compensado tanto financeiramente quanto pelo reconhecimento do resto dos meus amigos.

    Eu acreditava estar curado disso, especialmente desde que comecei nesse trabalho que era em uma revista pequena, bem colocada em escala nacional, mas sem possibilidades de promoção.

    Assim, minha ansiedade e espírito competitivo foram um pouquinho refinados, e eu tinha chegado à base das minhas reais possibilidades na vida, mas a curiosidade me venceu.

    Aquele som do recebimento de um novo e-mail me perturbou e fiquei até ansioso para abri-lo.

    Quando abri, vi uma foto estranha, era uma foto com diversas cores, ou melhor…, eu não sabia muito bem o que era, sobre um fundo branco eu podia distinguir o amarelo e o azul, mas sem poder especificar o que era.

    Olhei quem me enviou para ver se descobria algo mais sobre aquela imagem, e para minha surpresa era de uma amiga de profissão, com quem eu havia tido um romance, mas sem chegar a nada sério.

    Sabia que ela tinha trabalhado em várias redes de televisão e tinha se especializado em notícias meteorológicas, ela não somente dava a previsão do tempo como também ia onde estava a notícia, foi para áreas de furacões, tempestades, tornados e qualquer outro fenômeno meteorológico impactante ou raro o suficiente para ser notícia.

    Olhei novamente para a imagem, umas faixas brancas, que devia ser da foto, mas era tão estranho, que de repente me dei conta de isso era neve, ou ao menos parecia ser.

    Devia ter sido de uma colina encoberta de neve porque dava para ver pequenos montes subindo de baixo para cima, e em cima delas algumas cores.

    Era neve colorida? Que estranho! Pode ser que o arquivo estivesse corrompido, ou que ao transmiti-lo tivesse danificado.

    E onde será que estava a minha amiga? Na parte inferior da foto tinha a data e a hora. O dia estava correto, mas a hora não.

    Pode ser que tivesse tirado a foto há algumas horas e só me enviou agora, não sei, mas continuava me perguntando: de onde poderia ser essa imagem?

    Motivado a resolver essa questão, entrei em contato com o departamento de TI para conseguir alguma ajuda para localizar a origem de onde vinha a mensagem.

    Depois que um dos gerentes me explicou que cada mensagem enviada deixa um rastro, e que usando os programas certos é possível descobrir por quais países ela passou, desde a sua origem até chegar em mim, ele fez uma averiguação e em menos de dois minutos me disse o número do servidor de onde a mensagem foi enviada, que era um código que ele inseriu em outro programa, e apareceu como origem a Rússia.

    Rússia? Me espantei com essa informação. Eu sabia que minha amiga viaja muito, mas para tão longe? O que será que a teria levado até lá? O que será que estava fazendo? E o que essa foto estranha tinha a ver com tudo isso?

    Era uma maneira muito estranha de recuperar um contato perdido por descuido e pela passagem do tempo.

    Assim é a vida, se você não cultivar todos os dias as amizades, elas vão se apagando como a chama de uma vela, e vão sendo esquecidos até os nomes dos nossos melhores amigos, ficando somente alguns álbuns cheios de fotos de pessoas que, se você as vir novamente, ficará surpreso com o quanto elas mudaram.

    Já me aconteceu de encontrar alguém depois de muito tempo e essa pessoa não se parecer em nada com o que eu me recordava dela.

    Pode ser que com o tempo eu estivesse modificando minhas lembranças, ficando somente com os bons momentos, me esquecendo de alguns aspectos que eu não gostava dessa pessoa, ou que a pessoa tenha mudado com o passar do tempo, seja como for, as que eu vi depois de um tempo sem contato não se pareciam nada com as que eu conhecia.

    Talvez o mesmo acontecesse com essa minha amiga. Mas por que ela teria me enviado essa mensagem, e com uma foto tão estranha?

    Se não a conhecesse bem, pensaria que tinha se enganado, mas sei que ela não gosta de incomodar, e que também não sabe pedir ajuda quando precisa, porque ela costumava deixar notas ou fotos, indicando o que queria ou precisava.

