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Vai dar tudo certo: Que fase!
Vai dar tudo certo: Que fase!
Vai dar tudo certo: Que fase!
E-book194 páginas2 horas

Vai dar tudo certo: Que fase!

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Sobre este e-book

Com o término das férias, Mariana Dieckmann apavora-se com o nono ano. "Soa apocalíptico", declara, já imaginando que as crises de ansiedade voltariam. Após entrar na escola de mãos dadas com a melhor amiga, no primeiro dia de aula, é obrigada a fazer um discurso de boas-vindas para os alunos do colégio Padre Marcelino Champagnat. Com um auditório lotado, Dieckmann expõe seus medos e ganha a atenção de todos: "que a gente tenha coragem para enfrentar, perseverança para continuar e clareza para escolher o caminho certo. E que, entre uma coisa e outra, tenhamos festas, churrascos, música e algum romance, por que não?" E como a vida é uma caixa de surpresas, o romance acontece, provando para Mariana que ela pode encontrar um grande amigo, um incentivador e um namorado perfeito reunidos na mesma pessoa.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento4 de out. de 2023
ISBN9786554781244
Vai dar tudo certo: Que fase!

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    Vai dar tudo certo - Alessandra Jammel

    Preciso atualizar vocês: a cada ano que passava, eu ficava mais ligada à Valentina. Definitivamente, ela era a minha melhor amiga. E o tempo estava passando rápido. Vi Valentina fazer aulas de surfe em Ipanema, entrar para a ioga, aprender italiano e pintar o cabelo de ruivo. Ficou lindo.

    Ela me viu empenhada nas aulas de fotografia que resolvi fazer no Parque Lage, me viu aprender a andar de patins e a errar feio o meu corte de cabelo. Também fiz uma mecha azul. Não ficou bom.

    Nós vimos Bianca, a irmã mais velha dela, passar férias no Canadá e declarar que pretendia cursar engenharia na faculdade. Vimos Beatriz, a caçula, arrumar um namorado e vimos tia Áurea beirar a loucura por causa disso.

    Nos últimos dois anos, eu e Valentina caímos em turmas diferentes na escola, o que nos fez conhecer mais gente ainda. Ela me apresentava às novas colegas de turma e eu fazia a mesma coisa. Acho que já estava com saudade porque era início de janeiro e eu não parava de pensar no colégio. Em fevereiro, iríamos começar um novo ano escolar. E já tínhamos sido convidadas para duas festas que aconteceriam no primeiro semestre. Um fato é inegável: sem seguir padrões e rótulos, nós nos tornamos bastante conhecidas e éramos convidadas para muitos eventos.

    Depois de ficarmos dez dias em Cabo Frio, a família de Valentina resolveu passar o restante das férias visitando parentes em Belo Horizonte. E qual não foi a minha surpresa quando, alguns dias depois, ela me enviou a seguinte mensagem:

    Como assim, gente? Ela vai namorar um mineiro morando no Rio de Janeiro? Para tudo.

    A resposta foi rápida.

    – Valentina, você conseguiu encontrar um garoto da escola em Belo Horizonte? – falei, enquanto me atirava na cama de qualquer jeito.

    – Irado, não é? Estava no shopping e tive que dar um oi quando o vi. Qual a chance de estar em outro estado e encontrar alguém do colégio? Ele veio puxar assunto por causa da coincidência e acabei apresentando as minhas irmãs. Estávamos indo ao cinema e ele estava sozinho. Partiu da Beatriz o convite para que nos acompanhasse. O cinema estava vazio e foi ótimo porque conversamos durante todo o filme. Trocamos contato, nos encontramos no dia seguinte e voltamos à frase de início: arrumei um namorado.

    Estava perplexa. Sei muito bem o quanto Valentina adora bater papo no cinema. Eu sempre me esforço para ser monossilábica e não incentivar nenhuma conversa. Ao contrário dela, adoro assistir a filmes em total silêncio.

    – Você nunca me contou uma história tão sem detalhes – falei, sem paciência.

    – Tudo o que você precisa saber é que eu e o Tomás tivemos uma conexão imediata, foi um encontro de almas. O universo está a nosso favor. Meu pedido de ano novo foi um namorado. É a lei da atração funcionando. Agora preciso desligar. Nos falamos quando eu voltar.

    Achei melhor mesmo desligar. Definitivamente, eu estava ofendida. Que história é essa de tudo o que você precisa saber é que tivemos uma conexão imediata? Eu preciso saber muito mais, sou sua melhor amiga. Preciso saber como foi o primeiro beijo de vocês, as coisas românticas que ele falou, por que está em Belo Horizonte... Isso só para começar.

    E tem mais. Valentina nunca falou nada sobre o universo e a lei da atração. E que negócio é esse de fazer um pedido de Ano-Novo e não me contar?

