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A Primeira Educação do Brasil: uma análise do Ratio Studiorum
A Primeira Educação do Brasil: uma análise do Ratio Studiorum
A Primeira Educação do Brasil: uma análise do Ratio Studiorum
E-book111 páginas1 hora

A Primeira Educação do Brasil: uma análise do Ratio Studiorum

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Sobre este e-book

Na escola brasileira, há um consenso de que uma das maiores dificuldades para se empreender uma melhor educação é a carência de disciplina, a ausência de limites por parte dos alunos e a falta de clareza no que diz respeito sobre o que ensinar e como ensinar. Em síntese, o que realmente fará diferença na vida do educando.

Deve-se afiançar que a inauguração de uma educação oficial na colônia ficou a cargo dos padres da Companhia de Jesus, ordem fundada pelo espanhol Inácio de Loyola (1491-1556) que, de soldado, chegou a se tornar um dos mais ferrenhos defensores do Cristianismo, isso a partir de uma visita a Jerusalém e de seus estudos em Paris.

A Companhia de Jesus pautava-se pelo Ratio Studiorum, ou plano de ação educacional dos padres jesuítas. Tratava-se da regra disciplinar dos estudos por meio de uma sequência de ordens de como desenvolver a aprendizagem. E foi justamente essa "proposta" de educação que permeou o processo educacional brasileiro quando os seguidores de Inácio de Loyola chegaram aqui em 1549, quase cinquenta anos após a chegada de Cabral e de seus homens.

Esse Plano de Estudos, o Ratio Studiorum, foi então a base de formação da consciência educacional brasileira. Até os nossos dias, quando se pensa em novas estratégias de ensino, novos métodos de ensino, novas propostas de ensino, há de se recorrer aos jesuítas. Indelevelmente.
IdiomaPortuguês
Data de lançamento25 de abr. de 2022
ISBN9786525238623
A Primeira Educação do Brasil: uma análise do Ratio Studiorum

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    A Primeira Educação do Brasil - Geraldo Dias

    CAPÍTULO 1 - DOS PRINCÍPIOS QUE REGEM O RATIO STUDIORUM

    Ao trabalhar os princípios que regem o Ratio Studiorum, queremos ressaltar a formação integral do estudante. O de Estudos da Companhia de Jesus não foi elaborado em forma de um tratado da educação. O que encontraremos é um conjunto de normas práticas e minuciosamente elaboradas que deve reger a vida de todos quantos ingressam nos colégios da Ordem.

    Nesse primeiro capítulo estaremos abordando os fins e ideais educativos da Companhia. Qual é o homem que objetivavam formar os jesuítas? O homem para Deus. Esse objetivo era universal, portanto, católico, pois visava a formação do homem perfeito, do bom cristão que deve buscar constantemente o Reino dos Céus, a salvação da própria alma e a salvação das almas dos outros, conforme determinações prescritas para o Provincial e para o Reitor (Pág. 119, 1 e 133, 1). Em seguida, trataremos dos princípios da hierarquia e da invariância, esta como se opondo a novidades.

    TUDO PARA MAIOR GLÓRIA DE DEUS

    Para os jesuítas o conhecimento deve configurar-se como base indispensável visando a educação da juventude. O fim da educação é sempre a maior glória de Deus entre os homens que devem louvar o seu Criador por meio das virtudes, demonstrariam a profunda relação do homem com o seu Criador. Os preceitos jesuíticos e toda a sua ação pedagógica estarão submetidos à suprema vontade de Deus, a fim de louvá-lo. (Pág. 214, 1).