    Ainda me lembro com carinho da vez em que ela deixou uma revista de vestidos de noiva sobre as minhas anotações, quando tinha ido ao banheiro, e quando voltei para o meu lugar na biblioteca a encontrei lá.

    De cara eu achei aquilo estranho, mas logo a vi sorrindo à distância, ela estava esperando a minha reação. Foi um pouco infantil para o meu gosto, mas muito claro e preciso.

    O mais provável é que essa foto fosse isso, uma comunicação sobre alguma coisa, ou um pedido de ajuda, mas eu não entendia o conteúdo da mensagem, e por mais que olhasse, não conseguia enxergar nada além de um monte de neve colorida. Talvez fosse isso. A cor devia ser o importante.

    Agradeci ao gerente de tecnologia pela ajuda que me havia dado, voltei à minha mesa de trabalho e de lá busquei na internet para ver se encontrava algo sobre neve, cores, e Rússia.

    Para minha surpresa, li vários artigos que faziam referência a estranhos fenômenos atmosféricos, de neve amarela ou azul, e a explicação sugerida era que essa cor foi adquirida em razão de uma alta concentração de produtos ferrosos e outros materiais nas nuvens.

    Na Sibéria Ocidental caiu neve colorida, e a maioria foi de cor amarela, mas também foram vistas tonalidades alaranjadas e até azuladas. Toda essa neve caiu em uma extensão de 100 quilômetros de comprimento por um quilômetro de largura, afetando cerca de 30.000 habitantes. Essa neve também era viscosa e emitia um mal cheiro.

    De acordo com os ambientalistas mencionados nesses artigos, isso poderia acontecer, em razão do mal funcionamento de uma refinaria ou de uma fábrica de fertilizantes químicos que haviam liberado no meio ambiente substâncias que tingiam as nuvens.

    Mesmo parecendo curioso esse fato, eu não achava que fosse motivo suficiente para que ela tivesse ido lá pessoalmente, porque não era nada mais do que um espetáculo como os fogos de artifícios, bonito e tal.

    Estava claro que ela estava na Rússia quando me enviou a mensagem e que tinha tudo a ver com a neve colorida.

    Agora eu entendia um pouco do que se tratava, embora eu ainda não compreendesse o que deveria fazer, se deveria esperar sua ligação ou ir buscá-la. Se ela tivesse ao menos me dado um número de telefone para contato, eu poderia perguntar a ela.

    Enquanto eu pensava nisso, um colega de trabalho me ligou e disse:

    – Liga a televisão – E para minha surpresa estava passando uma notícia da Rússia, mostrando um rio com milhares de peixes mortos dentro.

    Isso não teria a menor importância em um país onde o cuidado com o meio ambiente não é prioridade, se não fosse o fato de que essas imagens eram do rio Nevá, da sua afluente que passa por São Petersburgo, e que foram tiradas por uns turistas.

    No início não dei muita importância porque isso é algo que acontece todos os dias, inclusive nos países mais industrializados, onde as empresas erroneamente despejam poluentes nos rios, aniquilando toda a vida marinha, e isso é diluído pelo rio, diminuindo o impacto ambiental ao mesmo tempo que se estende para áreas mais remotas. Essas imagens de São Petersburgo certamente se referem a áreas mais altas do rio onde foi contaminado, por isso a concentração de peixes mortos.

    Bem, aquilo começava a parecer um quebra-cabeças, duas notícias sobre a Rússia no mesmo dia, e ambas com efeitos nocivos à natureza. Não sei se isso era suficiente para começar uma investigação jornalística, mas fui até meu chefe e comentei sobre o caso, ressaltando a oportunidade de fornecer uma notícia nova e de grande interesse da mídia, contada em primeira mão diretamente do local dos fatos.

    No início ele estava relutante porque não conseguia ver uma conexão entre os dois eventos, ainda mais quando a distância entre os dois locais

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