    Não pude evitar, fiquei magoada. Resolvi ligar para a Mari. Precisava desabafar.

    Ah, esqueci de falar dela para vocês: ano passado, Mariana Tabet caiu na minha turma. Já nos conhecíamos. Uma amizade que começou na pista de dança de uma festa e evoluiu para altas gargalhadas. Estarmos juntas na mesma sala fez com que os ataques de bobeira se tornassem diários, e ser expulsa durante algumas aulas se tornasse mais frequente do que eu gostaria. Ataques de riso sem motivo eram a justificativa. Já aconteceu com vocês? Passamos a ficar coladas nos intervalos e, quando duas Marianas estão juntas, uma se torna Mari. Assim, ela passou a ser Mari Tabet.

    Minha xará era, no mínimo, interessante. Após a separação dos pais, ela e o irmão resolveram morar com a avó materna. É perto do metrô, perto da escola e minha avó é a minha pessoa preferida no mundo todo, havia me explicado. Como os pais continuaram grandes amigos, não havia drama. O irmão, Felipe, era mais velho e começou a curtir nos levar a algumas festas e churrasco da sala dele. Preciso dizer que eu amava tudo isso?

    Quando estava me preparando para ligar, o telefone tocou na minha mão. Era Valentina de novo. Tenho certeza de que ela percebeu que não gostei da história. Mal falei alô:

    – Eu resolvi ligar novamente porque você tem que saber que eu encontrei a minha pessoa no mundo. Estava escrito, era pra ser. Pensa: eu saio do Rio e conheço um garoto da escola que gosta de tudo o que eu gosto, completa as minhas frases e adivinha os meus pensamentos. Como você explica isso?

    – Valentina, tem alguma coisa na água de BH? Porque você está surtada – acho que gritei.

    – Você tem que ficar feliz por mim. Esse é o melhor momento da minha vida!

    – A sua vida está só começando! – acho que gritei de novo.

    – Vou te mandar uma foto. Espero que entenda. Nossa conversa ficou difícil.

    Meu Deus! Minha melhor amiga declarou que nossa comunicação estava difícil. O que eu deveria pensar?

    Segundos depois, recebi uma foto. Ela estava abraçada a um garoto sorridente, de cabelos encaracolados, óculos, calça jeans e blusa básica branca. Tenho que admitir que ele era bonito. Abaixo da imagem, a frase o homem da minha vida.

    Tive que rir. Quem era esse cara e o que ele tinha feito com minha amiga? Eu nunca fui romântica. Por mais que meu coração disparasse e minha respiração falhasse por alguns meninos, jamais me imaginei escrevendo coisas melosas ou comprando presentes de Dia dos Namorados.

    Liguei para Mari.

    – Amiga, tudo leva a crer que Valentina foi abduzida lá em Minas. Tem outra personalidade usando o corpo dela.

    Após um longo relato em que coloquei alguns detalhes que apareceram na minha cabeça, mas que eu acreditava fazer parte do contexto, Mari declarou:

    – Ela se apaixonou. Já aconteceu com meu irmão. Ele passou um tempo sem rimar réu com créu. Comprou até uma dúzia de rosas para dar para a garota. Foi aí que eu descobri como flor é caro. Tentei convencê-lo a trocar por Nhá Benta. Tenho certeza de que a menina teria gostado mais. Quando a história toda acabou, ele ficou em pedaços. Passou algumas noites dormindo na cama com minha avó. O que ele chorou teria livrado o Nordeste da seca. Eu fiquei muito assustada.

    – Eu teria preferido doce a flores. Me deu até vontade de comer. Vamos ao shopping?

    Uma hora depois, sentadas na Kopenhagen devorando Nhá Bentas, consegui entender o que Mari tentava me explicar.

    – Depois do que aconteceu com meu irmão, minha avó me chamou para conversar e disse que todos irão se apaixonar um dia. E quando o tombo vier, se ele vier, será doloroso. O que temos que fazer é pedir ajuda àqueles que se importam com a gente. Por isso, eu acho que devemos ficar perto da Valentina mesmo que ela se distancie um pouco. Assim, quando nossa amiga precisar, estaremos ao alcance, no melhor estilo ninguém solta a mão de ninguém. Mas enquanto está tudo bem, vamos relaxar.

    Relaxar. Eu precisava mesmo disso. Secretamente, havia ficado muito chateada com a família de Valentina por passarmos poucos dias em Cabo Frio e bem zangada com tio Gabriel por querer passar o restante das férias em Minas.

    – Tenho uma ideia que vai te animar. Fiz um roteiro para curtir o Rio de Janeiro depois de uma conversa com meu pai. Ele disse que eu era uma carioca que não cariocava. Ele está certo. Acho que nós moramos na cidade onde muitos gostariam de passar férias e não curtimos o suficiente. Você já ficou em algum hotel no Rio?