    Perceberemos no Ratio, com insistência, uma série de admoestações no sentido de não se perder de vista o princípio básico da virtude, ponto esse ... que é de grande importância no Senhor e deverá ser tratado com toda a atenção para a maior glória de Deus (...) e, acima de tudo, leve em consideração a virtude do candidato. (Pág. 123, 19 § 2)

    Assim, para que tanto os professores quanto os alunos, internos e externos, tivessem condições de conseguir o proposto nas regras da Companhia, buscar a máxima glória de Deus, todos deveriam estar em vigilância constante com aquilo que teriam de ministrar, no caso dos mestres, e com aquilo que teriam de aprender, no caso dos estudantes; tudo de acordo com as normas já prescritas para cada um desses segmentos (Pág. 221, 11, 12, 13; e 130, 33)

    O Colégio dos Jesuítas só terá sentido à medida em que não se esmoreçam professores e alunos no cumprimento e na aceitação das regras para se alcançar os alvos pretendidos. Alvos que dizem respeito ao conhecimento das ciências e principalmente os que concorrem para a edificação da vida cristã, visto que o conhecimento científico não adquire valor se não trouxer como princípio a maior glória do Criador. É o que podemos observar na regra abaixo:

    A Companhia dedica-se à obra dos colégios e universidades, a fim de que nestes estabelecimentos melhor se formem os nossos estudantes no saber e em tudo quanto pode contribuir para o auxílio das almas e por sua vez comuniquem ao próximo o que aprenderam. Abaixo, portanto, do zelo pela formação das sólidas virtudes religiosas, que é o principal, procure o Reitor, como ponto de máxima importância, que, com a graça de Deus, se alcance o fim que teve em mira a Companhia ao aceitar colégios. (Pág. 133,1)

    Os jesuítas, por isto, não têm o estudo como fim em si mesmo. O propósito do Ratio Studiorum é que o desenvolvimento da razão seja uma via condutora do homem para Deus, por meio da interpretação dos fundamentos cristãos que não dependem do querer dos homens, embora estejam inerentes à condição humana por vontade do próprio Deus (Pág. 133, 1).

    Fica muito claro no Plano de Estudos da Companhia de Jesus que o Colégio é uma verdadeira comunidade que caminha no sentido da perfeição só encontrada em Cristo. Essa comunidade se pretende perfeitamente integrada na sociedade europeia do século XVI que deveria estar em consonância com a vontade do Soberano a fim de confirmar a verdadeira fé em Deus (Pág. 148, 1).

    A SALVAÇÃO DAS ALMAS

    A formação no colégio só adquire validade se voltada para os valores prescritos por Cristo Jesus ao anunciar seus ensinamentos entre os homens. Na primeira regra destinada aos Escolásticos da Companhia, a recomendação é que todos busquem a sintonia entre o saber intelectual e a salvação das almas, que deve ser o principal objetivo dos alunos. A ciência deve permanecer submetida aos princípios religiosos, quando todo conhecimento está voltado para o louvor a Deus e para a preparação da vinda de Jesus Cristo:

    Esforcem, antes de tudo (...) por conservar a pureza da alma e ter nos estudos intenção reta, procurando neles senão a glória de Deus e a salvação das almas. Nas suas orações peçam freqüentemente a graça de adiantar na ciência e de se tornar capazes, como deles espera a Companhia, de cultivar, com a doutrina e o exemplo, a vinda de Cristo Nosso Senhor. (Pág. 214, 1)

    Assim sendo, a instrução pretendida no Ratio Studiorum deveria estar além dos ensinamentos puramente mundanos. Então também aos alunos, eram feitas admoestações no sentido de não perderem de vista o ideal da Companhia de Jesus. Se os professores tinham regras a cumprir, os estudantes, igualmente, deveriam dedicar-se aos estudos sem, no entanto, se esquecerem dos fundamentos básicos dessa educação:

    com seriedade e constância; e como se devem acautelar para que o fervor dos estudos não arrefeça o amor das virtudes sólidas e da vida religiosa, assim também se devem persuadir que, nos colégios, não poderão fazer cousa mais agradável a Deus do que, coma intenção que se disse acima, aplicar-se diligentemente aos estudos; e ainda que não cheguem nunca a exercitar o que aprenderam, tenham por certo que o trabalho de estudar, empreendido, como é de razão, por obediência e caridade, é de grande merecimento na presença da divina e soberana majestade. (Pág. 214,

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