    – Por que eu pagaria um hotel se moro aqui? Tá surtada?

    – O astral do hotel é diferente. Piscina, café da manhã, serviço de quarto... a gente sai e quando volta a camareira arrumou tudo. Meus pais me deixaram usar o dinheiro que venho juntando para viver uma aventura diferente. Mas preciso de uma parceira que seja, no mínimo, extraordinária. Você é minha melhor opção.

    Depois de um elogio desses, só me restou analisar o tal roteiro que ela havia escrito no celular.

    Janeiro épico

    Mari cariocando

    Visita ao Pão de Açúcar e ao Cristo

    Duas noites no Hotel Vila Galé – Lapa

    Pôr do Sol no Arpoador

    Show na Portela

    Passeio de lancha

    Almoço com vista do Rio /Restaurante Scotton – Botafogo

    Café da manhã/Empório Jardim Rio – Jardim Botânico

    Restaurante Foods Brands – Niterói

    Café Metiers/Brunch na Casa Roberto Marinho – Cosme Velho

    Vestido no atelier

    Clube para beijar Artur Figueiras

    Para uma virginiana como eu, a lista estava um pouco bagunçada. Mesmo assim, por uns segundos agradeci a mim mesma por não ser consumista. O dinheiro que recebia todo mês sempre sobrava. Logo, eu tinha uma quantia razoável guardada. Obviamente não seria suficiente, mas falaria com meus pais.

    – Muitos programas envolvem comida e sei que isso te deixa feliz – falou, abrindo um sorriso. Meu pai está de férias e disse que pode me levar onde eu quiser.

    – Eu topo, mas não quero beijar o Artur.

    – Esse é o único item que não preciso da sua parceria. Meu pai vai me ajudar.

    – Pelo amor de Deus, explica isso melhor.

    – Ele é sócio do Tijuca Tênis Clube e eu nunca quis ser. Mas descobri que o Artur não sai de lá nessas férias. Então, meu pai vai me colocar como dependente apenas no mês de janeiro para que eu possa resolver minha situação.

    Era inegável que Mari tinha uma relação muito aberta com o pai. Ele contava sobre a atual namorada para a filha enquanto ela ouvia as opiniões dele sobre crushes do momento. Sim, minha amiga tinha um crush diferente a cada fase nova da lua. Artur Figueiras, um ano mais velho que nós, sorriso largo, zagueiro nas horas vagas e sonho de algumas garotas do Padre Marcelino Champagnat, era o eleito da vez. Mas ele era muito cobiçado. Do meu ponto de vista, ela não tinha nenhuma chance.

    – E quanto ao Atelier? Do que se trata?

    – Acho que toda garota merece um vestido estiloso desenhado só para ela. E merece também escolher o pano e fazer algumas provas com várias costureiras para trocar ideias. Eu tenho vários vestidos desenhados e o endereço de onde quero que eles sejam feitos.

    A vida é feita de escolhas, pensei. O que eu escolho hoje? Essa é fácil: escolho ser feliz no Rio de Janeiro com Mari Tabet. E foi assim que fui parar em Ipanema, aplaudindo o pôr do sol no meio de um pessoal emocionado com tamanha beleza. E fui parar também no Cristo, no Pão de Açúcar e no Empório Jardim Rio para tomar café às três horas da tarde.

    – Se a proposta do restaurante é servir café da manhã a qualquer hora do dia, vamos curtir o evento em um horário diferente – havia proposto Mari.

    E nós curtimos mesmo. Comemos pão de queijo gruyère, bureka de queijo, ovos beneditinos com peito de peru defumado e croque monsieur com béchamel, gruyère e presunto royale. Não que eu soubesse o que estava pedindo, mas achei os nomes diferentes e lotei minhas redes sociais com fotos. E quando comecei a me sentir mal, Mari tirou um sal de Andrews da bolsa e colocou em um copo de água.

    – Meu pai sabia que ficaríamos enjoadas e me deu este remédio para trazer.

    Tio Alexandre topava todas as ideias malucas da Mari, porém, fazia questão de ressaltar que precisávamos trabalhar sempre com o plano A e o plano B, além de pensar o que pode dar errado?. O nome disso é planejamento, afirmava. Dizia-se nosso motorista. Estava sempre feliz, menos quando o Flamengo ia mal em algum jogo. Aí ele pirava e debatia comigo o desempenho de cada jogador depois de sugerir modificações. E gostava de mostrar as zoações que os amigos faziam em um grupo do Zap intitulado Flamengo é seleção. Quando se tratava de futebol, ele falava e respondia automaticamente às perguntas que fazia para mim. Acho que não tinha paciência para aguardar minha resposta ou percebia minha cara de ponto de interrogação. E foi ele quem fez nossa reserva no Vila Galé, na Lapa.

    O hotel

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